Discurso durante a 199ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com a redução dos investimentos em tecnologia no Brasil.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Preocupação com a redução dos investimentos em tecnologia no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2011 - Página 45225
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • APREENSÃO, RELAÇÃO, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, SETOR, EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA, COMENTARIO, CRIAÇÃO, PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TECNICO E EMPREGO (PRONATEC), OBJETIVO, APERFEIÇOAMENTO, MÃO DE OBRA, QUALIFICAÇÃO, PROFISSÃO, JUVENTUDE, PAIS.

            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador João Ribeiro, Senadora Ana Amélia, Senador Requião, Senador Aloysio Nunes, demais Senadores e Senadoras presentes, profissionais da imprensa, demais senhores e senhoras, há alguns dias, tomamos conhecimento, por conta - digo até - da excessiva divulgação em toda a imprensa nacional, de que os investimentos em tecnologia crescem menos no Brasil, ou seja, nos últimos anos, os investimentos em tecnologia cresceram até menos que em anos anteriores.

            Segundo a reportagem, os investimentos em softwares, em programas, em equipamentos tecnológicos e serviços cresciam à taxa de 12% até poucos anos atrás e desaceleraram, na verdade, em 2011. Essa notícia nos causa, Sr. Presidente, preocupação, pois não poderemos falar em desenvolvimento brasileiro sem avançarmos na tecnologia e também na educação tecnológica. É impossível pensar em êxito na economia sem considerar a necessidade do progresso técnico.

            Em relação ao progresso técnico, todos nós somos conscientes de algumas das próprias ações já implementadas pelo Governo no que se refere a investimentos para oportunidades com a criação do Pronatec.

            Esse programa, sim, Senador Requião, dará ao Brasil condições de aperfeiçoamento de mão de obra, de qualificação profissional, para, com isso, evitarmos que muitos dos jovens, especificamente de 18 a 24 anos - são mais de 3,5 milhões de jovens -, fiquem sem estudar e sem trabalhar.

            Atualmente, não se pode negar ou minimizar a importância da tecnologia no crescimento da riqueza do País e mesmo na vida diária de toda a nossa sociedade brasileira.

            Segundo informações, os gastos, Senadora Ana Amélia, cresceram 13,7% em 2010 em comparação com o ano anterior, quando, na verdade, só foram 6%.

            Entre as divisões que mais tiveram redução no espaço do orçamento estão o próprio software, os programas, repito, e equipamentos tecnológicos. Esses equipamentos que dão ao Brasil a própria inovação tecnológica interferem na dinâmica de geração de renda das empresas que, de fato, precisam muito disso; na estrutura dos processos produtivos; na rentabilidade das operações; e na aceitabilidade de produtos pelo mercado não só nacional como também internacional.

            Nós, brasileiros, Senadora Ana Amélia, precisamos observar que a inovação tecnológica leva a maiores ganhos em qualquer empreendimento, seja no setor automobilístico, seja em todos os setores. Só isso dará ao Brasil competitividade para enfrentar os grandes investimentos ou os grandes desenvolvimentos em outros países do mundo que são concorrentes nossos. Se estamos, cada vez mais, na fase de desenvolvimento, não podemos deixar de investir na tecnologia com investimentos médios ou graduados no que se refere ao seu crescimento, para dar ao Brasil mais condições de competitividade e mais condições de gerar emprego, capacitar profissionais e, com isso, qualificar pessoas dentro, repito, Senador Requião, do padrão estabelecido pelo próprio Pronatec encaminhado pelo Governo ao Congresso Nacional.

            Meses atrás, apresentei um projeto, também no início do meu mandato aqui no Senado Federal, possibilitando que fossem aproveitadas as estruturas físicas das escolas estaduais e também das próprias escolas municipais no que se referia ao ensino médio para os Estados, os Municípios e o Governo Federal formarem parceria e aproveitarem pelo menos 40% desse espaço físico em qualificação profissional, dando aos jovens oportunidade para que, concluindo o segundo grau... Sendo pelo menos 40% de técnicos, com certeza o Brasil terá condições de se qualificar, de se preparar mais para o futuro e de diminuir a média, nesses últimos 10 anos, de algo em torno de três a quatro milhões de jovens na faixa de 17 a 24 anos que nem estudam, nem trabalham, nem têm oportunidade e, portanto, não têm direcionamento de futuro nenhum. Sem essas oportunidades, o que irão fazer esses jovens? Fica essa pergunta. E todos nós sabemos da debandada de muitos para o caminho que não é aquele almejado pelas suas próprias famílias, pelos seus próprios amigos e, além de tudo, pela própria sociedade brasileira.

            A perspectiva de que somente em 2013 iniciaremos a recuperação do setor é triste para todos nós. É evidente que não podemos parar. Essa paralisação significa um enorme retrocesso, pois diariamente, quase que de hora em hora, temos atualização em softwares de que todos nós temos conhecimento em todo o mundo.

