Discurso durante a 157ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos 109 anos de nascimento do ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK).

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 109 anos de nascimento do ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK).
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2011 - Página 37057
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o Sr. Presidente Rodrigo Rollemberg; a Srª Presidente do Memorial JK e neta do nosso homenageado, Srª Anna Christina Kubitscheck; o Sr. ex-Assessor do Presidente da República Juscelino Kubitscheck, Coronel Affonso Heliodoro dos Santos; os demais presentes nesta sessão; os senhores telespectadores da TV Senado e os ouvintes da Rádio Senado.

            Tenho a imensa honra de ocupar esta tribuna para me somar a todos os que vieram participar desta justa e oportuna homenagem a uma das principais personalidades da política brasileira, o ex-Presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, e destacar que o período JK é definitivamente lembrado como um período de grande desenvolvimento e incentivo ao progresso econômico do Brasil, que deixou de ser apenas uma extensão litorânea, se expandiu para o centro e para o oeste, e fez o Brasil ser infinitamente maior, não apenas em termos territoriais, mas em termos simbólicos, porque saiu do litoral para se tornar um país em toda a sua extensão.

            JK foi um líder inteiramente identificado com sua ideologia de desenvolvimento autônomo, industrialização e democracia. Concretizou ideias baseadas naquilo que considerava básico em termos de desenvolvimento econômico e social, e o progresso foi a característica básica de seu governo.

            Pelos registros históricos, nas eleições de 3 de outubro de 1955, JK elegeu-se com 36% dos votos válidos, contra 30% de Juarez Távora, 26% de Ademar de Barros e 8% de Plínio Salgado. Naquela época, as eleições para Presidente e Vice não eram vinculadas, mas João Goulart, o Jango, foi o melhor votado para Vice e eleito para governar o País ao lado de JK, seu companheiro de chapa.

            Ao assumir sua candidatura, JK se comprometeu a trazer o desenvolvimento de forma absoluta para o Brasil, realizando cinquenta anos de progresso em apenas cinco anos de governo, o famoso “cinquenta anos de desenvolvimento em cinco anos de governo”.

            O Plano de Metas estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos durante seu mandato e otimizou principalmente os setores de energia, transporte e indústrias de base.

            O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado por grandes obras e mudanças. A mais lembrada, e uma das mais importantes, foi a fundação de Brasília, capital do nosso País e de nossa democracia.

            Brasília é a capital de todos os brasileiros, e eu, como integrante da bancada de Senadores do Estado do Acre, devo dizer com muito orgulho que me sinto muito bem acolhido na cidade de Brasília, tenho o dever de manifestar o meu agradecimento a esse grande homem público visionário que ousou pensar e fazer diferente, e fez, para as gerações futuras. Por isso, a gente pode aqui estar hoje, fazendo uma homenagem a alguém que ousou sonhar não para a sua própria realização, mas para a realização das gerações futuras. Isto é, para mim, o sentido maior da política: ousar, sonhar, para que outros possam usufruir. E todos nós usufruímos desta maravilha que é a cidade de Brasília, em pleno Planalto Central, que passou a existir a partir do que foi pensado, idealizado e executado por Juscelino Kubitschek, a quem temos muito, muito mesmo, a agradecer e homenagear.

            Construída em localização estratégica, Brasília se tornou uma metrópole no interior do território nacional. Até 1950, existia a ideia de que existiam dois Brasis: um litorâneo, produtivo e moderno; outro interiorano, estagnado social e economicamente. Brasília permitiu a interiorização do desenvolvimento.

            No dia de sua inauguração, em 21 de abril de 1960, a nova capital contou com a presença de mais de cem mil visitantes, que puderam ver o nascimento de um dos principais símbolos arquitetônicos do mundo, idealizado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.

            Além de Brasília, o governo JK inovou em outras ações. O Plano de Metas, que estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos durante o seu mandato, otimizou principalmente os setores de energia, transporte e indústrias de base.

            Entre as grandes obras e mudanças que marcaram o Governo JK, temos de citar ainda:

            - a criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, implantando várias indústrias de automóvel no país;

            - a criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;

            - a expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no rio São Francisco, na Bahia, e das barragens de Furnas e Três Marias;

            - a criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval;

            - a abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si. Sobre isso, temos um destaque especial a fazer: entre as muitas resoluções que mudaram o Brasil para melhor, o início da construção da BR-364, iniciada no Governo JK, foi um feito épico com efeitos visíveis e duradouros, principalmente para a vida da população da região Norte.

