Discurso durante a 157ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos 109 anos de nascimento do ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK).

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 109 anos de nascimento do ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK).
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2011 - Página 37055
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente Senador Rodrigo Rollemberg; cara Srª Anna Christina Kubitschek, Presidente do Memorial JK e neta do ex-presidente, a quem repassamos as nossas homenagens. Eu em particular o faço em nome do Senador Francisco Dornelles, líder da nossa Bancada do Partido Progressista, que tem pela família e em especial pelo homenageado uma grande admiração e respeito, como, aliás, todos os brasileiros.

            Caro ex-assessor do ex-Presidente da República Juscelino Kubitscheck, Coronel Affonso Eliodoro dos Santos; Sr. Senador Paulo Octávio; Embaixador da República Eslovaca Branislav Hitka; Procuradora-Geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Srª Eunice Pereira Amorim Carvalhido; ex-vice-Presidente do Distrito Federal, já citado por mim aqui; senhoras e senhores representantes do Corpo Diplomático; nossos telespectadores da TV Senado; ouvintes da Rádio Senado; Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje nós estamos aqui para a homenagem dos 109 anos do nascimento do ex-Presidente Juscelino Kubitscheck.

            Ocupo esta tribuna, como disse, em nome do Líder da bancada, Francisco Dornelles, que renovou os cumprimentos e pediu-me que salientasse a importância do evento que está sendo realizado graças à iniciativa do grande Senador Rodrigo Rollemberg, nosso colega desta Casa.

            Poucos nomes da história brasileira continuam tão vivos na memória dos brasileiros como Juscelino Kubitscheck, ou simplesmente o nosso JK. Num País onde os cidadãos têm dificuldades para lembrar a importância e o papel desempenhado por seus principais heróis e líderes políticos, basta que se pergunte a qualquer brasileiro “quem foi Juscelino?”, e a resposta virá na ponta da língua, com toda a certeza: “Foi o presidente que construiu Brasília”.

            Essa marca ninguém vai tirar desse grande homem. E eu, que me considero quase uma candanga, porque vivo aqui há mais de trinta anos, posso avaliar muito bem o significado que teve esse gesto e essa decisão política audaciosa do Presidente Juscelino Kubitscheck.

            Hoje podemos dizer que esse grande líder político promoveu mudanças no destino de milhões de brasileiros. Todos que chegam à Capital Federal, seja para viver, para trabalhar, para manter contatos com as autoridades no Poder Executivo, no Poder Legislativo ou no Poder Judiciário ou mesmo para fazer turismo sabem muito bem da importância desta cidade e da sua história, como tudo isso começou.

            A construção de Brasília foi um marco no desenvolvimento do País. Desde o célebre comício de Jataí, no dia 4 de abril de 1955, quando o Sr. Antonio Soares Neto, o Toniquinho, perguntou, dirigindo-se a Juscelino Kubistchek: “Se eleito, o senhor irá cumprir a Constituição e transferir a capital para o Planalto Central?”, iniciou-se um grande processo de descentralização populacional e decisória em nosso País. A interiorização de um País que estava de costas para o cerrado, Senador Rodrigo Rollemberg, de costas para um vasto, rico e inexplorado território de nosso País. Esse cerrado hoje é uma nova fronteira agrícola, é há um novo centro de industrialização em todas as fronteiras deste imenso interior brasileiro.

            Milhares de brasileiros se tornaram candangos, e o sonho que atravessava constituições e gerações desde o Império se tornou realidade. Brasília foi construída pela sábia, corajosa e visionária decisão política desse mineiro de descendência tcheca. Hoje temos o orgulho de estar em uma das raras cidades inteiramente planejadas do mundo, capital de todos os brasileiros, exemplo de civilidade e harmonia na convivência entre cidadãos vindos de todos os cantos desse nosso imenso território nacional.

            Aqui, a modernidade se completa com a tradição, e o desenvolvimento convive em paz com a natureza. Aqui, o Brasil se encontra.

