O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, espero a tolerância de V. Exª para que eu possa expor a importância do evento que tivemos ontem à noite, do Congresso em Foco, em que se realizou a entrega da sexta edição do Prêmio Congresso em Foco aos chamados Parlamentares do Ano.

            Na primeira etapa, 267 jornalistas que cobrem o Congresso escolheram livremente os Deputados e Senadores que mais se destacaram em 2011.

            Da votação dos jornalistas, resultou uma lista de finalistas que foi submetida à votação dos internautas, que escolheram os vencedores de ontem. Para mim, que tenho mais de 30 anos de vida pública, 26 anos de Congresso, foi uma honra e motivo de orgulho ser um dos agraciados com o Prêmio Congresso em Foco.

            Esse reconhecimento, Srª Presidenta, dos jornalistas e dos internautas nos deixou muito satisfeitos, porque aponta que estamos no caminho certo, cumprindo o nosso dever, como Parlamentar fiel às suas raízes.

            Para mim não importa a ordem, mas gostaria de dizer que, na categoria de melhor Senador, ficamos em quarto lugar. Senti-me muito contemplado. Fiquei feliz porque recebi o prêmio de Parlamentar do Congresso que mais defende a saúde e Parlamentar do Congresso que mais defende o consumidor. Também recebi o prêmio de Parlamentar que mais defende aqui no Senado o item em que o Deputado Chico Alencar foi o mais votado no Congresso, ou seja, a categoria democracia e cidadania.

            Essas premiações, eu aqui as estou comentando - podem ter todos certeza absoluta - não porque eu recebi três, quatro prêmios na noite de ontem, mas pelas causas que nós incorporamos e aqui defendemos: dos idosos, dos negros, dos índios, dos deficientes, daqueles que dependem da aposentadoria, principalmente no regime geral da Previdência.

            Por isso, repito: estou cumprindo o meu dever com aquilo que combinei com todos os brasileiros nas tantas andanças que fiz por este País e, por que não falar, principalmente, a palavra apalavrada lá no meu Rio Grande.

            Quando recebo o prêmio na categoria de defesa da saúde, lembro que, na verdade, a saúde está na seguridade, e ali eu defendo saúde, assistência e a previdência social pública, universal e igual para todos, sem fator previdenciário. Uma das principais bandeiras de luta da nossa vida pública e do nosso mandato parlamentar é a defesa da previdência, da saúde e da assistência social.

            Quando recebemos esses prêmios, Srª Presidenta, como defesa do consumidor, lembro-me da luta pelo salário mínimo, da luta pela distribuição de renda, da luta para que a população tenha direito ao acesso aos bens de consumo e, por que não dizer, ao pão na mesa para saciar a fome.

            Ao ser finalista na categoria de defesa da democracia e cidadania - esses, eu diria, gêmeos siameses -, lembro que, junto a eles, está colada a palavra “liberdade” e a palavra “igualdade”. Eles cavalgam com suas longas asas abertas ao vento em direção a um horizonte que consagre direito de oportunidades a todos e a todas.

            Entendo que esse reconhecimento fortalece ainda mais a nossa determinação de luta permanente em defesa daqueles que mais precisam, dos mais pobres, dos discriminados, da transparência e contra o voto secreto. O Congresso em Foco, ao mirar e trazer a lume a atuação do Congresso Nacional, aumenta a valorização e o debate do próprio processo democrático. Penso que esse sistema é uma obra que tem que ser embalada, acariciada todos os dias, para que as suas raízes fortaleçam bons frutos e que nós possamos colher e dizer: ditadura nunca mais. A nós eu diria que cabe seguir o exemplo dos trabalhadores das minas, que buscam as rochas mais distantes, as pedras mais difíceis; que as lapidam e retiram de suas entranhas a tão aguardada sabedoria e não somente o brilho.

            É por isso, Srª Presidenta, que o nosso desejo é que a gente possa alcançar a todos, aproximar, e que todos possam abraçar a sonhada cidadania plena.

            A honraria proporcionada a Senadores e Deputados é, antes de qualquer outra coisa, uma homenagem a todos os brasileiros que acreditam em seu país.

            Parabéns, Congresso em Foco. Minha saudação aos jornalistas que participaram da escolha dos parlamentares. Parabéns aos internautas.

            Termino fazendo uma referência, Srª Presidenta, a um pequeno texto que compõe o meu livro de memórias "O Rufar dos Tambores", lançado no ano de 2006.

            Eu entendo que continua atual, tem um grande significado para mim e, sobretudo, creio, para aqueles que continuam coerentes com sua história e com as suas raízes.

            Diz o livro de nossa autoria:

Onde está a batida dos tambores que outrora escutávamos a exigir o fim da ditadura militar, as Diretas Já, a reforma agrária, os direitos da cidadania, a valorização do salário mínimo? Por que não lembrar que a grande virtude do homem público é a fidelidade para com a sua história, mas, sendo assim, o que dizer daqueles que a aviltam? Que a corrompem? Que a esmagam? Que a esquecem? Serão eles saqueadores da dignidade de toda uma nação?

Fico, enfim, ao lado dos meus: se tiver de começar, começaremos tudo, tudo outra vez, faço com a mesma paixão. A minha mensagem é a minha vida embalada caudalosamente pelo rufar dos tambores.

            Esse livro, Senador, lancei há seis anos e relancei, neste fim de semana, na Feira do Livro de Porto Alegre.

            Por fim, dedico os destaques que recebemos do Congresso em Foco aos que não têm palco e que lutam todos os dias para alcançar um lugar ao sol; aos negros, aos brancos, aos índios, às pessoas com deficiência; aos idosos, aos aposentados e pensionistas; aos estudantes, aos lutadores pelo direito à livre orientação sexual e religiosa; àqueles que lutam pelo direito à escolha de credo; aos que defendem o meio ambiente; aos que trabalham no campo e na cidade; àqueles que são trabalhadores ou servidores da área pública e da área privada; aos empregados e empregadores que desenvolvem suas atividades com responsabilidade social.

            Dedico, enfim, o prêmio Congresso em Foco a todos, a todos os discriminados. Dedico, sim, ao conjunto dos militantes sociais e - por que não lembrar aqui? - ao próprio movimento sindical.

            Srª Presidenta, quando aqui falei, falei das mobilizações. Não acredito que o Congresso Nacional vá acabar com o fator previdenciário se não houver pressão popular. Não acredito que o Congresso Nacional vá garantir reajuste aos aposentados que ganham um pouquinho mais do que o salário mínimo se não houver pressão sobre o Congresso Nacional. Com isso, a gente caminha, inclusive, para evitar o veto.

            Eu não acredito, Srª Presidenta, que as grandes mudanças que querem os trabalhadores possam acontecer sem a pressão popular.

            Por isso, estive ontem numa caminhada de mais de 3 mil quilombolas.

            Por isso, Srª Presidenta - vou terminar -, estive ainda há pouco numa caminhada na Câmara dos Deputados com aposentados e pensionistas...

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) - Srª Presidenta, continuo dizendo que essas homenagens e esse destaque que aqui recebo fazem parte da luta histórica do movimento social brasileiro, que, neste momento reúne milhares de internautas, que garantem essa simbologia de que vale a pena lutar quando a causa é justa.