Discurso durante a 207ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do avanço do desenvolvimento do Estado do Piauí nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, entre os anos 2000 e 2009, consoante estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); e outros assuntos. (como Líder)

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO FEDERAL.:
  • Registro do avanço do desenvolvimento do Estado do Piauí nas áreas de educação, saúde, emprego e renda, entre os anos 2000 e 2009, consoante estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); e outros assuntos. (como Líder)
Aparteantes
Lindbergh Farias.
Publicação
Publicação no DSF de 17/11/2011 - Página 47543
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO FEDERAL.
Indexação
  • REGISTRO, CRESCIMENTO, ESTADO DO PIAUI (PI), AREA, EDUCAÇÃO, SAUDE, EMPREGO, DIVULGAÇÃO, FEDERAÇÃO, INDUSTRIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, ATUAÇÃO, ORADOR, MELHORAMENTO, REGIÃO.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero saudar V. Exª e sempre que tenho oportunidade de fazê-lo amplia-se a minha admiração pelo trabalho que V. Exª faz, representando tão bem o nosso glorioso Estado e povo do Acre.

            Presidente Anibal Diniz, meu companheiro Senador, que preside esta sessão, Senador Inácio Arruda, Senador Lindbergh, Senado Paulo Bauer, que fez aqui esse belo registro do nosso grande poeta Cruz e Sousa. Eu queria, na semana passada, fazer um pronunciamento no calor da divulgação e não pude, mas quero registrar aqui o meu carinho.

            Completou 90 anos, no Piauí, uma figura extraordinária, uma musicista. Toca bandolim, meu querido Inácio Arruda, a Dª Petinha, que é de um grupo musical que marca história no meu Estado. São senhoras que colocaram o seu talento à disposição de uma escola de bandolim, na minha querida Oeiras, e todo o Piauí comemora, festeja a Dª Petinha, cabelo branco, essa figura mansa.

            Teve oportunidade de apresentar-se no Palácio do Planalto para o Presidente Lula; já esteve nos representando na Argentina, no Chile.

            Aqui também o abraço do meu querido Inácio Arruda e o do povo do Ceará; um abraço, tenho certeza, de todo o povo brasileiro, especialmente do Estado do Piauí à Dª Petinha por mais um aniversário; e a todos os que fazem o grupo musical que chamo As Meninas do Bandolim. Na verdade, nem posso mais chamar assim, porque já está compondo o grupo uma nova geração. São estudantes, são jovens que, há pouco tempo, compõem essa equipe.

            Eu queria, naquela oportunidade, ter feito um pronunciamento que demonstraria o avanço no desenvolvimento do Estado do Piauí, na educação, na saúde, no emprego e na renda. Trata-se da divulgação de um trabalho excepcional, que começou em 2000 pela Federação da Indústria, meu querido Lindbergh, do Rio de Janeiro, a Firjan, que criou um indicador, que é o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, que faz, a partir daí, um retrato mais adequado do quadro do desenvolvimento do Brasil. Por quê?

            Por exemplo, normalmente o IBGE, o Ipea, que também são importantes órgãos do nosso País nessa área das pesquisas, fazem um levantamento do PIB, por exemplo. Às vezes, existe ali uma cidade que tem uma grande fábrica, que tem uma grande reserva mineral, que tem alguma riqueza especial, grandes indústrias, e tem uma economia muito concentrada naquela cidade. Pela forma como a Firjan trabalha, ela considera, com base no IDH, indicadores de educação mais completos, indicadores da expectativa de vida, da saúde de forma mais completa e, principalmente, na área do emprego e da renda. Utiliza não só a renda, mas o aspecto do emprego.

            Vejam, no último levantamento, estudando a década passada, o Piauí se destaca como o segundo maior crescimento no Brasil, mais precisamente, na série histórica começada no ano 2000 até o ano de 2009, e, tenho certeza, isso se repete em 2010. Então, vejam, ficando na frente de vários Estados brasileiros, com crescimento excepcional em Municípios destacados como Curral Novo, o que mais se destacou no Brasil no crescimento indicador na área de educação; outros, na área de saúde e outros na área da renda.

