Discurso durante a 195ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade aos pleitos dos trabalhadores em educação reunidos em manifestações em várias cidades do Brasil na data de hoje; e outros assuntos.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Solidariedade aos pleitos dos trabalhadores em educação reunidos em manifestações em várias cidades do Brasil na data de hoje; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 27/10/2011 - Página 44155
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, SOLIDARIEDADE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, TRABALHADOR, EDUCAÇÃO, PAIS, OBJETIVO, REIVINDICAÇÃO, AUMENTO, INVESTIMENTO, SETOR, REGISTRO, REALIZAÇÃO, REGIÃO NORTE, FEIRA, PRODUTO, ZONA FRANCA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), IMPORTANCIA, INCENTIVO, REGIÃO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Não, imagine! Para mim não haveria problema algum falar depois do Senador Alfredo Nascimento. Não haveria problema, mas ele preferiu que a ordem fosse mantida. Tenho convicção absoluta de que V. Exª se enganou, assim como acontece com muitos de nós, quando na direção dos trabalhos.

            Mas, Srª Presidenta, neste dia e neste momento, venho à tribuna para falar de acontecimentos muito importantes. Agora há pouco, acabou - ou penso que já deve ter acabado - uma grande manifestação de trabalhadores em educação no Brasil inteiro, organizados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Vieram a Brasília em atividades da entidade, principalmente para realizar esse grandioso ato de apoio e defesa da proposta da destinação mínima de 10% do PIB brasileiro para a educação.

            Primeiramente, falo desse movimento ocorrido no dia de hoje, de milhares de pessoas aqui, na Esplanada dos Ministérios; milhares de professores, professoras, trabalhadores em educação; falo de uma entidade na qual tive uma participação muito direta.

            Antes da mudança da Constituição brasileira, antes de 1988, quando as servidoras e os servidores públicos brasileiros ainda não tinham direito a se sindicalizar, Senadora Marta - eles não podiam, era proibida a sindicalização de servidores públicos -, ainda naquela época, eu era professora. Participei da minha associação. Não tínhamos sindicato, só associação. Participei da Diretoria da Associação dos Professores do Amazonas e vim para a CNTE, que, à época, era CPB - Confederação do Professores do Brasil. E fui, juntamente com vários outros companheiros e companheiras, Vice-Presidente da região Norte da CPB. Participei ativamente da Assembleia Nacional Constituinte como alguém que lutava em defesa da educação, para conseguir avanços na educação. 

            Então, hoje, daqui do Senado, assistindo a essa manifestação grandiosa, justa, correta dos professores, chega a ser um momento de muita emoção, porque não tenho dúvida nenhuma, tenho convicção plena, absoluta dos passos, dos avanços que estamos experimentando na área da educação.

Primeiro, foi a conquista do Fundef, que depois foi substituído pelo Fundeb - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. O Fundeb abriga desde a educação infantil, creches, até o ensino médio.

            Esses avanços todos foram conquistados com uma participação direta da população brasileira, principalmente daqueles que têm um vínculo direto com a educação.

            Então, não tenho dúvida nenhuma de que o Brasil vive hoje novos tempos. Temos que entender que, neste novo momento de muita produção de petróleo - e está aí essa grandiosíssima descoberta que foi o petróleo na camada pré-sal -, os recursos têm que ter um destino muito claro e precisam estar concentrados em determinado setor. Nós, do PCdoB, defendemos com muita força que boa parte dos recursos - no mínimo 50% dos recursos do fundo social do pré-sal - deve ser destinada exclusivamente para a educação.

            Portanto, minha manifestação não é só de apoio, mas minha manifestação desta tribuna é de alguém que participa dessa luta, que é partícipe dessa luta brasileira da juventude, dos trabalhadores em educação, dos sindicatos todos, em defesa de mais verbas para a educação, em defesa da aplicação de, no mínimo, 10% do PIB na área da educação.

            Srª Presidente, também venho a esta tribuna no dia de hoje para falar de outro assunto que me é muito caro, da mesma forma. Diz respeito à abertura, no dia de hoje, da Feira Internacional da Amazônia. É o maior evento da Amazônia não apenas de exposição da produção desenvolvida na região, mas um evento internacional que envolve também países ligados à Amazônia brasileira.

            A abertura da Feira Internacional da Amazônia (Fiam) ocorrerá logo mais, às 16h - hora de Manaus, Srª Presidente -, e contará com a presença de uma série de autoridades, entre as quais a do Governador do Estado do Amazonas e, possivelmente, de governadores de outros Estados.

