Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do 218º Círio de Nazaré.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do 218º Círio de Nazaré.
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2011 - Página 39315
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, SENADOR, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, FESTA, IGREJA CATOLICA, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), COMENTARIO, HISTORIA, FESTA NACIONAL.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, realizado em Belém do Pará há mais de dois séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais belas procissões religiosas da atualidade, reunindo, nos últimos anos, multidões de romeiros e peregrinos.

            Manifestação do Catolicismo popular, o Círio surgiu em Portugal, chegando ao Brasil no século XVIII. A devoção mariana, incentivada pela Igreja Católica após o período das Reformas, encontrou terreno fértil em solo brasileiro. As festividades religiosas, muito afeitas às manifestações exteriores do culto, permitiram que populações de línguas, costumes e origem diferentes pudessem integrar as práticas da Religião católica, favorecendo a mensagem evangelizadora.

            Em razão desta plasticidade cultural, o Círio desenvolveu intensa capacidade de agregar manifestações da identidade regional, marcando a festa como momento de expressão cultural multifacetado. No Círio, encontramos elementos de intensa religiosidade, da sociabilidade, da gastronomia e dos modos de expressão que referenciam a identidade cultural paraense. Observou o jornalista Angelim Netto, em artigo para o jornal Folha do Norte, em 1926: "Trabalha-se no Pará o ano todo, sofrendo as necessidades, para em outubro vestir uma roupa nova e almoçar como um príncipe no dia do Círio. O Pará, sem a festa de Nazaré, não seria Pará".

            Como toda manifestação de patrimônio imaterial, o Círio se reformula e se atualiza. Os percursos da procissão modificam-se, com o acréscimo de novos roteiros, romarias e peregrinações. Os espaços físicos também se alteram, até mesmo para tornar possível a convivência pacífica de mais de dois milhões de pessoas em espaço urbano não preparado especificamente para acolhê-Ias.

            O povo do Pará, porém, cioso da importância desta belíssima festividade, preserva os suportes centrais da celebração. Continuamos a encontrar a grande procissão organizada em torno da imagem de N. S. do Nazaré em sua berlinda, a enorme corda disputada pelo séquito de seguidores, as manifestações de intensa religiosidade, os ex-votos, os brinquedos de miritis e os carros alegóricos a contar a história da festa. Na ambiência da celebração, persistem práticas que dão vazão a costumes tradicionais do povo paraense, como o almoço do Círio e o Arraial do Largo de Nazaré.

            Neste sentido, o Círio constitui um exemplo de como uma manifestação central da nossa cultura possa sofrer alterações sem perder o sentido íntimo da sua existência. Por isso mesmo, foi a primeira manifestação de patrimônio imaterial brasileiro,na categoria Celebrações, a ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Faço votos para que possamos nos reunir outras vezes, no Plenário do Senado, para celebrar o Círio de Belém do Pará.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2011 - Página 39315