            Então, dou como lido este texto em que trato exatamente da melhora desses indicadores.

            Nosso Estado foi um dos que alcançaram um dos mais elevados índices de crescimento na última década. Digo isso com o orgulho de, nesse período, ter contribuído como Governador do meu Estado, entre 2003 e março de 2010, e que prossegue com o Governador Wilson Martins, que tive o privilégio de ter como Vice-Governador, eleito Governador, a quem acompanho em importantes projetos destacados em nosso Estado.

            Bem, mas eu queria, Sr. Presidente, dar como lido este texto, para que seja registrado nos Anais desta Casa e que seja divulgado.

            Destaco, aqui, que estive em uma viagem. Saí de Teresina, fui a Valença do Piauí, acompanhando o Governador, inaugurando uma estrada de Inhuma a São José do Piauí, um corredor de produção de mel, de caju, enfim, na região da grande Picos. De lá, fui a Porto Nacional, no Tocantins, na sua região Norte. Estive ali para participar de um evento, meu querido Lindbergh, da maior importância: os jogos indígenas brasileiros e para participar do fórum indígena brasileiro, o fórum social. Assim como tínhamos grande carinho e admiração pelo Fórum Social de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, esse evento tem também um fórum social, em que eles fazem um debate.

            Ali, havia a presença de 38 etnias. Destaco, aqui, o carinho com que fui recebido por todos os companheiros do Partido dos Trabalhadores. Destaco aqui o ex-Prefeito de lá de Porto Nacional, ex-Deputado Federal Paulo Mourão. Em nome dele, meu agradecimento a toda a equipe do Município do Estado, a toda a equipe do Governo Federal, com quem estive ali. O ex-Governador Marcelo Miranda fez a gentileza de tomar um café comigo antes de eu voltar ao Piauí.

            Pois bem, quero fazer o registro desse evento, porque me espanta o fato de ele não ser considerado um dos mais importantes do nosso País. Primeiro, pelos jogos em si, pelo encontro em si, pela presença de 1.400 índios e índias dos nossos povos primitivos de 38 etnias de todas as regiões do Brasil. Ali estiveram presentes o novo Ministro Aldo Rebelo, dos Esportes, e a representação de assessores de alguns Ministérios.

            Pois bem, o que eu destaco? Primeiro, o encontro que por si só fez com que houvesse a integração de algumas tribos, nações indígenas que não tinham contato com a chamada geração da civilização branca; índios que há 8 anos fizeram o primeiro contato. Olhando a história, as inscrições rupestres lá da Serra da Capivara, de Sete Cidades ou de outras regiões do Brasil, que datam de 9.050 anos - às vezes, alguns estudos apontam até mais -, vejo a importância de haver ali, pela primeira vez, o contato de uma população, realizado já na última década, neste séc. XXI.

            Pois bem, esses jogos trazem a tradição original dos povos, das origens, como a corrida com toras, por exemplo. Eu quero dizer que tentei levantar uma tora de 80 quilos e não consegui. E eles fazem aquilo com a maior tranquilidade. Jovens índios orientavam as novas gerações na apresentação com arco e flecha, na natação, na corrida, nos seus cantos, nas suas danças. Enfim, tudo isso me deixou cheio de emoção.

            O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT - AC) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - Pois não.

            O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT - AC) - É que essa modalidade de esporte não era praticada na aldeia de V. Exª.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - É verdade, é verdade!

            Veja, eu sou descendente de índio, mas, humildemente, devo dizer, aliás, para registrar em primeiro lugar, que não me sinto à altura de representar esse povo maravilhoso que é responsável pela primeira parte da história da terra Brasil.