            Essa razão nos obriga a atualizar e até a investir nesse setor para acompanharmos e estarmos prontos para enfrentar o mundo da globalização, o mundo da atualização tecnológica e o mundo da perspectiva de futuro, que é o desejo de todos nós, brasileiros.

            A instabilidade no mercado internacional está levando à contenção nos investimentos das principais companhias estrangeiras. Por isso, assistimos a uma disputa entre várias regiões do mundo, o que poderá render menos recursos para o Brasil. Isso nos deixará numa condição de desvantagem no mercado que enfrentamos no que se refere à concorrência global.

            Necessitamos estar atentos à distribuição dessas verbas, Senadora Ana Amélia, no que se refere aos investimentos em tecnologia, em aperfeiçoamento tecnológico e, além de tudo, naquilo que, de fato, gera oportunidade de futuro, porque só assim teremos condições de prepararmos o Brasil para continuar enfrentando essa guerra mundial no que se refere ao mundo globalizado, o que não é fácil para um País como o nosso, com uma taxa de juro alta que inibe as indústrias e as empresas em investimentos e também com um pequeno investimento no que se refere à qualificação profissional, levando o Brasil, de quase 190 milhões de brasileiros, a ser ameaçado de importar mão de obra qualificada em decorrência de não termos no Brasil ainda o preparo suficiente para atender ao mercado interno no que se refere à qualificação profissional.

            É essa preocupação que todos nós temos nesta Casa, Senador Requião, para, de fato, prepararmo-nos para enfrentar um mercado não só de crise internacional, mas um mercado de mão de obra exigente, que é a mão de obra qualificada. E tudo isso precisa urgentemente ser implementado no Brasil.

            A Presidenta Dilma encaminhou o Pronatec, como todos nós temos conhecimento, mas precisamos avançar no que se refere ao aproveitamento das estruturas atualmente existentes, formando parcerias com as escolas estaduais, com essas escolas privadas, qualificadas no que se refere à escola média de boa qualidade, para, com isso, treinarmos, aperfeiçoarmos e incentivarmos esses jovens para, de fato, adquirirem uma profissão. Com isso, terão a certeza, a segurança, a garantia de, concluindo o segundo grau, um emprego em qualquer uma das áreas e, logicamente, no setor tecnológico da mão de obra qualificada.

            Então é aqui, Senadora Ana Amélia, que deixo o meu registro, preocupado, sim, com os momentos e até - eu digo- com a crise que tem, de fato, afetado o Brasil, que já nos levou a uma redução de menos dois agora na produção industrial. Essa redução, com certeza, causará desemprego ou pelo menos inibirá o crescimento no que se refere à geração de emprego. E nós temos que nos unir no que se refere ao enfrentamento da crise, contando com o apoio do Governo, com o apoio mais agressivo no que se refere à agilidade dos projetos, das ações e dos benefícios que atendam diretamente às necessidades da população. Do contrário, quem vai sofrer muito mais são as regiões mais carentes, onde as oportunidades de vida ainda são menores.

            Por essa razão, ocupo a tribuna, no dia de hoje, para registrar o nosso posicionamento e a nossa preocupação no que se refere à necessidade de nos unirmos o mais rápido possível, todos nós, brasileiros, através das instituições democráticas, não só o Executivo como também as entidades representativas, o Congresso Nacional - Câmara e Senado -, para, juntos, construirmos um agenda positiva para enfrentarmos, com mais força, esse desnível - eu digo até -, esse desequilíbrio mundial que tem prejudicado, que está já prejudicando o Brasil. Diminuindo a capacidade de investimentos em todos os setores, especificamente no setor tecnológico, nós teremos menos condições de brigar para vencer a crise.

            Por isso, agradeço a V. Exª a atenção e a tolerância, dizendo que V. Exª sempre foi e continuará sendo uma Parlamentar, Senadora Ana Amélia, preocupada com o setor produtivo brasileiro. Tenho acompanhado, ao longo desses quase 10 meses, nesta Casa, a preocupação de V. Exª com o setor produtivo não só do campo, mas industrial, gerador de empregos, oportunidades, consciente V. Exª de que o Governo sozinho, sem a iniciativa privada, não andará muito, porque o Estado brasileiro não terá condição, sozinho, de enfrentar essas dificuldades, essas mazelas que incomodam tanto a sociedade brasileira, especificamente no campo do desenvolvimento e da oportunidade de emprego. Agradeço a V. Exª. Tenho certeza de que V. Exª, como tantos outros, irá lutar muito para, de fato, colocar o Brasil no ponto em que todos nós sonhamos e almejamos, em que todos os brasileiros se sentirão cada vez mais felizes e satisfeitos não só com o Governo como também com o trabalho do Congresso Nacional, em harmonia com a própria sociedade, com a própria população.

            Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2011 - Página 45225