Discurso durante a 194ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Ano Internacional da Química e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Ano Internacional da Química e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2011 - Página 43675
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANO INTERNACIONAL, QUIMICA, REGISTRO, IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, CONHECIMENTO, AREA, CIENCIA E TECNOLOGIA, ENFASE, CONTRIBUIÇÃO, MELHORAMENTO, VIDA HUMANA.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, companheiro Senador Inácio Arruda; Presidente do Conselho Federal de Química, Sr. Jesus Miguel Tajra Adad; Presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, Sr. Fernando Figueiredo; Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, Sr. Jorge Almeida Guimarães; Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Químico, Sr. Antonio Silvan Oliveira, em nome de quem saúdo todos os presentes a esta sessão comemorativa; meus amigos.

            Antes da aprovação do requerimento do Senador Inácio Arruda, eu apresentei outro requerimento com a mesma finalidade. Ocorre que, na data em que foi marcada, não poderia ser realizada a sessão. Sendo assim, retirei o requerimento logo que o Senador Inácio Arruda apresentou a sua proposição, já que ambas tinham a mesma finalidade. 

            Quero parabenizar V. Exª, Senador Inácio Arruda...

            O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Então, V. Exª fala como líder e como autor.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - ...por esta diligência que proporcionou a reunião nesta Casa de estudiosos, professores, cientistas, pessoas dedicadas ao desenvolvimento da química, da ciência e da tecnologia.

            Esta sessão especial me toma por grande emoção. Neste momento vêm à memória as salas, os corredores e os pátios da minha querida Universidade Federal de Sergipe, do Instituto de Química, em que eu e Abdias Machado estudamos juntos, a instituição em que tive a honra de me graduar como químico industrial.

            Foi lá, no aconchego da antiga Escola de Química, criada em 1950, que pude perceber e exercitar com mais intensidade todos os atributos que se esperam de um profissional dedicado ao setor: a curiosidade científica, o espírito investigativo, a capacidade de observação e de análise, a concentração e o foco, além da habilidade com os números. Foi lá, principalmente, que aprendi a valorizar ainda mais a aptidão para o trabalho em equipe e o método científico como um dos requisitos fundamentais à execução de qualquer atividade: acadêmica, gerencial ou política.

            Neste ano, a comunidade dos químicos em nosso País está em festa. O motivo de regozijo para os químicos - e aqui já falamos de um evento mundial que se estenderá até dezembro - é o fato de 2011 ter sido declarado pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, como o Ano Internacional da Química.

            Com o slogan “Química - Nossa Vida, Nosso Futuro”, o Ano Internacional da Química tem alguns objetivos básicos. Um deles é mostrar a essência da Química na vida de todos, destacando as conquistas desse ramo da ciência ao longo da História e sua valiosíssima contribuição para o bem-estar da humanidade. Outro objetivo, em grande parte decorrente do anterior, é despertar o interesse dos jovens para a Química, fazendo com que mais estudantes possam dedicar-se a essa importantíssima disciplina.

            Por fim, também é objetivo do Ano Internacional da Química chamar atenção para a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, campanha da Organização das Nações Unidas que vem sendo desenvolvida no período de 1o de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2014.

            A escolha de 2011 como o Ano Internacional da Química não se deu por acaso. Afinal, foi em 1911 que Marie Curie - mulher extremamente talentosa, que dedicou sua vida à ciência e ao humanismo - recebeu o Prêmio Nobel de Química, por seus estudos dos elementos rádio e polônio. Um feito que, exatamente em 2011, está completando o seu centenário. Na verdade, o prêmio concedido a essa grande cientista foi o segundo, visto que em 1903, juntamente com o esposo Pierre Curie e com Henri Becquerel, ela já conquistara o de Física.

            Mas voltemos à Química. Poucos ramos do conhecimento, isso é certo, podem orgulhar-se de ter no elenco de suas maiores figuras um ser humano tão completo, tão íntegro e tão admirável.

            Madame Curie representa com galhardia uma ciência que consegue estabelecer simbiose quase perfeita entre pesquisas teóricas e resultados práticos. Uma ciência que hoje marca presença nos mais variados campos da atividade humana. Fundamental nas indústrias de alimentos, de remédios, de bebidas, de essências, de fertilizantes, de combustíveis, de produtos têxteis, de celulose e papel, de vidro, cerâmica e em centenas de outras, ela também se revela de enorme utilidade em setores tão diversificados como a preservação do meio ambiente, a investigação criminal e a indústria do petróleo.