            Veja, Senador Anibal, ali, eu pude perceber o quanto nós, brasileiros, estamos despreparados para lidar com os índios. Eu, muitas vezes, fazia críticas em relação aos governos, mas vou além: eu acho que nós, brasileiros, todos os brasileiros, descendentes de europeus, ou de africanos, ou de asiáticos, ou mesmo descendentes dos índios, como eu, não estamos devidamente preparados para lidar com eles.

            O que é preciso dizer aqui: na verdade, nós temos tribos nações que se organizam na prática como um país dentro do nosso País. Eles têm uma língua própria, eles têm uma cultura própria, eles têm regras de gestão, têm o seu presidente ou governador, que é o cacique ou comandante. Aliás, há presença de muitas mulheres, o que me causou muita admiração, no comando de tribos. Ou seja, além de a Presidente Dilma estar governando o Brasil, percebi que essa força das mulheres também chega às nações indígenas e a diversas tribos.

            Pode-se perceber ali uma cultura completamente distinta na alimentação, na forma como moram, onde vivem, nos seus costumes, enfim.

            Então, a que isso nos remete? À necessidade de, ao tratar das questões indígenas, respeitar tudo isso, assim como o Brasil, quando cuida de dar apoio a um país como o Uruguai, o Paraguai, enfim, em que temos que ter respeito à cultura desses países.

            Queremos ajudá-los? Queremos. É na área da agricultura? É na área vinculada à tecnologia? É na educação? Mas ali nós respeitamos e observamos a história daquele povo.

            Então, penso que, mesmo sendo todos nós um mesmo País, isso é importante, porque, apesar dessa forma de organização, é um povo da paz, um povo pacífico, um povo que, mais do que qualquer um de nós, é brasileiro; sente-se realmente um nativo, linkado com essa terra Brasil.

            Então, vejam que, ali, eu tive o privilégio de ir, a convite deles. Destaco aqui o Marcos Terena, o Carlos Terena, duas pessoas excepcionais que, mesmo tendo vindo para as faculdades, feito mestrado e especialização, retornam às suas origens, assim como cerca de - estima-se - duas mil pessoas da população indígena, que têm uma formação de pós-graduação e são os nossos aborígenes.

            Destaco ainda que, ali, fui convidado para uma reunião com um conjunto dos caciques, dos comandantes de cada tribo das mais diferentes etnias. Tive a oportunidade de ouvir, e, a partir desse diálogo, eles apresentaram uma pauta. É essa pauta que trago hoje ao Senado Federal e que quero apresentar às diferentes autoridades.

            Para uma delas, meu querido Lindbergh, vou precisar muito de V. Exª, do Governador Sérgio Cabral: Rio+20. O que eles pedem? A oportunidade de, na agenda Rio+20, poderem ter espaço para fazer uma apresentação da sua cultura e do esporte, ou seja, para que as pessoas do Planeta que venham ao Brasil possam discutir a pauta ambiental. Que, ao olhar o Planeta, possam conhecer uma cultura preservada no Brasil dos nossos povos: as suas danças, seu artesanato, suas tradições, suas vestes, seu ritmo, sua musicalidade e também a parte do esporte.

            Penso que é uma pauta muito fácil de tratarmos com o comitê e de buscarmos acrescentar.

            A segunda é uma pauta mais complexa, mas também a considero da maior importância. Assim como o Brasil realiza os jogos indígenas nacionais, eles pleiteiam que o Brasil possa liderar e, quem sabe, sediar a realização dos jogos indígenas mundiais, ou seja, que tenhamos os aborígenes, as populações originais de todos os continentes presentes e praticando o esporte que é da sua própria cultura. Influenciados pela colonização principalmente europeia, nós, hoje, praticamos no mundo todo o futebol, o voleibol, o basquete e tantos outros, mas certamente é preciso valorizar as origens dos povos de todas as partes da Terra, que habitam todos os continentes da Terra. Considero essa uma pauta muito importante.

            Vamos tratar disso com o Ministro do Esporte, com o Ministro das Relações Exteriores, enfim, para que possa haver uma delegação que encaminhe com os outros países essa oportunidade.

