Discurso durante a 214ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da importância do setor agropecuário para o desenvolvimento do País e da necessidade de existência de um Código Florestal que atenda os anseios do setor.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Registro da importância do setor agropecuário para o desenvolvimento do País e da necessidade de existência de um Código Florestal que atenda os anseios do setor.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira, Ana Amélia.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2011 - Página 48733
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMENTARIO, ELABORAÇÃO, RELATORIO, CODIGO FLORESTAL, REFERENCIA, NECESSIDADE, AUMENTO, VALORIZAÇÃO, TRATAMENTO, SETOR, AGROPECUARIA, MOTIVO, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO, PAIS.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, ECOLOGISTA, RELAÇÃO, PRODUTOR RURAL, UTILIZAÇÃO, MEIO AMBIENTE, MOTIVO, PRODUÇÃO AGRICOLA, RESULTADO, DESTRUIÇÃO, ECOSSISTEMA.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Quero agradecer e cumprimentar o Sr. Presidente, os nobres Colegas, Senadores e Senadores, e todos os brasileiros que nos acompanham nos quatro cantos desse rincão brasileiro, especialmente no meu Estado de Rondônia.

            Há poucos minutos, a Comissão de Meio Ambiente, juntamente com a Comissão de Agricultura, com os nossos Pares, conseguimos aprovar os destaques, aprovar as emendas e também aprovamos, em regime de urgência, para que o Código Florestal retorne a esta Casa.

            Eu quero parabenizar o trabalho que a Câmara dos Deputados fez, mas também quero aqui parabenizar os nossos Senadores, especialmente o nosso Presidente Rodrigo Rollemberg, da Comissão de Meio Ambiente, e os relatores Jorge Viana e Luiz Henrique.

            Muito se debateu e discutiu o Código Florestal. Eu sei e tenho certeza de que o Código Florestal não atendeu aos interesses de todos. Não atendeu nem aos interesses de todos os Senadores que cuidam do setor produtivo, como também não conseguiu atender a todos os interesses do setor que se diz da preservação ambiental.

            Mas nós, num entendimento comum, trabalhamos para que pudéssemos construir um relatório para que sejam tirados da clandestinidade os nossos produtores e sejam tratados como verdadeiros heróis brasileiros.

            Fico triste quando vejo, como vi hoje, manifestação contra um e outro relator, faltando com respeito à Comissão, como se o produtor brasileiro fosse bandido. Quando usei a palavra naquela Comissão, eu disse: a esses que são tão radicais, a esses que a mando de alguém, a pedido de alguém, acham que o setor produtivo não precisa existir no Brasil, quero fazer uma pergunta. Como é que fazem para colocar arroz dentro de casa? Como é que fazem para colocar feijão dentro de Casa? Para colocar a carne na mesa? Como é que fazem para comprar uma roupa de algodão? Queria fazer uma pergunta às pessoas que não param para pensar e tratam os trabalhadores deste Brasil como se fossem bandidos. Gostaria de saber se, na terra deles, no Estado deles, arroz, por um acaso, dá em árvores? De repente, em algum Estado por aí os bois nascem em árvores. De repente, em algum outro Estado estão colhendo feijão em copa de árvore. Mostrem-me, por favor, porque também quero ir lá colher.

            Para podermos nos sustentar, para podermos produzir alimentos, sobreviver, viver com dignidade, de uma maneira ou de outra precisamos fazer conviver o setor produtivo com o setor ambiental. Muitas das vezes, quem trabalha é tratado como bandido. Aí alguém diz o seguinte: “Deram anistia às pessoas que tinham multas.” É o contrário. Se multa e cadeia resolvessem, os cofres do Ministério do Meio Ambiente estariam superlotados. Temos de trazer essas pessoas para a legalidade, fazer com que se comprometam para recuperar essas áreas degradadas. Não podemos aceitar, na Amazônia, que aqueles que foram lá ocupar para não entregar, na época obrigados pelo Governo Federal a desmatar, venha algum ambientalista ou de repente alguém que ocupou a Pasta do Meio Ambiente, jogar para a plateia e para a Câmara.

