Discurso durante a 206ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do transcurso, hoje, do Dia Mundial do Diabetes.

Autor
Maria do Carmo Alves (DEM - Democratas/SE)
Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. LEGISLAÇÃO COMERCIAL.:
  • Registro do transcurso, hoje, do Dia Mundial do Diabetes.
Publicação
Publicação no DSF de 15/11/2011 - Página 47322
Assunto
Outros > SAUDE. LEGISLAÇÃO COMERCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, DIABETES, APREENSÃO, AUMENTO, INCIDENCIA, DOENÇA, POPULAÇÃO, CRIANÇA, IMPORTANCIA, EDUCAÇÃO, PREVENÇÃO, TRATAMENTO, PRATICA ESPORTIVA, OBJETIVO, QUALIDADE DE VIDA.
  • EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ASSUNTO, PROIBIÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, AMBITO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ALIMENTOS, EXCESSO, GORDURA ANIMAL, AÇUCAR, AUSENCIA, QUALIDADE, NUTRIÇÃO.

            A SRª MARIA DO CARMO ALVES (Bloco/DEM - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, hoje é comemorado o Dia Mundial do Diabetes, data instituída pelas Nações Unidas como resposta ao alarmante crescimento dessa doença, que mata uma pessoa a cada oito segundos, em todo o mundo.

            O Diabetes Mellitus é um distúrbio causado pela ausência ou insuficiência de insulina produzida pelo organismo, resultando no aumento de açúcar ou glicose no sangue. Ele está entre as principais causas de morte no mundo e estima-se que alcançará 350 milhões de pessoas até 2025.

            O envelhecimento da população, o processo crescente de urbanização e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis, característicos da sociedade moderna - como dietas inadequadas, sedentarismo e obesidade -, são alguns responsáveis pelo aumento persistente da incidência de diabetes.

            Gostaria de ressaltar, Senhoras e Senhores, que essa doença já se configura hoje como uma epidemia mundial, com altíssimos custos humanos, sociais e econômicos.

            Suas conseqüências são terríveis: redução média da expectativa de vida em 15 anos, para o portador do diabetes tipo 1, e entre 5 e 7 anos, para o portador do tipo 2; É a causa mais comum de cegueira irreversível, de doença renal crônica terminal e de amputações dos membros inferiores, sem que estes tenham sofrido trauma; Tornam de duas a quatro vezes maiores os riscos de desenvolver doença cardiovascular e acidente vascular cerebral; E, em mulheres, é responsável por grande parte do número de mortalidade materna e de partos prematuros registrados.

            Além do sofrimento que traz para o doente e sua família, é grande o impacto da diabetes sobre os serviços de saúde, seja pelos custos gerados pelo tratamento ou pelas complicações acarretadas pela enfermidade, como as cirurgias para amputações, a diálise por insuficiência renal e as doenças cardiovasculares. Para se ter uma idéia da amplitude, a diabetes, associada à hipertensão arterial, responde como principal causa de mortalidade, de hospitalizações e de amputações de membros inferiores, e, ainda, representa 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica, submetidos à diálise.

            Os custos diretos para atendimento ao diabetes variam, mundialmente, de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde, o que faz a educação e a prevenção serem partes fundamentais das políticas públicas, no controle e combate da doença. Por outro lado, a diabetes gera também grande impacto sobre a Previdência Social, no que diz respeito ao pagamento de auxílio doença, aposentadorias precoces e pensões, dada a alta morbi-mortalidade que se dá em plena vida produtiva das pessoas.

            No Brasil, estima-se que mais de 10 milhões sejam portadoras de diabetes dos tipos 1 ou 2 e que 50% delas não saiba que possui a doença e que pode efetivamente controlá-la, valendo-se de medicamentos, dietas específicas e exercício regulares. O número de pessoas em situação pré-diabetes também é alto. Essas pessoas apresentam níveis de glicose maiores que o normal, não o suficiente para que sejam diagnosticadas como diabéticas, mas como predispostas a desenvolver a do tipo 2, doença cardíaca e derrame.

            Um aspecto preocupante é o aumento da incidência de diabetes em crianças. O diabetes do tipo 1 cresce cerca de 3% ao ano em crianças na fase pré-escolar, mas o diabetes tipo 2, antes tido como uma doença de adultos, vem crescendo em taxas alarmantes entre crianças e adolescentes, resultante de má alimentação, obesidade e hábitos de vida sedentários.

            Recentemente relatei o PLS do Senador Sérgio Zambiasi, aprovado terminativamente pela Comissão de Educação, que proíbe a propaganda e o comércio de alimentos com altos teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre, sal e bebidas de baixo valor nutricional, em escolas das redes públicas e privadas. Esse foi um passo importantíssimo dado pelo Senado Federal, que, espero, seja referendado pela Câmara dos Deputados, para formação de hábitos alimentares mais saudáveis entre crianças e adolescentes. Porque não é coerente ouvir sobre alimentação saudável na aula de ciências e ter uma prática divergente na cantina do colégio. É preciso não só orientar, mas criar as condições adequadas às mudanças de atitude, que podem livrar as crianças dessas e de outras doenças associadas à prática alimentar inadequada.

            A educação em diabetes é uma das principais ferramentas para controlar e conter a doença. Saber como ela se processa no organismo, como lidar com ela no dia-a-dia, quais as mudanças alimentares e de hábitos exigidas, são informações necessárias a doentes, familiares e cuidadores. De acordo com levantamento recente, realizado com 6,7 mil diabéticos, em 10 cidades brasileiras, constatou-se que 75% dos entrevistados não faziam controle adequado da doença.

            O controle depende de várias práticas que a pessoa precisa incorporar à sua rotina, entre elas, a monitorização diária da glicemia, que é a taxa de açúcar no sangue, uma alimentação adequada, a prática regular de exercícios físicos, o uso adequado do medicamento oral e o preparo e a aplicação corretos da insulina.

            É preciso sensibilizar a população de risco e os já diabéticos para a importância do controle da doença e sobre cuidados fundamentais para prevenir complicações agudas e crônicas, como problemas cardiovasculares, perda gradativa da visão, ferimentos nos pés, problemas renais, entre outras condições debilitantes, assegurando melhor qualidade de vida no convívio com essa enfermidade.

            Os pré-diabetes, em especial, podem prevenir ou retardar o aparecimento da doença mudando o estilo de vida. A incidência de diabetes consegue ser reduzida em cerca de 58%, considerada a diminuição de 5 a 10% do peso corporal, aumento da atividade física regular, aumento da ingestão de fibras e restrição às gorduras.

            É preciso esclarecer a população sobre os riscos e as possibilidades de tratamento e, principalmente, é preciso conscientizar e estimular as pessoas a buscarem o diagnóstico precoce, participando do rastreamento realizado com o teste de glicemia, serviço já oferecido nos postos e centros de saúde.

            Era o alerta que tinha a fazer, Senhor Presidente,

            Obrigada


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/11/2011 - Página 47322