            Uma pauta na área da saúde, que temos que tratar com os Municípios, com os governos estaduais e com o Governo Federal. Em relação à área da educação, a pauta que eles colocam, no meio de tantas coisas que têm, digo: vamos ter que começar de algum lugar. Por onde começar? E ali eles colocam uma coisa simples que temos como resolver agora.

            Nós estamos discutindo, aqui, o Plano Nacional da Educação, o Plano Decenal, em que vamos planejar o que o Brasil quer para a área da educação. O que eles estão pedindo? Que seja respeitada a sua cultura, a sua língua, que, nas suas escolas, a exemplo dos surdos, a sua língua seja a primeira língua. É o tupi, é o guarani, é outra língua? Então, que, ali, aquela língua seja respeitada. Assim como respeitamos a dos japoneses, a dos chineses e outras, como não conservar essa riqueza da língua original, até para que possamos entender melhor o Brasil?

            Creio que esse é um ponto do qual podemos já tratar aqui, na votação do Plano Decenal de Educação. Já tratei disso com o Ministro Fernando Haddad, que se sentiu muito motivado nessa direção.

            Ainda há a criação da universidade do índio.

            Aqui remeto ao Presidente Lula o abraço de todo o povo do Piauí e, tenho certeza, de todo o povo brasileiro, neste momento de grande força e energia em que ele vive com sua família e D. Marisa.

            Todos nós acompanhamos e externamos nossas orações a Deus para que ele saia vitorioso como em tantas outras coisas em sua vida.

            Quero aqui dizer que o Presidente Lula criou, e eu visitei, no Paraná, a universidade que representa exatamente essa cultura da América, também mais recentemente, a universidade em São Paulo que trata da cultura afrodescendente. Como não ter a universidade dos primeiros povos do nosso Brasil? A universidade dos índios? E fui além. Eu disse, além da universidade, também o ensino técnico. Ou seja, onde o médico formado em uma dessas universidades leve em conta o conhecimento, a cultura e a tradição indígena; onde o agrônomo, o agricultor ou qualquer profissional possa ter respeitado, no seu conhecimento, exatamente a tradição indígena.

            Quero acreditar que isso facilita essa integração e essa relação com os povos indígenas. A arquitetura indígena, a parte de alimentação, enfim, tudo deve ser respeitado. Acho que a educação é fundamental. E isso também pode ser tratado nessa área.

            Destaco aqui ainda outro ponto de pauta, meu querido Senador Lindbergh Farias, meu querido Senador Anibal Diniz, este mais polêmico, mas penso que teremos que ter a coragem de fazer.

            Por conta da forma como o Brasil trabalha com os índios, não os considerando descendentes, hoje temos cerca de 800 a 900 mil índios e índias espalhados pelo Brasil. Destes, aproximadamente 500 ou 600 mil são eleitores. Resultado, Senador Lindbergh Farias, não há nenhum índio, que vive a cultura dos índios, representando-os na Câmara dos Deputados. Olho o Senado e vejo que é majoritário, é mais complexo. Mas a Câmara dos Deputados representa o povo. Temos a presença das mulheres, uma luta cada vez mais vitoriosa; temos a representação dos afrodescendentes, a representação dos asiáticos, dos europeus descendentes e não temos a representação dos índios. Por quê? Porque estão espalhados em muitas regiões do Brasil.

            Então, vejam, há necessidade de um mecanismo que permita assegurar, pelo menos num primeiro momento, a representação dos povos indígenas nesta Casa. Penso - e vamos estudar isso - que devemos ter uma cota especial na Câmara ...

(Interrupção no som.)

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - ...para que tenhamos essa representação. Então, é um tema da maior importância para o nosso País.

            Concedo já um aparte a V. Exª, quero apenas mostrar a delicadeza desse tema e a importância de encontrarmos o caminho certo. Eles reconhecem o papel do governo do Presidente Lula nos avanços, nas melhorias. No entanto, é preciso chamar atenção para o que acontece na Funai.

