Discurso durante a 201ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Solidariedade ao ex-Presidente Lula; e outros assuntos. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA ENERGETICA.:
  • Solidariedade ao ex-Presidente Lula; e outros assuntos. (como Líder)
Aparteantes
Lindbergh Farias.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2011 - Página 45938
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, SOLIDARIEDADE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE, VITIMA, CANCER.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, RELATORIO, GRUPO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, VOTAÇÃO, DIVISÃO, RECEITA, UNIÃO FEDERAL, COMENTARIO, CRITICA, ORADOR, FATO, DECISÃO, SENADO, REFERENCIA, DISTRIBUIÇÃO, ROYALTIES, PETROLEO, ESTADOS, MUNICIPIOS.

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marcelo Crivella, Srs. Senadores, aqueles que nos ouvem na Rádio Senado e nos veem na TV Senado.

            Quero fazer um registro triste antes de relatar o que presenciei na reunião de líderes hoje, com a Presidente Dilma, após a sua reunião com o G-20.

            Com muita tristeza, Sr. Presidente, o Brasil tem acompanhado a doença do Presidente Lula, consternado pela história de Lula. Sem contar os oito anos de presidência, uma história vitoriosa de alguém que foi enxotado, de alguém a quem a vida tudo negou. Um torneiro mecânico, líder sindical que se tornou Presidente da República. Hoje o Brasil assiste Lula, aos 66 anos de idade, fazendo quimioterapia. Um País consternado, um País solidário.

            Mas, Sr. Presidente, Senador Marcelo Crivella, V. Exª que é um cristão, tenho lido alguns comentários de pessoas sobre a doença de Lula. E alguns em nível muito baixo, de esgoto, coisa macabra, de pessoas que não têm respeito pela vida humana, não têm respeito pelas pessoas. E alguns comentários, você vê que são comentários de pessoas politizadas que fazem um comentário jocoso de uma enfermidade porque não comungam politicamente com ele.

            Tenho visto isso com tanta tristeza. E aqui quero expressar meu repúdio, o meu repúdio em nome de brasileiros como eu, que reconhecem a importância do Lula para o Brasil.

            Reafirmo aqui minha solidariedade e digo a ele: Lula, com quem tenho uma relação pessoal, Deus quer e você vai sair dessa para que possa viver ainda muitos anos, Senador Crivella, servindo ao País, como fez. E Lula fez a melhor escolha quando Presidente da República. Lula escolheu os pobres. Jesus disse “os pobres, sempre os tereis convosco” e “quem a eles faz empresta a Deus”. Certamente, Lula, Deus é contigo neste momento de sua vida. Não é um bom momento, mas ninguém tem vitória sem lutar. E a maior de todas as vitórias... Aliás, todo sofrimento é prenúncio de uma grande vitória, porque a maior de todas as vitórias também veio do maior de todos os sofrimentos.

            Sr. Presidente, hoje, às 15h30, exatamente, às 15h45, V. Exª estava lá pelo seu Partido, o PRB. Era uma reunião de líderes com a Presidente da República.

            Ontem, recebi um telefonema da Ministra Ideli Salvatti me convocando, como Líder do meu Partido nesta Casa, para essa reunião. Eu disse a ela: “Qual é a pauta, Ministra Ideli?” Ela disse: “O relatório do G-20 e a votação da DRU.” Eu disse: “Eu não vou, não. Eu iria se a pauta fosse royalties do petróleo.” Ela disse: “Não é, não.” “Pode incluir?” Ela disse: “Não.” “E se eu falar?” Ela disse: “Bom, a boca é sua. O microfone vai estar ligado. Ninguém lhe toma a palavra.” E me incentivou.

            Eu vim, Sr. Presidente. Fui para a reunião. A Presidente trocou em notas de um real a questão da crise do mundo, e com muita competência, diga-se de passagem. Aliás, a Dilma é competente. Ela tem pleno conhecimento. Dessa grande empresa chamada Brasil, de que ela foi gerente por oito anos e agora é a diretora principal, ela fala com muito conhecimento e propriedade. E viva o Lula, que abriu e ganhou respeito quando nos firmamos no mundo econômico de forma definitiva. A Presidente falou, deu relatórios. A partir daí, falou da importância da votação da DRU para blindar o País caso as chamas cheguem até nós, Senador Lindbergh Farias, e a palavra foi aberta.

