O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, Senhores, Srªs Senadoras, de forma acertada, talvez até para conter os impulsos do sentimento, apregoa-se que decisão judicial não se questiona, se cumpre.

            Já em outra ocasião, registrei aqui desta tribuna, em meu nome, em nome do meu irmão, o titular deste mandato, Senador Gilvam Borges, as minhas despedidas e minhas palavras de gratidão, sobretudo a quem entendeu nossa luta pessoal e, com ela, solidarizou-se.

            Nossa fala não é diferente de outras personagens dessa confusa história onde a vontade e o anseio popular pela instituição da Ficha Limpa foi sobreposta pelo entendimento de um grupo de Ministros que, em nome do Supremo Tribunal Federal, deitou o martelo impondo novos e diferentes rumos daqueles que a sociedade aclamou com tanto empenho.

            Parece-me que naquele momento pisaram na semente plantada, por mais de um milhão e seiscentos mil brasileiros. Mas é isso: decisão judicial se cumpre, não se questiona; no máximo, se a causa for justa e nobre, e for o propósito, insiste-se nas vias paralelas da Justiça, para tentar senão reverter o caso, mas fazer com que ele se torne emblema de um processo de transformação social.

            E não poderia ser menos que isso. A Lei Ficha Limpa foi aprovada graças à mobilização de milhões de brasileiros e se tornou marco fundamental para a democracia e a luta contra a corrupção e a impunidade no País.

            Ainda que contrário seja o pensamento de parte da Corte Suprema deste País, trata-se de uma conquista de todos os brasileiros e as brasileiras. E muitas vozes se levantaram, muitas bandeiras se agitaram, muitos protestos se ergueram para garantir que a vontade popular se refletisse já nas eleições de 2010 e nas próximas eleições.

            Voto vencido. Sonho adiado.

            Vamos para frente!

            As demandas do nosso querido Amapá nos esperam e continuarão tendo estes dois soldados no front de batalha: eu e o grande guerreiro das sandálias, o Senador Gilvam Borges.

            As medalhas do Senador Gilvam Borges são os votos recebidos. As condecorações são as manifestações intensas de carinho, de apoio, de torcida para que ele, mesmo sem mandato, continue fazendo o que vem fazendo ao longo de toda a sua vida: lutar pelo nosso querido Amapá.

            Como eu disse em recente ocasião, levantamo-nos da cadeira, sem ter cometido um ilícito sequer e isso, se não nos garantiu a permanência nesta Casa, de certo nos credencia no coração das pessoas de bem do nosso Estado.

            E como Deus, sabiamente, não permite que qualquer experiência deixe de imprimir no ser humano um aprendizado, eu levo comigo também os ensinamentos. Primeiro, o aprendizado da humildade para aceitar a sentença suprema e o sutil distanciamento que alguns colegas nos impõem. Segundo, o da hombridade, que nos motivou para, nesta reta final, continuar subindo a esta tribuna, comparecer às comissões, deixando o registro de nossas opiniões sobre os mais diversos temas, cumprindo, enfim, os ritos políticos que ainda exigiam a nossa presença.

            Por fim, o da esperança, esperança de continuar servindo nosso povo nas instâncias que o destino nos determinar. Porque o nosso coração bate lá longe, lá nas terras tucujus, naquele extremo ainda tão desconhecido do Brasil. Amapá! Nossa terra amada, amazônica, que não se encolhe diante dos preconceitos das adversidades.

            Ao nosso Presidente desta Casa, Senador José Sarney, e aos que mantiveram conosco a postura amiga, meu particular obrigado e os votos sinceros de que esta Casa siga cumprindo seu dever maior, seus compromissos federativos sem apequenar-se. Tenham cada uma das Srªs Senadoras - aqui simbolizadas pela Senadora Marta Suplicy, que demonstrou uma dedicação, um carinho, uma disciplina, uma atuação exemplar para todo o Brasil. Tive a honra de conviver esse tempo com V. Exª, que simboliza todas as Senadoras desta Casa - e dos Srs. Senadores, especialmente nesta reta final do ano, muitíssima vitalidade, arrojo, determinação para devolver ao Poder Legislativo o brilho encantador da aprovação popular.

            Que tenham coragem, dentro de suas convicções pessoais e partidárias, de desfraldar suas bandeiras e lutar pelo que acreditam ser justo, lembrando que lá foram há uma imensa população atenta, vigilante e que já aprendeu a separar o joio do trigo e a identificar quando a opinião de um Parlamentar, mesmo discordante, tem um propósito de justiça e de compromisso social.

            Que Deus abençoe os sonhos pessoas de cada Parlamentar aqui presente, de cada visitante e, sobretudo, de todos os servidores desta Casa, que quero simbolizar aqui na figura da Drª Claudia Lyra, nossa Secretária da Mesa, sua equipe e de todo Senado Federal, verdadeiras locomotivas, que fazem tudo aqui funcionar.

            Muito obrigado pela tolerância com minhas limitações. Muito obrigado pela oportunidade dessa convivência. E que a vontade imposta pelo Supremo Tribunal, por fim, não resulte tão prejudicial para um sonho adiado, um sonho adiado do povo brasileiro sobre a ficha limpa, o combate à corrupção.

            Muito obrigado a Deus!

            As minhas desculpas aos meus filhos, Rafael e Júnior, pelas minhas ausências. Muito obrigado a minha esposa Jucileide pela paciência, pela compreensão e pela tolerância. E um muito obrigado muito especial a dona Cícera, minha mãe, a telespectadora nº 1 desta Casa, principalmente quando o seu filho mais velho subiu a esta Casa.

            Muito obrigado, Senador Gilvan Borges, pelo seu exemplo, pela sua determinação, pela sua coragem, e que já está na luta pelos interesses maiores do meu Estado.

            Muito obrigado, Senadora Marta Suplicy, por esta oportunidade.

            Quero fazer um agradecimento também especial ao Líder da bancada, que me proporcionou esta oportunidade de falar, inclusive, em nome da Liderança do meu partido, o PMDB.