            Há mais ou menos 25 anos, fiz os primeiros contatos com o movimento organizado indígena. Em todas as pautas, aparece a reivindicação de se tirar o presidente da Funai. Tenho refletido muito sobre isso. Fico imaginando, meu querido Lindbergh, um homem na Secretaria da Mulher! Usando uma expressão nordestina, fico imaginando o rebuliço que isso daria! Fico imaginando um branco na Secretaria da Igualdade Racial, a confusão que isso daria! Pois bem, estamos no séc. XXI, no fim do ano 2011, e nunca um índio pôde ocupar a direção da Funai, e nós temos índios com doutorado, com mestrado, com formação superior nas mais diferentes áreas. Portanto, não há explicação para o Brasil não reconhecer isso. Há pessoas legitimadas, pessoas ligadas a partidos, pessoas que têm compromissos com projetos, mas, principalmente, compromissos com seu povo.

            Então, não se trata de quem é o atual presidente - meu grande companheiro e amigo Márcio Meira -, mas da tese. Precisamos refletir urgentemente sobre esse tema. Acho que, nesta Casa, nós devemos...

(Interrupção no som.)

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - …Presidente Dilma, com a delicadeza de um tema como este, mas com a força de perceber - estou convencido disso - que precisamos ter alguém que tenha no sangue, nas veias, na cabeça, na cultura, na história, a legitimidade desses povos para que possamos caminhar acertadamente nessa direção. Eu acredito nisso e acho que precisamos caminhar nesse sentido.

            Com o maior prazer, se o Presidente permitir, concedo um aparte ao Senador Lindbergh Farias.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Eu quero parabenizar V. Exª pelo discurso. Acho que V. Exª pode ser um grande interlocutor - já é! -, sem sombra de dúvida, da causa indígena aqui no Parlamento, no Governo Federal. Eu só faço este aparte ao final, não querendo desviá-lo de um assunto tão importante como esse, para parabenizar V. Exª. Eu vi hoje uma matéria - viu, Senador Anibal, que está presidindo a sessão -, depois desses debates acalorados sobre os royalties, e eu liguei para o Senador Wellington Dias e faço o aparte no final, porque não quero desviá-lo do tema, saiu hoje no jornal Valor Econômico, na segunda página: “Cresce disputa por blocos de exploração de petróleo e gás no Piauí e Maranhão”.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - É verdade.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - O Piauí de V. Exª vai virar um grande produtor de petróleo e gás. Só um pequeno trecho - quero parabenizá-lo, porque essa é uma grande descoberta para o Estado.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - Obrigado.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) -

A 11ª Rodada de Licitação de Blocos Exploratórios, da ANP, nem foi aprovada e já existe uma disputa acirrada por blocos que podem ser ofertados na bacia do Parnaíba, nos Estados do Piauí e Maranhão. A partir de resultados levantados pela agência reguladora sobre a região, e das descobertas divulgadas pela empresa OGX, a ANP sugeriu a licitação de 20 blocos no próximo leilão (...)

            E aqui fala bastante sobre o tema. A Diretora Magda fala dos estudos no Piauí. “A OGX apresentou à ANP, em maio deste ano, duas declarações sobre o potencial de comercialização de gás natural do bloco PN-T-68, na bacia do Parnaíba.” Então, quero cumprimentar V. Exª, acho que essa é uma notícia que vai ter um grande impacto no Estado do Piauí, no Estado do Maranhão, e eu tenho certeza de que nesse debate, na verdade, nós vamos ter, no futuro, tantos Estados produtores confrontantes, esse desenho vai ser modificado. Mas eu queria aqui fazer essa saudação a V. Exª, que foi governador, com certeza o será também no futuro, e a todo o Estado do Piauí.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - Eu é que agradeço. Agradeço e ainda conto uma breve história.

