O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, ocupo a tribuna hoje para informar, em primeiro lugar, que, cumprindo esse rito de mobilização para o Plano Plurianual e também para a Lei Orçamentária de 2012, tivemos hoje a aprovação, na Comissão Mista de Orçamento, do relatório preliminar do Deputado Arlindo Chinaglia, que é o Relator da Lei Orçamentária nº 2012, de tal maneira que se abriu aquele momento da apresentação das emendas.

            Eu, como coordenador da bancada federal do Acre, estarei já entrando em acordo com a nossa bancada para marcar para a próxima semana. Como teremos feriado na segunda-feira e na terça-feira, muito provavelmente não conseguiremos nos reunir na próxima semana, mas temos até o dia 23 de novembro para apresentar emendas à Lei Orçamentária de 2012.

            Ontem, estivemos reunidos com a bancada federal do Acre para discutir e chegar a um consenso sobre as emendas ao Plano Plurianual 2012-2015, que está sendo relatado pelo Senador Walter Pinheiro.

            Vale ressaltar que a bancada do Acre foi muito atenta no sentido de atender a convocação. Ainda que estivessem todos mobilizados na Câmara para a votação da DRU, houve um esforço, e essa reunião aconteceu com a presença da maioria absoluta dos Deputados e dos três Senadores: Jorge Viana, Sérgio Petecão e eu, como coordenador da bancada. E nós já temos hoje a nossa ata definida com as prioridades do Governo do Estado para o Plano Plurianual 2012-2015, bem como o conjunto das emendas que comporão a proposta do Acre ao Plano Plurianual. Dessa maneira, estaremos contribuindo com o Governador Tião Viana para que consigamos incluir, no Orçamento Geral da União de 2012, propostas que encontrem abrigo orçamentário para que possam acontecer de fato.

            É certo que o Orçamento tem muitos sonhos, e a realização, a concretização é um pouco mais complicada, principalmente no cenário de crise tão preocupante quanto esta descrita no pronunciamento do Senador Roberto Requião, fazendo referência ao artigo do Prof. Carlos Lessa.

            Certamente, temos aí um futuro bastante preocupante em relação à economia, e isso, não há dúvida, vai estar também expresso nas contenções que o Ministério do Planejamento do Governo brasileiro vai ter que adotar em relação ao Orçamento. Na finalização do Orçamento, da peça orçamentária, certamente essas preocupações estarão expressas.

            Eu gostaria também, neste pronunciamento, de fazer referência a um debate que vai acontecer no dia 21 de novembro, às 16 horas, na Comissão de Relações Exteriores, com a presença do Presidente do Congresso Nacional peruano, Deputado Daniel Abugattás, que vai participar conosco de um debate sobre a integração Brasil-Peru a partir da Interoceânica, que é a rodovia que permite a chegada aos portos do Pacífico passando pelo Acre. Podemos sair de Rio Branco, hoje, pela estrada, passando por Brasileia, Epitaciolândia, Assis Brasil, entrar no Peru e seguir até os portos do Pacífico.

            Essa é uma realidade absolutamente nova. Poucas pessoas no Brasil sabem que isso é possível de ser feito.

            O Presidente do Congresso Nacional peruano, Deputado Daniel Abugattás, propôs-se a conhecer a fundo essa realidade, inclusive fazendo o percurso de Lima até Rio Branco, pela estrada, e, num momento oportuno, ele se propôs a participar de um debate justamente a respeito das possibilidades que se abrem nessa relação comercial, turística e cultural entre o Brasil e o Peru.

            Alguns esforços estão sendo feitos em todos os sentidos, tanto na relação comercial quanto na integração cultural. Exemplo disso é o Festival Pachamama de vídeo, que reúne cineastas, produtores de cinema do Brasil, do Peru e também da Bolívia, que vai ocorrer de 23 a 27 de novembro, em Rio Branco. É uma das ações que visam contribuir para essa integração cultural Brasil-Peru e outras iniciativas mais do governo do Acre, no sentido de fortalecer essa relação comercial.

            Há produtos do Peru que interessam muito ao Brasil, e há produtos brasileiros também que interessam, e, principalmente, essa ligação com os portos do Pacífico, com possibilidade de a produção brasileira chegar à Ásia por um caminho mais curto.

            De tal maneira que esse debate do dia 21 de novembro, às 16 horas, na Comissão de Relações Exteriores, é um debate bastante interessante, e esperamos reunir tanto pessoas do corpo diplomático, quanto os Senadores integrantes da Comissão de Relações Exteriores e mais alguns convidados, que vão poder emitir a sua opinião a respeito.

