Discurso durante a 171ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal sobre a criação de um novo imposto semelhante à extinta CPMF. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS.:
  • Críticas ao Governo Federal sobre a criação de um novo imposto semelhante à extinta CPMF. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 28/09/2011 - Página 39228
Assunto
Outros > TRIBUTOS.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, CRIAÇÃO, TRIBUTO FEDERAL, SEMELHANÇA, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), DESTINAÇÃO, SAUDE PUBLICA.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pensei eu, Presidente, que o país, depois que nós, Senadores, derrubamos a CPMF, pensei eu, brasileiros e brasileiras, que o assunto estava encerrado e que tão cedo as autoridades brasileiras - ou nunca mais - pudessem falar em aumento de impostos, neste país. Eu me enganei e me enganei feio. Ao ler os jornais desta semana, volta novamente o governo brasileiro a querer tirar dos bolsos dos pobres brasileiros mais dinheiro. Diz o governo que para a saúde; diz o Senador Mário Couto que para a corrupção.

            A Ministra Ideli Salvatti, Ministra das Relações Institucionais, a inteligente Ministra - o governo está bem servido - diz que é certa a cobrança de mais impostos que vêm com outro nome, mas que é o mesmo imposto derrubado aqui, neste Senado Federal, a CPMF. A Câmara já disse não; o Senado precisa dizer não também.

            A saúde no Brasil está falida e a corrupção está ativa.

            Eu queria que algum brasileiro ou algum Senador da República, seja de que Partido for, viesse a esta tribuna mostrar que a saúde no Brasil está viva, está servindo o povo brasileiro. Esse é um desafio que faço a qualquer Senador da República, a qualquer Senadora da República, que venha a esta tribuna provar ao povo brasileiro que a saúde neste País está bem, que o povo está bem atendido, que o hospital público funciona corretamente e melhora a saúde do povo brasileiro.

            Apontem-me um hospital que seja público e funcione adequadamente neste País. Aqueles que não podem pagar hospitais, como o Sírio Libanês e outros, sabem que ao entram doente num hospital público, hoje, dificilmente os parentes não terão que chorar a sua morte. Está mais do que comprovado, Sr. Presidente, que 90% dos doentes que entram em hospitais públicos, com qualquer doença, saem de lá mortos por infecções generalizadas, concebidas nos próprios hospitais públicos, com contratos de limpeza vencidos e não pagos, carregados de infecções, que basta um doente entrar ali para ser atingido. E o Governo quer cobrar impostos! Cobraram anos e anos, tiraram anos e anos dinheiro do bolso dos brasileiros com a CPMF, foram anos e não tiveram a capacidade para melhorar a saúde no Brasil. Não é dinheiro, brasileiras e brasileiros! É falta de capacidade, é falta de gestão pública, brasileiros, e é o excesso de corrupção neste País.

            São R$69 bilhões de corrupção neste País, brasileiros!

            Vou mostrar à Nação, vou mostrar à dona de casa, vou mostrar ao trabalhador brasileiro, vou mostrar ao pobre aposentado brasileiro que o aposentado que mais sofre neste mundo inteiro é o aposentado brasileiro. Quanto lutamos, quanto perseguimos essa causa para que pudessem melhorar o sofrimento dos aposentados brasileiros!

            O Governo tem raiva dos aposentados brasileiros! O governo não gosta dos aposentados brasileiros! O governo não liga para os aposentados brasileiros!

            Olhem, Nação brasileira, a TV Senado. Se for possível, TV Senado, eu queria mostrar ao Brasil, meu nobre operador da TV Senado, quanto você, brasileiro, e quanto você, brasileira, quanto você, trabalhador brasileiro, que sai da sua casa numa situação difícil de transporte e que volta para sua casa numa situação difícil de transporte, porque o transporte é de péssima qualidade neste País...

            Aliás, a única coisa boa que nós temos neste País é a Bolsa Família.

            Mas eu vou mostrar para você quanto é que você paga. Cada brasileiro tira do seu salário, tira daquilo que ganha, ganha com dignidade, ganha com o seu suor, ganha com o seu trabalho, ganha pagando os produtos altos, ganha pagando uma inflação, que dizem que não existe, mas é mentira! A dona de casa que vai ao supermercado sabe que a inflação está de volta novamente neste País. Não adianta enganarem o povo brasileiro! O PT tem muita qualidade nisso. O PT aprendeu a enganar o povo brasileiro, e não é de hoje. É de muito tempo que o PT aprendeu, mas, de vez em quando, vem a realidade.

            Dizem que mentira tem pernas curtas. Esta que eu falo hoje é uma. Diziam que, quando acabasse a CPMF, a arrecadação ia cair. Mentira! Não caiu, Nação brasileira! Está aqui na minha mão, e eu vou mostrar ao Brasil quanto o povo brasileiro já pagou hoje de imposto. Hoje, atualizado, Brasil, este dinheiro arrecadado por que não é aplicado na saúde? Por que não é aplicado na educação? Para onde vai esse dinheiro? Parte dele eu sei para onde vai, Nação! Parte dele eu sei que vai para os bolsos dos corruptos do Governo, a maioria petistas.