            No começo do mandato, aliás, eu ainda era candidato quando um cidadão de quase cem anos de idade me mostrou, me entregou estudos e disse: “Olha, no seu Estado tem gás e petróleo”. E eu fui à Petrobras, eu fui ao ministério, e ninguém localizava. Um dia ele me levou. E aí eu levei ao Presidente Lula e aí encontraram. E, com base nisso, nós conseguimos R$80 milhões. A Drª Magda, o Haroldo Lima, o Alexandre, anterior, enfim, da ANP fizeram o maior investimento de pesquisa individualizada lá na bacia do Parnaíba. Nós temos uma Bolívia em gás - uma Bolívia, em gás, é o que se estima - ali naquela área. E temos petróleo no mar. E aí V. Exª me permita...

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Então prudência no debate.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - E é por isso que tenho muita legitimidade para defender a posição que defendo. Não se trata, verdadeiramente, de uma posição, em nenhum momento, do povo do meu Estado, do Nordeste, do Brasil contra o Rio de Janeiro. Não, se trata de olhar o Brasil de forma democrática para todo o futuro.

            Então, Sr. Presidente, para encerrar, sou grato pela tolerância de V. Exª, um homem da região Norte, quero aqui dizer que esta fala não vai ser só um discurso. Primeiro, nós vamos criar um grupo de trabalho com a representação dos Estados que tem tribos, que tem nações, que tem etnias indígenas diferentes, o Acre é uma delas, nós vamos dialogar com os governadores, nós vamos dialogar com a Presidenta, com seus ministros e vamos fazer valer essa pauta. Eu acho que é um dever, como brasileiro, independente da situação de nosso Estado, nós temos compromisso e obrigação com esses homens e mulheres.

            É vergonhoso encerrar dizendo que 90% da população indígena ainda vivem na miséria. E isso o Brasil tem que superar, e tenho certeza de que por isso vamos trabalhar juntos.

            Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. WELLINGTON DIAS

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            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Piauí avança em Educação, Saúde, Emprego e Renda.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, tenho muito orgulho do meu Estado, Piauí. Tenho muito orgulho do quanto avançamos até agora e tenho muito orgulho dos piauienses que continuam trabalhando para que avancemos ainda mais.

            Hoje vou aproveitar meu discurso para tratar de uma ótima notícia: o Piauí foi o segundo estado do Brasil que mais progrediu em Educação, Saúde, Emprego e Renda, entre os anos 2000 e 2009, segundo estudo da FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

            Nos últimos 8 anos, a variação positiva do Piauí foi de 33,1%, ficando atrás somente do Tocantins, que cresceu 36,7%. O terceiro melhor desempenho ficou com o Ceará, seguido da Bahia, Mato Grosso, Amazonas, Sergipe e Paraná.

            No passado, por muitas décadas o estado esteve entre os lanternas nos rankings de indicadores de desenvolvimento social. A mudança de status nesta década, no entanto, é respeitável. No primeiro relatório, o Piauí ocupava 24ª posição. De lá para cá, galgou quatro degraus e encontra-se na 20ª posição.

            Essa pesquisa sobre desenvolvimento é feita pela FIRJAN desde o ano 2000, quando foi criado o índice de Desenvolvimento Municipal que acompanha a evolução dos 5.564 municípios de todo o Brasil nos Estados e no Distrito Federal.

            O estudo tem periodicidade anual e é baseado em dados das próprias prefeituras, remetidos ao Governo Federal.

            Sr. Presidente, no primeiro ano em que foí feito o estudo da FIRJAN, em 2000, o Piauí ocupava a 24ª posição do país, ficando na frente apenas do Amazonas e Alagoas.

            Nosso Piauí ainda tem muito trabalho pela frente. Mas, podemos comemorar que somos agora o 20° estado do Brasil em desenvolvimento em Educação, Saúde, Emprego e Renda, ficando na frente de estados como Paraíba, Acre, Amazonas, Maranhão, Amapá, Pará e Alagoas. Sabemos que ainda há um longo caminho a trilhar. E estamos fazendo nossa parte para melhorar cada vez esses índices.

