Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade às famílias das vítimas dos atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos; e outro assunto.

Autor
Ana Rita (PT - Partido dos Trabalhadores/ES)
Nome completo: Ana Rita Esgario
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TERRORISMO. ESTADO DEMOCRATICO. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Solidariedade às famílias das vítimas dos atentados de 11 de setembro, nos Estados Unidos; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/09/2011 - Página 37456
Assunto
Outros > TERRORISMO. ESTADO DEMOCRATICO. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, FAMILIA, VITIMA, ATENTADO, TERRORISMO, LOCAL, CENTRO COMERCIAL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • REGISTRO, ANIVERSARIO, GOLPE DE ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, SOLIDARIEDADE, VITIMA, VIOLENCIA, DITADURA, REGIME MILITAR, COMENTARIO, DISPUTA, AMBITO, AMERICA LATINA, CONSERVAÇÃO, CAPITALISMO, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, CONSTRUÇÃO, ALTERNATIVA, LIBERALISMO, RELAÇÃO, SOCIALISMO.
  • REPUDIO, AGRESSÃO, VITIMA, SEDE, PARTIDO POLITICO, COMUNISTA, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE.

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes e telespectadores da Rádio e da TV Senado, na verdade, venho à tribuna nesta noite para manifestar a minha opinião e, ao mesmo tempo, minha solidariedade pelos acontecimentos lembrados e celebrados no dia 11 de setembro.

            Anos após os ataques às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, quero me solidarizar com as famílias das vítimas desses atos, que ficarão em nossa memória para sempre e que tanta dor e sofrimento causaram a milhares de famílias de todo o mundo.

            Aproveito também esta oportunidade para enviar o meu apoio e a minha solidariedade às famílias dos cinco brasileiros que perderam a vida nos atentados, entre eles o engenheiro capixaba Nilton Fernão Cunha, que, em 11 de setembro de 2001, realizava reunião de negócios no World Trade Center.

            Quero me somar, também, a todos aqueles e aquelas que condenam e repudiam o terror sob todas suas manifestações e que buscam sociedades mais justas e fraternas. Esperamos que esses acontecimentos não se repitam, Sr. Presidente, sejam eles patrocinados por grupos, segmentos ou como ação de Estado.

            Como disse a nossa presidenta, Dilma Rousseff, em mensagem de solidariedade enviada ao Presidente Barack Obama, "...a maior homenagem que podemos prestar aos mais de três mil inocentes que pereceram naquela data é continuar a trabalhar, incessantemente, por um mundo de paz e desenvolvimento".

            A Presidenta Dilma salienta também:

O extremismo violento deve ser combatido em todas as suas formas, inclusive por meio da reconciliação entre o Ocidente e o mundo árabe, pela eliminação do armamentismo nuclear, pela afirmação da democracia, pelo respeito à liberdade religiosa e aos direitos humanos e da mulher, pela promoção do desenvolvimento econômico e a criação de oportunidades para todos em um mundo de paz e cooperação.

            Compartilho plenamente da visão da nossa presidente. Sou pela construção de uma ordem internacional mais pacífica e mais justa, onde todas as riquezas e avanços construídos de forma coletiva pela humanidade sejam apropriados de forma equânime por todos os povos de todos os continentes.

            Neste pronunciamento, faço questão de registrar, ainda, outro fato ocorrido também num 11 de setembro, que menor espaço teve da grande imprensa, mas que, a meu ver, merece tanto destaque quanto o de 11 de setembro em Nova York. Trata-se dos trinta e oito anos do golpe de Estado contra o povo chileno e o seu presidente, Salvador Allende.

            Nos 17 anos da ditadura de Pinochet, milhares de chilenos foram barbaramente assassinados e torturados. Pinochet morreu em dezembro de 2006, sem ter sido condenado pela Justiça, apesar de inúmeros processos abertos contra ele por violações aos direitos humanos e enriquecimento ilícito.

