Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem às mulheres pela congratulação do Prêmio Nobel da Paz à Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, à liberiana Leymah Gbowee e à ativista iemenita Tawakkul Karman. (como Líder)

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem às mulheres pela congratulação do Prêmio Nobel da Paz à Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, à liberiana Leymah Gbowee e à ativista iemenita Tawakkul Karman. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 11/10/2011 - Página 41203
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, FEMINISMO, CONGRATULAÇÕES, MULHER, PAIS ESTRANGEIRO, RECEBIMENTO, PREMIO, PARTICIPAÇÃO, PAZ, MUNDO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Anibal Diniz, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, talvez tenha passado despercebido - certamente não para a Senadora Ana Amélia -, mas um fato muito importante aconteceu nesses dias: foram agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz de 2011 nada menos do que três mulheres ativistas, pacifistas e contra os governos ditatoriais. Uma delas é Tawakkul Karman, que foi chamada a “mãe” da Primavera Árabe, do lêmen. Ela tem só 31 anos, é jornalista e ativista pela paz, atuando contra a ditadura no lêmen.

            É interessante que, de um lado, na Suécia, premiou-se um autor, como Prêmio Nobel de Literatura, com mais de 80 anos, mas o prêmio Nobel da Paz foi dado a uma mulher de 31 anos. Também foi agraciada Ellen Jonhson Sirleaf, Presidente da Libéria, grande ativista da pobreza, eleita em 2005, e candidata mais cotada para o segundo mandato. Além dela, outra mulher também foi agraciada, Leymah Gbowee, ativista pela democracia e companheira de Ellen em suas lutas.

            A olhos desavisados, isso não parece nada, mas eleger três mulheres, duas das quais negras, para o Prêmio Nobel da Paz deste ano quer dizer muita coisa. Em primeiro lugar, o reconhecimento da mulher como sujeito da história e sua importância nas nações mais pobres, muitas delas ainda vivendo ditaduras cruéis e riquíssimas, tomando o dinheiro do Estado quase todo para si e deixando as grandes massas em estado miserável.

            Está acontecendo uma grande revolução humana neste ano de 2011, nessas nações, devido ao tipo de tecnologia que caracteriza o nosso tempo. O século XXI não começou no ano de 2001, com a derrubada das torres gêmeas, mas em 2011, com o desejo de justiça, igualdade, fraternidade e solidariedade, que, desde a Revolução Francesa, não tinha ainda penetrado na grande maioria dos povos. E isso aconteceu por causa das novas tecnologias pós-industriais - inclusive, graças a Steve Jobs - que atuam à velocidade da luz, como a Internet e o Facebook, capazes de juntar, em um único dia, milhares de pessoas de todas as classes sociais, que se unem contra a opressão de que são vítimas. E, principalmente, porque essas tecnologias não são caras.

            A informação não é como uma mercadoria que se possa comprar e vender, mas um bem intangível que circula gratuita e instantaneamente pelo mundo inteiro. A informação só pode crescer à medida que for compartilhada, como o fogo, que só tem vida como e quando comunicado.

            Estamos vivendo o tempo da libertação. Essa libertação não vai só aos países africanos e do Oriente Médio, mas está passando pela Europa inteira e invadindo os Estados Unidos. Soubemos hoje, por um amigo americano, que a ira contra Wall Street, chamada "99 contra 1" - porque é feita por 99% da população despossuída, que mantém em seu poder apenas 1% da riqueza nacional, contra 1% do mercado financeiro e de grandes corporações, que mantém 99% da riqueza do país - está levando para a rua praticamente multidões na maioria das cidades norte-americanas. E isso é um fenômeno formidável!

            O único lugar do mundo que está a salvo é a América do Sul, que tem como presidentes um índio, um bispo, duas mulheres - inclusive aqui, no Brasil, e na Argentina - e um militar dissidente, e que não sofrerá as consequências dessa grave crise porque esses governos estão preocupados não em concentrar, mas em redistribuir as rendas com os miseráveis.

            E as mulheres são parte essencial dessa revolução, como vimos no começo deste pronunciamento. A mudança tende a crescer exponencialmente. Aparentemente, a classe média e a alta acham que elas não sabem o que querem, mas os pobres sabem muito bem e as mulheres também. Todos os pobres não querem mais que justiça e democracia.

            Srs. Senadores, a minha homenagem hoje é às mulheres. Dialoguei muito com a Srª Rose Marie Muraro, que, inclusive, estimulou-me a este pronunciamento. E eu quero muito agradecer a ela as reflexões.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/10/2011 - Página 41203