Discurso durante a 194ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a respeito das denúncias de corrupção no Governo Federal. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários a respeito das denúncias de corrupção no Governo Federal. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2011 - Página 43908
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, EXCESSO, CORRUPÇÃO, MEMBROS, GOVERNO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, ORADOR, FALTA, PUNIÇÃO, INFRATOR.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores, depois dessa longa sessão de debates desta tarde, assumo a tribuna, Srª Presidenta, Sr. Secretário Cícero Lucena, para mostrar à Nação brasileira, para mostrar ao povo brasileiro aquilo que as ruas deste País comentam e falam nesta última semana, Senador Delcídio.

            A corrupção neste País atinge índices alarmantes, Srs. Senadores. Nunca, na história da República, Senador Cristovam... Diga-me qual foi a época, na história da República, em que se viu tanta corrupção? Podemos folhear todos os livros da História deste País, mas nunca se pode encontrar comentários de corrupção como nos dias de hoje.

            Mais um ministro, e parecia que estava tudo serenado. E mais um ministro...

            Presidente Cícero, peça para aumentar um pouco o som, porque a minha garganta... Está muito baixo.

            O SR. PRESIDENTE (Cícero Lucena. Bloco/PSDB - PB) - V. Exª pediu, e com certeza o setor técnico já ouviu.

            O SR. MÁRCIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Agradeço. Obrigado, Presidente, agora, sim.

            Parecia que tudo estava serenado, comentava-se que a Presidenta Dilma tinha feito uma faxina; os jornais, as revistas comentavam: o Lula deixou um bagaço para a Presidenta Dilma, e a Presidenta faz uma faxina. A faxina acabou, parou, pensava-se assim. Não parou, brasileiros, infelizmente não parou. A corrupção neste País é maior do que se pensa, é maior do que se imagina. A corrupção neste País não tem limites.

            Está fora do alcance de todos, está fora do alcance dos Tribunais de Contas da União, porque a corrupção, neste país Brasil, tornou-se, historicamente, a maior de todos os tempos.

            Hoje é o Ministro Orlando Silva, do Esporte.

            Aliás, esse Ministro já teria que ter sido tirado desse Ministério há muito tempo, desde que se pegaram os cartões coorporativos usados por ele em pagamento de hotéis. Desde esse tempo, esse Ministro deveria ter sido demitido.

            São milhões, bilhões de reais tirados do povo brasileiro.

            Dilma e Lula, Lula e Dilma, os dois Presidentes.

            Lula diz aos ministros corruptos: “Resistam não se entreguem”.

            Agora, a Dilma parece que vai obedecer ao colega.

            O problema, brasileiros, é que a Dilma foi eleita com a popularidade do Lula e a Dilma não tem força suficiente para fazer uma faxina neste País.

            Este Ministro Orlando Silva é o que mais dura até hoje na crise, porque a Dilma tem dificuldade agora, porque o Lula criticou a Presidenta, dizendo que ela estava tirando facilmente os seus queridos ministros.

            A Dilma, agora, vê-se em situação difícil.

            “O que faço?”, pode dizer a Dilma agora. “Se eu demitir, o Lula vai se aborrecer comigo”. Porque ele foi enfático: “Resistam, não entreguem as suas pastas, não entreguem os ministérios, deixe lhes acusar, mas não entreguem, continuem a corrupção”.

            Ô Lula! Por que falas assim, Lula? Que declaração maldosa, Lula! Como um ministro reconhecidamente culpado, comprovado em gravações...

            Quem será o próximo? Com certeza, amigo do Lula e que a Dilma não vai poder tirar, mas que virá, virá. Não vai parar por aí, Brasil, não vai estancar por aí, Brasil... A corrupção está em todos os Ministérios.

            A revista Veja desta semana mostra que são 85 bilhões - TV Senado mostre ao povo brasileiro a capa da revista Veja desta semana -, são 85 bilhões, Brasil, que se perdeu no ano passado com corrupção. Este dinheiro aqui, que a Veja mostra à Nação brasileira, é dinheiro do seu bolso, é dinheiro do imposto que você paga, é dinheiro tirado para a saúde que você paga, é dinheiro para a educação, é dinheiro para a estrada que estão roubando do bolso do brasileiro, que estão tirando descaradamente, que estão tirando cinicamente do bolso do brasileiro. Quem será o próximo? Esta é a pergunta que a Nação brasileira faz hoje nas ruas.