            Quando a palavra foi aberta, mandei um bilhete a um Senador do Rio de Janeiro chamado Marcelo Crivella, não sei se o senhor conhece. Falei: passe o bilhete. E escrevi assim: “Crivella, vou falar sobre os royalties.” Ele olhou para mim, por trás das costas do resto - resto, não - dos Senadores e Deputados que lá estavam e fez assim.

            Quero dizer à população do Rio de Janeiro que, assim que a primeira rodada se encerrou e chegou ao Senador Marcelo Crivella, do alto do seu conhecimento, do seu amor ao Rio e das perdas e humilhações impostas ao Rio, o Senador Marcelo Crivella fez uma bela exposição. Uma bela exposição mostrando, Senador Lindberg, por exemplo, que é uma covardia contemplar Santa Catarina, contemplar o Paraná, contemplar o Rio Grande do Sul e São Paulo em detrimento da miséria do Nordeste.

            V. Exª, Senador Lindberg, daquele lado da tribuna, porque cada um escolhe um lado - e eu só sei falar se for deste lado aqui, se eu for para o lado de lá eu gaguejo -, fez um discurso mostrando o desequilíbrio da Federação, como o Fundo de Participação dos Estados, por exemplo, altamente desequilibrado, e o Fundo de Participação dos Municípios. E o desequilíbrio é tamanho que agora tentam tirar do Rio e do Espírito Santo para dar a quem já muito tem com o Fundo de Participação dos Estados. Sem mostrar constrangimento, Senador Crivella, senti muito orgulho da sua postura lá, e que o povo do Rio aplauda a sua postura.

            V. Exª colocou de forma muito aberta, dizendo: “Eu não sei realmente qual será a reação da bancada do Rio com relação à votação da DRU, embora a votação da DRU seja alguma coisa que importa para o Brasil. E não somos nós que vamos inviabilizar o Brasil, como estão querendo inviabilizar os nossos Estados”.

            Quando a palavra chegou a mim, Senador Lindberg, eu disse: “Presidente, vou relatar direitinho. Eu sempre estive do seu lado. Aliás eu não gosto de gente frouxa. E estou diante de uma mulher que com 17 anos de idade enfrentou a ditadura num mundo absolutamente tenebroso, sem enxergar nenhuma luz do outro lado, mas acreditava que o País pudesse ser este País”.

            E até disse: hoje é muito fácil falar mal de José Dirceu, hoje é fácil falar mal de Genoíno, mas não há que se esquecer a luta que eles fizeram lá na ditadura para que eu, filho de uma faxineira, um pé rapado do Nordeste, V. Exª também, paraibano, veio tocado para o Rio de Janeiro... Alguns Deputados e Senadores são filhos de famílias nobres dos seus Estados, têm sobrenome bom, mas eu sou filho de faxineira. E se não fosse a luta da Dilma, eu olhando para ela, falando isso, a sua luta, Presidente, enfrentando a ditadura aos 17 anos de idade, eu não teria a mínima chance de estar aqui, falando para você como Presidente. Eu seria simplesmente o filho da faxineira.

            A senhora é corajosa e não se emociona tanto com o oba, oba. Eu gosto disso. Não se emociona com o oba, oba como se fosse festa de São João.

            Eu estou repetindo aqui, Senador Lindbergh, o que falei lá.

            Pois bem, minha Presidente, a senhora sabe que sempre contou comigo e vai continuar contando. Mas agora algo me angustia muito mais: é o Estado do Espírito Santo e o Estado do Rio de Janeiro.

            Passo a contar uma história: quando Lula ganhou o seu primeiro governo, o Estado do Espírito Santo estava quebrado - eu estava falando e olhando para ela, olhando para a Ideli, olhando para o Temer, e todos estavam me ouvindo.

