Discurso durante a 180ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio às reivindicações de profissionais de educação física e ferroviários; e outro assunto.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXERCICIO PROFISSIONAL. SAUDE.:
  • Apoio às reivindicações de profissionais de educação física e ferroviários; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/2011 - Página 40619
Assunto
Outros > EXERCICIO PROFISSIONAL. SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, DEFESA, APOIO, REIVINDICAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FISICA, RELAÇÃO, REPUDIO, RESOLUÇÃO, CONSELHO NACIONAL, EDUCAÇÃO.
  • SOLICITAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VIABILIDADE, PROVIDENCIA, SALVAMENTO, PLANO, SAUDE, FERROVIARIO.
  • REGISTRO, HOMENAGEM, RECEBIMENTO, CORRESPONDENCIA, PARENTE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Lídice da Mata, que preside esta sessão agora, 22 horas e 24 minutos, faço meu pronunciamento nesta noite porque, de fato, amanhã, eu me desloco para o Rio de Janeiro. Participarei lá de três atividades. Tenho um almoço com o movimento sindical daquele Estado; em seguida, faremos um debate, na ABI, sobre o Estatuto do Motorista, sobre a questão da Previdência, fator, aposentado, reajuste real dos aposentados, voto secreto, desaposentadoria. Enfim, temas que tenho tratado aqui no dia a dia.

            Mas, Presidente, quero aqui fazer alguns registros.

            O primeiro deles é que recebi, no meu gabinete, líderes do Sindicato dos Profissionais de Educação Física do Estado do Rio de Janeiro. Eles demonstraram toda sua indignação contra a resolução do Conselho Nacional de Educação, chamado CNE nº 7, de 2010.

            Cerca de aproximadamente seis mil pessoas, entre profissionais e estudantes de educação física, reunidos em assembleia no mês de setembro, manifestaram-se contra essa resolução.

            Consideram que a Educação Física é componente curricular obrigatório em toda a rede de ensino público ou privada, inclusive na educação básica. A prática da educação física tem sua importância reconhecida por lei federal, está na LDB.

            É notória e de conhecimento da sociedade, especialmente do Conselho Nacional de Educação, a relevante importância do profissional de educação física para o desenvolvimento dos alunos da educação fundamental.

            A categoria dos profissionais de Educação Física considera inconstitucional essa resolução, pois busca subtrair, retirar, de forma violenta, o espaço dentro do mercado de trabalho desses profissionais.

            Outra questão a ser considerada é que o Brasil vai sediar eventos grandiosos, como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e, mais uma vez, nós vamos precisar ter, de fato, esses profissionais atuando.

            Há 13 anos, foi regulamentada a profissão, através de lei federal, de que eu tive a alegria, inclusive, de ser relator, que define muito bem a área de atuação dos profissionais de Educação Física.

            Por isso, é mais um motivo por que a categoria apresenta, aqui, a sua indignação, pois, segundo essa resolução, professores do ensino fundamental do 1º ao 5º ano terão permissão de ministrar aulas de Educação Física, sendo que eles não possuem qualificação específica e nem registro profissional junto ao Conselho Federal de Educação Física.

            Fica, aqui, este documento, minha querida Presidenta Lídice da Mata, da área dos professores de Educação Física.

            Quero, também, fazer outro registro que se refere aos ferroviários.

            Srª Presidenta, fiz uma audiência pública com o objetivo de discutir a situação dos ferroviários. Então, trago à tribuna ponderações sobre a expectativa que se criou entre os ferroviários, principalmente a respeito do que nós estávamos cuidando naquela audiência: os seus planos de saúde.

            Estiveram na audiência lideranças da categoria ferroviária, constituída de 80 mil trabalhadores ativos, aposentados e pensionistas, juntamente com os diretores do serviço social das estradas de ferro, o ex-Deputado Federal Jorge Moura, os líderes da classe, que demonstraram toda a sua preocupação, porque se esse plano de saúde vier a falir - eles falaram principalmente do Sesef e do Transfer, dos beneficiários mais idosos e que têm menos renda -, nós estaremos numa situação de caos, prejudicando de forma direta mais de nove mil daqueles que nós chamamos de família ferroviária.

            Houve uma série de movimentos, buscaram-se alternativas, mas, até o momento, nada foi feito de concreto.