            O resultado de 2011 é fruto do desenvolvimento que alcançamos com a implementação de políticas públicas sérias e eficazes nas áreas de educação, saúde, criação de emprego e distribuição de renda, principalmente no período em que o PT esteve à frente tanto do Piauí quanto do Brasil

            Pelo estudo da FIRJAN, o índice do Piauí em desenvolvimento na Educação, Saúde, Emprego e Renda, que no ano 2000 era 0,48, agora saltou para 0,65, bem próximo de Roraima (0,65) e Bahia (0,65), que ocupam as 18ª e 19ª posições respectivamente.

            Todo esse avanço é reflexo dos investimentos que fizemos, eu à frente do governo do Piauí durante dois mandatos, e o presidente Lula, à frente do Brasil também durante esses últimos 8 anos, para mudar a realidade do Piauí, do Brasil e do povo brasileiro.

            Nossa Presidenta Dilma Rousseff continua essas importantes políticas que levarão o Brasil e meu estado, Sr. Presidente, cada vez mais pra frente.

            Políticas do governo federal, como a criação do FUNDEB, a universalização do ensino médio, a redução da mortalidade infantil e a distribuição de renda através dos programas sociais foram determinantes para a mudança dos índices em favor do Piauí.

            Nós, no governo do Estado, também investimos nessas áreas fundamentais com afinco: criamos um programa de cursinhos populares que ajudou a escola pública a avançar muito com o ingresso de cada vez mais alunos das universidades públicas; também investimos em um programa do livro didático gratuito até o Ensino Médio; na área de saúde, nos destacamos por investimentos e programas para os dependentes químicos, implantação do teste da orelhinha e pezinho, além da construção de várias Unidades Básicas de Saúde por todo o Estado; o Piauí também se destaca nacionalmente pela criação da SEID, uma secretaria especial para o tratamento e a inclusão das pessoas com deficiência; na área de emprego e renda, investimos muito na construção de casas populares, o que gerou muitos empregos na construção civil, além dos incentivos para a economia solidária, hortas comunitárias, cooperativas para peixe, caju e mel; também tivemos o cuidado de criar uma área específica para gerir o Bolsa Família com cadastramento e fiscalização igualitária em todo o Piauí.

            Senhoras senadoras, senhores senadores, o documento da FIRJAN aponta ainda que entre 2000 e 2009, o desenvolvimento do índice da educação do Estado do Piauí foi incrementado em 50,9%, saltando do índice 0,4363 no ano 2000 para 0,6584 em 2009. Com essa variação, o Piauí foi o 3º Estado do Brasil que mais avançou em educação, ficando atrás somente do Amazonas e do Tocantins.

            Em 2000 o Piauí ocupava a 23ª posição entre todos os estados e o Distrito Federal. Agora é 17° no quesito educação. Com relação à Saúde, o Piauí apresentou o 2o melhor desempenho do Brasil nos últimos 8 anos, com uma variação positiva de 28,9%, ficando atrás somente da Paraíba.

            Em 2000 o índice do Piauí medido pela FIRJAN de desenvolvimento na saúde era de 0,58 ou a 23ª posição entre todos os estados e o Distrito Federal. Com o crescimento, em 2009 o índice do meu estado chegou a 0,75, alcançando a 16ª posição entre todos os estados.

            No quesito emprego e renda em 2000 o Piauí, segundo o índice Firjan, ocupava a 22ª posição, com o índice 0,44. Nos últimos oito anos, o incremento nessa área foi de 21%. Com isso, o novo índice do Piauí passou para 0,53 e o estado agora é o 20° em geração de emprego e renda.

            Os números mostram, Sr. Presidente, o resultado benéfico de um projeto de desenvolvimento contínuo que atendeu e continua atendendo às necessidades da população de forma global, envolvendo e integrando os setores básicos da educação, saúde, emprego e renda. Parabéns ao Piauí e ao seu povo pela conquista!

            Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/11/2011 - Página 47543