            O meu Estado estava quebrado, o crime organizado ajoelhou por 14 anos o Estado, e o Estado não se curvou porque não tem vocação para andar de joelho. O Estado se recusou, porque tem vocação para o crescimento.

            Eu era o coordenador da bancada, Senador Crivella, e vim ao Lula com a bancada federal daquela época. Pedi a ele que fizesse a antecipação dos royalties do petróleo.

            V. Exª é testemunha de que eu falei lá para a Presidente.

            O Governador Paulo Hartung ganhou a eleição. O Estado estava desarrumado. Ele estava fazendo a sua parte com os Deputados Estaduais e veio também a Brasília. O Lula falou para nós: “Estou assumindo o governo agora. Eu não sei o pode acontecer, porque, antecipo esse dinheiro, e se na época de pagar o preço do barril estiver mais barato?” Eu disse: Presidente, eu não sei. Só sei que o senhor precisa nos salvar!

            O Lula disse que ia consultar o Ministro das Minas e Energia - eu estava falando isso tudo e olhando para a Dilma. Chamou o Ministro das Minas e Energia, consultou e colocou na mesa o nosso pedido. O Ministro das Minas e Energia falou a mesma coisa do Lula: “E se na época o barril estiver mais barato? Como vamos fazer isso? A não se que tenhamos tanta vontade de salvar esse Estado, acreditando que o País vai melhorar.” O Lula disse: “Eu acredito que o País vai melhorar.” O Ministro das Minas e Energia autorizou mandar 500 milhões para o Espírito Santo.

            E eu falei para ela: a senhora sabe quem era o Ministro das Minas e Energia? A senhora! A senhora salvou com uma mão e agora vai matar com a outra? A mesma pessoa que salvou agora vai matar?

            Sabe por que eu estou falando isso, Presidente Dilma? Porque eu acredito na senhora, acredito na sua valentia e sei que esse assunto não vai ficar desse jeito. Esse assunto há que entrar em debate, em discussão. Presidente, eu quero lhe fazer uma sugestão. Está aí o seu Ministro Mantega. Mande o seu Ministro criar uma comissão com os técnicos dele, chamar o Cabral, o Renato Casagrande, os técnicos dos dois Estados e mais os técnicos ligados aos Senadores e Deputados do Rio e do Espírito Santo, façamos uma grande comissão para colocar na mesa esse desequilíbrio, porque, Presidente, o que o Senado fez foi uma indecência.

            Estou repetindo tudo o que falei lá, Lindbergh. Estou repetindo a reunião, não é, Senador Marcelo Crivella?

            O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella. Bloco/PRB - RJ) - E eu estou aqui para testemunhar.

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Eu impetrei um mandado de segurança no Supremo contra a Mesa do Senado.

            Presidente, cláusula pétrea não pode ser violentada. Ou pode, Lindbergh? Não! Por que marginal, matador, no Brasil, só fica preso por trinta anos? Porque nós não temos nem prisão perpétua nem pena de morte, correto?

            O que fizeram com a votação aqui no Senado, com os royalties, foi a mesma coisa de o Senado ter votado uma lei - eu disse isso lá, não foi? - afirmando: a partir de agora o Brasil tem prisão perpétua. Como? Se não houve uma constituinte, se não mudou em constituinte, se não houve plebiscito? Não pode!

            O art. 60, Capítulo IV... § 4º, da Constituição, que trata do equilíbrio federativo, do pacto federativo, trata exatamente dessa questão da inviolabilidade, ou seja, é conquista, é cláusula pétrea, só uma Constituição pode mudar. O Senado votou alguma coisa dizendo: agora, há pena de morte, agora, vai haver, sim, prisão perpétua. Como, se é cláusula pétrea?

