Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Estado do Mato Grosso do Sul pelo transcurso dos 34 anos de sua criação; e outros assuntos.

Autor
Antonio Russo (PR - Partido Liberal/MS)
Nome completo: Antonio Russo Netto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Estado do Mato Grosso do Sul pelo transcurso dos 34 anos de sua criação; e outros assuntos.
Aparteantes
Alvaro Dias, Ana Amélia, Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2011 - Página 41174
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), COMENTARIO, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • HOMENAGEM, COMEMORAÇÃO, DIA, AGRONOMO, SETOR, ATIVIDADE, PECUARIA.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna hoje fazer algumas homenagens.

            Nesta terça-feira, 11 de outubro, o Estado que represento nesta Casa comemora 34 anos de existência. Digo, sem medo de errar, que é relativamente pouco tempo para tudo o que Mato Grosso do Sul representa para a Nação brasileira.

            Estamos acompanhando o debate sobre a divisão do Estado do Pará. A população vai decidir, por meio de plebiscito, sobre a criação dos Estados de Carajás e Tapajós.

            A primeira experiência de redivisão territorial do Brasil aconteceu em Mato Grosso do Sul, em 1977. O processo começou no final do século XIX e terminou no século XX. A luta pelo desmembramento do Estado de Mato Grosso teve grandes momentos, como em 1932, quando Vespasiano Barbosa Martins, juntamente com o Estado de São Paulo, liderou a luta pela criação do Estado de Maracaju.

            Quero enfatizar aqui, Srs. Senadores, que, passadas pouco mais de três décadas da criação do nosso Estado, podemos nos sentir orgulhosos porque a experiência está sendo bem-sucedida. Somente a passagem do tempo possibilita que façamos uma avaliação segura da estrada que percorremos.

            Assim, posso dizer que a experiência que adquiri em Mato Grosso do Sul foi fundamental em minha vida sob todos os pontos de vista. Conforme fui acompanhando a história do Estado, meus vínculos afetivos foram crescendo. Hoje, posso dizer que não existe terra melhor para se viver.

            Acho que isso, de certa forma, aconteceu com a maioria de nossos conterrâneos, pois é dessa maneira que vamos adquirindo amor pelos lugares, construindo nossa identidade e valorizando a nossa cidadania.

            Quando analiso os 34 anos de existência de Mato Grosso do Sul, percebo claramente que a decisão de desmembrar o Mato Grosso foi acertada, mesmo porque tal fato abriu espaços inéditos de desenvolvimento social e econômico para a região Centro-Oeste.

            Acredito que, com o tempo, o mesmo ocorrerá com a criação de novos Estados que poderão ser desmembrar do Pará, caso a população assim o deseje. Mesmo que no início de tal ato seja oneroso do ponto de vista dos gastos públicos, com o passar do tempo, com as mudanças econômicas e sociais que acontecerão, as dificuldades serão superadas, e tudo se transformará de maneira positiva.

            Isso ocorreu com a criação de Mato Grosso do Sul. Nosso Estado vem conseguindo superar as adversidades, apesar de todas as dificuldades políticas e econômicas que enfrentou nas décadas de 80 e 90. O Mato Grosso do Sul cresceu a uma taxa média anual de 6%, tornou-se um importante produtor agroindustrial, gerando riquezas, ao mesmo tempo em que assegurou a proteção ambiental e promoveu a inclusão social.

            Nosso Estado hoje produz 10 milhões de toneladas de grãos por ano, 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Nosso rebanho tem a melhor genética do País, com 22 milhões de cabeça de gado. Temos uma ampla estrutura de serviços. Nosso parque industrial tem crescido a taxas importantes e estamos cada vez mais assumindo um papel relevante no cenário nacional. Nossa localização estratégica, na fronteira com Paraguai e Bolívia, poderá nos render um importante papel no Mercosul.

            Nos últimos anos, passamos por uma profunda transformação. Nossas cidades cresceram, a população aumentou a taxas equilibradas e a infraestrutura está se ampliando de maneira vertiginosa. Temos 4.500 quilômetros de rodovias pavimentadas, uma malha ferroviária de 1.700 quilômetros e 1.800 quilômetros de hidrovias. Ou seja, estamos nos preparando para ser uma das unidades federativas mais importantes da Nação.

            Sabemos que 34 anos é um tempo curto demais em termos históricos. Por isso, quem acompanhou passo a passo o crescimento de Mato Grosso do Sul tem consciência de que conseguimos avanços significativos.

            Acredito que a criação de Mato Grosso do Sul nasceu no tempo certo. O Brasil fechava um ciclo político e econômico e construía, naquela ocasião, um novo patamar de desenvolvimento. Isso possibilitou atingir bons níveis de crescimento, embora reconheçamos que ainda há muito a ser feito.

