Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato das atividades desenvolvidas em viagem a Cuba como coordenadora do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Relato das atividades desenvolvidas em viagem a Cuba como coordenadora do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2011 - Página 47649
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • REGISTRO, VIAGEM, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, OBJETIVO, REALIZAÇÃO, ATIVIDADE, GRUPO PARLAMENTAR, REFERENCIA, DEBATE, RELAÇÃO, COMERCIO, EDUCAÇÃO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, POPULAÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, companheiros e companheiras, Srª Presidenta, cheguei, no último domingo, de uma viagem que fiz a Cuba, onde tive a oportunidade de estar por três dias, Senador Ana Amélia, conhecendo um pouco não só da realidade daquele país, de que já tinha conhecimento, mas verificando as transformações que a imprensa brasileira e do mundo inteiro vêm divulgando e que estão sendo operadas pelo governo daquele país.

            Vi um outro país, Srª Presidenta. Vi um país mais renovado, vi um país que mudou e que teve mudanças profundas de alguns anos para cá. Mais importante do que o que vimos lá é que, com essas mudanças operadas pelo governo, possibilitando a abertura de negócios privados por parte daqueles que, na sua grande maioria, trabalham para o Estado cubano, não tenho dúvida nenhuma de que, daqui a um ano, haverá uma grande transformação naquele país, que será uma outra nação.

            Com muita alegria, no mesmo período em que estávamos lá - eu, o presidente nacional do meu partido, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e uma comitiva -, chegou a Cuba o Ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, que iria tratar com o governo cubano de acordos entre o Brasil e Cuba. Vários acordos estão em andamento, como, por exemplo, a presença da Embrapa Soja naquele país, além de outros acordos que deverão, em breve, ser assinados entre o Governo brasileiro e o Governo de Cuba.

            Srª Presidenta, voltarei à tribuna deste plenário para tratar especialmente e exclusivamente sobre a questão de Cuba. Considero muito importante o reforço, o fortalecimento das relações que o Brasil mantém com aquele país e acho que é uma experiência única vivida no mundo e que, de nossa parte, merece total atenção. Afinal de contas, não estamos falando de um país qualquer; estamos falando de uma pequena ilha que, há mais de 50 anos, procura trilhar o seu próprio caminho, livre de mandonismos, livre de qualquer intervenção de qualquer país. Todos sabemos da história de Cuba, que, mesmo após a sua independência, ficou muito ligada e explorada pelo governo norte-americano, pelo governo dos Estados Unidos, e, há mais de 50 anos, os cubanos procuram resolver as suas questões de forma autônoma, de forma soberana. Muitas mudanças estão sendo operadas, e sentimos, no dia a dia daquele povo, daquela gente, a grande perspectiva que eles têm no desenvolvimento do país e, assim, na própria melhoria da qualidade de vida das pessoas. Aliás, eles têm um IDH que se destaca dentro do nosso continente americano e caribenho, têm uma situação de saúde que é exemplo para o mundo inteiro. Mas depois volto à tribuna para falar desse assunto, Srª Presidente.

            Quero neste momento dizer também que, no final de semana, reuni-me com sindicalistas dirigentes do sindicato dos bancários do meu Estado do Amazonas e representantes sindicais do Banco da Amazônia. Ocorre que a greve acabou na maioria dos bancos, na quase a totalidade dos bancos que estavam em greve. Quase todos os bancários e as bancárias de todo o Brasil já acabaram sua greve, porque fizeram as devidas negociações, seja com os bancos públicos, seja com os bancos privados. Isso não ocorreu com o Banco da Amazônia. E aqui vejo a Senadora Marinor, que é do Estado do Pará, onde fica a sede do Banco da Amazônia, e o Senador Pedro Taques também, que vem do Mato Grosso, que também é um Estado onde trabalha e atua fortemente o Banco da Amazônia.

            Os empregados do Banco da Amazônia, diferentemente dos demais bancos privados ou públicos, infelizmente não acabaram a sua greve, não encerraram a sua greve e continuam em greve até hoje. Estou aqui com a cópia de um documento que recebi, na última segunda-feira, do sindicato dos bancários e dos representantes do Banco da Amazônia, através da Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA), um longo documento que encaminharam no dia 9 deste mês de novembro à Presidenta da República Dilma Rousseff, em que levantam todas as questões que os preocupam neste momento.