            Se o Supremo julgar como Corte - o Ministro Lewandowski, que é competente e tem feito seus julgamentos com base na interpretação da Constituição, não fará esse julgamento politicamente -, certamente nós ganharemos essa liminar. Nós ganharemos essa liminar e vamos protelar o debate. Nós vamos protelar e chamar uma discussão verdadeira, com números em cima da mesa. Porque, veja: discutir os royalties do pré-sal, vamos discutir. Está errado. Eu disse lá para a Presidente: está errado, porque royalty não é petróleo. A lei fala de riqueza do subsolo. Vamos dividir, mais o royalty é passivo ambiental social. Qualquer pessoa mais simples, o sujeito que nunca entrou numa escola entende isso com facilidade, pelo amor de Deus. Vamos discutir os royalties do pré-sal, mas quebra de contrato, Presidente? É a mesma coisa de tentar mudar a regra do jogo no meio de jogo.

            Lindbergh, a Presidenta é mineira. Eu disse, a senhora viu domingo, o que aconteceu? O América de Minas Gerais ganhou do Corinthians, o último ganhou do primeiro. É a mesma coisa de Ricardo Teixeira dizer: não, agora quem vai ser o campeão é o América. Eu acho até que Ricardo Teixeira tem coragem para fazer isso. Mas não pode, não pode! Vai mudar a regra no meio do jogo?

            O senhor foi Governador, Senador Blairo. Pode quebrar contrato no meio? Os contratos que o senhor celebrou... O senhor é um empresário bem sucedido - aliás, bote bem sucedido nisso, Graças a Deus. Se quebra contrato celebrado no meio do contrato? Não pode! É o que fizeram com os royalties e estão tentando fazer conosco.

            Então eu espero que ela não permita que essa aberração chegue a bom termo ou a mau termo para nós, porque tem tantos caminhos a serem seguidos. E V. Exª deu essa idéia tão brilhante.

            O Dornelles, a emenda dele é maravilhosa: vamos taxar as petroleiras ou então vamos aumentar os royalties da energia ou vamos aumentar os royalties dos minérios, que ainda são muito baixos, e aí você faz uma compensação para todo mundo.

            O Estado do Espírito Santo tem duas coisas importantes: o Fundap, que é um incentivo de que os Estados grandes todos têm raiva, São Paulo odeia, Minas Gerais odeia.

            O nosso falecido coleta Itamar Franco, na época em que foi Governador, toda e qualquer importação que vinha pelos portos do Espírito Santo, por empresa fundapiana, ele não deixava passar na barreira, de tanto ódio que tinha desse incentivo.

            E quando se fala em reforma agrária no Brasil, nego foca logo para acabar com esse negócio de Fundap que tem no Espírito Santo. Sabe que dia que vai ter reforma agrária no Brasil? Nunca! Sabe qual é o dia mais importante e bom para se fazer uma reforma tributária? Quando um País está começando. Depois que ele começou ninguém faz mais, não, porque ninguém quer abrir mão de nada, nego quer tirar do outro e ficar com o seu. Quando alguém fala: vou ganhar eleição e fazer reforma tributária, não acredite. Mamãe, me acode! É mentira, ninguém faz. Ninguém faz! Eu quero ver o bom que vai fazer! Pronto, eu quero ver. Não faz! Tem que começar quando é distrito ainda, não é como País, não. Aliás, tem que começar o País com a reforma pronta, porque depois não faz. Não faz.

            Ora, o incentivo fiscal que Mato Grosso deu na sua época, Senador Blairo. Você acha que o próximo Governador vai querer tirar de lá? As empresas não vão querer mais.

            Será que o incentivo que Manaus deu - cadê o Eduardo -, e vão querer abrir mão agora? Como é que vocês vão querer abrir mão? Ninguém quer! Aí o Presidente chama aqui, todos almoçam com o Presidente, batem uma foto, mas é tudo piada. Não vai acontecer nunca. Não vai acontecer nunca!

            Então, se esse projeto que passou aqui... Com todo o respeito ao meu colega Vital do Rêgo! Nada contra ele, tudo contra o projeto. Tudo contra o projeto! Tudo contra a lei votada aqui, neste oba-oba, com complexo de Silvio Santos: “Quem quer dinheiro?”. Você lembra, o Municipiozinho em que você nasceu, onde não tinha nada, nem escola, agora vai ganhar um dinheirinho e tal? Não é por aí. Não é por aí, como se nós fôssemos os vilões da história, e a miséria do País estivesse debitada na nossa conta.