            Tivemos a sorte de ter tido bons governos. Mesmo em momentos de crise, as sucessões administrativas deram continuidade às obras essenciais para que houvesse crescimento. As linhas mestras foram seguidas, embora tenha havido alterações de enfoque...

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Antonio Russo, eu gostaria de um aparte quando V. Exª achar conveniente.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Pois não, Senador Mozarildo. É um prazer ouvi-lo.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Eu gostaria só de ver se o repórter sai da frente, porque eu gostaria de fazer o aparte olhando para V. Exª. Eu quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento, que, na verdade, é muito oportuno. V. Exª registra os 34 anos de existência de Mato Grosso do Sul. Veja bem, em seu pronunciamento, V. Exª deu uma aula do quanto isso foi benéfico para a área do Mato Grosso do Sul e o quanto foi benéfico para a área de Mato Grosso remanescente. Ambos os Estados progrediram muito. Na verdade, essa não foi a primeira redivisão territorial. Antes, tivemos a criação dos Territórios de Roraima, Amapá e Rondônia, que depois foram transformados em Estados, durante o chamado regime militar. Na época, não se exigia plebiscito. Agora, um plebiscito será feito no Pará. Foi uma exigência introduzida na Constituição de 1988 - eu era Constituinte -, de que, a partir daí, qualquer redivisão territorial passasse pela oitiva da população. Espero que os paraenses que estão ouvindo V. Exª neste momento reflitam sobre os dados que V. Exª está citando, porque, realmente, não há uma redivisão territorial, começando pelo meu minúsculo Estado de Roraima, que era um município abandonado do Amazonas e, em 1943, passou a território e depois, em 1988, por decisão da Constituinte, da qual fiz parte, passou a Estado. A diferença entre nós, ex-município do Amazonas, e municípios tradicionais do Amazonas, como Barcelos, é enorme. Então, o que V. Exª fala do Mato Grosso do Sul é o exemplo do quanto é e será importante, no caso do Pará, para o novo Pará, que será construído por Belém e municípios ao redor; para os municípios da área que será o Tapajós; e para os municípios da área que será Carajás. Serão três Estados grandes ainda, porque até o Pará, que ficará com a menor área, ainda será do tamanho de São Paulo. Quero cumprimentar V. Exª e o povo do Mato Grosso do Sul pelo importante feito de redivisão e criação do Estado do Mato Grosso do Sul. Do contrário, como estaria aquela região? Não existiriam os avanços que V. Exª cita. Portanto, parabéns! Transmita ao povo do Mato Grosso do Sul os meus parabéns entusiásticos também.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Muito obrigado, Excelência.

            O Sr. Alvaro Dias (Bloco/PSDB - PR) - Permita-me um aparte, Senador?

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Perfeito.

            O Sr. Alvaro Dias (Bloco/PSDB - PR) - Senador Antonio Russo, as nossas homenagens a V. Exª e ao Estado do Mato Grosso do Sul, um Estado emergente, um dos mais promissores Estados deste País. Minha homenagem aos paranaenses que lá vivem,...

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS)- Muitos.

            O Sr. Alvaro Dias (Bloco/PSDB - PR) - ...certamente oferecendo uma contribuição extraordinária ao desenvolvimento do seu Estado. Paranaenses, paulistas, gaúchos, mas especialmente aos paranaenses, certamente, pela quantidade sobretudo de agricultores que demandaram ao Mato Grosso do Sul para produzir, e que contribuem de forma excepcional para que esse Estado seja realmente um dos mais promissores Estados brasileiros. A nossa saudação especial à V. Exª.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Muito obrigado, Excelência.

            Neste sentido, gostaria de homenagear o nosso Governador André Puccinelli em nome de todos aqueles que estiveram à frente do comando de nosso Estado, lembrando os Governadores Pedro Pedrossian, Wilson Barbosa Martins, Marcelo Miranda, Ramez Tebet e José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. Todos deixaram suas marcas, sedimentando conquistas que serão importantíssimas para a história das próximas décadas.

            Atualmente, Srs. Senadores, três projetos estruturantes se encontram em andamento em nosso Estado, os quais considero de fundamental importância: a implantação da rodovia MS-40,...

(Interrupção do som.)

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - ...que vai fazer a ligação da capital Campo Grande-Santa Rita do Pardo-Brasilândia; o Poliduto, ligando Mato Grosso do Sul ao Paraná; e o ramal ferroviário norte-sul, ligando Aparecida do Taboado, Três Lagoas, Brasilândia, Bataguassu, Nova Andradina, Dourados, Maracaju, Jardim até Porto Murtinho, fazendo a integração entre Dourados e Mundo Novo. Essas realizações certamente transformarão a economia de Mato Grosso do Sul, promovendo incrementos significativos de urbanização, integração e valorização da cidadania. Mais do que isso, elas mostram que temos um grande futuro pela frente e um destino histórico a ser cumprido.

