Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da entrega ontem, em Brasília, do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.:
  • Registro da entrega ontem, em Brasília, do prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2011 - Página 43293
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ENTREGA, PREMIO, INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (IPHAN), REFERENCIA, PRESERVAÇÃO, PATRIMONIO CULTURAL, BRASILEIROS, SEDE, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF).
  • REGISTRO, HOMENAGEM, ORADOR, RELAÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, OURO PRETO (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), REFERENCIA, REALIZAÇÃO, POLITICAS PUBLICAS, FATO, DEFESA, PATRIMONIO CULTURAL.

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, serei muito breve, apenas quero registrar, com muita alegria, que ontem Brasília foi palco de uma celebração importante na cena cultural brasileira: a entrega do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade.

            Editado a cada ano pelo Iphan, o prêmio tem cumprido um papel fundamental na difusão de ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro. Ações que não são feitas apenas pelo Estado, mas também por forças vivas da sociedade, em todos os cantos do País, mostrando o Brasil profundo que nos revelou Mário de Andrade e vários outros intelectuais que participaram da criação do Iphan, artistas e profissionais apaixonados, que apontaram os rumos de um novo olhar, de uma nova sensibilidade e de uma reinvenção do Brasil.

            Foram premiados ontem projetos que vão desde a preservação de museus, capelas, ruínas patrimoniais e canoas do patrimônio naval brasileiro, até ações de mapeamento cultural de benzedeiras, trabalhos de valorização da memória do coco nordestino, de revitalização do samba de bumbo no interior paulista, de preservação de danças e músicas quilombolas e vivências afrodescendentes e indígenas.

            Uma premiação digna de um Brasil plural, mestiço e pulsante em sua força criativa e cultural. O Iphan está de parabéns por mais essa realização entre tantas, que faz jus à sua história de 75 anos e que nos faz ver como foram boas as sementes lançadas pelo grande brasileiro Rodrigo Melo Franco de Andrade.

            Ontem, o Prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, pessoa muito preciosa para Brasília, disse ao Presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, que se a Dona Graciema, mulher de Rodrigo, estivesse viva, teria dito a ele: “ 
Rodrigo, benzedeira agora é patrimônio!”.

            E é isto: benzedeira agora é patrimônio. Como dizia o próprio 
Rodrigo Melo Franco de Andrade, a subsistência desse patrimônio comprova, melhor do que qualquer outra coisa, o nosso direito de propriedade sobre o território que habitamos.

            O fator principal que a sociedade deve refletir e, a partir daí, recuperar suas cidades, é o fato de que o patrimônio gera agregação social, nos dá sentido de lugar, territorializa nossas experiências, nos dá sentido de pertencimento e de uma compreensão do que é a nossa identidade como cidadão de um Município, de um Estado, de um País que é o Brasil. Essa função social precisa ser posta em prática para que o patrimônio possa de fato ser algo muito além do que uma simples lembrança do passado.

            Nesse sentido, a cerimônia de entrega da 24ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade acontece em um momento oportuno para a valorização do patrimônio brasileiro. Momento em que nos preparamos para sediar a Copa e os Jogos Olímpicos, momento em que o Brasil se mobiliza para tratar da questão como uma oportunidade de qualificarmos nossas estruturas e o ambiente social de nossas cidades.

            Mas é evidente que um processo desses não deixa de ser um desafio importante e um estímulo para que se invista mais em nossas cidades, mas precisamos nos libertar principalmente em um momento desses, da condição colonizada de sempre termos que melhorar para os outros, para "quem" e para "o que" vem de fora. Temos que melhorar para nós, para o nosso País, para os milhões de brasileiros que aqui vivem, para o nosso ambiente, para o nosso desenvolvimento, para o nosso patrimônio.

            Por isso, é fundamental pensarmos nos jogos da Copa e das Olimpíadas para além da sua dimensão meramente pontual, mas como verdadeiros propulsores de desenvolvimento, no sentido de viabilizarem e proporcionarem a criação de ações e políticas para a qualificação da vida dos brasileiros, do ambiente social e cultural de nossas cidades e dos serviços prestados à população. Seja na preparação desses eventos, no trabalho de revitalização e modernização de bens e serviços, seja no planejamento pós-eventos, para o aproveitamento cultural e social dos estádios e estruturas que estão sendo construídas, que merecem contar com uma farta e diversificada agenda de atividades e programações pedagógicas e sócio-culturais.

            As cidades que serão as sedes dos jogos da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 - e quero aqui registrar o fato de que Brasília sediará a abertura da Copa das Confederações e sediará a disputa do 3º lugar da final da Copa do Mundo, além de vários jogos da Copa do Mundo de 2014 - possuem juntas mais de 650 museus, que são verdadeiras "portas de entrada" para o turista para conhecer a diversidade cultural local. Também serão construídos e modernizados centenas de espaços esportivos e culturais. Vamos colocar esses bens a favor de nosso patrimônio e o nosso patrimônio a favor de nosso povo e a favor de nosso País.

            

Para finalizar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, permitam-me registrar uma breve homenagem ao prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo, que ontem foi um dos homenageados pelo Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade pelas políticas públicas desenvolvidas na cidade de Ouro Preto em favor do patrimônio, na defesa do patrimônio cultural, e que tem um papel histórico na preservação de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. Como disse, Brasília deve muito a Ângelo Oswaldo, que presidiu o Iphan entre 1985 e 1988, nas gestões dos então Ministros José Aparecido e Aluísio Pimenta, com papel de destaque no Ministério da Cultura até a gestão de Celso Furtado, seja como chefe de gabinete, seja como ministro interino.

            Grande amigo de José Aparecido, colaborou de perto com o Governador no processo de tombamento de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade. Promoveu diversas ações em parceria com o GDF, quando Vera Pinheiro era Secretária de Cultura, para a valorização da memória das primeiras paisagens de Brasília, envolvendo o Plano Piloto de Lúcio Costa e a obra de Oscar Niemeyer. Como Presidente do Iphan, facilitou o trabalho desses dois mestres. Junto à Drª Belmira Finageiv, que faleceu neste ano e foi pioneira na preservação de Brasília, e aos arquitetos Briane Bicca e Augusto da Silva Telles, preparou o dossiê enviado à Unesco para a consagração de Brasília como patrimônio histórico e cultural, o primeiro bem do século XXI a ingressar nessa relação.

            Por isso, quero prestar essa breve homenagem a ele, que merece o reconhecimento de todos nós, brasilienses e brasileiros, pelo belíssimo trabalho que vem cumprindo pela preservação do patrimônio brasileiro e pelo papel que cumpriu na história da Capital do nosso País, a nossa querida Brasília.

            Era esse o registro, Sr. Presidente, que gostaria de fazer na noite de hoje.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2011 - Página 43293