            É uma feira muito importante, que acontece tradicionalmente no Studio 5, que é um grande centro de eventos localizado na cidade de Manaus.

            Em edições anteriores da Feira Internacional da Amazônia, tivemos a oportunidade e a possibilidade de ver a abertura - a edição deste ano ocorre no dia de hoje - ser realizada por dois Presidentes da República. Se não me engano, já por duas vezes, tanto o Presidente Lula quanto o Presidente Chávez estiveram participando e promovendo a abertura da Feira Internacional da Amazônia.

            Como eu disse, trata-se de um espaço cujos produtos não são apenas do Polo Industrial de Manaus; eles também vêm dos Estados de Rondônia, do Acre, do Amapá, vêm da Venezuela, vêm da Bolívia, vêm de todos os países que compõem o bioma amazônico. Nesse espaço, não há apenas exposição de produtos, mas é um momento também onde se realizam várias jornadas, seminários internacionais. E, nessa edição, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, haverá 14 seminários sobre temas estratégicos para o desenvolvimento da região, incluindo a produção orgânica, o desenvolvimento da indústria de mineração e petrolífera no Amazonas e na Amazônia, a integração regional, o comércio exterior, a cobertura jornalística da Amazônia na área de ciências, a tecnologia, o meio ambiente, as soluções energéticas sustentáveis.

            Segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus, da Suframa, este ano já se alcançou o recorde de participação: são mais de 2.700 inscrições de pessoas do Brasil e de fora do Brasil, de fora da Amazônia, para participar das atividades, dos seminários, das jornadas, dos simpósios que acontecerão em torno da Feira Internacional da Amazônia (Fiam).

            Srª Presidente, há alguns dias, eu estive também nesta tribuna e falei muito sobre a Amazônia - e é com muita alegria que vejo que boa parte dos Senadores presentes neste plenário vêm da Amazônia brasileira. Nós dizíamos que a Amazônia, hoje, pelas suas características naturais, tem uma importância - sempre teve - significativa para o Brasil, Senador João. Significativa. E eu não tenho dúvida de que, daqui a no mínimo, penso eu, uma década, uns dez anos, a importância da região será maior ainda, porque, em relação à energia, por exemplo, todos os projetos, os projetos grandes em curso no Brasil para a geração de mais energia, estão localizados na região amazônica. Então, brevemente, a Amazônia será responsável pela produção de aproximadamente 70% a 75% de toda a energia gerada no Brasil, Sr. Presidente.

            E o que nós queremos, o que a Amazônia quer é exatamente a possibilidade de, preservando o meio ambiente, também experimentar o desenvolvimento, porque desenvolvimento não é sinônimo de devastação da floresta; desenvolvimento não é sinônimo da não preservação. Pelo contrário, é possível, sim, aliarmos o desenvolvimento com a preservação ambiental, principalmente se compreendermos que, para a região, temos que levar setores e procurar desenvolver setores de alta tecnologia e de alto valor agregado.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Sem falar - e eu já passo para a conclusão, Sr. Presidente - das nossas vocações naturais. Mas uma das vocações naturais que nós temos, sem dúvida nenhuma - e eu tive a alegria de compartilhar o assunto, num debate como esse, com a Presidenta Dilma, há alguns dias -, é a possibilidade de desenvolver o setor fortemente. Para isso, basta que haja uma política pública, segmentos como de medicamentos, da química fina, de cosméticos, de corantes, Sr. Presidente, visto que a matéria-prima está exatamente lá na Amazônia.

            Então, a Feira Internacional da Amazônia não é apenas um espaço para mostrar o que é a Zona Franca de Manaus, o que ela produz. Mas é um espaço também para debater a Amazônia do passado, a Amazônia do presente e a Amazônia que queremos futuramente.

            O que nós queremos não é que as hidrelétricas sejam construídas lá e que os linhões passem por cima das nossas cidades, das nossas comunidades sem deixar nada, absolutamente nada de desenvolvimento. Nós queremos, como houve no passado no Sudeste brasileiro, um olhar firme, um olhar compromissado do Governo Federal, para que possamos dizer: vivemos na Amazônia, a região mais rica do Planeta e a região que oferece uma qualidade de vida muito importante para toda a sua gente.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/10/2011 - Página 44155