            Por isso, nós vamos entregar a V. Exª este documento, em que o Plansfer pede que o Governo Federal colabore na busca de uma alternativa para que esses trabalhadores, aposentados e pensionistas, não fiquem sem o seu plano de saúde.

            Termino com a última página, dizendo:

Assim, apelo aos titulares do Ministério citados, à nossa Presidenta Dilma, para que, com a sensibilidade social, viabilizem com toda urgência as providências necessárias para salvar o Plano de Saúde dos Ferroviários.

Isso será um justo reconhecimento a uma categoria de trabalhadores que tanto contribuiu [...] para o nosso País.

[Enfim, eles pedem]: vamos salvar o Sesef/Planssfer, antes que seja tarde!”

            Por fim, consegui fazer, em cinco minutos, dois registros. Este é mais carinhoso. Calculo que vá demorar cerca de oito minutos, minha querida Presidenta.

            Eu recebi de um colega meu de muitos e muitos anos atrás uma correspondência que quero comentar aqui na tribuna, até porque fiquei sabendo somente hoje que o Freitinhas, um dirigente sindical que começou sua carreira político-sindical junto comigo, veio a falecer na semana que passou de forma súbita.

            Vou encaminhar, claro, um voto de pesar pelo falecimento do Freitinhas. Mas, ao lembrar aqui o Freitinhas, lembro também essa correspondência que recebi de um velho amigo, chamado Aureliano Borges Lima, que, nos velhos tempos, chamávamos somente de Vacariano.

            Ao receber essa mensagem, Srª Presidenta, confesso que viajei no tempo e passei por lugares tão queridos nas minhas longas caminhadas desde estudante a presidente do sindicato de metalúrgicos de Canoas, até vice-presidente e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores.

            E, aqui, o Vacariano fez com que eu me lembrasse daquele bom tempo em que não víamos a meninada somente brincando na Internet ou pegando jogos na Internet. Naquele tempo, tínhamos o pião, a pandorga, as bolas de meia, a troca de gibis ou mesmo de figurinhas. Lembrei-me nessa caminhada do meu primeiro emprego; lembrei-me do tempo em que eu vendia vasos; do tempo em que eu trabalhava na venda de quadros; lembrei-me da fábrica Atílio Bovo;

lembrei-me de onde eu amassava barro; lembrei-me do meu curso no Senai; lembrei-me do colégio em que estudei, o Ginásio Noturno para Trabalhadores, quando, com 16 anos, eu presidia o grêmio. Lembrei-me do Colégio Estadual Santa Catarina, do qual também fui presidente; lembrei-me da diretora da escola, Iró Nabinger Chiaradia, que foi uma grande profissional, trabalhou e transformou a escola estadual em uma escola exemplar na área de educação.

            O colégio ficava próximo ao campo em que eu jogava, o campo do Gianella. A casa dos meus pais ficava em frente ao outro campo em que eu também jogava, o Campo do Cruzeiro.

            Lembrei-me do Clube Gaúcho. Para a senhora, que é da Bahia e que conhece bem a saga do povo negro, o Clube Gaúcho era um clube no Rio Grande do Sul que amparava, recebia a comunidade negra. E o Vacariano, embora não negro, sempre me acompanhava nessas atividades.

            Vacariano lembrou momentos bonitos das nossas vidas. Mas, no fim - e por que faço essa introdução -, claro que ele se lembrou lá das colônias, do trinta, do quarenta, do sessenta - quem está ouvindo sabe -, da represa; Lembrou-se dos parreirais; lembrou-se da produção de vinho e do queijo; lembrou-se do leite tomado lá no curral.

            Mas, no fundo, ele me pergunta o seguinte: “Meu amigo, Senador Paim, eu tenho muito orgulho de ver você hoje no Senado da República. Mas me permita que eu lhe pergunte: por que os projetos tão importantes para os trabalhadores não são aprovados nesta Casa?”

            Ele faz essa retrospectiva da nossa caminhada. Hoje, ele mora em Curitiba. Morou vinte anos em Caxias, e pergunta: “Por que, Senador? Por que os seus colegas Parlamentares, no Congresso, não aprovam os projetos de sua autoria, que são aquilo com que nós, que estamos aqui na base, sonhamos e que esperamos?” Diz ele: “Por quê? Será que é por aquilo que muitos dizem, que essa é a caminhada daqueles que andam só?” Ele responde que não. Não é uma caminhada de quem caminha só, porque o povo caminha junto com essas propostas.

