Discurso durante a 188ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração aos 94 anos de nascimento do Professor Afonso Pereira e o Dia do Professor.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração aos 94 anos de nascimento do Professor Afonso Pereira e o Dia do Professor.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2011 - Página 41578
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, HOMENAGEM POSTUMA, VIDA PUBLICA, PERSONAGEM ILUSTRE, ESTADO DA PARAIBA (PB).

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e primeiro signatário da sessão, Senador Wilson Santiago; Senador Cristovam Buarque, também signatário desta sessão; Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Profissionais do Magistério, Exmº Sr. Deputado Wilson Filho - filho de peixinho, no meu Estado se diz, tucunaré não é; Srª Clemilde Torres Pereira, viúva do homenageado Professor Afonso Pereira; familiares do homenageado Professor Afonso Pereira: Ana Flávia Pereira Medeiros da Fonseca (filha), Daniella Pereira Barbosa (neta), Marcella Pereira Barbosa de Aquino (neta), Eduardo José Nogueira de Aquino (genro neto), Robert Anthony Vitro (genro), Arnoldo Fonseca (neto); Sr. Vice-Presidente do Movimento Educacionista do Brasil (MEB), Sr. Tomaz Passamani; e o Professor Doutor e Associado Fundador do Centro Universitário de João Pessoa, UniPê, Sr. José Loureiro Lopes; Srªs. Senadoras e Srs. Senadores.

            É com enorme satisfação, comovido mesmo, que venho à tribuna para participar desta mais que devida homenagem a todos os professores do Brasil e, em particular, à memória do Professor Afonso Pereira, que encarnou à perfeição a venerável figura do professor.

            Com toda vênia, o requerimento dos Senadores Wilson Santiago, Cristovam Buarque e outros nobres colegas nos ensejam esta oportunidade preciosa de estar aqui, somando-nos a V. Exªs nesta comemoração imprescindível.

            E o Amapá pede carona à Paraíba para também homenagear os professores do meu querido Estado.

            O Dia do Professor nasceu no Ginásio Caetano de Campos, na cidade de São Paulo, em 1947. Naquela época, o período letivo do segundo semestre ia de 1o de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo o período.

            Quatro professores - Salomão Becker, Alfredo Gomes, Antonio Pereira e Claudino Busko - tiveram a ideia de organizar um dia de parada, para evitar a estafa. Esse dia seria aproveitado para um congraçamento e uma análise de rumos para o restante do ano.

            O professor Becker sugeriu o dia 15 de outubro, data em que, por tradição, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização na escola. A comemoração foi um sucesso e teve presença maciça, inclusive dos pais dos alunos.

            Estava criado, assim, o Dia do Professor, ideia que rapidamente se espalhou. A oficialização da data, entretanto, somente ocorreu em 14 de outubro de 1963, por meio do Decreto Federal n° 52.682, assinado pelo presidente João Goulart, que tornou a data feriado escolar.

            Quando pensamos sobre o que dizer desse elemento importantíssimo para qualquer sociedade, que é o professor, a figura do paraibano Afonso Pereira nos presta socorro imediato. A sua vida de trabalho, em grande parte dedicada ao magistério, não se satisfez apenas com a sala de aula, numa clara mostra do entusiasmo que os verdadeiros professores trazem dentro de si.

            Além de ensinar várias gerações, o professor Afonso Pereira foi um educador no sentido mais amplo da palavra. Eu poderia passar aqui um extenso tempo discorrendo sobre tudo o que ele fez ao longo de sua vida tão profícua, mas vou me restringir apenas aos feitos que exemplificam o entusiasmo dos mestres de que lhes falo.

            O professor Afonso Pereira fundou o Ipê/Unipê, uma das mais renomadas instituições de ensino superior da Paraíba e um dos primeiros centros universitários do Brasil.

            Introduziu na Paraíba a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). Fundou a Sociedade da Cultura Musical, o Teatro do Estudante da Paraíba, a Orquestra Sinfônica da Paraíba, o Conservatório Paraibano de Música e a Associação de Cultura Franco Brasileira, Aliança Francesa. Foi também o fundador e o diretor do jornal Correio da Paraíba, isso para falar apenas de alguns de seus feitos.

            E o nosso querido Senador Santiago, paraibano de primeira cepa, sabe perfeitamente de toda essa história. Eu, lá do Amapá, estou explanando aqui da tribuna do Senado Federal.