            Se os programas de gestão ambiental, por exemplo, não podem prescindir de criteriosas análises de qualidade da água, do ar e do solo, a química forense, por outro lado, desenvolve todo um arsenal de técnicas que permitem elucidar crimes, detectar a adulteração de produtos e até investigar o doping esportivo.

            É essa ciência que, entre muitas outras particularidades, permite à indústria química brasileira empregar 700 mil trabalhadores, faturar R$230 bilhões por ano e colocar-se entre as oito maiores do Planeta, e que homenageamos no dia de hoje.

            Por isso, gostaria de enviar o meu afetuoso abraço aos 120 mil profissionais da Química que atuam no Brasil, colegas que, com muita dedicação, com muita competência e com muito patriotismo contribuem decisivamente para o progresso de nosso País.

            Antes de terminar minha fala, gostaria de enfatizar a importância de um programa lançado recentemente pelo Governo da Presidenta Dilma, da concessão de aproximadamente 100 mil bolsas de estudo para jovens que queiram se aperfeiçoar no exterior, buscar atualização e, com os ensinamentos e a aprendizagem que conseguirem lá fora, trazerem para o Brasil conhecimentos indispensáveis ao desenvolvimento de nosso País. Por meio da ciência e da tecnologia, poderemos transformar o Brasil num país mais competitivo, que possa concorrer no mercado mundial com os produtos aqui industrializados e, em pé de igualdade, vendê-los para a conquista de maiores divisas para o nosso País.

            Gostaria também de dizer que, muito embora os cientistas e os professores saibam da importância que a Química tem para o desenvolvimento e o progresso da humanidade, há pessoas que têm certo medo da Química, principalmente pessoas comuns que, quando vão ao supermercado, procuram alimentos, notadamente verduras, e, nas prateleiras onde são vendidas, a dona de casa diz: “Não vou levar este produto porque tem muita química”. Quer dizer, a Química tem um sinônimo, para as pessoas comuns, de algo negativo, de algo pesado, de algo que pode produzir doenças, já que é por meio da Química que conseguimos a produção na agricultura, por exemplo, com agrotóxicos que promovem males à saúde. Temos lutado, dentro do Senado Federal, para coibir o máximo possível o uso de agrotóxicos que interferem na saúde da população, que produzem câncer.

            Hoje mesmo, pela manhã, estávamos em uma audiência pública com trabalhadores que manipulavam DDT, antes da proibição de 2009, no combate às endemias rurais. A malária, por exemplo, era combatida através com esse veneno. Pessoas que manipulavam esse produto, esse pesticida, adquiriram câncer, adquiriram doenças degenerativas e enfrentam dificuldades para obter sua cura. Vieram ao Senado Federal pedir a aprovação de matérias que as ajudem a se livrar desses males e a conseguir remédios adequados para sua cura, como também pedir que seja acionada a Previdência Social no intuito de garantir às pessoas contaminadas ao longo do tempo com a manipulação desse produto no combate às endemias rurais a devida indenização.

            Esse é um aspecto negativo da Química, no sentido de que, ao longo da História, pessoas inadvertidamente usaram produtos que prejudicaram sua saúde. Desde a Segunda Guerra Mundial, esse produto era utilizado, principalmente em florestas de zonas tropicais, no combate à malária. Naquela época, era um milagre, pessoas aparentemente eram salvas quando se matava o mosquito transmissor da malária. Ao lado disso, estamos vendo, a toda hora e a todo instante, medicamentos surgindo no meio científico e também nas farmácias no combate às doenças, como pressão alta, diabetes e tantos outros males a que estão sujeitas as pessoas humanas. Esses medicamentos provêm da manipulação química, do conhecimento químico.

            Além disso, a indústria e a agricultura muito se têm beneficiado do desenvolvimento proporcionado pela utilização dos conhecimentos científicos adquiridos na escola e na universidade, conhecimentos que são levados para a produção de coisas que venham em benefício da humanidade.

            Por isso quero aproveitar este ensejo, para transmitir a todos aqueles que estão na profissão de químico industrial, de professor, de estudioso dos problemas e do desenvolvimento da Química, meus mais efusivos parabéns.

            Quero também parabenizar o autor do requerimento, Senador Inácio Arruda, que, ao apresentar esse requerimento, teve aprovação unânime, num reconhecimento tácito de que o Senado Federal sabe da importância desse profissional e da Química para que consigamos ser um País mais e mais desenvolvido.

            Meus parabéns a todos! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2011 - Página 43675