            Aí o Vacariano diz: “Por que, Senador, não é aprovado o fim do fator previdenciário, para que o cidadão tenha direito de se aposentar? Por que não se aprova o instituto da desaposentadoria, que é já assegurado ao servidor público? Por que não se acaba com o tal de voto secreto?” Eles, lá embaixo, não entendem como é que aqui, no Congresso, a gente ainda vota secretamente.

            Ele pergunta: “Por que o aposentado, que ganha um pouquinho mais que o salário mínimo, não pode ter direito a reajuste, enquanto que Executivo, Legislativo e Judiciário têm direito à integralidade, à paridade, e não têm fator?” E ele pergunta: por que não se aprova o Fundep, por que não se aprova a redução de jornada?

            Eu respondo a você, Vacariano, e eu sei que não é somente para você. Estou respondendo para milhões de brasileiros: você pode ter certeza, meu amigo, que eu concordo com muita coisa que você disse, mas pode crer que eu continuo fiel às minhas raízes, ao nosso passado. Sei de onde vim e por que estou aqui. Continuarei sempre a defender os interesses dos aposentados, dos trabalhadores e de todos que são discriminados.

            Podem crer: este registro é uma homenagem que faço a toda uma geração dos meus amigos e de outros tantos que não conheci; é uma homenagem que faço a todos os brasileiros, homens e mulheres, que querem somente direitos iguais, oportunidades iguais; que querem poder viver e envelhecer com dignidade.

            Pode crer, meu amigo, Vacariano; podem crer, milhões de brasileiros, que, repito, enquanto eu estiver aqui, vou continuar lutando sempre, porque essa causa é uma causa de todos nós.

            Convido todos os homens e mulheres de bem deste País a estarem conosco e contigo, Vacariano, representando milhões e milhões de brasileiros nessa cruzada nacional em defesa dos nossos direitos.

            Fico com uma frase que você disse na carta: “Não perca a fé, meu Senador. Se Deus está conosco, quem estará contra nós?”

            Querida Senadora, termino. Peço que considere meus três pronunciamentos na íntegra. Consegui fazê-los em 12 minutos. Economizamos oito.

            Obrigado, Senadora Lídice da Mata.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recebi em meu gabinete, por parte do Sindicato dos Profissionais de Educação Física do Rio de Janeiro, Ato de 'Repúdio à Resolução do Conselho Nacional de Educação - CNE - n° 07 de 2010.

           Cerca de aproximadamente6.000 pessoas, entre Profissionais e Estudantes de Educação Física, reunidos em Assembléia no mês de setembro, manifestaram-se contra a Resolução CNE n° 7 de 2010.

           Consideram que a Educação Física Escolar é componente curricular obrigatório em toda a rede de ensino pública ou privada, inclusive na Educação Básica;

           A prática da Educação Física tem

           sua importância reconhecida pela Lei Federal n° 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional;

           E que é de notório conhecimento da sociedade, especialmente do Conselho Nacional de Educação - CNE - a relevante importância do Profissional de Educação Física no desenvolvimento dos alunos da Educação Fundamental.

           A categoria dos Profissionais de Educação Física considera inconstitucional esta Resolução, pois busca subtrair de forma violenta o espaço, dentro do mercado de trabalho, destes profissionais.

           

           Outra questão a ser considerada é que o Brasil sediará eventos grandiosos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e mais uma vez relevo a importância da atividade destes Profissionais.

            Há treze anos foi regulamentada a Profissão através da Lei Federal 9.696/98 que define bem a área de atuação dos Profissionais de Educação Física.

           Mais um motivo para a categoria apresentar este Ato de Repúdio, pois, segundo a Resolução CNE n° 7/2010, professores do ensino fundamental, do 1o ao 5o ano, têm permissão de ministrar aulas de Educação Física.

           Sendo que eles não possuem qualificação específica e nem registro profissional junto ao Conselho Federal de Educação Física - CONFEF.

           Era o que tinha a dizer.