            Juscelino foi um homem com forte vocação administrativa e um político diferente, corajoso, conciliador, popular sem ser populista. Nascido na histórica e bela cidade de Diamantina, no dia 12 de setembro de 1902 - aliás, mesmo dia de aniversário do meu marido, que há sete meses nos deixou, por isso eu tenho por essa data também um carinho muito especial, Anna Christina, Senador Rodrigo, Coronel Heliodoro -, ele ficou órfão de pai com pouco mais de dois anos de idade, sendo criado pela mãe, D. Júlia, professora primária, que o ensinou a valorizar os estudos, que foram terminados no seminário. Sua ambição era ser médico, função que foi exercida concomitantemente por algum tempo, pois Juscelino percebia sua carreira política como passageira. Somente em 1945 passou a dedicar-se integralmente à atividade política.

            Desde o período do Estado Novo, JK esteve distante da radicalização política. Manteve sempre seu espírito conciliador, mais interessado em administração pública de qualidade e eficiência do que em embates partidários. Como registrou muito bem o Senador Cristovam Buarque, que me antecedeu nesta tribuna, essas qualidades são fundamentais hoje quando clamamos por qualidade na gestão, por responsabilidade com os recursos públicos, pela qualidade ética na administração, tais quais os valores perseguidos e cumpridos por Juscelino Kubitschek.

            Quando foi prefeito de Belo Horizonte, empenhou-se em modernizar a cidade e promover atividades culturais. Eleito governador de Minas, teve a difícil missão de suceder Milton Campos, também um grande homem público. Cumpriu o seu papel, lançando as bases da industrialização de Minas Gerais, abrindo estradas e criando duas siderúrgicas, a Acesita e a Mannesmann. Energia e transporte eram as prioridades que orientavam a ação administrativa de Juscelino Kubitschek, prioridades, aliás, Senador Cristovam, Srs. Senadores, atualíssimas ainda hoje, especialmente depois que o País, em tempo recente, viveu uma crise de apagão energético. Hoje experimentamos o dramático processo de desindustrialização do País, pelas circunstâncias conjunturais de uma economia internacional e de uma política interna com um câmbio desfavorável, com taxa de juros elevada, com falta de logística, com pouco investimento em educação e especialmente na área de tecnologia, fatos aos quais se referiu muito bem o Senador Cristovam Buarque e que também foram abordados na aula de história que tivemos com o nosso Senador Pedro Simon.

            Ao chegar ao Palácio do Catete, já na condição de presidente da República, JK encontrou um País essencialmente agrário e, fazendo-o progredir, como proclamava “50 anos em 5”, com taxa média de crescimento anual de 8,1%, entregou-o ao sucessor, em janeiro de 1961, com as bases prontas para integrar o grupo das maiores economias do mundo. O Brasil hoje é a oitava economia do mundo. Tudo isso começou lá com o seu avô, com o seu amigo Juscelino Kubitscheck.

            Mas, mais importante que o salto dado na direção do desenvolvimento do País foi a transformação que JK produziu no ânimo dos brasileiros. Suas realizações elevaram a autoestima nacional. O conhecido pessimismo dos brasileiros quanto aos destinos do Brasil deu lugar a crescente otimismo. Isso é papel dos grandes, valorosos e corajosos líderes políticos. Os brasileiros tinham prova, reconhecida até por estrangeiros, de sua capacidade de enfrentar e vencer os maiores desafios, de fazer, enfim, do Brasil um grande País.

            JK produziu no Brasil uma revolução, a revolução na autoestima dos brasileiros. Depois de construir uma nova capital em tempo recorde e ampliar o processo de industrialização e o crescimento, os brasileiros passaram a acreditar que era possível pensar em um futuro melhor e muito mais próspero.

            Juscelino promoveu um incremento no orgulho nacional, no orgulho de ser brasileiro. Seu governo transcorreu em um período de liberdade democrática que só seria revivido duas décadas depois.

            Portanto, senhoras e senhores, é pelo legado político, administrativo e sobretudo moral, ético que Juscelino Kubitscheck deixou aos brasileiros que tenho a honra de me associar às homenagens que lhe são prestadas nesta data em comemoração aos 109 anos de seu nascimento, falando, como disse na abertura deste pronunciamento, em meu nome e em nome especialmente do nosso Líder, Senador Francisco Dornelles.

            Parabéns à família Kubitscheck. Parabéns, Anna Christina. Ter um avô assim é um orgulho muito especial, e a sua responsabilidade é muito grande por levar esse nome, essa marca, que é de todos os brasileiros.

            Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2011 - Página 37055