            Também gostaria de fazer uma referência ao debate que aconteceu hoje na Comissão de Relações Exteriores, com a presença de autoridades da Itália e de um historiador italiano, que tiveram uma contribuição muito importante no sentido de resgatar a participação da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial e o tamanho da contribuição desses jovens brasileiros que sacrificaram a sua vida em defesa da democracia na II Guerra Mundial.

            Eles estiveram falando, especificamente, do quanto os italianos rendem tributo a esses brasileiros e os têm como uma espécie de defensores ou mártires da democracia, porque foi a partir do sacrifício desses brasileiros que se chegou a essa vitória fantástica na II Guerra Mundial e se estabeleceu o império da democracia a partir da vitória das Forças Aliadas.

            Durante esse debate, fiz questão de frisar que, ao mesmo tempo em que brasileiros estavam nas frentes de combate na Itália, outros, invisíveis, faziam outro combate tão mortal quanto o enfrentamento nas frentes de batalha, que eram os soldados da borracha na Amazônia brasileira, particularmente no Acre.

            Enquanto nós tivemos cerca de 500 baixas, 500 mortes, no front na Itália, tivemos entre 45 mil e 50 mil mortes de soldados da borracha na Amazônia, particularmente no Acre. Esses soldados são praticamente esquecidos. Muito raramente se encontra algum tipo de reconhecimento. Então, há uma preocupação também de ver que tipo de reconhecimento pode ser feito para esses soldados da borracha, porque os expedicionários integrantes da Força Expedicionária Brasileira que estiveram na Itália ganharam um cemitério e um monumento de reconhecimento na Itália e têm todo o reconhecimento do povo italiano em relação à sua contribuição, mas os soldados da borracha ficaram esquecidos na história. Nós precisamos encontrar uma fórmula de fazer com que seja reconhecida a grande contribuição que deram produzindo a borracha, que foi fundamental. No momento em que as Forças Aliadas se viram impedidas de ter a borracha da Malásia, foi a borracha do Acre que assegurou, basicamente, o suprimento dessa matéria-prima, que era fundamental naquele momento. Foram os soldados da borracha que entraram mata adentro pelos seringais, que garantiram essa produção. Nesse sentido, nós precisamos encontrar uma forma de fazer esse reconhecimento.

            Por último, meu rápido registro diz respeito, Senador Requião, ao nosso complexo de vira-lata. O Presidente Lula, muito sabiamente, colocou que muitos brasileiros alimentam esse complexo de que tudo o que é de fora é bom, tudo o que é produzido no exterior parece que ganha mais sentido, mais visibilidade, de tal maneira que as pessoas são um pouco tímidas por estarem no Brasil. Veio esta semana um bom exemplo de combate ao complexo de vira-lata, que ocorreu no futebol: a decisão do nosso Neymar, do Santos, de permanecer no Brasil e não ir para a Europa. O aconselhamento de todos, pelo menos pelo que ouvíamos, era o de que ele devia ir para a Europa, porque, se não, não seria visibilizado. Aliás, se não fosse para a Europa, não teria o seu futebol visibilizado, e ele estaria perdendo ponto.

            A resposta do Neymar foi, a meu ver, genial, porque ele achou que ganharia mais visibilidade permanecendo no Brasil e fazendo o que está fazendo de maneira tão alegre, tão artística, que é jogar um futebol com a qualidade que tem apresentado. O resultado disso é que sua decisão de permanecer no Santos foi notícia nos principais jornais esportivos da Europa, de tal maneira que ele provavelmente tenha ganhado mais visibilidade permanecendo no Santos do que teria se tivesse optado por ir para a Europa.

            Dessa maneira, acredito que o futebol nacional ganha um reforço importante, porque nós já tivemos, com a volta do Ronaldo, um pouco de reconhecimento de que o futebol brasileiro poderia, sim, utilizar alguns espaços de visibilização dos nossos grandes atletas. Depois do Ronaldo veio o Ronaldinho, que está no Flamengo, que também foi uma aquisição importante.

            Acho que a Copa de 2014 vai ser, diferentemente das anteriores, que aglutinavam atletas que estavam no exterior, uma copa que aglutinará aqueles que estarão no Brasil, como é o caso do Ronaldinho, do Neymar, do atacante do Internacional, do centroavante do Santos, o Borges. Então, a gente tem possibilidade de ter uma copa diferente para o Brasil.

            Assim, quero saudar a decisão do Neymar de ficar no Brasil, que penso que foi muito inteligente, e quero saudar também a diretoria do Santos, porque tomou uma atitude absolutamente ousada de fazer o enfrentamento dos “cartolas” europeus que queriam levar o Neymar, com o que o Neymar ganhou grande visibilidade, ganhando com isso o futebol.

            Financeiramente, ele ganhou também, porque foi uma atitude inteligente e o Santos encontrou patrocinadores para bancar a presença do Neymar no Brasil.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite?