            Srs. Senadores, também estou aqui hoje para homenagear os engenheiros agrônomos, categoria fundamental para o nosso País, que é considerado uma das maiores potências agrícolas do Planeta. Eles tiveram sua profissão regulamentada no dia 12 de outubro de 1933.

            O engenheiro agrônomo é o responsável por criar e orientar a execução de atividades relacionadas à produção agropecuária, ao agronegócio e ao meio ambiente. Ou seja, passam pelas mãos desses profissionais atividades relacionadas ao plantio, manejo e colheita de culturas, estudo e manejo dos solos, nutrição vegetal e exploração racional de recursos naturais, pesquisa e implementação de novas tecnologias no setor agroindustrial, entre outras.

            Eles também podem atuar como autônomos e como empresários ligados à atividade do setor agrícola. A partir desse rápido inventário de atribuições, podemos dizer que o curso de Agronomia nos dias de hoje é muito mais complexo do que lidar apenas com o solo e com a terra.

            Hoje, por exemplo, a agricultura que trabalha com grande escala de produção necessita que os novos engenheiros agrônomos assumam suas funções profissionais com bons conhecimentos de informática, engenharia genética, biotecnologia, sociologia, economia e questões sobre o meio ambiente.

            Por isso, aproveito para saudar todos os engenheiros agrônomos pela imensa contribuição que deram à modernização da agricultura brasileira.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Senador.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Pois não.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Gostaria de, agradecendo a gentileza do aparte, endossar, reafirmar e apoiar esta homenagem...

(Interrupção do som.)

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - ...a uma categoria, como V. Exª bem sublinhou, fundamental para que o Brasil continue sendo protagonista mundial na produção de comida.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Sem dúvida.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Os engenheiros agrônomos. E eu, na última sexta-feira, tive a honra de estar com os acadêmicos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um centro de excelência na preparação desses profissionais que, a cada dia, se tornam insubstituíveis na tarefa gigantesca de consolidar a posição brasileira na liderança mundial da produção de alimentos. Então, eu queria endossar, no pronunciamento de V. Exª, os cumprimentos, porque, no dia 12, celebra-se a data da regulamentação profissional do engenheiro agrônomo em nosso País. Nós, no Rio Grande do Sul, temos instituições, faculdades de muito boa qualidade, trabalhando intensamente para qualificar cada vez mais os engenheiros agrônomos, para servirem não só ao nosso Estado, o Rio Grande do Sul, mas a todo o País. Cumprimentos a V. Exª pela iniciativa.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - Muito obrigado. V. Exª enriquece o meu pronunciamento.

            Bem, agora, se o Presidente me permite, há outra categoria que faço questão de homenagear hoje aqui, que é a de açougueiro e profissionais do setor, que comemoraram o transcurso do seu dia no último domingo, 9 de outubro. E trago nesta homenagem uma forte carga de emoção. Sim, porque comecei minha vida como açougueiro e hoje me vejo aqui, nesta tribuna, como Senador da República.

            Muita coisa aconteceu na minha trajetória ao longo de 70 anos de vida. Trabalhei com muita garra e dedicação. Tive audácia e criei grandes oportunidades empresariais. Consegui de açougueiro virar empresário, pecuarista. Cheguei a presidir diversas instituições ligadas ao setor frigorífico. Representei esse importante segmento econômico no exterior. Fui exportador e pioneiro na abertura da venda de carne brasileira aos países do oriente médio.

            Quero ressaltar, no entanto, que foi lá no início, atrás de um balcão, que observei e aprendi sobre as pessoas, seus gestos, seus medos, suas dúvidas e hesitações. Por isso me orgulho em dizer que comecei a vida como açougueiro e presto minhas homenagens a essa importante categoria aqui hoje, neste plenário do Senado.

            Sr. Presidente, sou paulista de nascimento e escolhi o Mato Grosso do Sul como minha terra do coração. Há cerca de 40 anos, em plena década de 70, cheguei ao Município de Nova Andradina, no Vale do Ivinhema. Como cidadão sul-mato-grossense,...

(Interrupção do som.)

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS) - ...acompanhei as conquistas do Estado ao longo de todo esse tempo. Por isso, finalizo dizendo que sinto muito orgulho em estar nesta Casa homenageando o Mato Grosso do Sul.

            Convido todos a conhecerem as belezas do Estado, principalmente a região do Pantanal sul-mato-grossense. Ali podemos sentir o diferencial do Brasil: conseguimos aliar crescimento econômico e proteção ambiental.

            Quero parabenizar o nosso povo trabalhador, decente, alegre e criativo. Nossa gente é a nossa força. São os cidadãos de Mato Grosso do Sul que fazem nosso Estado ser cada vez melhor.

            Parabéns a Mato Grosso do Sul!

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2011 - Página 41174