Discurso durante a 194ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Ano Internacional da Química e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Ano Internacional da Química e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2011 - Página 43674
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANO INTERNACIONAL, QUIMICA, REGISTRO, SEMANA, CIENCIA E TECNOLOGIA, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), OBJETIVO, DIVULGAÇÃO, CONHECIMENTO.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, que é do Estado do Ceará, a terra do caju; e o Amapá, a Amazônia são a terra do açaí. São dois vinhos interessantes, não é, Senador Inácio Arruda?

            Primeiro signatário desta sessão; Sr. Presidente do Conselho Federal de Química, Sr. Jesus Miguel Tajra Adad; Sr. Presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, Abiquim, que compõe a Mesa, Sr. Fernando Figueiredo; Sr. Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Capes, Sr. Jorge Almeida Guimarães; autor do livro Química Verde no Brasil, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, Sr. Professor Doutor Osvaldo Bezerra Carioca; Sr. Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico, Sr. Antonio Silvan Oliveira; demais convidados, que vou fazer questão de citar, um por um, dada a importância desta sessão e o comparecimento dos senhores: Presidente Nacional da Associação Brasileira de Química e membro da Câmara Técnica do Conselho Federal de Química, Sr. Newton Mário Batasttini; Presidente da Federação Nacional dos Profissionais da Química, Srª Sandra Maria de Sousa; Presidente do Conselho Regional de Química da 1ª Região, Sr. Adelino Da Matta Ribeiro; Presidente do Conselho Regional de Química da 3ª Região, Sr. Jorge Reis Fleming; Presidente do Conselho Regional de Química da 10ª Região, Sr. Cláudio Sampaio Couto; Presidente do Conselho Regional de Química da 13ª Região, Sr. José Maximiliano Müller Netto; Presidente do Conselho Regional de Química da 14ª Região, Sr. Avelino Pereira Cuvello; Presidente do Conselho Regional de Química da 15ª Região, Srª Tereza Nelma; Presidente do Conselho Regional de Química da 19ª Região, Sr. José Arantes Lima; Presidente do Conselho Regional de Química da 21ª Região, Sr. Alexandre Vaz Castro; Srªs e Srs. Conselheiros e membros do Conselho Federal de Química; membros dos Conselhos Regionais de Química; meus senhores e minhas senhoras; Srªs Senadoras e Srs. Senadores, eu vou falar de uma forma mais abrangente, de tese histórica, Senador Inácio Arruda.

            Na ordem da natureza, a espécie humana veio ocupar um lugar, podemos dizer, paradoxal.

            Por um lado, somos uma das espécies mais bem-sucedidas do Planeta em termos adaptativos. Por outro lado, esse mesmo sucesso trouxe consigo ou implica um poder destrutivo ímpar: nosso sucesso adaptativo, paradoxalmente, põe em risco não apenas nossa própria sobrevivência como espécie, mas a de toda a vida na Terra.

            Grande parte desse sucesso, Sr. Presidente, veio do fato de que desenvolvemos uma capacidade que não é nem de perto emulada por outras espécies: a capacidade de dominar e modificar a natureza. Não somos a única espécie animal a modificar o ambiente e criar nichos específicos para viver, mas nenhuma outra é capaz de fazê-lo na escala em que o fazemos. Essa nossa habilidade, inclusive, já tornou possível que deixássemos o ambiente terrestre e habitássemos o próprio espaço.

            Modificamos de forma importante nosso ambiente desde a revolução que deu origem à agricultura e à construção de cidades, há cerca de 10 mil anos. Mas foi apenas nos últimos três séculos que essa nossa capacidade se desenvolveu de tal forma que nos colocou naquela situação paradoxal a que me referi no início. Temos hoje tal domínio sobre a natureza, que somos capazes de explorar as forças que constituem a própria matéria - as forças atômicas - e intervir diretamente na formação da vida. E a extensão desse domínio, Sr. Presidente, aumenta a cada dia.

            Tudo isso, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, toda essa aceleração dos últimos séculos foi resultado, em boa parte, da revolução científica. Foi o desenvolvimento da ciência e da tecnologia moderna que liberou as forças que transformaram nosso Planeta - e nossa vida nele - nos últimos 300 anos. Foi o desenvolvimento da ciência que coroou o sucesso evolutivo de nossa espécie; e foi ele, com esse sucesso, que tornou tudo possível e nos colocou naquela situação paradoxal a que me referi antes.

            Aquilo mesmo que nos permite dominar a natureza nos permite destruí-la - e nós com ela - irreversivelmente. Mas, ao mesmo tempo, isso mesmo que nos permite dominar e destruir a natureza é a única maneira que temos de salvá-la e protegê-la - e nós com ela.

            Não é abrindo mão da ciência que vamos resolver o paradoxo do nosso próprio sucesso, mas é aprofundando-a, expandindo-a e respeitando certamente os limites que a própria natureza impõe que aprendemos, cada vez mais, a conhecer e a respeitar. Se a ciência e a tecnologia estão na origem de tantos dos nossos problemas, é na ciência e na tecnologia que encontraremos respostas para eles.

            Creio, Sr. Presidente, que temos uma excelente oportunidade para refletir sobre essas coisas neste Ano Internacional da Química. A Química, juntamente com a Física e a Biologia, é uma dessas ciências fundamentais que nos permitem manipular a natureza nos seus aspectos mais íntimos, mais essenciais. Seu desenvolvimento, portanto, é uma das chaves para lidarmos com os paradoxos do nosso sucesso. Sem uma compreensão ainda mais aprofundada dos mecanismos químicos que estão envolvidos em todos os processos naturais, inclusive no fenômeno da vida, não seremos capazes de enfrentar adequadamente os desafios que criamos com nosso próprio sucesso.

            No mesmo espírito, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, quero saudar a realização, aqui em Brasília, da oitava Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que se encerrou no último domingo, dia 23 de outubro. Foram mais de 800 instituições ligadas à ciência e à tecnologia, vindas de 580 cidades brasileiras - Senador Inácio, acredito que muitos municípios lá do Ceará também - que desenvolveram mais de quatorze mil atividades ao longo dos sete dias, para um público esperado de mais de 150 mil pessoas.

            Esse trabalho de divulgação da ciência, Sr. Presidente, é inestimável. Não só estimula e incentiva tanto os próprios cientistas quanto os jovens interessados, mas também, ao aproximar a ciência dos leigos, mostra o quanto nosso bem-estar é devedor da atividade científica e o quanto nossa vida é afetada pelos resultados dessa atividade, que, muitas vezes, parece tão distante do nosso quotidiano.

            Na sua oitava edição, a Semana já deu provas de que se tornou um evento de referência para a divulgação científica no País. Faço votos de que assim continue, ampliando-se à mesma medida em que crescem a pesquisa científica e a inovação tecnológica.

            Quero finalizar, Sr. Presidente, - o que coloquei aqui não foi para gerar polêmica, mas apenas para uma reflexão - congratulando-me com todos os químicos do País pela passagem do Ano Internacional da Química; e com todos os participantes da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia por seus esforços inestimáveis de levar a pesquisa científica e a inovação tecnológica para mais próximo dos leigos, ajudando-nos a compreender melhor a importância e a extensão do impacto da pesquisa científica em nossas vidas.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.

            E viva o Dia Internacional da Química e a Semana de Ciência e Tecnologia! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2011 - Página 43674