Pronunciamento de Jorge Viana em 01/09/2011
Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comemoração do transcurso do trigésimo nono aniversário da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.
- Autor
- Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM, IMPRENSA.:
- Comemoração do transcurso do trigésimo nono aniversário da Rede Amazônica de Rádio e Televisão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/09/2011 - Página 36082
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM, IMPRENSA.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE DE TELECOMUNICAÇÕES, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INTEGRAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA.
O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. É com muita honra que quero agradecer esse gesto ao nosso Presidente João Ribeiro.
Agora, estamos sob a Presidência do nosso exemplo de amazônida, o nosso querido colega Senador Randolfe, que cumprimento pela iniciativa de trazer para esta Casa uma homenagem a esta data tão especial para todos nós que vivemos na Amazônia.
Cumprimento também o colega Senador Alfredo Nascimento.
Quero cumprimentar também os nossos convidados, especialmente o nosso ex-Ministro Juarez Quadros, uma pessoa a quem a Amazônia e o Acre devem tanto, para não dizer o Brasil.
De maneira muito carinhosa e especial, cumprimento o ex-Ministro Quandt de Oliveira, que inscreveu, numa das páginas mais importantes da comunicação no Brasil e na Amazônia, o seu nome, por conta da sua dedicação e do seu pioneirismo.
Na pessoa do querido amigo e grande brasileiro Phelippe Daou, de seu filho e dos demais convidados, eu queria agradecer o privilégio de estar aqui, nesta sessão, e, de alguma maneira, poder expressar, em nome do povo do Acre e de uma parte importante da Amazônia, o nosso respeito a essa história bonita da Rede Amazônica de Televisão.
Eu queria também saudar a Srª Sandra Maria, Procuradora-Chefe do Estado do Amazonas.
Registro que o Procurador de Justiça do Acre Sammy Barbosa se encontra no plenário.
Cumprimento todas as senhoras e todos os senhores.
Não quero fazer um discurso formal.
Senador Randolfe, sinto muito, mas a liturgia do cargo tem de ficar com o nosso Presidente Sarney, que acaba de chegar aqui agora. Eu o cumprimento também. Sei que o gesto dele de estar aqui é uma maneira de homenagear este grande brasileiro que é o Dr. Phelippe Daou e essa história tão bonita da Rede Amazônica.
Como eu falava, não pretendo fazer um discurso formal, mas eu queria contar pelo menos um pouquinho do que entendemos que seja essa saga da Rede Amazônica de Televisão.
Alguém podia perguntar: por que uma empresa de comunicação merece uma sessão solene nesta Casa no seu aniversário? E aí digo: porque a história da Rede Amazônica de Televisão se confunde com a história dessa região tão importante para o Brasil e para o mundo. Alguém podia dizer: mas como assim? Explico: tudo que nós, amazônidas, construímos, nós o fazemos com certo pioneirismo herdado daqueles que desbravaram a floresta para extrair borracha das seringueiras e ocupar uma das regiões mais importantes do Planeta.
Nossa Amazônia é imensa. Nossos pais e avós conheceram as dificuldades da geografia da região, que favorece o isolamento das comunidades que vivem na floresta e também nas cidades, mas essas dificuldades nunca nos impediram de nos comunicar. O rádio sempre foi um dos bens mais preciosos das famílias que moram nas áreas rurais e florestais. É através dele que chegam as notícias do mundo e também da própria família, por exemplo, pelos programas de mensagens nas emissoras de ondas médias, como, no caso, Voz das Selvas, Rádio Difusora Acreana, para citar um exemplo, conhecida como Acreana, simplesmente, nos seringais do nosso Estado, no interior da floresta.
Na Amazônia, também sempre procuramos nos integrar com o mundo, ouvindo a BBC, de Londres; a Voz da América; a Rádio Havana; e, obviamente, a nossa histórica Rádio Nacional. Mas o surgimento da televisão nessa região marcou o início de uma nova era, primeiro em Manaus e em Belém. Mas foi a partir do início da década de 1970 que começou o desafio de levar o então mais moderno meio de comunicação às cidades mais distantes.
Tudo começou em Manaus, com a TV Amazonas, que entrou no ar no dia 1º de setembro de 1972, como concessão para os empresários Phelippe Daou, Milton Magalhães e Joaquim Margarido, da então Amazonas Publicidade Ltda. Acho que não foi por acaso que, justamente neste ano, todo o País comemorava a chegada das cores à televisão brasileira.
A inauguração da TV foi só o começo da saga que era a formação da Rede Amazônica de Televisão. O Dr. Phelippe Daou, que nos dá a honra de sua presença na nossa Casa, conhecia bem os desafios. Na sua juventude, pôde sentir o sacrifício de seu pai, que tinha de viajar pelos rios e seringais como comerciante ou, como nós chamamos, regatão. O Dr. Phelippe Daou conhece bem as cabeceiras dos rios, tem com sua família uma presença muito marcante no nosso Acre.
Então, entre 1972 e 1974, o Dr. Phelippe Daou se dedicou a instalar as emissoras afiliadas em mais quatro capitais. Esses dois anos de trabalho intenso e árduo renderam a inauguração de quatro afiliadas em cinco meses: no dia 13 de setembro de 1974, era inaugurada a TV Rondônia; depois, no dia 16 de outubro, a TV Acre, em Rio Branco; no dia 23 de dezembro, a TV Roraima; e, finalmente, a TV Amapá, no dia 25 de janeiro de 1975.
