Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da política como ferramenta de mudança e de transformação.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Defesa da política como ferramenta de mudança e de transformação.
Aparteantes
Cyro Miranda.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2011 - Página 51212
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, DEFESA, ATIVIDADE POLITICA, NECESSIDADE, REDUÇÃO, QUANTIDADE, MINISTERIO, OBJETIVO, COMBATE, CORRUPÇÃO, INEFICACIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente desta sessão, Presidente em exercício, Senador Moka; Srªs Senadoras, Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras que nos acompanham através da sessão do Senado nesta quinta-feira, assim como fez o Senador Moka, eu também tive não sei se o privilégio, mas o destino me fez começar muito cedo na vida política. O meu primeiro mandato foi também de vereador, não por Mato Grosso do Sul, mas pelo Espírito Santo e pela cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Eu tinha dezenove anos incompletos e, desde então, estou na militância política, por alguns períodos, sem mandato; em outros períodos, exercendo cargo executivo. Mas o fato é que, ao longo dos quase últimos trinta anos, eu estive na militância política.

           E eu, sinceramente, Senador Cyro, acredito profundamente na política. Não a política qualquer, não a politicagem, mas a Política com pê maiúsculo; a política que foi inventada lá pelos gregos, como ferramenta de mudança e de transformação, porque houve um tempo em que os homens se enfrentavam sem regra, sem civilidade, e a política surgiu exatamente como forma e como meio de nós encontrarmos um encaminhamento, sobretudo para as questões coletivas, as questões que digam respeito ao interesse do conjunto da sociedade, as questões que digam respeito, sobretudo, ao conjunto dos contribuintes brasileiros. Faço, portanto, uma defesa da política e acho que a política é uma defesa da sociedade quando ela é bem exercida e bem praticada.

           Eu quero defender aqui, nesta manifestação que faço... E estou muito motivado, muito inspirado, estimulado por um importante seminário que fez o jornal Valor Econômico na semana passada. O Jornal Valor Econômico reuniu especialistas, reuniu técnicos, reuniu empresários, empresários com importante militância na vida privada, empresários que têm tido, ao longo da sua trajetória, uma enorme responsabilidade, em função da contribuição que têm dado para o aperfeiçoamento, o aprimoramento da atividade pública. Sim, porque, na atividade pública, a sociedade e o contribuinte são os nossos clientes. O que fazemos deve ter como direção o atendimento aos contribuintes que pagam impostos. E que no Brasil, sejamos sinceros, pagam uma elevada carga tributária.

           Eu vi, com enorme destaque, mais uma vez, a participação e a liderança de um empresário importante, que é o empresário Gerdau. Ele chamou atenção para uma necessidade, tendo em vista que, a cada momento, temos lido na imprensa que, neste final de ano, vamos ter uma reforma ministerial. E aqui não me cabe fazer qualquer indicação disso ou daquilo, mas me cabe, na condição de Senador da República, na condição de representante popular, estimular a Presidente Dilma para que, além de reforma, possamos fazer necessárias fusões nos Ministérios, porque estamos percebendo, com 38 ou 39, podendo caminhar para 40 Ministérios, muita superposição nas decisões, na gestão, e percebemos a necessidade de uma fusão. O Presidente da República Tancredo Neves tinha 21 Ministérios.

            Então, há necessidade, de fato, de ordenarmos melhor, organizarmos melhor para que possamos colocar como prioridade de pauta a eficiência pública, para que possamos reconhecer a necessidade e a importância, não importa se Estado mínimo ou se Estado máximo. Às favas com esse debate. O que importa é que possamos ter um Estado que possa priorizar o interesse da população brasileira, que possa permitir que o nosso Estado, que o nosso País possa continuar avançando e oferecendo respostas mais efetivas ao contribuinte brasileiro.

            Já fez o Senador Valdir Raupp, Presidente do meu Partido, uma defesa de que possamos caminhar para essa reforma, de que possamos caminhar para diminuir o número de Ministérios, porque não é apenas o combate à corrupção, mas o combate a todo e qualquer tipo de desperdício e de ineficiência, que também é causadora de atrasos no atendimento das extraordinárias demandas e prioridades da sociedade brasileira.