            O SR. ANÍBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Ouço com atenção o Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu quero me irmanar com a expressão de felicidade de V. Exª. Há cerca de quarenta minutos, conversei com o Presidente do Santos, Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, meu colega, amigo do Colégio São Luiz, de jogar futebol desde menino, e lhe transmiti a alegria de nós todos brasileiros, sejam os meninos, os rapazes, as pessoas de todas as idades. Fiquei pensando se o meu pai pudesse ter essa felicidade. Ele, que tanto apreciava ver os jogos, os gols de Pelé, que faleceu aos 80 anos, em 1977, pôde ver tantas vezes o Pelé jogar, no seu auge. Agora, todos nós estamos tão felizes. Outro dia o Governador Eduardo Campos relatou que seu filho disse que queria muito ir a São Paulo com ele. “Ah, então, você vai estar ali participando da juventude socialista do partido?” Ele falou: “Não. Eu vou ver o Neymar, porque ele vai jogar em São Paulo e vai ser uma oportunidade formidável para vê-lo”. Esse pequeno exemplo que o Governador contou mostra como os meninos, os rapazes de todo o Brasil, as pessoas de todas as idades estão apreciando ver esse formidável jogador. Ainda ontem, pela Rede Globo, pude ver a entrevista do Pelé em que ele expressou que, felizmente, o Neymar é como um jogador completo, pelo seu estado atlético, pela sua forma de se conduzir. Ele tem sido um exemplo do bom esportista para todos nós brasileiros. Então, quero me congratular com o seu pronunciamento. De fato, hoje, a decisão de Neymar tornou-se a principal notícia do dia. Ganhou as manchetes até em maior importância do que, por exemplo, a prisão de um líder do narcotráfico lá no Rio de Janeiro. Portanto, a boa notícia sobrepujou as notícias que não foram tão alvissareiras e, às vezes, até problemas tão graves quanto às questões relativas ao narcotráfico, ao crack e outras coisas que preocupam a todos nós brasileiros. Meus cumprimentos.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Senador Suplicy.

            Só reforçando tudo que V. Exª acaba de dizer, o Neymar, daquela idade, já entrou para a história com uma contribuição bastante importante, porque é o primeiro brasileiro jogando no Brasil a figurar entre os candidatos a melhor do mundo. Então, ele realmente é um garoto diferenciado, e acho que mais diferenciado ainda por sua capacidade de perceber que era possível fazer diferente: ao invés de ir para a Europa, ele decide ficar no Brasil. E, como disse, por isso foi notícia em muitos sites e jornais da Europa.

            Aqui diz:

            A renovação de contrato de Neymar com o Santos até 2014 repercutiu mundialmente em poucos minutos. Logo após o início da entrevista do Presidente do Santos, que confirmou o negócio, a notícia de que o jovem jogador ficaria no Brasil virou manchete nos principais jornais europeus, já que ele era especulado em diversos times do Velho Continente. Na Espanha, o jornal AS colocou como principal destaque da edição on-line o título "Santos anuncia que Neymar fica até 2014". Na notícia, eles lembram o interesse do Real Madrid pelo jogador e a frustração dos madrilenos por ele ter assinado a renovação. No mesmo país, o jornal Marca destacou a "surpresa" pela renovação e a futura parceria com o Banco do Brasil.

            O jovem astro santista era manchete também no site britânico Soccernet Os ingleses destacavam que o jogador interessava aos espanhóis Barcelona e Real, mas preferiu ficar na Vila Belmiro com um aumento de 50% nos salários. E também o jornal inglês Daily Mail exaltou a frustração do Chelsea e do Manchester City, especulados anteriormente como possível destino do jogador Neymar.

            O jornal português A Bola preferiu dar destaque ao valor do contrato, “que giraria em torno de 620 mil euros por mês”. Na Itália, o site do La Gazzetta dello Sport estampava uma declaração do empresário do jogador, Wagner Ribeiro, confirmando que ele ficará no Santos até a Copa de 2014.

            De tal maneira que rendo o meu tributo ao astro do Santos Futebol Clube, que faz história de maneira diferente, fazendo-se respeitar cada vez mais no Brasil e no exterior, ficando no Brasil e mostrando que é possível praticar o bom futebol e ganhar visibilidade no mundo estando no Brasil. Isso, para mim, é motivo de orgulho como amante do futebol e como brasileiro que sou.

            Cumprimento o Neymar e sinto-me absolutamente feliz com sua decisão acertada de permanecer no Brasil até 2014.

            Era isso que eu queria dizer, Sr. Presidente.

            Agradeço pela atenção e pela deferência de ter ficado na Presidência para ouvir o meu pronunciamento.