            A reunião encerrou. Depois de mim, falou mais um Senador, falou o Renan, falou o Vaccarezza e voltou para a Presidente. Sabe o que ela disse, Senador Blairo? Lindbergh, isso lhe interessa e ao seu assessor também, mande-o vir. Você é o assessor, não é? Escute aí. Ela falou assim: “Normalmente, quem encerra essa reunião é o Vice-Presidente, mas, antes de passar a palavra para ele, eu vou falar. Muito obrigada pelo apoio, muito obrigada pelo equilíbrio da base do Governo, entendendo a necessidade de se unir em favor do País. Porque a Europa não está assim. Vejam que os Estados Unidos - o parlamento, a Câmara, o Senado - estão no quanto pior, melhor. A Grécia, pior ainda. Eles desajustam tudo para poder ganhar o governo. Aqui, nós não queremos crise igual à Grécia. Nós queremos aqui é um País equilibrado, não é?”, ela disse. “Muito obrigada e tal”.

            Queremos equilibrar o País sim, não queremos produzir desequilíbrio - e essa questão do pré-sal é uma.

            E aí ela disse: “Entrou em debate aqui agora o tema royalties. Não vou debatê-lo aqui agora, mas quero dizer aos senhores, aos três Senadores que falaram, ao Deputado Vitor Paulo, aos Senadores Crivella e Magno Malta, que isso será uma pauta do Governo”.

            Meu coração encheu de alegria, porque eu confio nela. Quando terminou e fui abraçá-la, ela olhou para mim e falou: “Fique calmo”. Eu falei: “Estou calmo”. “Fique calmo. O que foi aprovado no Senado tem muito exagero”. A frase é esta: “Tem muito exagero. Fique calmo, que nós vamos preparar uma pauta para discutir esse assunto”.

            Que coisa boa! Uma luz no final do túnel, a lucidez da Presidente. Ela não virou Presidente à toa. Ela não virou Presidente se colocando como a messias salvadora do Brasil. Ela foi gerente desta empresa por oito anos. Ela é a diretora principal hoje, mas conhece a fundo e sabe da necessidade de ter um país equilibrado.

            Presidente Dilma, saí de lá satisfeito - não sei o Senador Marcelo Crivella - com o que ela disse. Até aqui não nos faltou com a palavra, e nós esperamos que não precisemos votar qualquer tipo de veto, porque aí se vai criar uma rebelião, mas que haja a criação dessa comissão para que se coloque tudo na mesa e se chegue a bom termo.

            Nós aceitamos perder até de um a zero, mas de dez a zero, como estão dando em nós, é brincadeira, e por w.o... O Espírito Santo e o Rio de Janeiro podem ficar tranqüilos, porque, se depender de nós, por w.o., nós não vamos perder.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT -RJ) - Senador Magno Malta...

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Senador Lindbergh.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT -RJ) - Primeiro, quero parabenizá-lo, V. Exª e o Senador Marcelo Crivella, pelo encontro com a Presidenta, por terem colocado de forma tão firme, tão arrojada as angústias dos nossos Estados. Eu sei que a Presidenta Dilma... É aquilo que nós dissemos nessa tribuna, no dia em que veio o projeto do Senador Vital do Rêgo: esse não foi um projeto equilibrado. Não foi, Senador Marcelo Crivella, um projeto razoável, e nós mostramos os números. Eles diziam que nós não íamos perder. Só o Estado do Rio de Janeiro perde, em 2012, um bilhão e meio, e os Municípios, um bilhão e oitocentos. Senador Magno Malta, isso significa fechar postos de saúde, significa fechar escolas. Ele trouxeram um número que falava, para 2020, da arrecadação de 79 bilhões. Disseram aqui que era da EPE (Empresa de Pesquisa Energética). A EPE disse que não tem cálculo. Ela só faz o cálculo da produção de petróleo. Isso chegou à Presidenta. A Presidenta viu essas inconsistências. Acho que V. Exª fez muito bem. O que V. Exª conseguiu, no dia de hoje, com o Senador Marcelo Crivella... V. Exª relata uma fala da Presidenta Dilma, que diz que há exageros no projeto. Isso só nos enche de esperança. Hoje, pela manhã, Senador Magno Malta, nós tivemos, no Rio de Janeiro, uma cena... Reuni toda a política do Rio de Janeiro, de todos os lados, todos os partidos, os três Senadores, a Bancada de Deputados Federais, a Bancada de Deputados Estaduais, lideradas pelo Governador, para um ato no próximo dia 10. Sei que V. Exª e o Governador...