            Digo que é importante darmos tanto destaque ao ocorrido no Chile quanto nos Estados Unidos porque, hoje, as forças de esquerda da América Latina enfrentam dilemas estratégicos parecidos com aqueles enfrentados no Chile de Allende.

            Quero enviar a minha solidariedade ao povo chileno, às famílias e às vítimas da ditadura.

            Os setores democráticos e de esquerda devem analisar os fatos e as repercussões do 11 de setembro de 1973, quando um golpe militar derrubou o governo da Unidade Popular chilena.

            Os Estados Unidos e seus aliados continuam se opondo a governos que busquem democracia, bem-estar social, soberania nacional e integração da região. E nem sempre demonstram compromisso efetivo com a legalidade institucional e eleitoral, nem tampouco com a soberania e a autodeterminação dos povos.

            Setores importantes das elites latino-americanas parecem ter alergia a pagar os custos sociais de uma elevação constante na qualidade de vida do povo e, por isso mesmo, estão sempre dispostos a financiar e participar de movimentos oposicionistas, desestabilizadores e, às vezes, golpistas.

            As camadas médias seguem tratadas como massa de manobra ideológica, social, política e eleitoral, por parte dos setores conservadores. Os que têm algo a perder, mesmo que seja relativamente pouco, são mobilizados contra os que têm menos ainda, em defesa dos que têm muito mais do que necessitam.

            Parte dessa elite busca o tempo todo perturbar e reverter o desejável profissionalismo das Forças Armadas e da alta burocracia estatal.

            Os conservadores buscam, ainda, impedir qualquer tipo de democratização da indústria de cultura e comunicação. E, como sabemos, o controle das televisões, rádios, jornais, revistas, editoras de livros, provedores e sítios eletrônicos ajuda na mobilização de hoje e forja as mentes de amanhã.

            A "via chilena" não desembocou no socialismo. E, até hoje pelo menos, não conseguimos construir uma "via eleitoral" para sair do capitalismo.

            Por outro lado, a combinação entre luta ideológica, mobilização social, auto-organização das classes trabalhadoras e disputa eleitoral produziu uma situação política inédita na América Latina e em muitos dos países da região. E isto está ocorrendo numa situação internacional também inédita: ampla hegemonia das relações capitalistas e, por isso mesmo, uma brutal crise do capitalismo neoliberal.

            Nessas condições, a América Latina pode ser não apenas território de resistência ou de construção de um capitalismo não-neoliberal. Pode ser, também, espaço de construção de uma alternativa ao capitalismo. Motivos de sobra para estudar e aprender com a experiência da Unidade Popular chilena.

            Aproveito para prestar solidariedade aos estudantes chilenos, que, junto com outros setores sociais, vêm mobilizando centenas de milhares em favor de uma educação que não seja mercadoria.

            Quero aqui, Sr. Presidente, também manifestar solidariedade ao Partido Comunista do Chile, ante a agressão sofrida contra sua sede, na última segunda-feira. Atos como esse são repudiáveis.

            Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha para dizer neste momento.

            Para finalizar mesmo, além de manifestar a nossa solidariedade às famílias que sofrem com todos esses ataques, com a ditadura que ainda prevalece em muitos países, particularmente no Chile, quero dizer que sonhamos com um mundo melhor, sonhamos com uma sociedade cada vez melhor não só para nós, mas para as futuras gerações, em todos os cantos deste mundo, em todos os países.

            É esse o nosso desejo, é esse o nosso sonho, e é por isso que estamos aqui, porque temos uma tarefa a cumprir, temos uma missão a cumprir, e acreditamos que podemos fazer a nossa parte nesse processo.

            Essa minha manifestação eu quero transformar numa contribuição para que possamos construir, de fato, um mundo de paz, um mundo em que todos possam viver com dignidade e viver bem.

            Era isso, Sr. Presidente.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/09/2011 - Página 37456