Discurso durante a 197ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Associação às manifestações de solidariedade ao ex-Presidente Lula, acometido de um câncer da laringe.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Associação às manifestações de solidariedade ao ex-Presidente Lula, acometido de um câncer da laringe.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2011 - Página 44850
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLIDARIEDADE, EXPECTATIVA, TRATAMENTO, DOENÇA GRAVE, CANCER.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente, eu não vou fazer bem um pronunciamento. Só quero me associar a vários outros Senadores que subiram à tribuna para fazer parte dessa rede de solidariedade e de incentivo ao nosso Presidente Lula.

            Eu estava no Rio de Janeiro, sábado, em atividade na zona oeste, Campo Grande, quando soube da notícia do câncer. Confesso a V. Exª, Senador Paulo Paim, que é amigo pessoal do Presidente, que tem relações com o Presidente Lula há muito tempo, desde a fundação do PT, que, na hora, veio um aperto no coração de todos, pelo que o Lula simboliza para nós, tanto como referência pessoal quanto como referência política. Eu não saberia fazer política neste País sem o Presidente Lula.

            Eu me lembro da primeira campanha, da campanha de 1989. Eu me lembro que, na universidade, Senador Walter Pinheiro, Senador Rodrigo Rollemberg - eu estudava medicina na Paraíba -, eu levava a bandeira do Lula, e saíamos das aulas diretamente para as praças, diretamente para as ruas, fazendo campanha com aquele jingle maravilhoso e mostrando o que significava aquele momento.

            Lembro-me da ida ao segundo turno. Lembro-me até da derrota do Presidente Lula, de 1989. Lembro-me, Senador Walter Pinheiro, que de João Pessoa a Natal é uma hora e meia. Passei com minha família o réveillon, a virada do ano em Natal. Lembro-me das pessoas na praia de Natal, uma multidão, 100 mil pessoas, cantando aquela música do Lula como se fosse um choro. Foi uma das cenas mais emocionantes que vivi em todo esse período, a nossa vida junto ao Lula.

            Às vezes, jornalistas me dizem: “Você é mais próximo do Lula do que da Dilma”. Eu digo: “Não, não é isso. Nós temos o maior respeito pela história da Dilma”. Só que o Lula conosco, nessa trajetória, foram tantos encontros! Conhece nossa vida, não é, Senador Walter Pinheiro? É o nascedouro de todo o processo que vivemos.

            De forma que, quando soube da notícia, fiquei com o coração apertado. Consegui falar com sua filha, Lurian, e ontem ela esteve com ele. O Presidente não estava podendo falar, mas mandei minha mensagem por escrito e disse a ele: “Presidente, aqui, no Rio, já houve o primeiro ato, ontem, de trabalhadores mata-mosquitos”. Eles fizeram um ato ecumênico pela saúde do Presidente, que reuniu milhares de pessoas no Rio de Janeiro.

            De forma, Presidente Paulo Paim, que quero trazer aqui estas palavras, associando-me a vários outros Senadores, a um sentimento nacional, às redes sociais, que, num movimento muito bonito, escreveram: “Força, Lula”. Tenho certeza de que tudo isso vai passar uma grande energia, assim como a quantidade de orações que estão sendo feitas pelo Presidente Lula, porque o Presidente tem ainda grandes tarefas a realizar neste País. O povo brasileiro precisa do Presidente Lula! O povo brasileiro precisa do Presidente Lula! 

            Tenho o maior orgulho de dizer que segui o Lula quando observo os números do seu Governo: 39 milhões, Senador Rollemberg, que formam a classe média. Mais de 20 milhões deixaram a miséria, a pobreza extrema neste País. A sensibilidade do Presidente!

            Estou convencido de uma coisa: em relação à crise econômica de 2008 - tenho estudado isso, estamos pesquisando algumas coisas -, nós saímos mais rápido dessa crise porque houve uma saída racional. Ao contrário da saída norte-americana, que foi salvar o andar de cima, os bancos, diminuir impostos para os ricos. Aqui, houve uma saída racional pelo andar de baixo, mas houve uma saída que juntava o racional e o emocional, a sensibilidade do Presidente Lula.

            Daquela crise de 2008, Senador Paulo Paim, V. Exª participou: a recuperação do salário mínimo teve um papel fundamental na criação desse grande mercado de consumo de massa, política de transferência de renda também, crédito para o povo. Nós tínhamos 22% de crédito do PIB e fomos para 46%.

            Eu presenciei um debate do Presidente Lula na Escola Superior de Guerra. Ele disse que, naquele período da crise, ainda bem que nós tínhamos os bancos públicos para poder emprestar, porque, se não tivéssemos os bancos públicos... Mas o Presidente Lula dizia o seguinte: “Eu chamei o pessoal do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Nós temos que emprestar, temos que “bancalizar” o povo”. E as pessoas diziam para ele o seguinte: “Não dá para emprestar desse jeito para quem tem menos de três salários mínimos”. E ele ia a reunião após reunião e deu um depoimento em que botou o dedo na cara do pessoal e disse: “O que vocês entendem de povo? O que vocês entendem de pobre?” E, de fato, nós vimos que é isso. E o Lula respondia depois: “O povo não deixa de pagar a sua conta, não deixa de pagar”. E esse processo foi decisivo na criação de tudo isso.

            Então, se o Brasil está vivendo esse momento hoje, se vai virar a quarta economia do mundo é porque houve inclusão social, e o papel do Presidente Lula foi determinante nessa história.

            Vou dizer outra coisa a vocês: há uns três meses, quando eu o encontrei, ele estava brincando e me disse: “Lindbergh, estou me preparando para viver 100 anos”. Ele estava conversando com os médicos. Tamanha a vontade dele nisso tudo.

            Então, o Presidente Lula, que é um guerreiro, vai vencer principalmente por tudo isso, por Deus e pelo povo. O povo precisa do Lula. E cada de um nós tem uma identidade própria com o Lula. É como se cada brasileiro tivesse uma relação pessoal com o Lula; cada brasileiro tem essa relação pessoal com o Lula.

            Fui convidado pelo Presidente para fazer parte do Instituto Lula com ele. Para mim é uma grande honra estar ali do lado dele. Sabe o que ele falou na última reunião do Instituto Lula, Senador Paulo Paim? Sabe com o que ele estava preocupado? Ele estava preocupado com Moçambique. Ele está muito preocupado; sempre olha muito apara a África.

            Aí está a sensibilidade social do Presidente, mas é um homem também que enxerga longe. São as duas coisas.

            E, nesse dia, vejam que interessante: ele falou que estava preocupado porque tinha lido que fazendeiros brasileiros estavam comprando terras em Moçambique. Ele disse: “Não foi para isso que nós colocamos a Embrapa para ajudar Moçambique. Não é para comprar terra em Moçambique, não!”

            Esse é o nosso Presidente, a nossa referência. Eu tenho certeza de que ele vai dar mais uma outra demonstração de garra, de luta, e o povo brasileiro vai vencer junto com o Presidente Lula.

            É esse o meu sentimento, Presidente Paulo Paim. Falar do Lula, para todos nós, é sempre muito forte.

            Hoje, a Presidente Dilma está lá, agora à tarde, com ele. Viajou a São Paulo para visitá-lo.

            De fato, ninguém gostaria que o Presidente Lula estivesse, hoje, naquela situação, fazendo quimioterapia, mas acho que podemos passar a nossa emoção, por tudo aquilo que representa esse que, atualmente, é o maior brasileiro vivo e que vai estar vivo por muito e muito tempo.

            Muito obrigado, Presidente Paulo Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2011 - Página 44850