Discurso durante a 207ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio da apresentação, pelo PSDB, de representação contra o Ministro de Estado do Trabalho, Carlos Lupi, à Procuradoria-Geral da República.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Anúncio da apresentação, pelo PSDB, de representação contra o Ministro de Estado do Trabalho, Carlos Lupi, à Procuradoria-Geral da República.
Publicação
Publicação no DSF de 17/11/2011 - Página 47495
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ENTRADA, REPRESENTAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), OBJETIVO, SOLICITAÇÃO, ABERTURA, INVESTIGAÇÃO, PEDIDO, PERDA, CARGO, CARLOS LUPI, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TRABALHO (MTB), MOTIVO, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, NECESSIDADE, ORADOR, ALTERAÇÃO, MODELO, ESCOLHA, MINISTRO.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a exemplo do pronunciamento da Senadora Ana Amélia, destaco também a aprovação, na manhã de hoje, de requerimentos visando ouvir o Ministro Carlos Lupi, já que a cada aparição sua, a cada manifestação, a cada explicação, se complica mais e se desmoraliza, perdendo autoridade política e moral de continuar no cargo.

            A sua permanência no governo significa um ato de omissão da Presidência da República, mais do que omissão, de conivência, mais do que conivência, de cumplicidade. Certamente, o desgaste político é inevitável.

            Além das irregularidades denunciadas, que passam por cobrança de propinas, utilização de avião e a utilização também de diárias frias, o Ministro, de forma atabalhoada, na Câmara dos Deputados, como um boquirroto despreparado, faltou com a verdade e insultou o Congresso Nacional e a sociedade brasileira. Esse insulto não pode ficar sem reparação. Ficou comprovado que o Ministro mentiu, e a mentira oficial é crime de responsabilidade.

            Por essa razão, Srª Presidente, estamos protocolando logo mais, às 16h30min, na Procuradoria-Geral da República, mais uma representação assinada também pelo Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, o Deputado Duarte Nogueira.

            A justificativa.

            Em face dos fragrantes indícios da prática do crime de responsabilidade, compete ao Supremo Tribunal Federal, com exclusividade, a apuração das infrações descritas, conforme jurisprudência daquele próprio Egrégio. Diz a jurisprudência:

O processo de impeachment dos Ministros de Estado, por crimes de responsabilidade autônomos, não conexos com infrações da mesma natureza do Presidente da República, ostenta caráter jurisdicional, devendo ser instruído e julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

            Em razão da jurisprudência, “por serem as infrações descritas nesta representação passíveis de ação penal pública, detêm os Parlamentares a legitimidade de solicitar as providências legais junto à Procuradoria Geral da República”.

            E é o que estamos fazendo. Qual o pedido? Diante do que expusemos nesta representação, e que constará dos Anais da Casa, estamos solicitando ao Procurador Geral da República:

            1) A solicitação de abertura de investigação, perante o Supremo Tribunal Federal, em face dos crimes de responsabilidade imputados ao Ministro de Estado.

            2) O pedido de perda do cargo e suspensão dos direitos políticos do investigado.

            3) A apuração de outras infrações penais conexas ao crime de responsabilidade.

            Esta é, Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a representação que o nosso partido protocola, agora, às 16h30min, na Procuradoria Geral da República. O que pretendemos com isso? Cumprir o nosso dever, adotando os mecanismos que estão disponíveis para uma minoria limitada numericamente no Congresso Nacional. É evidente que o ideal seria a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito, que apresentasse o diagnóstico das falcatruas existentes, praticadas nos últimos anos impunemente, com a banalização da corrupção, um perverso desserviço que se prestou ao Brasil nestes últimos nove anos.

            A comissão parlamentar de inquérito apresentaria o diagnóstico, Senador Flexa, da corrupção que há em várias áreas da Administração Federal, direta, indireta, autárquica e fundacional. Desde o escândalo do mensalão, são tantos os escândalos que nos acostumamos a eles, transformaram-se em rotina, no dia a dia da vida pública neste País.

            E nós temos o dever de inverter essa lógica dramática para um País que perde, segundo a Transparência Internacional, 70 bilhões de reais por ano com a corrupção aqui praticada.

            É claro que há um modelo que tem que ser destruído. O itinerário nós já conhecemos. Os Ministros são denunciados, se defendem, tentam se explicar, comparecem ao Congresso, têm a Presidente da República como advogada de defesa, a advocacia é mal sucedida, ao final perde-se a causa, o Ministro sucumbe diante da pressão dos órgãos de imprensa do País, que veiculam as denúncias, fatos novos que se sucedem e são relevantes, obrigando a renúncia do Ministro.

            O desdobramento também é uma rotina que tem de ser combatida. O modelo não é destruído, é preservado! A indicação do ministro não passa pelos critérios da competência, da qualificação técnica e da probidade. A indicação dos ministros passa pelo critério da compensação pelo apoio. Trata-se de premiar os partidos políticos que sustentam politicamente o Governo no Congresso Nacional, integrando a base de apoio, aprovando todas as medidas propostas pelo Executivo e impedindo que a Oposição minoritária possa investigar denúncias de corrupção no Governo.

            É o loteamento dos cargos que, como tenho dito, trata-se da instituição de capitanias hereditárias da modernidade que tem os seus donatários, donatários que são siglas partidárias que, adonando-se delas, tornam-se obviamente produtores de escândalos de corrupção.

            É um modelo que fabrica o escândalo, é um modelo que torna o governo perdulário, já que foi obrigado a ampliar as suas estruturas, criar ministérios, diretorias, departamentos, secretarias e cargos comissionados para contemplar o apetite fisiológico daqueles que o apoiam e exigem a moeda de troca.

            Portanto, Srª Presidente, não basta trocar esse ou aquele ministro. É preciso mudar o modelo, é preciso realizar uma grande reforma administrativa para reduzir os gastos correntes, diminuir o espaço da corrupção e recuperar a capacidade de investir do Estado brasileiro. É preciso destruir o aparelhamento do Estado para torná-lo mais eficiente. Esse perverso aparelhamento puxa para baixo a qualidade da gestão e abre as portas para a corrupção.

            Presidente Sarney, este é o nosso objetivo: insistir, persistir teimosamente, apelar para que a Presidente Dilma dê rumos ao seu Governo, outros rumos, percorra outros caminhos, os caminhos da eficiência administrativa, da transparência e do respeito à sociedade brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/11/2011 - Página 47495