            Muito me estranha, muitas vezes, alguns setores da imprensa darem mais atenção a um baderneiro, a quem vem fazer manifestação e , infelizmente, não darem a verdadeira atenção àquele que trabalha de sol a sol, aquele que produz o alimento para colocar na sua mesa, àquele que está produzindo o couro para fazer o sapato e você andar elegante!

            Quem desses ambientalistas não gosta de uma cervejinha gelada, de um refrigerante gelado? Quem desses ambientalistas já não se acostumou com ar condicionado em lugares quentes? Quem desses ambientalistas não anda para cima e para baixo - São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro - de elevador? Tem de fazer o contrário, falar de nós. Mas vai subir de escadas! Subam de escadas e desçam de escadas! Ah, você tem de ir para outro Estado? Faz o seguinte: pega um jegue no meio do caminho e vai de jegue. Mas vai ter de pastar no meio do caminho também.

            Então, nós não podemos aceitar. Nós somos o país que mais preserva: 61% das nossas matas são preservadas e cuidadas por nós. Portanto, o que tentamos buscar, nós, Senadores, como o Senador Aloysio, o Senador Armando, e tantos outros Senadores, juntos, de ontem de manhã até a tarde, sem almoço; hoje, do mesmo jeito - hoje veio um lanche do nosso nobre Colega, Senador Blairo Maggi, que trouxe uns pasteis para podermos comer. Muitas vezes, quem está em casa pensa que a vida de Senador....dizem que aqui é o Céu. Tenho certeza de que todo lugar em que estamos, quando vivemos em paz com nossos irmãos, é o Céu. Com certeza absoluta. E o inferno, quem acaba fazendo são as próprias pessoas que não amam nem a si próprias.

            O que tentamos e fizemos foi o melhor para o País. Se hoje o Brasil tem recordes após recordes de produção agrícola, tem crescimento, Senador Armando, no agronegócio, é porque o setor produtivo dá o resultado de que precisa. É isso que tentamos buscar.

            Então, de uma vez por todas, o nosso setor produtivo, tanto a pecuária, quanto a agricultura, quem preserva e como nós fizemos isso...Eu quero recordar, como ex-Governador, que diminuímos o desmatamento de Rondônia, diminuímos as queimadas em Rondônia, porque nós fizemos o dever de casa. Não foi ex-Ministro que fez, não. Por isso, quero parabenizar a Ministra do Meio Ambiente, a Drª Izabella, porque ela é uma técnica, é competente, soube participar com responsabilidade. Da mesma maneira, o relator Jorge Viana, como também o ex-Governador Luiz Henrique e atual Senador, que é também relator. Foi um trabalho árduo de toda uma equipe.

            Então, não podemos, Aloysio, de maneira nenhuma, Senador, deixar cair tudo isso por terra por alguns que são mal amados até na sua casa ou são mal amados em qualquer outro lugar, Mas que não atrapalhem o Brasil, que nos ajudem a plantar. Tem muitos ambientalistas por aí que se dizem ambientalistas - porque aqui, em Brasília, em São Paulo, é fácil falar em ambientalismo, porque estão em uma sala, com uma televisão colorida bonita, olha para um lado e vê o lago; vê o outro lado todo florido; olha para a frente, o Banco Central; e o resto do País, uma miséria! A maioria dos agricultores, em torno de cinco milhões, sequer está vivendo com um salário mínimo por mês.