            Nesse sentido, Sr. Presidente, faço questão de dizer que este momento é simbólico, porque a BR-364, iniciada por Juscelino Kubitschek na década de 60, está sendo concluída nesta década e, se Deus quiser, no ano de 2012, o Governador Tião Viana, do Acre, estará inaugurando a sua conclusão definitiva - essa obra teve pleno apoio também do Presidente Lula e está tendo agora da nossa Presidenta Dilma.

            É uma prova inequívoca de que política se faz com continuidade. Juscelino Kubitschek ousou dar início a essa obra em 1960, e, agora, em pleno 2011, até 2012, estamos concluindo essa obra, a BR-364, que vai ligar definitivamente o Acre com resto do Brasil e os Municípios do Acre entre si.

            Em 2 de fevereiro de 1960, em meio a uma reunião com os Governadores dos Estados do Norte, Juscelino Kubitschek decidiu pela rodovia ligando Cuiabá, em Mato Grosso, a Porto Velho, em Rondônia, e a Rio Branco, no Acre, abrindo o oeste brasileiro. Foi uma decisão corajosa, que quebrou o isolamento dessa região, integrando-a, de fato, ao resto do País.

            Quero aqui lembrar que a rodovia BR-364 é uma das mais importantes do Brasil. Tem início em Limeira, no Estado de São Paulo, vai até a divisa de Minas Gerais, depois passa por Goiás, por Mato Grosso e por Rondônia e corta todo o Estado do Acre. É uma rodovia fundamental para o escoamento da produção de toda a região Norte e Centro-Oeste do País.

            Vale a pena ressaltar também que, no entroncamento da BR-364, no Acre, com a BR-317, sai a rodovia que nos leva ao Pacífico, no Peru, pela Interoceânica. Ou seja, é a continuidade de uma obra da máxima importância para o nosso País. É uma rodovia fundamental para o escoamento da produção de toda a região Norte e da região Centro-Oeste do País.

            Diz o registro histórico que a rodovia ganhou fôlego a partir de um diálogo entre JK e Paulo Nunes Leal, Governador de Rondônia em 1960, que aqui relembro como curiosidade. Disse Paulo Nunes Leal: “Sr. Presidente!” JK respondeu: “Diga, Paulo!” Paulo Nunes Leal, então, falou: “O senhor já ligou Brasília ao Centro-Sul, ao Nordeste e a Belém. Por que o senhor não faz o outro braço da cruz, ligando Brasília ao Acre?” E JK respondeu, com seu jeito mineiro: “Uai, Paulo! E pode?” E Paulo Leal respondeu: “Pode, Sr. Presidente! Mas é negócio pra homem!” E JK disse: “Então vai ser feito!” E assim foi.

            As realizações de JK também incluem a criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço e a criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

            Tudo isso nos leva a destacar que, durante o governo JK, houve um grande avanço industrial, cuja força motriz estava concentrada nas indústrias de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e não duráveis. O governo atraiu o investimento de capital estrangeiro no País, incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente as automobilísticas.

            Essa política desenvolvimentista só foi possível por meio de duas realizações de Getúlio Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda - RJ, em 1946, e a Petrobras, em 1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar a produzir chapas de ferro e laminados de aço, produtos necessários como material para outras indústrias na fabricação de ferramentas, pregos, eletrodomésticos, motores, navios, automóveis e aviões.

            A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilística, que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como plásticos, tintas, asfalto, fertilizantes e borracha sintética.

            Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas atividades econômicas tradicionais. Por esse motivo, as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do Nordeste para o Sudeste e do campo para a cidade. No entanto, os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros. Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene, em 1959, com a intenção de promover o desenvolvimento do Nordeste, por meio da industrialização e da agricultura irrigada na região.

            Dessa forma, com um estilo de Governo inovador na política brasileira, com um governo dinâmico, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros.

            Juscelino Kubitschek é, ainda hoje, um dos políticos mais admirados do cenário político do Brasil. Nas pesquisas de opinião, JK e Getúlio Vargas são citados como os dois Presidentes preferidos pelos brasileiros. Além de suas realizações, esse título também lhe é conferido por sua habilidade política e pelo seu respeito às instituições democráticas.

            Por isso e por todo o exposto é que prestamos hoje esta homenagem, em nome pessoal e em nome do Partido dos Trabalhadores, que, hoje, tem a responsabilidade de conduzir os destinos do Brasil. Tenho a certeza de que, da mesma forma que o Presidente Lula rendeu muitas homenagens e muito respeito aos feitos do Presidente Kubitschek, a nossa Presidenta Dilma, que temos a honra de defender nesta Casa, também tem muitos agradecimentos e muitos reconhecimentos a fazer a esse grande estadista, que nos legou o Brasil do qual nos orgulhamos tanto!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Agradeço também a todas as pessoas que acompanham esta sessão nesta Casa. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2011 - Página 37057