Pronunciamento de Geovani Borges em 29/09/2011
Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Mensagem ao povo do Amapá, sintetizando os sentimentos de S.Exa., neste momento de despedida do Senado Federal.
- Autor
- Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Mensagem ao povo do Amapá, sintetizando os sentimentos de S.Exa., neste momento de despedida do Senado Federal.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/09/2011 - Página 39580
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
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- REGISTRO, DISCURSO, DESPEDIDA, SENADO, MOTIVO, PROXIMIDADE, CONCLUSÃO, MANDATO PARLAMENTAR.
O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, estamos quase encerrando e cumprindo o nosso propósito com dignidade nesta Casa e estamos apresentando ao povo do Amapá a mensagem que sintetiza nossos sentimentos neste momento. É o que divido agora com os Srs. Senadores e Senadoras e com nossos queridos telespectadores e ouvintes da TV e da Rádio Senado.
São sentimentos, todos eles, de profundo amor, respeito e gratidão ao povo do Amapá nas diferentes etapas de vida em que atuei como Vereador, Prefeito, Deputado Federal, Constituinte e, finalmente, Senador da República.
Entre outras lembranças queridas, guardo o registro de ter sido o autor do projeto de lei que criou a universidade federal do meu querido Estado do Amapá; projeto esse aprovado tanto na Câmara quanto no Senado e, posteriormente, sancionado pelo nosso querido Presidente, Senador José Sarney - Senador também pelo meu Estado.
A sociedade brasileira disse o que queria quando apresentou o projeto de iniciativa popular da Lei da Ficha Limpa. Parte dos integrantes da Corte máxima do nosso País não entendeu o recado e, contrariando a vontade do povo, tirou do cenário político, circunstancialmente, meu irmão Gilvam Borges. Assumi, então, o mandato de Senador em seu lugar, enquanto ele persistiu lutando pela preservação da verdade. Recebi a missão com grandeza de alma e sabendo que este mandato, embora passageiro e em suplência, precisava ser cumprido com absoluta honradez e empenho, e assim tivemos a oportunidade de subir a esta tribuna honrosa e poder compartilhar e usufruir da sabedoria e dos ensinamentos de tantos brilhantes oradores que aqui se pronunciam, Senador Aloysio.
Aproveitei para aprender, mas aproveitei também para deixar o nosso recado. Assim, aqui, falamos um pouco de cada coisa que afeta o dia a dia e o bem-estar do povo do meu Estado, do povo amapaense, do nosso povo brasileiro. Falamos de nossa luta em favor dos professores, da classe médica, da Justiça itinerante, da assistência social, dos servidores e usuários do transporte público. Falamos de políticas públicas, dos acertos do Governo Federal com o entusiasmo de quem deseja colaborar, mas com a franqueza de quem também precisa apontar os equívocos.
Ouvimos nossas bases políticas, as mães de família, os jovens, os homens e mulheres que inteiram as forças de segurança do nosso Estado. Ouvimos as lideranças religiosas, indígenas e os que carregam com orgulho a bandeira da cultura e da valorização histórica do Amapá. Estivemos solidários com a angústia dos desempregados e dos empresários que querem e que precisam apostar na geração de empregos, mas, para isso, precisam de infraestrutura, financiamento, amparo legal. Preocupamo-nos em dar a cada segmento uma resposta de atenção e mostrar que aqui havia um Parlamentar atento e pronto para servir, mesmo na condição de suplência.
Conquistamos, nesta Casa, novos amigos, incomodamos os que não trilham o caminho do bem, mantivemos o diálogo franco e a cabeça erguida de quem sabia que estava recebendo uma missão e precisava cumpri-la com dignidade e dinamismo.
Cícera, Senador Aloysio, de São Paulo, que sempre foi uma referência muito especial e que está nos assistindo novamente neste instante, a nossa mãe, e Miguel, nosso pai, sempre nos fizeram trilhar pelo caminho da humildade e da esperança. Assim, estamos praticamente encerrando esta etapa com a humildade de quem recebeu um legado e com a esperança de poder continuar servindo a gente amiga e trabalhadora do Amapá.
A verdade pode ser contada de várias maneiras, mas ela sempre será uma só. E esta história, única e verdadeira, estamos contando ao povo desta tribuna.
Não posso deixar de registrar aqui meu carinho e respeito aos enfrentamentos do meu irmão, Senador Gilvam Borges, que já caminhou por todo o Amapá e que tem o Amapá, todo ele, caminhando dentro do seu coração.
O Gilvam, vocês sabem, tem aquele jeito simples da nossa gente, e sua força e motivação vêm justamente dos hábitos simples, da alegria simples e inocente do nosso povo. Por isso, ele se orgulha tanto das nossas tradições, das nossas lendas, da nossa mata ainda tão preservada, das nossas riquezas minerais, das lutas empreendidas pela consolidação do nosso território. A alma do Gilvam se entristece quando o Poder Público ignora as demandas do nosso povo e se enche de festa ao ver que cada conquista, ainda que pequena, é tão louvada e tão bem recebida na mais próxima ou na mais distante das nossas comunidades.
Esses são os sentimentos que têm movido as ações políticas da nossa família, sem revanchismos e sem ódios, Senador Paulo Paim.
Mesmo agora, quando estamos prestes a deixar o Legislativo, nós o fazemos com o coração atento às lições do passado, mas com o olhar fixo no amanhã e nos desafios que ainda teremos pela frente. Fechamos a porta de um gabinete que sempre esteve verdadeiramente aberto para cada vereador, prefeito, deputado, senador, governador, que ali nos procurou para falar em nome do povo, e que também sempre esteve aberto para o povo - para crianças, jovens, homens e mulheres - que, em visita à Capital do País, subiam ao 18° andar para levar seu pedido, tirar uma foto, mostrar sua presença na representação política da terra tucuju, a ponto de o nosso gabinete receber carinhosamente o apelido de Embaixada do Amapá, sempre como coordenador da bancada política, mas sem jamais perder a noção de que o povo é o verdadeiro mandatário deste mandato.
Três legislaturas o Senador Gilvam Borges teve nesta Casa. Foi proclamado eleito, foi diplomado, foi empossado como Senador e vai se levantar, daqui a alguns dias, desta cadeira, sem ter cometido um único ato ilícito. Saiu sabendo que o anseio popular pelo instituto da ficha limpa foi ignorado. Mas ele sempre me diz: “Geovani, meus amigos, é bom demais, mas é bom demais ser ficha limpa”.
E, em nome dele, agradecemos a Deus pela vida simples que levamos, pelos hábitos simples que cultivamos, pelas gentes simples que nos cercam.
Gilvam Borges não vai parar. Sua caminhada prossegue, sua bandeira é a do bem-estar do povo amapaense, sua luta continua sendo a do reconhecimento dos potenciais do nosso Estado, seu empenho é para que o Brasil nos veja da altura que temos. Em terras extremadas, sim; distantes, sim; imensas, sim. Mas todas condensadas no coração delicado e amoroso do chamado Amapá.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.