Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da corrupção no Brasil. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações acerca da corrupção no Brasil. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 14/09/2011 - Página 37210
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, CORRUPÇÃO, PAIS.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidenta.

            Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, volto a esta tribuna, para falar de corrupção. Na última vez em que estive aqui e falei desse assunto, falei em defesa do povo brasileiro, falei com a convicção de estar aqui cumprindo o meu dever.

            Sr. Presidente, meu caro Senador Paulo Paim, ninguém, absolutamente ninguém, vai conseguir calar a minha voz nesta tribuna. Vou prosseguir a minha caminhada até o final do meu mandato. Aqui, nesta tribuna, tenho o dever e a obrigação de zelar pelo interesse da Nação brasileira, do povo brasileiro. Assim o farei, Senador.

            Sei que muitas vezes incomodo, porque tenho o costume de bater na tribuna - coisa que herdei da minha mãe, Senador. Minha mãe só falava, batendo na mesa. Herdei isso da minha querida mãe. Se incomodo, peço desculpas aos Senadores que ficam incomodados com a minha batida na tribuna, mas não posso deixar de fazê-lo, Senador Paulo Paim, a não ser que V. Exª, como Presidente, mande amarrar as minhas mãos.

            Assim, continuarei a minha luta. Assim, continuarei a minha atribuição e a minha obrigação de ser Senador da República.

            O povo brasileiro está cansado. O povo brasileiro deu o primeiro sinal de que não aguenta mais a corrupção neste País. Os caras-pintadas voltaram às ruas.

            Eu, outro dia, perguntava a mim mesmo: como as igrejas evangélicas são capazes de colocar milhares de pessoas na frente deste Congresso? Como o movimento gay é capaz de colocar milhares de pessoas na frente deste Congresso?

            Por que não se colocam milhares de pessoas na frente deste Congresso, mostrando-se a indignação pela corrupção que se implantou neste País?

            Felizmente, felizmente, brotam os sinais de que a população brasileira não aguenta mais a corrupção neste País. Felizmente, a população brasileira entendeu que tem de contribuir também para o combate desse mal que a mina, que dá prejuízo de R$96 bilhões por ano - perdão, R$69 bilhões por ano. É muito dinheiro! Se isso fosse aplicado em benefício da sociedade brasileira, o que é um direito do brasileiro, ou seja, em saúde, educação, segurança... Mas é desviado. O povo brasileiro paga os seus impostos.

            Estamos perto de um trilhão neste ano. Passaremos de um trilhão. Neste mês de setembro, já estamos alcançando um trilhão. É isso que o povo brasileiro paga.

            Eu não acredito, sinceramente, Nação brasileira, que a Presidenta Dilma tenha coragem de mandar para este Senado algum projeto de lei ou medida provisória, cobrando mais imposto do povo brasileiro. Aí, meu nobre companheiro, ex-Senador brilhante neste Senado, da minha terra, Nery; aí, sim, Nery, sou capaz de perder o meu mandato, rasgando essa medida provisória ou esse projeto.

            Disseram-me que não posso mais aqui dizer que foi na gestão petista em que mais se implantou a corrupção neste País. Estou falando a verdade, Nação brasileira! Falar a verdade não merece castigo!

            Estou dizendo a verdade, Nação brasileira! Foi a administração petista que abriu as portas para a corrupção neste País. Ninguém pode impedir-me de falar isso.

            Sei que incomodo. Sei que incomodo! Os incomodados que me aturem! Os incomodados que me aturem, porque não deixarei de cumprir com meu dever de ser brasileiro e de defender a minha pátria.

            Querem calar a minha voz. Não vão conseguir.

            Falam em faxina neste País. A cada dia, as televisões e os jornais mostram mais corrupção. A cada dia, a corrupção se estende a cada Ministério. A cada dia, o povo brasileiro sofre as consequências desse mal.

            Disseram-me que aqui, nesta tribuna, não posso mais chamar ninguém de ladrão, que é uma palavra muito pesada, Senador Alvaro Dias.

            Qual é a diferença da corrupção para o ladrão, Senador Alvaro Dias?

            Sabe qual é a diferença, Nação brasileira?

            O ladrão é aquele ladrão de galinha. Ele nós podemos chamar de ladrão. O corrupto é aquele do colarinho-branco, é aquele doutor, é aquele rico. Ele se deve chamar de corrupto.

            Ora, veja, Nação brasileira, o que querem impedir-me de fazer neste Senado. Ladrão é todo aquele que rouba o povo brasileiro. E o pior ladrão é aquele que rouba o dinheiro público, que seria investido em educação; que seria investido no combate à violência; que seria investido na saúde; que é dos brasileiros; que foi pago pelos brasileiros por meio dos impostos.

            Esse é o pior ladrão da Pátria. Por que poupá-lo? Por que só chamar de corrupto esse ladrão? Por que o ladrão de galinha é chamado de ladrão? E por que, se o povo brasileiro é roubado, tem-se de chamar o bonitinho, o engraçadinho de corrupto?