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Renato Casagrande.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT -RJ) - ... do Espírito Santo, Renato Casagrande, também vão fazer uma manifestação no próximo dia 10, Senador Marcelo Crivella. São manifestações muito importantes porque aqui pode haver uma distorção na representação do Parlamento, mas estou dizendo que no Rio de Janeiro há uma população de 15 milhões de habitantes e queremos colocar 100 mil pessoas nas ruas, dando o nosso recado. Eu só quero, para finalizar, Senador Magno Malta, dizer que estamos juntos, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Eu tenho conversado muito com o povo do Rio de Janeiro. Nessa questão dos royalties, estão cometendo uma grande injustiça contra o Rio de Janeiro. O Rio de janeiro está melhorando, mas falta muito. Tem de levar as UPPs para todo o Rio, para a Baixada, para São Gonçalo, para o interior, tem de melhor a saúde, tem de pagar melhor salário para o professor. Nós vamos às últimas consequências para defender o Rio de Janeiro e também o Espírito Santo. Então, Senador Magno Malta, quero parabenizar V. Exª. Temos muita esperança nisso que V. Exª transmite, na fala da Presidenta Dilma. Nós sabemos do espírito de justiça da Presidenta Dilma e eu tenho certeza de que, ao final de tudo, ela vai conseguir arbitrar uma boa saída para esse impasse. Muito obrigado.

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Aproveito e incorporo ao meu pronunciamento a palavra de V. Exª, sempre contundente e bem colocada. Quero parabenizar o Governador Cabral pela maneira firme como está tratando do assunto, assim como o ex-Senador e Governador Renato Casagrande, que esta semana fez uma reunião com lideranças empresariais e políticos tratando desse ato que vai acontecer dia 10, na Praça dos Namorados. E aí quero convocar o povo do Espírito Santo que me ouve e que me vê agora, povo que ama o seu Estado. A perda representa para nós algo assim... Eu penso o seguinte: se tirarem de nós os royalties... O Fundap, eles já tentaram de todo jeito, mas se eles conseguirem tirar o Fundap e os royalties, eles terão que desapropriar uma área e construir um monte de casas populares para nos levar para lá e fechar o Espírito Santo, porque eles não vão nos quebrar, mas nos moer.

            Então, em favor do interesse dos nossos filhos, de um Estado pujante como o Estado do Espírito Santo, que não pediu para essas bacias de petróleo estarem lá - foi Deus que as colocou lá -, eu queria convocar o povo que me vê, eu queria pedir às pessoas que estão ouvindo e vendo, Senador Crivella, no Rio e aqui, que reverberassem a informação de que, no Espírito Santo, vai ser na Praça dos Namorados e, no Rio de Janeiro, na Cinelândia.

            Senador Lindbergh, por favor.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - O encontro é na Candelária, às 15 horas. Depois, às 17 horas, uma passeata para a Cinelândia.

            O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella. Bloco/PRB - RJ) - Exatamente. Começa na Candelária e termina na Cinelândia.

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Eu queria pedir para os líderes religiosos, padres, pastores, para quem tem rádio, quem tem o microfone na mão, quem vai falar hoje à noite com as pessoas, quem vai falar amanhã, para conclamar, para convocar o povo, para que nós estejamos na rua demonstrando nossa insatisfação. Não é para fazer baderna, mas para demonstrar nossa insatisfação, para que a Nação veja, para que a Presidente perceba a insatisfação de um povo que está se sentindo violentado nos seus direitos, naquilo que lhe é próprio.