            A revista Veja mostra que com esse dinheiro poderia se construir um milhão e meio de casas populares, Brasil. Um milhão e meio de casas populares! Senador Paulo Paim, meu querido amigo, onde estão os nossos aposentados, por quem aqui sempre lutamos, Senador Paulo Paim? E um bando de ladrões nesta Nação, Senador Paulo Paim, um bando de ministros a roubar o povo brasileiro! Meu caro Senador, e o aposentado na miséria neste País, Senador Paim! Os aposentados sofrendo, Paulo Paim! A diferença entre os aposentados e um Senador, por exemplo, e um Deputado Federal, e um Vereador, Senador... Qualquer Senador pode chegar a sua residência agora que tem uma farta geladeira a sua vontade; que tem uma televisão de 50 polegadas; que tem um ar-condicionado; que tem hospital particular à vontade... E eles, o que têm, Senador? E eles, o que ganham neste País? E eles, ao lerem a revista Veja desta semana, veem os números do roubo nesta Nação. Pior, Nação brasileira, é que não acontece nada! Eu aqui disse ao Sr. Pagot que ele podia roubar porque nada iria acontecer a ele. E ele roubou, e foram bilhões que ele roubou, Nação! E absolutamente nada aconteceu a ele. O que vai acontecer aos ministros que foram flagrados? O que vai acontecer aos ministros que roubaram bilhões de reais? Eu duvido! Eu aposto! Eu renuncio a meu mandato! Está escrito aí, está gravado aí: se um ministro desses pegar cadeia, eu renuncio, Senadores! Tenho V. Exªs e o Presidente da Casa como testemunha: eu renuncio a meu mandato se algo acontecer com esses ladrões, se algo acontecer a esses patifes!

            E não adianta se aborrecerem comigo, porque aqui nesta tribuna eu tenho o direito de falar pelo povo brasileiro, eu represento o meu Estado que está sendo penalizado por esta corrupção. Represento, Senador! Represento o Estado do Pará, que me mandou para cá fazer isto, que me mandou fiscalizar, que me mandou zelar pelos dinheiros que cada paraense paga para ter hospital, paga para ter estrada, paga para ter educação, paga para ter esporte, paga para ter lazer. E o Ministro Orlando Silva colocando no seu bolso o dinheiro dos meus irmãos paraenses.

            Senador Jayme Campos, sabe V. Exª quanto já foi aplicado do PAC no meu Estado, Senador? Não sei se no seu também é assim. Roubam tanto, roubam tanto e depois dizem que não tem dinheiro para nada! Roubam tanto e depois dizem que não tem dinheiro para o aposentado, que não tem dinheiro para aumentar o salário mínimo, que não tem dinheiro para fazer obra!

            Prometeram, há três anos, fazer um monte de obras na minha cidade de Belém por meio do PAC. Roubaram tudo! Roubaram tudo, meu Pará! Não fizeram nada! É um bando de ladrão! E 80% das obras que prometeram não fizeram, Belém; não fizeram, Pará! E ainda tem Senador que diz que eu não devo chamar ladrão aqui na Tribuna. Eu vou chamar de quê, Senador Paulo Paim? O que é que eu vou dizer para esses que tiram bilhões de reais dos brasileiros, dos famintos, daqueles que mendigam, que você sabe, que você conhece, que eu sei, que eu conheço, Senador Paim, de que é que nós vamos chamar? De bonzinhos? De corruptos? Não é ladrão mesmo, é bandido, igual aquele ladrão de galinha! É galinheiro!

            Ah, porque é ministro ninguém pode chamar aqui de ladrão!

            A Nação está assaltada! A Nação está assaltada! São cínicos!

