O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, quero agradecer ao grande Senador Pedro Simon por me ter cedido este espaço. Na verdade, o que vou dizer aqui, tenho certeza, terá o consentimento do Senador Pedro Simon, grande amigo do Senador Ramez Tebet nesta Casa.

            Sr. Presidente, ocupo esta tribuna para falar um pouco de um dos homens mais honrados do Senado da República. Quero falar sobre o eterno Presidente desta Casa, o ex-Senador Ramez Tebet, falecido em novembro de 2006.

            Hoje, Sr. Presidente, 20 de setembro de 2011, faz dez anos da eleição de Ramez como Presidente do Senado e, portanto, do Congresso Nacional.

            Ramez era meu companheiro de partido, do nosso MDB velho de guerra, figura em que procurei me espelhar e com quem aprendi muito, principalmente em relação à busca do entendimento por meio do diálogo, da política honesta e leal.

            A lembrança sobre este dia me foi feita pelo cidadão Josivan Bracho, do Amapá, que se diz admirador da figura do ex-Presidente do Senado. Esse carinho pode ser comprovado pelo fato de Josivan ter dado ao seu filho o nome Ramez Patrício.

            Em carta encaminhada para o meu gabinete, Josivan diz, numa referência aos dez anos da eleição de Ramez para Presidente desta Casa: "Hoje é um dia muito especial para a história política desse Senado. Se alguns, por causa do tempo, esqueceram, eu, aqui, no Amapá, não esqueci".

            E Josivan continua: "Em setembro de 2001, o Senado passava por um momento conturbado. E quem foi chamado para resolver o problema? Ele, Ramez Tebet, um Senador sul-mato-grossense”. Na verdade, Ramez era Ministro do Ministério da Integração Nacional e deixou o Ministério para resolver uma crise política aqui, no Senado.

            Diz ainda Josivan:

Candidato único, Ramez recebeu 41 votos, 31 votos em branco e três nulos. O tema do discurso de posse do Senador foi a necessidade de conciliação entre as correntes políticas do Senado. Chamou-me a atenção, nesse dia, a quantidade de votos em branco, o que levou Ramez a se manifestar desta forma: ‘Recebo os votos em branco como uma mensagem de paz, de harmonia, porque é isso que o branco significa’.

            Josivan disse que, a partir daquele dia, passou a admirar e a acompanhar a carreira política do Senador Ramez Tebet, segundo ele, “homem de bem, tranquilo, honesto e atencioso”.

            Ao longo da carta, Josivan conta fatos sobre sua vida, que culminariam com seu casamento em 2004 e com a chegada, em 2005, do primeiro filho do casal, registrado como Ramez Patrício, repito, homenagem a Ramez Tebet. Diz ele:

Com o nascimento do nosso filho, vi oportunidade de homenagear aquele homem que nunca tinha me visto, mas que me atendia sempre por telefone, seja para elogiar um discurso, um projeto, ou perguntar por sua saúde.

            Ele finalizou sua carta com um poema, que diz:

CREIO EM TI, AMIGO

Creio no Teu sorriso,

janela aberta do Teu ser...

Creio em Teu olhar,

espelho da Tua honestidade...

Creio em Tuas lágrimas,

sinal de que partilhas alegrias e tristezas...

Creio em Tua mão,

sempre estendida para dar e receber...

Creio em Teu abraço,

acolhida sincera de Teu coração...

Creio em Tua palavra,

expressão daquilo que queres e esperas...

Creio em Ti, amigo,

assim, simplesmente,

na eloquência do silêncio...

            Essa é uma pequena homenagem a um grande homem público, que é orgulho do Brasil, do PMDB, da população do Mato Grosso do Sul e do cidadão amapaense Josivan Bracho.

            Eu havia prometido ao Josivan que leria essa carta. Ele é do Amapá, Senador. E o que mais me chama a atenção é exatamente o fato de que um homem distante enxerga no Ramez exatamente o que Ramez representa para nós, do Mato Grosso do Sul.