 

           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na condição de Presidente da Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social, tive a honra de requerer e dirigir a 4a Audiência Pública do Ciclo de Debates em Defesa do Emprego e da Previdência Social.

           Trago a esta Tribuna ponderações e expectativas da audiência que teve como tema "Trabalho decente (saúde do trabalhador) - Ferroviários'' e aconteceu no dia 21 de junho passado.

           Estiveram presentes a audiência as mais expressivas lideranças da categoria ferroviária, constituída de cerca de 80 mil trabalhadores ativos, aposentados e pensionistas de todo o País.

           Juntamente com o Diretor Executivo do SESEF - Serviço Social das Estradas de Ferro, o ex-Deputado Federal Jorge Moura, os líderes de classe expuseram a grave situação com que se defronta o SESEF, entidade paraestatal criada pela Lei n° 3.891, de 26 / 04/ 1961, vinculada ao Ministério dos Transportes, que mantém há mais de 20 anos o PLANSFER - Plano de Saúde dos Ferroviários, sem fins lucrativos e sob o regime de autogestão.

           Inicialmente destinado os ferroviários em atividade, o Plano foi estendido em 2001 aos aposentados e pensionistas, chegando a alcançar cerca de 43 mil participantes e seus dependentes.

           Era considerado um dos melhores planos de saúde, com padrões de excelência no atendimento.

           Infelizmente, porém, uma má administração conduzida no período de junho de 2003 a novembro de 2008, gastou de forma desmedida a reserva técnica em Notas do Tesouro Nacional - NTNs, com valor de face de cerca de R$ 55 milhões, os quais, com seu valor atualizado, alcançariam hoje cerca de R$ 88 milhões.

           Mais ainda existe um endividamento de mais de R$ 42 milhões com os prestadores de serviços (hospitais, laboratórios, profissionais de saúde).

           Essa deterioração financeira fez com que grande parte dos prestadores de serviços rompessem seus convênios com o PLANSFER, por falta de pagamento...

           Com isso, os tradicionais padrões de qualidade de atendimento decaíssem, gerando a evasão de participantes mais jovens e com padrões de renda mais elevados, que buscaram outros planos do mercado.

           Restaram com o SESEF / PLANSFER os beneficiários mais idosos e com menor renda mensal, sem condições de migrar para outros planos, que praticam mensalidades mais elevadas.

           Assim, os cerca de 9 mil remanescentes, dos quais a maioria está nessa condição, tem no PLANSFER a única alternativa para a proteção de sua saúde.

           Para buscar reverter essa situação perversa, o Ministério dos Transportes, em 12 de novembro de 2008, recompôs o Conselho Deliberativo do SESEF e designou seu novo Diretor Executivo, o ex-Deputado Federal Jorge Moura, o qual já havia dirigido a entidade por dois mandatos anteriores (no primeiro, criou ele o PLANSFER e, no segundo, foi o responsável por sua ampliação para aposentados e pensionistas).

           A nova administração, que encontrou o SESEF / PLANSFER sob Direção Fiscal da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar, em conseqüência do desequilíbrio econômico e financeiro já referido, implantou uma gestão austera, procurou estancar o processo de endividamento e lançou-se à luta para salvar o Plano de Saúde, sob ameaça iminente de liquidação extrajudicial por parte da ANS.

           Nesa luta, contou desde o início com o unânime apoio das entidades de classe - Federações, Sindicatos e Associações de Aposentados e Pensionistas, que consideram o SESEF / PLANSFER uma das mais importantes e inalienáveis conquistas da categoria.

           Graças a essa união de esforços, o Sr. Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Sr. Ministro de Estado dos Transportes concederam, no Acordo Coletivo de Trabalho - ACT - 2008 / 2009, celebrado entre a FNTF -Federação Nacional dos Trabalhadores Ferroviários e a VALEC, empresa vinculada ao MT, um acréscimo mensal de R$ 60 para cada ferroviário ativo, aposentado e pensionista; uma parcela mensal de R$ 55 do mesmo deveria ser repassado ao SESEF, para aplicação no PLANSFER.

           Infelizmente, porém, dificuldades regulamentares e burocráticas da Previdência Social impediram que fosse descontada tal parcela dos cerca de 80 mil aposentados e pensionistas.

