Fala da Presidência durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2011 - Página 31221
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, INTELECTUAL, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP) - Antes de encerrar esta sessão, quero agradecer, primeiro, ao nosso colega, Senador Paulo Davim, pelo requerimento que fez, com a assinatura de outros Senadores, para prestarmos essa homenagem à Câmara Cascudo.

            Sr. Ministro Garibaldi Alves Filho, também aqui honrando com sua presença esta Casa que também é sua; João Faustino, representando aqui a família de Luís da Câmara Cascudo; Murilo Melo Filho, que é Secretário-Geral da Academia Brasileira de Letras; Srª Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, nossa Senadora Rosalba Ciarlini, que aqui deixou tantas saudades; Srª Prefeita Micarla de Sousa; Sr. Presidente da Academia Norte-RioGrandense de Letras, grande escritor e notável poeta, Diógenes Cunha Lima; minhas senhoras e meus senhores; demais autoridades aqui presentes, o Senado agradece a presença de todos.

            Quero destacar ainda as presenças do Deputado Henrique Eduardo Alves; do Deputado Federal Paulo Wagner; da Srª Sandra Rosado; do Sr. José Delgado; da Ângela Maria Paiva Cruz; da Larissa Rosaldo e Augusto Carlos Viveiros; minhas senhoras e meus senhores, o Senado, hoje, associa-se ao Brasil ao culto à memória de Câmara Cascudo, logo, nesta data em que comemoramos os 25 anos do seu falecimento.

            Dos santos e dos sábios não se comemora a data do nascimento, mas assim a data de sua morte. É aí nesse momento que ele entra para a eternidade, para ter aquela figura permanente que jamais desaparece da memória de todos nós.

            Câmara Cascudo foi, sem dúvida nenhuma, um intelectual completo. Um homem de aguda inteligência. Dedicou toda sua vida ao estudo e acumulou um vastíssimo saber. Basta dizer que foram mais de 150 títulos escritos por Câmara Cascudo.

            Foi ele quem incorporou visceralmente ao patrimônio nacional o estudo do folclore do nosso povo, na análise dos nossos tipos humanos. E é possível dizer, sem qualquer vacilação, que poucas pessoas conheceram tão profundamente o Brasil e o povo brasileiro quanto Luís da Câmara Cascudo.

            Tive a oportunidade de estar com ele algumas vezes e de reverenciar pessoalmente o que ele representava para a cultura brasileira, para a inteligência brasileira.

            Provinciano incurável, assim o definia Afrânio Peixoto. Jamais ele saiu da sua terra natal em busca de glória.

            A sua glória foi ali plantada, ali cresceu e dali se projetou para todo o País e para a eternidade da nossa história da Literatura.

            Quando seu nome foi lembrado pelo Presidente Getúlio Vargas para o Senado, ele agradeceu o convite dizendo: “Deste reino, só para o Céu”. Assim ele considerava o Rio Grande do Norte.

            Viajou pelo mundo, viu várias civilizações, estudou-as e bebeu o vinho arcaico das nossas raízes, sem abandonar a sua terra-berço. Sem dúvida alguma, esse é um traço marcante na história de Câmara Cascudo.

            Valorizava tanto o conhecimento e a erudição da Sorbonne quanto o aboio dos vaqueiros do Nordeste e a labuta diária dos caboclos da Serra da Borborema.

            É certo que, aqui, muitos oradores disseram sobre a figura de Câmara Cascudo, mas, nunca, as nossas palavras poderão, certamente, expressar aquilo que ele foi em vida. Também não devemos esquecer a sua personalidade, a pessoa humana que foi Câmara Cascudo. E, para isso, acho que quero repetir aquilo que disse o Cônego Jorge O’Grady de Paiva, quando ele, em comovido sermão, terminou dizendo:

A maior grandeza de Luís da Câmara Cascudo foi o seu calor humano, o seu coração, seus sentimentos, suas amizades e seu excepcional dom de comunicação. Não se confinava na torre de marfim dos que se isolam, envaidecidos e narcisistas, olhando, de soslaio, para os outros mortais e destes vendo, de preferência, os defeitos, as falhas, as deficiências e os erros.

            Foi um homem com uma excepcional grandeza de coração.

            O Senado, hoje, assim, presta este tributo ao autor de uma obra extraordinária, que sabia tudo do Brasil, sabia tudo do nosso povo, sabia tudo do nosso folclore, sabia tudo da nossa cultura e de nossa raça. Com ele, nós passamos a ter consciência de nós mesmos.

            Ao fazer esta homenagem, que é singela, o Senado, como eu disse, junta-se ao culto da memória desse grande rio-grandense-do-norte.

            Portanto, eu quero terminar estas minhas palavras com as palavras de Jorge Amado, quando ele disse: “Graças a Câmara Cascudo, nós tínhamos a nossa consciência de nós mesmos”.

            Muito obrigado pela presença de todos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2011 - Página 31221