            E não adianta ficarem com raiva de mim! Eu não tenho medo de cara feia! São os petistas que evoluíram com essa desgraça chamada corrupção neste País. Foram eles, foram os petistas!

            Olhe, Brasil! Mostre, TV Senado! Eu vou ler primeiro, TV Senado, para depois mostrar. Sabe quanto você pagou, brasileiro e brasileira?

            Meu nobre Secretário da Mesa Diretora Cícero Lucena, eminente Senador da República, paraibano legítimo, V. Exª vai escutar, estarrecido, os números que o povo da Paraíba pagou para ter uma saúde melhor, para ter uma educação melhor, Senador, para poder andar nas ruas e não ser assaltado todos os dias pelos bandidos que tomaram conta das nossas capitais, que tomaram conta dos nossos interiores, que barbarizam o povo brasileiro, que matam, que assaltam, e não se toma providência alguma!

            O que aconteceu, brasileiras e brasileiros, o que aconteceu com esses cinco ministros que saíram dos ministérios, uns acusados de corrupção comprovada? A imprensa parou, os noticiários pararam, as especulações pararam. Nada mais vai acontecer, Nação! E o seu dinheiro foi embora, o seu dinheiro foi para o ralo. E assim é para sempre!

            Olhe, meu nobre Senador da Paraíba, será que eu consigo ler esses números todos? Quando eu estudei no curso primário, era assim: unidade, milhar, milhão, bilhão, trilhão. Mas aqui acho que vai passar: unidade, milhar, milhão, bilhão, trilhão. Não dá! O número é muito grande. É muito dinheiro: um trilhão! Nós estamos no final do mês de setembro, Brasil. No final do mês de setembro! Ano atrasado, nós não passamos de um trilhão durante o ano. Ano passado, nós só passamos de um trilhão em dezembro. Este ano, Nação brasileira, nós já passamos de um trilhão no mês de setembro, Brasil! E ainda querem cobrar mais impostos, Brasil! Eu não acredito que tenham a coragem, o cinismo de mandar para este Senado mais impostos para cobrar da população brasileira, sem retornar ao povo brasileiro a qualidade da saúde, da educação, da segurança, dos transportes, dos portos, dos aeroportos deste País!

            Um bilhão, cinquenta e oito bilhões, quinhentos e sessenta e cinco milhões, trezentos e sessenta e três mil, cento e cinquenta e três reais e noventa e nove centavos! Cansa! Cansa ler o montão de dinheiro que a senhora e o senhor, trabalhadores brasileiros, já pagaram para ter saúde, e não têm. E eles querem mais, Brasil! Eles querem mais, Brasil!

            Outro dia, Presidente, eu estava sentado em frente à televisão na sala com meus filhos. De repente, o jornal Globo coloca no ar uma entrevista com a Presidenta Dilma. E aí perguntou o repórter à Presidenta: quantos empregados a senhora tem na sua residência?

            Ei, psiu, Senador Cícero Lucena, olhe para mim. Olhe, Senador. Sabe qual foi a resposta da Presidenta? V. Exª deve ter visto a reportagem. É um absurdo, é deprimente a Nação escutar isso. Seja o Palácio que for, é deprimente escutar, em um país pobre, um país onde há miseráveis, um país onde existe a fome, um país onde há corrupção, um país onde há desonestidade, é triste escutar da Presidenta que ela tem 143 funcionários! A mulher do Lula tinha cem pares de sapatos! Um dia me perguntaram, depois que eu falei isso na tribuna: “Ela é parente de centopeia?” A faixa da Presidenta do Brasil, uma faixa de um Presidente do Brasil, sabe quanto custa, brasileiros? Isso não sou eu que estou inventando, é o Tribunal de Contas da União: custa R$50 mil. Uma faixa!

            Como é que o Governo quer cobrar impostos, se ele não contém os gastos públicos?

            O problema é o seguinte, neste País: quando querem mais dinheiro, em quem eles pensam? “Vamos tirar do povo. Vamos tirar do povo.”

            É por isso, Presidente, que eu venho aqui à tribuna...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS. Fazendo soar a campainha.) - Senador Mário Couto, só um informe rápido.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Já vou descer.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Só para comunicar ao Plenário, conforme foi anunciado ontem, que nós temos hoje sessão do Congresso Nacional, que teria que se iniciar às 19 horas, e a Câmara está esperando.

            Solicito a V. Exª, vou lhe dar inclusive mais um minuto, e depois encerramos a sessão, para iniciar a sessão do Congresso.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - V. Exª seria a última pessoa que eu esperaria que me tirasse da tribuna, última.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Pode ter certeza absoluta de que eu não o farei. V. Exª está com a palavra.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Vou encerrar, Sr. Presidente.

            O povo é quem paga a conta. O povo é quem paga a conta da corrupção. A conta maldita de R$96 bilhões quem paga é você! Você é quem paga essa conta! Mas espero, povo brasileiro, que o Governo tenha vergonha de mandar esse processo, cobrando mais imposto da população brasileira!

            Senador Paulo Paim, muito obrigado. Apenas ultrapassei dois minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/09/2011 - Página 39228