            Este Ministro agora foi em uma Comissão, Senador Jayme Campos. Lá estava eu, agora, na quarta-feira passada. Lá estava eu... E ele posava de sério. Ele chegou e disse assim: “Eu sou sério!”, este Orlando Silva. “Eu não fiz nada! Isso é mentira da revista Veja. Eu vou processá-la! A revista Veja vai ter que me indenizar. Eu não fiz nada!”. Parecia sério. Eu digo: será que esse cara roubou ou não roubou? Fiquei em dúvida, Senador. Aí eu resolvi fazer um teste com ele: “Ministro, V. Exª é sério?” “Sou sério.” “Então, prove para mim que V. Exª é sério.” Foi agora, quarta-feira. “Peça ao Senado Federal que o investigue. Se V. Exª é sério, peça a abertura de uma CPI no Senado Federal, que é a Casa apropriada para investigá-lo.” Em primeiro plano, é o Senado; em segundo, é o Ministério Público; em terceiro, é a Polícia Federal.

            “Peça ao Senado uma CPI para investigá-lo. Se o senhor pedir agora, Ministro, eu vou defendê-lo na tribuna.” Ele me respondeu: “Mas eu não posso pedir”. “Lógico que o senhor não pode pedir. Peça ao Senador que está aqui do meu lado, do seu partido, do PCdoB.” E aí ele calou, Jayme Campos. E eu disse a ele: “V. Exª não é sério. V. Exª não é sério, não. Isso é papo furado de V. Exª”.

            Desmoralizei, desmascarei, e ele posava como sujeito altamente sério. E eu via na minha frente um cara que tinha roubado o povo brasileiro! Aliás, é o quinto Ministro, Senador Jayme. Qual será o próximo, Senador? Isso não vai parar, Senador!

            Se a palavra for chula, Sr. Presidente, V. Exª a retire, por favor, mas eu vou dizer: isso está uma esculhambação. Está uma esculhambação, Deputado Priante, esta Nação.

            Eles sabem que não se pega nada, Brasil! Eles metem a mão porque não são punidos, Brasil! E ainda vem o Lula dizer para eles resistirem, Brasil! Ô Lula, pelo amor de Deus, não esculhamba mais do que está!

            Lula, a Nação te considera um homem popular. Tu ganhaste popularidade dando esmola a quem precisa. Mas não diga para resistir à corrupção, Lula! Isso é um crime! São palavras criminosas de V. Sª, que já foi o Presidente da República, que manda na atual Presidenta. Ela está toda enrolada, Lula. Tu disseste isso aí, para o Ministro resistir, e ela não quer demitir, não sabe se demite. Ela está toda enrolada. Ela não sabe se demite, porque se demitir vai desagradar quem a colocou no poder. E o Brasil inteiro sabe foi o Lula.

            Esse é o problema, Priante, de quem deve a alguém a sua candidatura. Esse é o grande problema!

            Brasil querido, Pátria querida, tu ainda vais ver muita corrupção. Tu ainda vais assistir a muita corrupção. Esse Ministro, cínico pela própria cara, ao dizer que era honesto, não será o último. Quem será o próximo, meu nobre Senador? Quem será o próximo, Jayme?

            Vamos olhar para o relógio e ver o dia de hoje. Aposto eu se terminou a queda de Ministro - se é que o Orlando Silva vai cair. Aposto eu, Suplicy. Aposto eu, Presidente, que seja o último. Tem muito ladrão ainda nesses Ministérios, Presidente. Tem muito ministro ladrão que deveria estar na cadeia, Presidente! Mas sabe quantos vão para a cadeia, Presidente? Nenhum! O Arruda só foi, merecidamente, porque não é do PT; se o Arruda fosse do PT, Nação, não iria preso.

            Nação brasileira! Olhem para mim aqueles que estão me vendo pela televisão! Olhem para mim! Contem o dia de hoje, contem o que estou falando. Se isso não for verdade, me chamem de mentiroso. Sabem quantos vão para a cadeia...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Dê-me só mais um minuto, Presidente.

            Sabem quantos vão para a cadeira desses que são filiados ao Governo do PT? Sabe, Nação brasileira, quantos vão para a cadeia? Nenhum! Nenhum! É por isso que acontece, é porque eles sabem que nada acontece com eles e que eles podem roubar à vontade. Nada! Absolutamente nada, Nação! Absolutamente nada! Nem Lula nem Dilma têm coragem para punir alguém filiado a eles! Nenhum! Nenhum foi preso, nenhum será preso!

            Muito obrigado, meu Presidente. Desculpe por ter-me alongado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2011 - Página 43908