            O Ramez tem uma herdeira política, hoje Vice-Governadora do meu Estado. Seu nome é Simone Tebet, filha do Ramez, um dos grandes quadros do nosso Partido, uma das grandes reservas da política do Mato Grosso do Sul. Eu ouvi a Simone, aqui, um dia, numa homenagem ao Ramez, que ainda padecia da doença que o tirou de nós. Lembro-me da homenagem que foi feita na Comissão de Assuntos Econômicos: era uma mesa simples, e o Ramez dizia, naquele dia, que a mesa não estava enfeitada, que não havia flores. Sua filha estava à mesa, no plenário da Comissão, quando ele disse: “Mas eu trouxe a flor mais bonita do Mato Grosso do Sul; eu trouxe aqui, hoje, minha filha, Simone Tebet”. Naquele momento, não houve ninguém que não se emocionasse. Ele estava sem cabelo, resultado da quimioterapia.

            O Sr. Geovani Borges (Bloco/PMDB - AP) - Senador Moka, V. Exª me permite um aparte?

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS) - Ele foi um homem que, durante a vida inteira, brigou pela seriedade, pela ética, pela justiça. Ramez é orgulho de todos nós, sul-mato-grossenses. É um homem que - tenho certeza - deixou no Senado muitos amigos. Ele deixou muitos companheiros aqui e também um exemplo de ética, de seriedade, de como fazer política.

            Quando vim para cá, assumi esta cadeira, que é do meu Estado, do meu Partido, do PMDB. E tenho muito orgulho de estar aqui, sentado na cadeira do grande e saudoso Senador Ramez Tebet.

            Concedo um aparte a V. Exª.

            O Sr. Geovani Borges (Bloco/PMDB - AP) - Quero parabenizar V. Exª pela oportuna e justa lembrança do nosso Ramez. Tive o prazer, o privilégio, a honra de conviver com ele nesta Casa, na época, na condição também de Senador da República, suplente do Senador Gilvam Borges. E testemunhei algumas ações dele na Comissão de Constituição e Justiça e como ex-Presidente desta Casa. Vi os últimos momentos dele, mas ele sempre estava com aquela altivez, com aquela elegância, impondo respeito e autoridade, que faziam parte da sua personalidade. E ao nosso querido amigo do Amapá que o homenageia... Como é o nome dele, daquele que lhe enviou uma carta?

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS) - Josivan Bracho.

            O Sr. Geovani Borges (Bloco/PMDB - AP) - Josivan Bracho. Quero parabenizá-lo pela homenagem ao Ramez - que é justa -, principalmente por partir do meu Estado. V. Exª dá toda essa deferência a ela. Senador Moka, como colega seu do PMDB, digo que Ramez deixou muita saudade e muito exemplo nesta Casa. Parabéns a V. Exª por esse gesto!

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - RS) - Agradeço a V. Exª.

            E, ao concluir, quero dizer que não poderia ser mais feliz a coincidência da minha fala. Estão aqui membros do Ministério Público do meu Estado. São jovens promotores públicos que me honraram com sua visita, liderados pelo Vereador e defensor público da minha querida Paranaíba.

            Quero dizer que podemos fazer um discurso, com certeza, com a presença do Senador Ramez Tebet, que sempre foi um grande defensor do Ministério Público. Aliás, não sei se a origem do Senador Ramez Tebet era o Ministério Público ou a Defensoria, mas penso que ele era do Ministério Público, porque Ramez começou sua carreira como promotor público do meu Estado. Então, não poderia ser mais feliz a presença aqui desses jovens e do chefe de gabinete do Procurador de Justiça do Mato Grosso do Sul.

            Portanto, esta é a oportunidade que tenho de homenagear um dos homens que, para mim, sempre foi referência. Comecei a fazer política pelas mãos desse grande cidadão sul-mato-grossense, o eterno Senador Ramez Tebet.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.