Pela Liderança durante a 213ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise das ações que devem ser implantadas para a melhoria do Sistema Único de Saúde. (como Líder)

Autor
Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SAUDE, POLITICA SALARIAL. HOMENAGEM.:
  • Análise das ações que devem ser implantadas para a melhoria do Sistema Único de Saúde. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2011 - Página 48632
Assunto
Outros > SAUDE, POLITICA SALARIAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), NECESSIDADE, MELHORIA, INVESTIMENTO, SAUDE PUBLICA, OBJETIVO, PROMOÇÃO, DIREITO A SAUDE, POPULAÇÃO, RELEVANCIA, CRIAÇÃO, PLANO DE CARREIRA, PLANO DE CARGOS E SALARIOS, TRABALHADOR, SETOR, SAUDE, PAIS.
  • HOMENAGEM, TRABALHADOR, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), RELAÇÃO, FORNECIMENTO, ENSINO, QUALIDADE, POPULAÇÃO.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em junho deste ano, tivemos o XI Congresso de Medicina de Família e, no próximo dia 30, na próxima semana, teremos aqui em Brasília a abertura da XIV Conferência Nacional de Saúde.

            E este é um momento mais do que oportuno para falar de um tema de extrema importância para o setor, qual seja, investimento em recursos humanos, valorização e incentivo à formação de médicos, enfermeiros, profissionais da saúde, especialistas que atuam nos programas de Medicina de Família e Comunidade.

            Devemos lembrar que a Medicina de Família é mais individualizada, o cuidado é longitudinal, o médico e a equipe não apenas conhecem o paciente, mas, mais do que isso, estabelecem vínculos, enxergam as complexidades relacionadas com a família e com a comunidade. E, por isso mesmo, os desafios são muitos. Desafios que passam pela valorização da atenção primária à saúde como estratégia de melhoria do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que investimentos nessa área podem representar economia nas áreas de média e de alta complexidade.

            Além de ser iminente a formação de recursos humanos capacitados para trabalhar na Atenção Primária à Saúde, aliando o domínio técnico-científico à formação em gerência e gestão, mudanças significativas na política de remuneração desses profissionais precisam ser implementadas com a máxima urgência, valorizando as categorias e, dessa maneira, fixando o médico, por exemplo, nessa que é a principal etapa do atendimento à população.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Sr. Presidente, é difícil imaginar um SUS sem a dedicação exclusiva de todos os profissionais da saúde. Para que isso aconteça, faz-se necessário a criação de um plano de carreira, cargos e salários que garanta a estabilidade e acessão profissional das categorias envolvidas.

            Todos os profissionais precisam, acima de tudo, e merecem bater no peito com orgulho e dizer: eu sou, sim, profissional do SUS, independentemente da remuneração.

            Mas, para que isso aconteça, faz-se necessário que alguns pontos sejam revistos, tais como: a fragilidade nas políticas de recursos humanos praticadas com distorções em relação à remuneração, à carga horária extensiva e, sobretudo, à sobrecarga excessiva de trabalho.

            Esses pontos foram sinalizados em um trabalho científico intitulado "Fatores Críticos para a Fixação do Médico na Atenção Primária no Brasil", apresentado durante o XI Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade.

            Esses profissionais, assim como os professores de escolas públicas, merecem ter um plano de carreira, cargos e salários que os possibilite ter dedicação exclusiva, assim como é na maioria das carreiras jurídicas.

            As profissões ligadas à saúde, de fato, não são carreiras típicas de Estado. Contudo esses profissionais exercem uma atividade essencial ao Estado, primordialmente os que compõem os quadros do SUS.

            A nossa Constituição Federal, em seu art. 196, assegura que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

            Logo, para que o Princípio Constitucional da Saúde seja realmente cumprido, precisamos de verbas para realização de programas - sim, claro que precisamos -, mas de nada adianta termos os programas tecnicamente mais bem pensados e elaborados, se não tivermos o material humano, bem treinado, qualificado e bem remunerado para implantá-lo.

            A complexidade do SUS é indiscutível pela sua grandeza e abrangência. São indiscutíveis os avanços que temos tido desde a sua implantação, mas indiscutível, também, é a necessidade de darmos atenção às reivindicações dos médicos, enfermeiros e profissionais da saúde, por melhores condições de desenvolverem seu trabalho e por um plano de carreira, cargos e salários que garantam estabilidade e dedicação exclusiva.

            Há uma frase de Hipócrates, na qual ele menciona que a cura está ligada ao tempo e, às vezes, também às circunstâncias. No caso, a cura para o nosso SUS, a meu ver, passa por quatro questões: primeiro, a necessidade premente e urgente de mais investimento; segundo, pela regulamentação da Emenda nº 29, que garantirá qualidade com os gastos com saúde, ou seja, dizendo o que é gasto e o que não é gasto com saúde, evitando os ralos e que os maus gestores não gastem os poucos recursos da saúde com aquilo que, verdadeiramente, não é saúde; terceiro, uma política eficaz e justa de recursos humanos; e, por fim, Srª Presidente, que haja transparência em todas as ações. Que cada cidadão, em qualquer canto deste País, saiba verdadeiramente qual a sua responsabilidade e qual a sua missão, de cada ente federado, seja da União, seja do Estado, seja do Município, seja do Distrito Federal, perante o nosso SUS.

            Por fim, queria parabenizar todos os profissionais e alunos do Colégio Estadual Murilo Braga, no qual estudei com muito orgulho, colégio responsável pela minha formação acadêmica, fruto do Projeto de Lei n° 106/49, de 21 de novembro de 1949, há 62 anos. Fazia parte da política nacional de expansão de ensino. O objetivo era construir escolas normais rurais nas cidades de Itabaiana e Lagarto. Grande importância nesse processo teve o professor Acrísio Cruz, na época Diretor Geral de Ensino. Quando surgiu, o atual Murilo Braga era uma escola normal rural.

            O Murilo Braga tornou-se o principal estabelecimento de ensino do interior sergipano, portanto, da cidade de Itabaiana, onde nasci e onde ocorreu a criação do curso científico e a abertura de cursos noturnos, por força do Decreto-Lei n° 16, de 15 de maio de 1969.

            Queria homenagear todos os profissionais que lá estão e por lá passaram, em nome da Professora Maria Zizi, que deixou muitos ensinamentos e, com certeza, continua ensinando muitos que por lá passam.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2011 - Página 48632