Lembro bem, Dr. Phelippe, Sr. Presidente, desta época em Rio Branco. As pessoas iam para a casa de quem tinha aparelho de TV para ver as novidades, acompanhar as novelas e os seriados. Lembro-me bem disso. Era muito concorrido. A gente tinha de pedir para ficar próximo a uma televisão. E eu fazia isso na casa da família do Sr. Alberto Felício. A programação chegava em fitas de videocassete, às vezes muitos dias depois de terem sido exibidas em Manaus.
Como a exibição em caráter experimental havia começado antes, assistimos à Copa do Mundo de 1974 com as imagens gravadas que chegavam de Manaus com dois ou até três dias de atraso. Mas quem se importava com isso? O milagre era poder ver a Seleção no jogo que tínhamos acompanhado pelo rádio, ao vivo, dois ou três dias antes.
Terminada a instalação das emissoras nas capitais, começou a aventura de levar a televisão para os Municípios do interior da Amazônia, talvez o passo mais difícil.
Assim foi feito: em poucos anos, eram 250 videocassetes Sony, aqueles de exibição doméstica mesmo, em mais de cem repetidoras da programação gravada em fita. O transporte dessas imagens era feito de avião, de carro, de ônibus, de barco a motor e até mesmo de canoa, para chegar ao destino final.
Imagine o que é movimentar sete mil fitas pelos Municípios da Amazônia, com jornal, documentários, telecursos, preciosos capítulos de novelas. É, enfim, um enorme itinerário; só quem conhece a Amazônia pode saber do que estou falando.
A comunicação é um bom negócio? Sem dúvida, sim. Mas, para mim, essa saga da Rede Amazônica de Televisão é também um exercício pleno de cidadania, Dr. Phelippe.
A informação é direito de todos, e, com a televisão, não é só o entretenimento que vai mais longe, mas também - e o mais importante - as orientações sobre saúde, educação, legalização de documentos, enfim, serviços públicos básicos.
Hoje, tudo é mais fácil, tudo chega via satélite. Estamos conectados com o mundo e podemos interagir na Internet.
A Rede Amazônica de Televisão chega aos 39 anos com a experiência acumulada ao longo do tempo, mas também mais moderna que nunca. Tudo é feito via satélite. Há o canal Amazon Sat e várias rádios FM. Ou seja, está com o pé no futuro. Em Manaus, o sinal da TV digital já chegou. E, logo, logo, esse sinal vai chegar também ao nosso Acre.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Eu queria concluir, Sr. Presidente, perguntando: de que valeria tanta tecnologia se não houvesse um compromisso com o desenvolvimento regional? Por isso, a história da Rede Amazônica se confunde com a história da Amazônia.
Lembro bem, ainda no final dos anos 70, começo dos anos 80, a campanha Preserve, pioneira no Brasil. Nascia uma campanha que trabalhava um conceito que o mundo só começou a conhecer depois da Conferência de Estocolmo de 1972, do desenvolvimento sustentável, da preocupação com o meio ambiente. A Rede Amazônica, não sei se bem fundamentada ou não - eu até perguntava isso ao Dr. Phelippe Daou -, já nos dava boas lições quanto à região em que estávamos, quanto às preocupações que deveríamos ter. Isso nos veio pelo pioneirismo de uma pessoa que não posso deixar de lembrar, o saudoso Dr. Tufi Asmar, um pioneiro que, com muita dificuldade, conseguiu ser o representante do Dr. Phelippe Daou em nosso Estado, o Acre.
Então, Sr. Presidente, concluo, agradecendo a oportunidade de passar aos senhores, por meio destas palavras, um pouco do que pude acompanhar, porque tive o privilégio de viver o surgimento e o crescimento da Rede Amazônica de Televisão. Para nós, amazônidas, a trajetória da Rede Amazônia de Televisão é um grande orgulho. Acreditamos que essa rede de televisão está comprometida com o desenvolvimento regional e com nossa meta de combinar desenvolvimento com sustentabilidade ambiental, econômica e social.
Quero dar os parabéns ao Dr. Phelippe Daou, à sua família, aos seus colegas e companheiros.
Registro a importância da presença e da ação do Governo Federal. Faço isso por meio dos dois Ministros que estão aqui presentes, porque, sem eles, não teríamos também obtido êxito.
Por fim, quero dizer que temos ainda uma tarefa que não é fácil, mas que é de grande nobreza, porque é essencial para a cidadania dos brasileiros que moram e ocupam uma das regiões mais especiais do mundo: a Amazônia.
Caro Senador e colega Randolfe Rodrigues, a iniciativa de V. Exª relativa a esta sessão de hoje, presidida pelo nosso Presidente, Senador José Sarney, é algo muito especial para todos nós. Entendo que é a abertura do que devemos fazer para celebrarmos juntos os quarenta anos da Rede Amazônia de Televisão no próximo ano.
Parabéns, Dr. Phelippe Daou!
Parabéns ao Senado por fazer o registro dessa história tão importante da comunicação no Brasil com esta homenagem à Rede Amazônica de Televisão!
Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)