            Na sexta-feira próxima passada eu fechei a BR-101 Norte, no norte do Estado. E sabem que eu comecei a contar com a solidariedade de motoristas de outros Estados, que começam a entender? Quando eles param e vêm para frente e começam a ouvir a explicação do que é royalty e do que é petróleo, eles ficam assustados, porque todo mundo pensa que é a mesma coisa. E não é a mesma coisa. Aí o cara fala: “Ah, mas eu sou de Manaus”. Aí eu digo a ele: “Você já pensou se a gente quiser uma zona franca em tudo quanto é Estado? Se eu pedir uma zona franca para cá, arrebenta vocês”. Você já pensou se tiverem que dividir o minério de Minas ou os royalties da energia com a gente? Olha aí.

             Fiquei lá três horas, com os prefeitos da região, como a Prefeita Raquel, o nosso Prefeito de Pedro Canário, o Prefeito de São Mateus, Amadeu Boroto, com Deputados, com vereadores, com secretários, com a população toda na rua, na divisa, lá em Pedro Canário. Quero parabenizar o povo por isso. Estavam também o Prefeito de Conceição da Barra e o Prefeito de Boa Esperança. Estavam lá Deputados Federais, como o Deputado Jorge e a Deputada Lauriete. Estávamos juntos. Eles fazem parte dessa comissão de mobilização, junto com o Deputado Gilsinho, o Deputado Zé Esmeraldo, o Deputado Vandinho, o Deputado Freitas, o Deputado Gildevan, ex-Prefeito da cidade de Pinheiros. Todo mundo está angustiado. Sabem que São Mateus do Espírito Santo tem uma base da Petrobras? Será que vai ser preciso invadirmos a base da Petrobras para chamar atenção? O Morales invadiu e ficou por isso mesmo. Aquilo lá é simbólico? Não é simbólico? Olhem que tem uma base nova da Petrobras sendo construída em frente à universidade. Imaginem se os estudantes resolvem invadir aquilo lá, num movimento pacífico, mas para chamar atenção? Chamar atenção!

            Nós vamos fazer de tudo, porque, se tivermos de cair, nós vamos cair de pé. Espero em Deus que não caiamos, porque o meu coração se encheu de alento e de felicidade, pois valeu a pena ter vindo para essa reunião. Primeiro, para ter ouvido uma Presidente inteligente e corajosa. Ela foi ao G20, deu um show e ouviu todo o respeito do mundo com relação ao nosso País, à nossa solidez, aos muito bons fundamentos da economia do Brasil. Dizia o Temer que foi a uma reunião e que não o chamaram mais de emergente, mas de emergido. O Brasil não é mais um emergente, é um emergido. Eles começam a nos respeitar. A era Lula. Não podemos nos esquecer também de que esses fundamentos foram postos lá no Governo Fernando Henrique Cardoso. Penso que foi uma das coisas boas do Governo dele - não conheço outras não, mas essa foi. E o Lula, corajosamente, rasgou um monte de bandeiras que ele pregou nas ruas, assumiu essa política econômica e colocou o Brasil onde o Brasil está. Dilma foi ao G20, deu um show e trocou em miúdos para nós, hoje, nesta reunião. Ela chamou a atenção para a necessidade de votar a DRU, recebeu a solidariedade do Congresso todo hoje e depois teve paciência para nos ouvir. Ela poderia ter virado as costas ou poderia...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES) - Um minuto e encerro. (Fora do microfone.)

            Ou ela poderia não responder nada e ficar caladinha da silva, mas ela disse: “Antes de passar a palavra, eu vou falar”. Ela agradeceu e disse: “Foi colocada na pauta aqui a questão dos royalties. Quero avisar aos senhores que teremos uma pauta sobre isso para tratar desse assunto”. Depois, abracei a Presidente e disse: “Entre nessa luta. Não deixe a gente sozinho. Você pode”.

            Ela disse: “Fique calmo. Teve muito exagero na votação do Senado. Nós vamos ter uma pauta sobre esse assunto”. E eu saí de lá feliz, porque acredito. Se tomou cadeia com 17 anos, sonhando com uma liberdade em um País como o que nós temos hoje, eu não posso desacreditar a palavra dessa mulher.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2011 - Página 45938