            Ninguém vai proibir-me de chamá-lo de ladrão! É ladrão aquele que rouba a Nação brasileira! É ladrão aquele que rouba o povo brasileiro! É ladrão aquele que rouba a saúde do povo brasileiro! É ladrão aquele que rouba a educação do povo brasileiro! É ladrão aquele que rouba a segurança do povo brasileiro! E por que querem impedir-me?

            Aí, Sr. Presidente, chamaram-me de débil mental: “Esse Senador é um débil mental”.

            Brasileiros e brasileiras, a corrupção neste País é muito sínica. A corrupção neste País é vergonhosa.

            Aqueles que se sentem ofendidos devem alguma coisa. Se se sentem incomodados, devem alguma coisa. Se não devo nada, Nery, por que vou sentir-me incomodado, Nery? Não devo nada, a minha ficha é limpa.

            Há mais de 30 anos que os petistas procuram algo contra a minha pessoa. E estou aqui batendo no meu peito e dizendo: procurem, procurem, vasculhem a minha vida! Vasculhem a minha vida!

            Há três dias, Brasil, fui procurado por um jornal daqui de Brasília. O jornalista me perguntava, Senador Alvaro Dias, meu grande líder: V. Exª tem uma empresa que recebe verba federal? Eu só pude usar aquela minha risada: quá, quá, quá, quá. Mandado por alguém para investigar a minha vida. Nem tenho empresa, nem possuo empresa nenhuma.

            Procurem! Vasculhem, que vocês vão encontrar sempre um homem de caráter, digno, que respeita o seu povo e o seu mandato, que respeita aqueles que votaram em mim, que luta por vocês, que não se intimida com nada, que não é covarde. A covardia não entra no meu dicionário! Encaro qualquer um!

            Esta Casa tem Regimento, meu nobre Senador Paim, e eu jamais sairei dele. Por isso, Senador Paulo Paim, não preciso de nada para daqui, desta tribuna, expressar o meu sentimento. É um direito democrático que me cabe. Consegui, com 53% de votos do meu Estado, representá-los aqui. E não é qualquer um que esteja incomodado por eu defender a minha Pátria que vai me tirar desta tribuna.

            A corrupção, brasileiros, precisa ser combatida neste País com a maior urgência possível. Com seriedade, Brasil! Com seriedade, Brasil!

            A corrupção, a bandalheira, a ladroagem tomou conta deste País de uma maneira sórdida e cínica! Ninguém é afetado, ninguém vai preso neste País por corrupção, brasileiros. Ninguém! Citem-me um petista, um petista, citem-me, que tenha sido preso. Citem-me um, eu quero só um. Quantos petistas cometeram corrupção neste País? Quantos? Somem. Os dedos das mãos não dão para somar. São muitos, são centenas! Citem-me um. Quero apenas um que tenha sido punido pelo Governo do PT.

            E aí vem o direito dos outros. Se não deram a lição a um, não vão dar mais a ninguém, não vão dar mais a ninguém. Se não deram o exemplo da punição, jamais um petista será preso por corrupção neste País. E eles podem dizer: “se ninguém vai preso, eu vou roubar”. Porque falam que agrido. Quem estou agredindo? Por que estou agredindo se estou falando a verdade?

            Ah, sim, espere aí, esqueci, prenderam o Arruda. Ora, prenderam o Arruda. O Arruda devia ir preso sim. Devia ainda estar na cadeia, mas o Arruda é do DEM, não é do PT. Do DEM pode ir preso, do PSDB pode ir preso, do PDT pode ir preso, mas do PT não vai. Eu duvido que vá. Este é o exemplo que dão à Pátria. Este é o exemplo que dão à Nação brasileira, aos filhos do Brasil, aos filhos da Pátria! Este é o exemplo que o Governo dá! E querem calar a minha voz. E querem calar a minha voz.

            Não, Sr. Presidente. Não. Não vão calar esta voz, Sr. Presidente, porque esta voz fala a verdade. Esta voz defende o povo brasileiro. Esta voz fala de coração, de sentimento. Esta voz fala de angústia, angústia que tenho em meu coração por tudo o que estou vendo acontecer na minha Pátria nestes últimos anos! A Pátria corrompida, a Pátria lesada, a Pátria sendo enganada! O povo caindo nas ruas! Os bandidos assaltando, matando! A Pátria não tem segurança! O filho brasileiro não tem segurança nas ruas, Brasil! Virou balbúrdia!

            E a corrupção cresce assustadoramente. Brasil, vamos às ruas, Brasil! Este movimento tem que aumentar! Se foram 30 mil agora, na próxima têm que ir 100 mil, 200 mil, 300 mil! Vamos caminhar para o Planalto, para exigir os nossos direitos, Brasil!

            Vamos, Brasil! Acorda, Brasil! Está na hora, Brasil! É agora ou nunca, Brasil! Vamos às ruas combater a corrupção que se instalou nesta Pátria!

            A minha voz, querido Paim, jamais será calada nesta tribuna!

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/09/2011 - Página 37210