Discurso durante a 188ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato das denúncias veiculadas na imprensa contra a família Capiberibe.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Relato das denúncias veiculadas na imprensa contra a família Capiberibe.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2011 - Página 42435
Assunto
Outros > ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, NOTA OFICIAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REPUDIO, DECLARAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAPA (AP), DEPUTADO FEDERAL, ACUSAÇÃO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, PERSEGUIÇÃO, GOVERNADOR, COMENTARIO, DENUNCIA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu querido colega de bancada do Amapá, Senador Randolfe Rodrigues, a calúnia, na torpeza de seus efeitos, tem sido inspiração para a literatura e para a reflexão humana. Um exemplo clássico me vem à lembrança na frase de Mark Twain, quando diz : “São necessários o inimigo e o amigo juntos para ferir-te no coração: o primeiro, para caluniar-te; o segundo, para vir contar-te.”

            Pois muito bem, o Congresso Nacional sofreu mais uma agressão pelas palavras da Deputada Janete Capiberibe, que, inconformada com as gravíssimas denúncias publicadas no jornal O Estado de S. Paulo, na última semana, subiu à tribuna da Câmara dos Deputados para desconstruir os fundamentos da reportagem do jornalista Bruno Paes Manso, e para insinuar que a citação de seus parentes no esquema da Operação Mãos Limpas, investigada pela Polícia Federal, é fruto e consequência direta da inconformidade de nosso Presidente José Sarney com a eleição de seu filho, Camilo Capiberibe, para o Governo do Amapá.

            A Deputada falou textualmente em seu discurso: "A eleição de Camilo Capiberibe contrariou os planos do Senador José Sarney e do seu grupo político".

            Nada mais infeliz. Nada mais torpe. Não podia a Deputada cometer tamanha vilania. O Presidente José Sarney está longe de ser a figura apequenada de um homem de grupos.

            A operação Mãos Limpas, desencadeada em setembro de 2010 pela Polícia Federal, traz um conjunto sólido de documentos, vídeos, escutas, reunidos em mais de duas toneladas de material, revelando irregularidades grosseiras, ocorridas desde 1995, quando João Capiberibe, o pai do atual governador Camilo, governava o Amapá.

            Não são denúncias nossas. Não são ações conduzidas ou estimuladas por este ou aquele político.

            Desconheço que as pessoas injustamente citadas pela Deputada Janete tenham tamanha prerrogativa, tamanha ascendência sobre a Polícia Federal, a ponto de determinar a realização desta ou daquela investigação.

            Mas é até compreensível o desespero da Deputada, que vem a ser esposa de João Capiberibe, mãe do atual governador Camilo Capiberibe, sogra de Claudia Capiberibe, tia de Jorney Capiberibe, cunhada de Raquel Capiberibe - todos nominalmente citados na reportagem.

            O que ela não pode é minimizar as denúncias e investigações, atribuindo tudo a rixas políticas e a sucessões de governos.

            O que ela não pode é tirar da imprensa o direito de questionar, de indagar, de conferir de perto o porquê das denúncias.

            O que ela também não pode é dizer candidamente que se trata de uma inconformidade do Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney, com a "vitória" dos Capiberibe.

            E eles fazem tudo isso em nota oficial assinada pelo atual Governador. E, ao fazê-lo, aí sim, colocam todos os políticos na vala comum. Ao fim da nota oficial, mais uma vez, o Governador do Amapá cita o Senador Sarney, cujo nome, é importante que se diga, não aparece no relatório final da Polícia Federal.

            Mas eu iniciei este pronunciamento falando sobre as inspirações filosóficas da calúnia. Nas palavras de Voltaire, “os caluniadores são como o fogo que enegrece a madeira verde, sem contudo poder queimá-la”.

            O Presidente José Sarney tem na discrição, na elegância dos gestos e na capacidade de ouvir algumas de suas grandes virtudes. Não é pessoa de gestos desesperados, de palavras enraivecidas, de ações tresloucadas. Sua participação em tantos governos, na condição de apoiador ou como respeitoso oponente, forma a moldura de seu caráter e do poder que lhe atribuem.