            E, Presidenta Marta, lendo com muita atenção e ouvindo o relato de todos os servidores durante a nossa reunião, percebi que as reivindicações dos trabalhadores do banco vão muito além das reivindicações salariais e das boas condições de trabalho. A preocupação maior que todos eles apresentam é quanto ao próprio futuro do Banco da Amazônia como um banco de desenvolvimento regional muito importante.

            Então, é essa preocupação que trago à tribuna desta Casa, Srª Presidente, e, desde já, solicito que todo este documento encaminhado por eles à Presidenta Dilma Rousseff seja incluído nos Anais desta Casa.

            Dizia eu que, diferentemente das direções de outros bancos, inclusive do próprio Banco do Brasil, que conversaram durante o período de negociação, o que propiciou a conclusão da greve nesses outros bancos, a postura da direção do Banco da Amazônia, segundo os seus servidores, foi completamente diferenciada, dissonante da prática das direções dos demais bancos.

            Segundo os servidores, a direção do Basa ignorou a via negocial com a representação dos trabalhadores e tratou de criminalizar a greve dos empregados. E também, Srª Presidente, logo em seguida, ajuizou o dissídio perante o Tribunal Superior do Trabalho, TST. Sem sequer haver esgotado a primeira via da negociação, o dissídio foi ajuizado por parte da direção do banco. Tanto que o banco pediu também a ilegalidade da greve, que não foi decretada ilegal. Pelo contrário, foi decretada legal. E há uma audiência marcada para a próxima sexta-feira, dia 18, aqui em Brasília, no TST, para tratar dessas negociações entre os servidores e a direção do Banco da Amazônia.

            Eu quero daqui fazer um apelo, um apelo à diretoria do banco, em especial ao seu diretor-presidente, Dr. Abdias, para que mude de prática, que negocie com os trabalhadores, que procure uma mesa de avaliação da própria questão funcional e dos resultados obtidos pelo banco nesses últimos anos.

            Quero lembrar aqui que, em 2004, segundo os servidores, eles viveram problemas graves, profundos. Um deles foi a perda de aproximadamente R$400 milhões da carteira de investimentos do banco, de recursos que estavam depositados no Banco Santos. Com a falência do Banco Santos, foram aproximadamente R$400 milhões que perdeu o Banco da Amazônia.

            Um segundo problema, gerencial, de gestão, levantado pelos servidores: no mesmo ano de 2004, foi contratada a empresa Cobra, para atualizar a base tecnológica do banco e, assim, criar novas condições, propiciando um salto na disputa do mercado bancário. Infelizmente, apesar dessa contratação feita em 2004, segundo eles, o banco ainda vive um apagão, um colapso tecnológico, Srª Presidente. Nesse período, mais servidores foram dispensados ou voluntariamente deixaram os seus cargos do que os que foram contratados. Em 2007, eram 3.107 servidores; hoje, são 2.968 servidores. Uma perda significativa. Enquanto deveria aumentar, está diminuindo o quadro funcional.

            E aí eles levantam uma série de problemas, Srª Presidente. A ineficiência nas agências; o fechamento de agências do Rio de Janeiro e de Porto Alegre, o que prejudica; o desvio até da função do banco, que hoje tem mais recursos aplicados no mercado financeiro do que disponibilizados para os produtores ou os empresários que queiram investir na Amazônia brasileira.

            Isso é um fato que não preocupa a mim ou somente a eles, Srª Presidente, aos servidores; preocupa a todos nós, Senadores, Deputados, Parlamentares, e ao povo, porque, no fundo, o que parece é que a gestão se mostra cada vez mais ineficiente para que, ali na frente, se torne mais fácil o discurso da privatização ou da junção do Basa com o Banco do Brasil, por exemplo.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Concluo nesse um minuto que V. Exª me disponibiliza, Senadora Marta.

            Quero dizer que somos defensores do Banco da Amazônia, mas como um banco que cumpra as suas funções. Entendemos que ele tem que continuar existindo. Somos defensoras. Eu defendo muito o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o Basa! O Basa não pode ser excluído do sistema público bancário brasileiro; tem que ser mantido. Mantido e fortalecido.

            Por isso, vamos coletar assinaturas de todos os Srs. e Srªs Senadoras da Amazônia e encaminhá-las à Presidência da República para que nos ajude nesse debate do fortalecimento do Banco da Amazônia e, neste momento especial, na resolução dos problemas e do impasse gerado entre direção e servidores do Banco da Amazônia.

            Muito obrigada, Senadora Marta.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE A SRª SENADORA VANESSA GRAZZIOTIN EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Carta Nº 2011/245, da Associação dos Empregados do Banco da Amazônia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2011 - Página 47649