O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srª Senadora Vanessa Grazziotin, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, quero hoje fazer um registro que, para mim, é muito importante e, para o povo de Roraima, é também muito importante.

            Roraima, como muita gente e o Brasil devem saber mas aqui quero repetir, já foi Amazonas, pertenceu ao Estado do Amazonas. Em 1943, o Presidente Getúlio Vargas, com sua visão de estadista, criou os Territórios do Amapá, de Roraima, Guaporé, que hoje é Rondônia, e mais dois, Ponta Porã e Iguaçu, que foram reincorporados aos Estados de origem na Constituinte de 1946.

             Roraima começou como território. Portanto, o povo de Roraima foi dormir, no dia 12 de setembro de 1943, como amazonense, e dormiu, no dia 13 de setembro, dia da assinatura do decreto de Getúlio Vargas, como rio-branquense, já que o território era território de Rio Branco. E ninguém entendia direito como seria essa história. Mas, depois de um tempo, já começamos a ver os benefícios de ter o poder público perto do cidadão, embora fosse um poder público distorcido, Senador Eurípedes, porque era um governador nomeado pelo Presidente da República e que, portanto, não conhecia a realidade local, não conhecia as pessoas. Ia para lá até por um ato de heroísmo, eu diria, mas, realmente, sem nada conhecer. O primeiro governador, por exemplo, era um tenente da guarda do Presidente Getúlio Vargas que, por sinal, foi um excelente governador, porque foi para lá com aquela cabeça de que ia cumprir uma missão dada pelo Presidente. E ele, como bom militar, realmente levou a coisa muito a sério e planejou, inclusive, a capital, que é uma cidade planejada em forma de leque - as ruas são em forma de leque, convergindo para o centro cívico.

            Desde lá, nos 45 anos de território federal, e, depois, com a transformação em Estado pela Constituinte de 1988 - de que tive a honra de participar e na qual a minha principal bandeira foi a transformação de Roraima de território para Estado -, vivemos um período em que tivemos altos e baixos.

            Mas eu quero registrar, hoje, o aniversário do jornal Folha de Boa Vista, que completa 28 anos; portanto, começou na época do território. É um jornal, como ele mesmo se intitula, necessário. Realmente, ao longo desse tempo, o jornal Folha de Boa Vista prestou um excelente serviço à democracia, à cidadania, tendo a liberdade, a independência de colocar as suas opiniões, de noticiar os fatos como acontecem, sem nenhum tipo de subordinação ao governador existente na época do território, quando o governador era nomeado, nem agora, depois de Estado, com os governadores eleitos. Esteve aliado a alguns - eu não diria isso -, mas teve, pelo menos, o seu diretor proprietário fazendo parte do mesmo grupo. Independentemente disso, o Folha de Boa Vista sempre noticia os fatos tais quais eles acontecem.

            E isso incomoda muita gente, geralmente governadores como o atual, que é uma espécie de tiranete que acha que o Estado é dele, apesar de já estar cassado, aguardando só o julgamento final aqui no TSE. Incomoda muito realmente a presença da Folha de Boa Vista, porque é um jornal com quase três décadas de história a serviço da sociedade roraimense, como está no artigo de hoje da jornalista Vanessa Grazziotin, “[...] divulgando notícias...” - Vanessa Lima, desculpe-me, Senadora - “[...]divulgando notícias com ética, responsabilidade e credibilidade, sendo a voz do povo e fiscal das ações dos poderes constituídos”.

            Esse é o grande mote. E muita gente que não gosta de democracia, muita gente que está no grupo do Governador atual, que controla 90% da mídia local, incomoda-se com a existência de um jornal como o Folha de Boa Vista. E se incomoda muito, porque, realmente, como disse aqui a jornalista Vanessa Lima, ele publica as notícias com responsabilidade e credibilidade.

