Discurso durante a 217ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff sobre os avanços do serviço público no País.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EXERCICIO PROFISSIONAL.:
  • Considerações sobre o pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff sobre os avanços do serviço público no País.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2011 - Página 50402
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EXERCICIO PROFISSIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ELOGIO, ORADOR, RELAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INAUGURAÇÃO, INSTITUTO DE SAUDE, ORTOPEDIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REFERENCIA, POSSIBILIDADE, DESENVOLVIMENTO, BRASIL, CRISE, ECONOMIA, MUNDO.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, AUTORIA, PRESIDENTE, SINDICATO, TRABALHADOR, INDUSTRIA, REPARAÇÃO, VEICULOS, DESTINAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE), REFERENCIA, DIFICULDADE, RECONHECIMENTO, ENTIDADE.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, Srs. Senadores, em 25 de novembro último, a Presidenta Dilma Rousseff inaugurou o Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio de Janeiro.

            Foi um evento memorável não apenas porque ela pode falar com muita sensibilidade sobre os avanços que o Ministério da Saúde, em convênios com institutos, tais como os de Traumatologia e Ortopedia, no Rio de Janeiro e em outros lugares do País, vem realizando, mas também porque, ao final do seu pronunciamento, após falar sobre a importância daquele evento, referiu-se à situação internacional e, dentro dela, ao papel do Brasil.

            Estas palavras tiveram uma grande repercussão no País inteiro e mesmo internacionalmente, e consideramos uma das mais claras definições da diferença entre o que está acontecendo no mundo e no nosso País. Por isso, aqui destaco algumas de suas palavras - abrindo aspas para a Presidenta Dilma Rousseff:

E os senhores sabem que nós estamos num momento muito delicado, internacionalmente. É certo que a Europa ficará, um tempo bastante expressivo, em crise. Essa crise europeia não acaba nem em um ano e, possivelmente, nem em dois. A própria diretora do Fundo Monetário Internacional falou de uma década perdida para a Europa. Eu não chego a tanto, mas acho que nós temos de ter consciência disso. Nós temos de ter consciência de que também os Estados Unidos não estão numa situação muito favorável. Mas, ao mesmo tempo, temos de ter consciência do seguinte: sempre se falava que crise é também oportunidade. Crise também é oportunidade e o Brasil está hoje diante de várias oportunidades.

            Mais abaixo, a Presidenta Dilma Rousseff aprofunda suas ideias, da seguinte forma:

E, portanto, então, nesse momento de crise, o que nós temos de fazer diante da crise não é nos atemorizar, parar de consumir, parar de produzir. Ao contrário, o que nós temos de fazer diante da crise que afeta o mundo é avançar, e avançar significa melhorar a qualidade de serviço público do Brasil, garantir que o setor privado continue investindo e que os trabalhadores e o povo brasileiro - e toda a população brasileira - continuem consumindo, mas, sobretudo, nós temos de avançar naqueles passos que modificarão o Brasil. Um deles é, sem sombra de dúvida, apostar na absorção, inclusive na inovação. Mesmo quando a gente transfere tecnologia, mesmo aí você tem de inovar, você pode ser capaz de inovar. E isso vai de áreas tão díspares, como a área da saúde, passando, por exemplo, pela área do petróleo.

            E, referindo-se ao grande aumento de produção que estamos vivendo e o investimento que está sendo feito neste momento, continua a Presidenta:

Mesmo nesse momento de crise internacional, nós (somos) um país com uma das menores taxas de desemprego. Nós temos, hoje, 5,8% de taxa de desemprego no Brasil diante, por exemplo, de uma Espanha que entre os seus jovens chega a ter 45% e tem taxa média de 20, 22%.

            Muitas pessoas podem não ter percebido a importância destas palavras. No fundo, o que a Presidente Dilma quer dizer, no meu entender, é que, enquanto a Europa e os Estados Unidos pretendem resolver seu problema de crise tomando medidas de austeridade, isto é, diminuindo o investimento e o consumo, em verdade, isto poderá causar o aprofundamento da crise ao invés de resolvê-la. O Brasil faz justamente o contrario. Ainda que, com prudência, para conter a inflação, acelera o investimento, a produção e, com isso, diminui os efeitos da crise.

            Ao concluir seu discurso, a Presidenta demonstra toda sua sensibilidade ao declarar:

[...] nós estamos dando mais um passo para que o nosso País - não é que não seja atingido pela crise, é mais do que isso -- transforme esse momento de crise num momento de construção do futuro e da oportunidade de cada um de nós, mas, sobretudo, da oportunidade do Brasil, porque chegar à quinta potência, hoje, está ficando cada dia mais claro que isso está logo ali. Mas nós não queremos ser uma quinta potência. Nós queremos ser um país sem pobreza, um país de classe média e com serviços de qualidade.

            Essas palavras da Presidenta Dilma Rousseff indicam a diferença em relação ao modelo econômico aplicado na maioria dos países até poucos anos atrás, quando se pensava que com o desenvolvimento econômico todos cresceriam e todas as pessoas se beneficiariam com esse crescimento.

            A Presidenta toca diretamente na raiz do problema, que é humana. Segundo ela, somente se tratarmos em primeiro lugar o problema humano é que teremos como consequência o desenvolvimento, e não, como muitas vezes aconteceu, inclusive em nosso País, quando era comum se dizer: primeiro temos que nos desenvolver para depois acabar com a miséria.

            Felizmente, desde 2002, incluindo 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, durante os oito anos do Governo do Presidente Lula e em continuidade agora, de 2011 para 2012, nós estamos conseguindo combinar o crescimento da economia com a erradicação da pobreza, e cada vez mais da pobreza extrema. Tentaremos erradicar a pobreza absoluta e melhorar sensivelmente o sentido de equidade, ou seja, a melhoria da distribuição da renda no Brasil de maneira a podermos um dia qualificar a Nação brasileira como justa.

            Essa é uma inversão na abordagem do modelo econômico que agora privilegia o bem-estar das pessoas. O mais importante é que o Brasil está provando isso. Se outros países fizerem a mesma coisa, poderemos iniciar uma nova era de desenvolvimento com justiça social.

            Parabéns, Presidenta Dilma Rousseff!

            Srª Presidenta, eu gostaria também de aproveitar essa oportunidade para aqui registrar um esclarecimento ao jornalista Ricardo Noblat, que observou na sua coluna de segunda-feira que eu havia, como de fato fiz, encaminhado uma carta do Sr. Irmar Silva Batista, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios, para o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para que, ao conhecer as dificuldades de reconhecimento daquela entidade, o Ministro tivesse um diálogo com ele para que os problemas fossem resolvidos.

            Naquela época, não estava registrado no ofício do Sr. Irmar que teria sido exigido até pagamento de propinas ali no âmbito do Ministério. Mas eu encaminhei, sim, o ofício, que aqui peço seja registrado na íntegra, assim como o documento encaminhado então pelo Sr. Irmar Silva Batista, para que possam os jornalistas, inclusive o Sr. Ricardo Noblat, ter a consciência do procedimento que tive à época para alertar o Ministro Carlos Lupi.

            Muito obrigado, Srª Presidenta.

 

************************************************************************************************DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- Ofício nº 00414, dirigido ao Sr. Carlos Lupi.

- Boletim informativo encaminhado, por mensagem eletrônica, pelo Sr. Irmar

Silva Batista.

- Correspondência encaminhada ao Sr. Ricardo Noblat.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2011 - Página 50402