           Por força das normas do INSS, o desconto somente pode ser efetuado daqueles que o autorizem expressa e individualmente.

           Face à amplitude do universo de aposentados e pensionistas e sua disseminação por todo o País, bem como a incorporação do acréscimo à remuneração de cada qual, a obtenção da autorização individual foi frustrada.

           Apenas pouco mais de 500 aposentados e pensionistas preencheram e assinaram o formulário de autorização estabelecido pelo INSS, sem efeito retroativo. Com isso, a receita mensal proveniente do desconto ficou reduzida a uma parcela mínima, insuficiente para o saneamento financeiro do SESEF/PLANSFER.

           Buscou-se, então, conseguir que o Governo Federal fizesse o aporte de recursos com base em Emendas Parlamentares às Medidas Provisórias n°s. 479, 487, 496 e 501.

           Também essa tentativa não logrou êxito, uma vez que as Emendas propostas foram abortadas antes de sua submissão ao Plenário da Câmara dos Deputados.

           Paralelamente, graças ao apoio de parlamentares e do então Secretário Executivo e atual Ministro de Estado dos Transportes, Economista Paulo Sérgio Passos, conseguiu-se que a ANS prorrogasse por mais de uma vez a data por ela fixada para a alienação da carteira do PLANSFER, o que levaria à liquidação extrajudicial do Plano. A última prorrogação concedida pela referida Agência Reguladora está agora fixada para 12 de outubro próximo.

           Urge, portanto, uma solução imediata para o problema, sob pena de deixa r desamparada a saúde de milhares de idosos e seus dependentes.

           Além de gerar o desemprego de cerca de 250 trabalhadores que prestam serviços ao SESEF / PLANSFER.

           A matéria está em trâmite no âmbito do Ministério dos Transportes, sendo objeto do Processo n°. 50000.018416/2011-13. Diversas reuniões foram já realizadas na Casa Civil da Presidência da República, envolvendo além do MT os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, visando buscar uma solução que evite a tragédia iminente, a qual, se não for evitada, gerará graves conseqüências sociais e políticas.

           É preciso salientar, Srªs e Srs. Senadores, que, feito o saneamento financeiro com o aporte dos necessários recursos por parte do Governo Federal, o PLANSFER não apenas terá sua continuidade garantida com autossustentarão, mas também será revitalizado,

           Há um grande contingente de beneficiários que dele se desligaram, mas que retornarão ao Plano, face às vantagens competitivas que ele oferecerá para a categoria.

           Mais ainda, novos participantes serão conquistados no universo metroferroviário, como é o caso de empregados das concessionárias, dos metrôs e da indústria de material ferroviário, em crescente expansão no Brasil.

           Pode-se afirmar, sem receio de erro, que o PLANSFER não é o chamado "buraco sem fundo"; pelo contrário, detém todas as condições para retornar aos seus tradicionais padrões de qualidade de atendimento e será autosustentável, sem necessidade de novos aportes por parte da União. Retomando dessa forma a sua tradição de bom atendimento e de excelente qualidade sócio assistencial.

           Estamos falando de um custo mínimo para corrigir um erro, de insuportável custo para as famílias de ferroviários - ativos, aposentados e pensionistas - ,cuja maioria não tem condições de pagar outro plano (todos mais caros do que o Plansfer) e que não tem qualquer culpa pela dilapidação de recursos que eram seus.

           Repito: está amplamente demonstrado que o plano é e poderá voltar a ser autofinanciável.

           O Governo tem a oportunidade de demonstrar mais uma vez sua permanente preocupação com os problemas sociais, especialmente com a saúde e os idosos e conta com meu apoio entusiástico.

           Os ferroviários e seus familiares pedem socorro!!!

           Assim, apelo aos titulares dos Ministérios citados e a nossa Presidenta Dilma Rousseff para que, com sua sensibilidade social, viabilizem, com toda a urgência, as providências necessárias para salvar o Plano de Saúde dos Ferroviários. Isso será um justo reconhecimento a uma categoria de trabalhadores que tanto contribuiu e ainda contribui para a construção da história do nosso povo e para o desenvolvimento do nosso Povo.

           Vamos, pois, salvar o SESEF /PLANSFER! Antes que seja tarde.

           Era o que tinha a dizer.