            Concedo a palavra para o Senador Aloysio.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP) - Nobre Senador Ivo Cassol, nós tivemos dois dias intensos de trabalho na Comissão de Meio Ambiente, sem arredar o pé de lá. V. Exª retrata bem o ambiente em que transcorreu a reunião e o esforço, a colaboração, que a grande maioria dos Senadores desenvolveu para que nós pudéssemos ter uma lei, em primeiro lugar, em condições de ser aprovada; em segundo lugar, em condições de ser aplicada; e, em terceiro lugar, em condições de ser respeitada pelo alcance social e pela importância que ela tem para a preservação do meio ambiente e para a agricultura. Eu gostaria também, como Senador da oposição, de registrar um elogio ao trabalho do Ministro da Agricultura e da Ministra do Meio Ambiente e de suas respectivas equipes. Diferentemente do que ocorreu na Câmara, aqui no Senado, o Governo, através desses dois Ministérios, se envolveu, tomou posição, ajudou na composição. De modo que, além dos Senadores que foram mais diretamente responsáveis pela condução e pela elaboração, eu gostaria, como Senador da oposição, de fazer este registro e este reconhecimento ao trabalho do Ministro da Agricultura e da Ministra do Meio Ambiente.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Parabéns, Senador Aloysio. Com certeza, tanto o Ministro da Agricultura - e quero também parabenizá-lo - como sua equipe muito contribuíram. Quero dizer que, para nós, que temos uma preocupação, especialmente com o setor produtivo no Brasil, jamais podemos deixar de lado esse enfrentamento. Só vemos com tristeza quando muitos querem discutir a questão ambiental sem nunca ter colocado o pé na Amazônia, sem nunca ter ido ao meio de uma mata, sem nunca ter sido mordido por um mosquito, seja da malária ou qualquer outro, como nós enfrentamos e temos enfrentado.

            A Senadora Ana Amélia, que representa o Rio Grande do Sul e defende o setor produtivo, concedo um aparte.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Obrigada, Senador Ivo Cassol. Quero apenas reafirmar, inclusive endossando as palavras do Senador Aloysio Nunes Ferreira, porque usei há pouco a tribuna onde V. Exª está agora exatamente reconhecendo não só o trabalho dos relatores Luiz Henrique e Jorge Viana, mas também dos Presidentes das Comissões pelas quais o tema passou. Agora, fico feliz com a lembrança, que não foi por mim referida, do Senador Aloysio Nunes sobre o papel que o Ministro Mendes Ribeiro Filho e a Ministra Izabella Teixeira tiveram nesse processo. Essa foi a valia grande de entendimento de pensamentos, às vezes conflitantes, mas que, com um bom diálogo democrático, foi possível consertar algumas das distorções que poderiam provocar sérias dificuldades, não para produtores ou criadores na região Nordeste, nas chamadas áreas de apicuns, mas também do declive de 25 a 45 graus, o que também poderia representar uma tragédia para os pequenos agricultores. Então, queria endossar a manifestação de V. Exª a respeito dessa matéria, confirmando todo o seu posicionamento e também do Senador Aloysio Nunes Ferreira.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Obrigado pelo aparte. Também quero aqui citar o nome desse grande homem, grande produtor brasileiro, Senador Blairo Maggi, e outro Senador que muito contribuiu para que o relatório, para que nós, da Comissão de Meio Ambiente e de Agricultura pudéssemos ter sucesso: o Senador Waldemir Moka, pela sua humildade, pela sua sabedoria, pela maneira simples de entendimento, no sentido de construirmos juntos.

            Por isso, deixo aqui o meu abraço a todos os Senadores que contribuíram, ajudaram, e a todas as pessoas que debateram num bom combate e o meu repúdio àqueles que simplesmente querem ver o País de cabeça para baixo, sem sequer tratar quem produz com decência.

            Então, estou aqui defendendo mais uma vez e agradecendo a todo mundo.

            Para encerrar, digo que o setor produtivo e o setor ambiental precisam andar lado a lado. Precisamos ter consciência de que o setor produtivo e os que se dizem ambientalistas têm de estar lado a lado. Não podemos cada um ir para um lado, como se o nosso País fosse diferente. Precisamos, sim, de um lado, preservar, mas, ao mesmo tempo, alguém tem de começar a compensar aqueles que estão preservando.

            Ao mesmo tempo, esse Código Florestal vem trazer tranquilidade ao homem do campo e aos pequenos agricultores. Há coisas que cada um tem de fazer? Tem. Então, portanto, não há anistia. Aquelas pessoas que cometeram crime terão que recuperar e terão oportunidade para isso. É isso que buscamos neste momento.

            Por isso, agradeço. Deixo o meu abraço. Até a próxima oportunidade, se Deus assim o permitir.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2011 - Página 48733