            Vamos ter dias muito tensos daqui até o final do mês de dezembro. Estamos com uma pauta muito delicada. Na terça-feira, se Deus quiser, vamos votar o novo Código Florestal. Eu também, como o Senador Moka, o Senador Ciro e tantos outros Senadores, talvez tenhamos a compreensão de que esse não seja o Código dos nossos sonhos, mas o ótimo é inimigo do bom. Às vezes, você mira o ótimo e esquece que o bom é satisfatório para esse momento. Essa foi a obra possível. Qual de nós vai duvidar ou vai colocar em questionamento a responsabilidade ambiental de um Senador do quilate do Senador Jorge Viana, ex-governador do Estado do Acre, homem responsável, de grande visão, que fez um belíssimo trabalho, corrigindo, retificando, aperfeiçoando e aprimorando todos esses itens?

            Na próxima terça, estaremos aqui, e eu, com muita convicção, darei o meu voto favorável para que possamos ter um código que possa ser apropriado pela sociedade brasileira. Estou consciente de que este foi o melhor código possível de ser construído. Mas teremos outros temas em nossa pauta. Há a questão da DRU.

            Ainda que tenhamos essa agenda, faz-se necessário que manifestemos a necessidade de vermos acontecer essas reformas; que possam ser reformas que, em lugar de priorizar os afilhados, os apadrinhados, em lugar de priorizar ou colocar luz em cima desse método, a meu juízo, equivocado, em que se constrói esse Presidencialismo de coalizão, onde os Partidos políticos, a todo e qualquer custo, ficam se engalfinhando pelas posições, pelos ministérios, em lugar de priorizar os partidos, que priorize o contribuinte brasileiro, a sociedade brasileira, que necessita seguramente de um Estado que possa oferecer melhores e maiores respostas ao contribuinte brasileiro.

            Ouço, com enorme prazer, o Senador Cyro Miranda.

            O Sr. Cyro Miranda (Bloco/PSDB - GO) - Muito obrigado. V. Exª realmente é um homem corajoso, de princípios, e hoje colocou uma questão que está além, às vezes, muito maior que a própria corrupção: é o desleixo, o desmando com o Erário, com o dinheiro do povo. V. Exª toma uma postura, mesmo sendo o seu partido da base do Governo, saindo do guarda-chuva, não querendo ser apaniguado pelo Governo, brigando pela redução de Ministérios. Senador Ferraço, são 38 ministérios! Um exército de pessoas, uma gastança que não tem sentido. Eu sou, faço parte, fico junto com V. Exª, para que a gente crie uma trincheira para conscientizar e dar apoio à Presidente. Eu tenho certeza de que ela está sendo forçada, compelida a tomar essas atitudes. Parabéns pela sua postura. Mais uma vez, a minha admiração.

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - Isso porque, Senador Cyro, quando vemos prosperar esse tipo de conduta e de prática na vida política, primeiro estamos traduzindo, estamos sinalizando um péssimo exemplo para os demais níveis federados.

            Quando o Senado da República não faz a sua própria reforma administrativa, repensando e refundando os seus princípios, os seus valores e os seus conceitos, não está dando bom exemplo para as assembleias e para as câmaras de vereadores. Quando, em meio a uma reforma administrativa, que tramita na Comissão de Justiça, nós assistimos...

(Interrupção do som.)

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - ...do Senado, Senador Moka, fazer um concurso público... Como fazer um concurso público em meio a uma reforma que está em curso? Como fazer um concurso público em meio a um trabalho duro que fizemos na Comissão de Justiça? E agora, com o compromisso do Senador Eunício de que, ainda este mês, ainda este ano, estaremos votando na Comissão de Constituição e Justiça?

            Tudo isso é olhado, é espelhado Brasil afora. Então, eu acho que tudo isso enfraquece a política. E nós precisamos, em lugar de trabalhar pelo enfraquecimento da política, fortalecer a política como ferramenta de mudança e transformação, mas dando bons exemplos, não no discurso, não na bravata, mas no nosso dia a dia.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2011 - Página 51212