 

           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar correspondência que recebi de um velho amigo, Aureliano Borges de Lima, que nós, nos velhos tempos, chamávamos de “Vacariano”.

           Ao receber sua mensagem viajei no tempo. A minha mente passeou por lugares tão queridos prá mim.

           Lembrei do jogo de bolita, do pião, das bolas de meia, da troca de gibis e de figurinhas em frente ao cinema. Não tínhamos dinheiro para entrar e ver os filmes.

           Lembrei das primeiras namoradas, dos primeiros bailes...

           Lembrei do tempo em que eu vendia quadros e do meu primeiro emprego, na fábrica de vasos Atílio Bovo, onde eu amassava barro. Lembrei do SENAI.

           Lembrei do colégio em que estudamos; o Ginásio Noturno para trabalhadores, em que eu dirigia o Grêmio estudantil.

           Lembrei do Colégio Estadual Santa Catarina, no qual também fui Presidente do grêmio estudantil.

           A diretora da escola era Iró Nabinger Chiaradia, que trabalhou pesadamente durante anos, transformando a escola estadual em uma escola exemplar na área educacional.

           O colégio ficava próximo ao campo de futebol do Gianela.

           A casa dos meus pais ficava em frente ao Campo do Cruzeiro.

           Lembrei do clube que frequentava, “Clube Gaúcho”, que era, na verdade, o clube dos negros.

           Meu amigo Vacariano foi um dos únicos “branquelos” (como ele diz) a ser recebido e muito bem aceito no clube.

           Vacariano lembrou bem; o clube Gaúcho era o recanto preferido das pessoas.

           Lembrei dos rios em que pescávamos, de nadarmos contra correnteza, de pularmos no trampolim e da represa.

           Nossa!!! ele me perguntou na correspondência se eu lembro dos bolinhos fritos que a mãe dele fazia.

           Eu adorava aqueles bolinhos. Vocês não tem idéia de como eram gostosos!!! Eu ficava doido prá poder experimentar aqueles bolinhos.

           Lembrei também das greves, das passeatas contra a ditadura, da praça em que cantávamos músicas de protesto ao som do bom tambor e do violão.

           Mas, como vocês sabem, a vida vai seguindo seu rumo. Eu e meu amigo Vacariano acabamos perdendo contato porque eu fui morar em Canoas. Coisas da vida, Vacariano morou em Caxias por 20 anos e conta que atualmente mora em Curitiba.

           Ele fala do orgulho em me ver Senador e, como amigo e cidadão, faz um questionamento.

           Ele se pergunta o porquê da falta de apoio a projetos importantes que apresentei.

           “Porque os seus colegas Parlamentares no Congresso, não aprovam os projetos de sua autoria, que são aquilo que nós, que somos do povo, sonhamos???”

           Vacariano conta que algumas pessoas lhe dizem que essa é uma luta de um homem só e que ele responde: “Não é não, porque ele não está sozinho. O povo está ao seu lado.”

           Mais especificamente ele se refere às propostas em benefício dos trabalhadores e aposentados que não tem sido reconhecidos em sua trajetória e que são eternamente prejudicados...

           Propostas como o fim do fator previdenciário, da desaposentadoria, do fim do voto secreto, do aumento real para aposentados e pensionistas, do Fundep, da redução da jornada.

           Meu bom amigo Vacariano, pode ter certeza que concordo com tudo que você disse, concordo com tua análise.

           Mas, creia que continuo fiel as minhas raízes, ao meu passado, de onde eu vim. E, por isto estou aqui, defendendo os trabalhadores e aposentados e mais: vou lutar sempre contra qualquer forma de discriminação.

           Este registro é uma homenagem que faço prá você, para todos os meus amigos, para todos os brasileiros, homens e mulheres que querem direitos iguais, oportunidades e querem poder envelhecer com dignidade.

           Podes crer, repito, que enquanto eu estiver aqui, vou seguir lutando pelos direitos dos trabalhadores, dos aposentados brasileiros e de todos os discriminados.

           Convido a todos os homens e mulheres de bem deste País, a estarem comigo e contigo Vacariano nesta cruzada nacional em defesa dos nossos direitos.

            Não perca a fé. Se Deus está conosco, quem estará contra nós?


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/2011 - Página 40619