            Aliás, em recente entrevista, Senador Suplicy, concedida à equipe do Zero Hora, nosso Presidente resumiu, dizendo: “Estão conferindo a mim inclusive os invernos bons e ruins”.

            Os desacertos do atual Governo do Amapá, reproduzidos e inspirados na gestão de João Capiberibe, não incomodam a sociedade apenas pelo fato de estarem sendo denunciados. Incomodam porque representam escolhas erradas, ações equivocadas, gestão que não ajuda o Estado.

            Janete Capiberibe diz que seu filho assumiu o governo com dívidas atrasadas de 2010, tendo herdado um sistema de corrupção arraigado pelos oito anos de cumplicidade entre os poderes.

            Mas, se a herança era tão maldita, por que ele desejou tanto esse mandato? Por que se habilitou a um enfrentamento para o qual não tinha solução?

            O povo, seja de qual Estado for, não suporta mais essa desculpa esfarrapada de governadores que, para justificar sua má gestão, reclamam da situação em que assumiram o Estado.

            O dito popular consagra: “Quem não pode com o pote não segura na rodilha”.

            Dona Janete Capiberibe afirma que agora, na gestão de seu filho e protegido, as dívidas estão pagas, os servidores estão recebendo em dia, a estrutura hospitalar foi revitalizada, a polícia está bem equipada, os empregos crescem.

            Meu Deus, será que estamos falando de dois Estados diferentes?

            O que é isso, minha gente? Os professores do Amapá estão sangrando. Os policiais estão com o pires na mão. A população está apavorada com os índices alarmantes de violência.

            A ponte binacional está ligando o tudo ao nada, porque o Município do Oiapoque espera, de boca aberta, por um olhar mais atento por parte do governo estadual. As especialidades médicas estão debandando do Amapá, porque não se conformam com as condições de trabalho e com os salários baixos.

            Nossos jovens aguardam, em lenta agonia, o acesso aos benefícios da banda larga, que lhes facilitaria os estudos e o alcance da informação virtual. Nosso transporte está sucateado.

            O período das chuvas intensas se aproxima, e as populações ribeirinhas já antecipam sua angústia, por conta das ameaças de enchentes e desabrigos. A indústria pesqueira espera investimento. A prostituição infantil ainda campeia.

            Então, eu quero saber: onde está o milagre operado por Camilo Capiberibe? Será que estamos falando do mesmo Amapá ?

            Se não estamos em pior situação, devemos agradecer aos esforços da bancada federal, unida à sensibilidade do ex-Presidente Lula e, agora, ao comando da Presidente Dilma, que nos tem incluído em suas metas de progresso.

            E aqui cabe registrar, com todos os louvores, o empenho de José Sarney para que nosso Estado receba as atenções que merece.

            Peço que seja anexado ao meu pronunciamento a íntegra da nota oficial do Diretório Estadual do PMDB sobre esse tratamento desrespeitoso ao Presidente, destacando para os senhores ao menos um trecho:

Esse tipo de ataque frontal ao Presidente do Congresso Nacional, Senador José Sarney, figura exponencial do PMDB, indica o desespero e a inabilidade política da oligarquia capiberista, que foram citados nominalmente na reportagem do jornal, por supostos ilícitos que eles tentam agora disfarçar de todas as maneiras.

            Fica aqui, portanto, o nosso pedido formal de perdão, de desculpas ao nosso Presidente, pela desastrada inclusão de seu nome nesse imbróglio. Obra dos Capiberibe. Obra dessa família malsucedida nos seus intentos.

            Dias melhores para o Amapá e sua gente. É o que sonhamos. Uma reparação em nome da justiça e da verdade. É o que almejamos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR GEOVANI BORGES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- “Nota oficial do presidente do Diretório Estadual do PMDB/AP, Sr. Gilvam Borges.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2011 - Página 42435