            Continua o artigo da jornalista:

A contribuição para o desenvolvimento social do Estado é um dos destaques da trajetória da Folha. Para o diretor de relações públicas do Conselho Comunitário de Defesa Social de Boa Vista, José de Ribamar Guimarães, o jornal é o espaço democrático que há no Estado para a comunidade buscar melhorias de vida.

            E, nas palavras do Ribamar:

É o espaço [democrático] para a sociedade falar aquilo que está sentindo e de levar esses problemas ao conhecimento das autoridades. Para os movimentos sociais, principalmente para aqueles que não têm espaço ou conhecimento de como se expressar e lutar por qualidade de vida [melhor], a Folha é um canal aberto e democrático. A gente tem confiança e garantia da imparcialidade que o meio oferece.

            Quero homenagear, portanto, o Grupo Folha.

            Aliás, hoje também é o aniversário da Rádio Folha, que está completando oito anos. O jornal, 28, e a Rádio Folha, oito anos. Também tem a mesma característica do jornal, um jornal plural, aberto a todas as opiniões, mas que noticia os fatos, como eu disse, de maneira verdadeira. E isso incomoda os poderosos de plantão, que, ao praticar os atos de corrupção que vêm praticando atualmente, não querem ter esses atos publicados nem sequer questionados ou denunciados.

            E eu quero, portanto, Senadora Vanessa Grazziotin - que coincidência, V. Exª presidindo a sessão, e a jornalista, também sua xará, Vanessa Lima, que escreveu essa matéria tão importante -, pedir a transcrição, na íntegra, dessa matéria, que realmente relata toda a história do jornal Folha de Boa Vista, inclusive com depoimentos de vários cidadãos e anunciando que, já no ano que vem, o jornal será colorido e com mais suplementos. Vários leitores dão depoimento, e também o Presidente da Federação das Indústrias destaca o empreendedorismo do jornal e do Grupo Folha.

            E, por fim, quero também pedir a transcrição do jornalista Jessé Souza, um bom jornalista, que escreveu um artigo muito importante, “Um dia para celebrar e refletir”. Realmente, é muito importante que as pessoas entendam que, sem liberdade de imprensa, sem uma imprensa livre, sem amarras, sem controles de qualquer espécie, a não ser o da Justiça, não pode haver democracia. E, no meu Estado, sob o governo do Governador atual, já cassado repito, o que nós estamos vivendo é o pior momento da nossa história, com uma má administração, com corrupção de todo tipo, com apadrinhamento dos seus parentes ou dos parentes dos seus aliados, transformando o dinheiro do povo de Roraima em dinheiro particular. Temos notícias de que o Governador e seu grupo estão comprando todos os postos de gasolina, fazendas; o Governador está construindo uma supermansão em um balneário próximo da capital. E tudo isso incomoda que seja dito.

            É muito importante, portanto, que o povo de Roraima entenda e compreenda de maneira muito clara. Por isso estou usando hoje a tribuna para me dirigir, principalmente, a todos os cidadãos e cidadãs do meu Estado. Valorizem, portanto, essa conquista de termos um veículo de comunicação; aliás, no caso, dois - o jornal impresso e a rádio -, como guardiães da democracia, da liberdade, sendo a voz daqueles que não podem ter voz e, principalmente, daqueles que não fazem parte do banquete, da farra do atual Governador com o dinheiro do povo.

            Quero encerrar, também dizendo que é importante que nós, que moramos em Roraima e realmente temos nossos filhos e nossos netos lá tenhamos a preocupação de identificar e que saibamos identificar aqueles aventureiros que vão para lá se fazendo de falsos defensores do povo, mas na verdade para roubar as riquezas do povo de Roraima.

            Portanto, Senadora Vanessa, quero encerrar, reiterando o meu pedido de transcrição dessas duas matérias a que me referi.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I, §2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- “Folha completa 28 anos nesta sexta-feira”, Folha de Boa Vista;

- “Um dia para celebrar e refletir”, Folha de Boa Vista.