            Como se vê, o professor Afonso Pereira, falecido em 2008, era, além de educador, um homem das artes e da cultura, o que revela o espírito dos verdadeiros mestres, vocacionados a iluminar o caminho dos seus semelhantes, abrindo as portas do conhecimento e do saber.

            O seu valor é reconhecido desde a antiguidade. Platão já alertava em A República para a importância do papel do professor na formação dos cidadãos. Lato sensu, uma sociedade é construída na escola pelos professores, os grandes responsáveis pela transmissão do conhecimento, dos valores, da cultura e dos instrumentos necessários para lidar com o mundo em que vivemos.

            Se é assim e se desejamos uma sociedade plenamente democrática, devemos ter um sólido sistema público de ensino, base da riqueza e do sucesso de todas as nações chamadas de primeiro mundo. É na escola pública, acessível a todos, que se erige um dos pilares da democracia, igualdade de oportunidades.

            Chegou o nosso Senador Cristovam, ex-ministro da Educação, uma das referências desta Casa nesse segmento. Está chegando aqui para homenagear os professores de todo o Brasil, signatário também com o Senador Wilson Santiago.

            Temos, portanto, ainda um longo caminho a percorrer no Brasil para construirmos o sistema educacional público que nos levará à sociedade do conhecimento e do bem-estar social. Na base desse sistema está, evidentemente, o professor, em quem precisamos investir os nossos melhores recursos.

            Além de prédios e equipamentos dignos para as nossas escolas públicas, precisamos cuidar com esmero da formação dos nossos mestres, porque são eles que formarão as nossas futuras gerações. Precisamos remunerá-los condignamente para que as melhores cabeças, as mais bem formadas, tenham incentivo e tranquilidade material para abraçar a carreira do magistério, diferentemente do que ocorre hoje. 

            Infelizmente, segundo alguns estudos indicam, os jovens vocacionados para o magistério desistem da profissão, dadas as más condições de trabalho e a remuneração insuficiente para os que trabalham nessa atividade tão fundamental para o desenvolvimento de nosso País.

            A violência nas escolas e os cada vez mais frequentes ataques - o Senador Wilson Santiago se recusou a acreditar nisso quando proferiu o seu discurso - a professores da rede pública de ensino são um absurdo, desestimulam o ingresso na profissão e precisam ser contidos sem perda de tempo. Precisamos voltar aos tempos em que a figura do professor era reverenciada por todos, a começar, Senador Cristovam, pelos seus alunos. Sou do tempo que, quando o professor entrava em sala, todos os alunos se levantavam para reverenciá-lo. Antes de adentrar à sala de aula, cantava-se o Hino Nacional, o hino da escola, o Hino do Estado e o Hino do Município.

            Se não cuidarmos disso com todo o esmero disso e, em particular, da carreira do magistério, não teremos os professores de que tanto necessitamos para transformar definitivamente o Brasil numa grande nação, a exemplo do que fizeram outros povos, com destaque recente para o que se fez na Coréia do Sul. Lá, a educação foi a mola propulsora da prosperidade e do bem-estar daquele país.

            Finalmente, desejo saudar todos os professores do nosso País, homenageando-os por intermédio da figura do professor Afonso Pereira, e aos Mestres do meu querido Estado do Amapá, todos do meu tempo de estudante, através dos meus professores de matemática, matéria que até hoje não consegui entender bem - agora eu sei multiplicar, dividir, subtrair, mas quando chega às equações, Senador Cristovam, eu estudava para passar, e passava com muita dificuldade; mas gostava de história, de geografia e de outras matérias - Nestlerino Valente e Josemir, também de matemática, que me deu o primeiro zero, mas também consegui um dez com ele; também do meu professor de português, Leonil Amanajás, e do nosso querido professor Munhoz, um dos pioneiros do magistério no meu Estado.

            Quero agradecer o empenho cotidiano, muitas vezes com grande sacrifício pessoal, em favor da construção de uma sociedade melhor, mais próspera e mais justa. São vocês, professores, que, todos os dias, trabalham com nossos jovens e crianças para preparar um futuro melhor para cada um deles e para o Brasil.

            Muito obrigado, professores do Brasil e do meu querido Estado do Amapá. Viva ao seu dia!

            Encerro o meu pronunciamento, agradecendo a carona que V. Exª me deu para homenagear o meu Amapá, por meio da Paraíba, meu querido Senador Wilson Santiago e Senador Cristovam Buarque, nosso querido Senador aqui do Distrito Federal, como primeiros signatários desta sessão. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2011 - Página 41578