Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Movimento Político pela Unidade, do qual faz parte S.Exa., pelo transcurso dos 10 anos de sua fundação.

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Movimento Político pela Unidade, do qual faz parte S.Exa., pelo transcurso dos 10 anos de sua fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2011 - Página 51244
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, GRUPO, PESSOAS, BUSCA, ATIVIDADE, LIGAÇÃO, POLITICA, UNIDADE, REGISTRO, ORADOR, HISTORIA, ORGANIZAÇÃO.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, hoje vou tratar aqui de um tema bem ameno.

            Eu tenho, durante muitos anos, com muito orgulho, participado de um movimento mundial, que é o Movimento da Política pela Unidade. Esse movimento está completando dez anos de fundação e, hoje, eu quero, desta tribuna, tratar dele para o Brasil.

            Quando ainda Deputado Federal, mas já como Deputado Estadual, lá mais atrás, no meu Estado, com o Movimento dos Focolares, eu participei. É um movimento que atua em vários Estados brasileiros. Não é uma religião, na verdade, é um movimento que trabalha a solidariedade, a fraternidade, e trabalha algumas teses que defendo também na vida, nos cargos e nas missões que me são dados.

            Destaco, por exemplo, a experiência da economia em comunhão, do programa da economia solidária, de um conjunto de experiências que de um lado faz uma reflexão sobre esse modelo concentrador de riqueza que temos no nosso planeta e da suportabilidade do planeta.

            Trato aqui, neste pronunciamento, do 10º aniversário de Fundação do Movimento Político pela Unidade.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, povo brasileiro do meu Nordeste, especialmente do meu Piauí, quero aproveitar essa oportunidade hoje no Plenário do Senado para celebrar o 10o aniversário de fundação do Movimento Político pela Unidade, do qual eu e tantos outros parlamentares fazemos parte. Aqui, no Senado Federal, o Senador Walter Pinheiro faz parte, a Deputada Luiza Erundina esteve na coordenação desse movimento - para citar um outro exemplo.

            Sr. Presidente, o Movimento Político pela Unidade é uma rede mundial de cidadãos ativos, políticos eleitos em todos os níveis institucionais, militantes dos mais diversos partidos políticos, funcionários públicos, estudiosos e cientistas políticos, além de jovens interessados nas grandes questões mundiais e pela vida da própria cidade, do Estado e do País.

            Nossa crença é de que a unidade constitui o futuro do mundo e, para isso, procuramos dar nossa própria contribuição no campo da política, através de uma atuação competente e de um estilo de vida coerente. Há 19 anos, Sr. Pesidente, milito nos movimentos populares, no movimento sindical, no movimento estudantil, no movimento associativo, no movimento dos escoteiros, enfim, em vários movimentos, desde criança.

            Ao lado de muitos parlamentares, participo da Movimento Político pela Unidade tentando promover a fraternidade política e a busca do bem comum.

            O Movimento Político pela Unidade tem suas raízes na história de nossa querida Chiara Lubich. Chiara Lubich nasceu em Trento, Itália, em 22 de janeiro de 1920 e faleceu em 14 de março de 2008. Durante a Segunda Guerra Mundial, Chiara Lubich - era uma jovem - abraçou o Evangelho como estilo de vida e criou o Movimento dos Focolares.

            O Movimento dos Focolares busca contribuir para a renovação de todos os aspectos da vida humana. Dele participam cerca de cinco milhões de pessoas de nacionalidades, condições sociais e religiões diferentes. Eu sou católico, mas temos a presença de pessoas evangélicos, espíritas, enfim, das mais diferentes denominações.

            Em 2001, o Movimento Político pela Unidade chegou ao Brasil como uma resposta à necessidade de encontrar espaços de diálogo e participação nos processos de crise e consolidação da democracia em nosso País.

            Oficialmente, porém, o movimento teve início em Nápoles, na Itália, em 1996, por ocasião de um encontro de Chiara Lubich com um grupo de personalidades de diversas funções da vida política, provindas de diferentes culturas e opções políticas. Realizar o mundo unido - essa era a missão. Essa é mais do que uma meta para o Movimento Político pela Unidade; é um caminho em direção à civilização da unidade, fruto não só da ação política, mas de novas relações de reciprocidade. E, é claro, em consequência, a paz.

            Nós podemos nos perguntar qual seria então o papel da política nessa perspectiva? Para o Movimento da Unidade, a política é uma atividade nobre que deve estar sempre a serviço da sociedade e do bem comum.

            O Movimento Político pela Unidade almeja fazer com que a humanidade viva como uma família global, na qual os relacionamentos entre pessoas e grupos contribuam para a realização da unidade na diversidade dos povos, das crenças e das culturas.

            Veja, aqui não pedimos que ninguém abra mão das suas convicções, da sua religião, das suas diferenças. O importante é compreender que isso é possível, respeitando a diversidade.

            A política oferece as condições para que a sociedade realize completamente o seu projeto na unidade e na riqueza da diversidade.

            A ação direta de Chiara Lubich à frente do MPPU, como é chamado o Movimento da Política pela Unidade, desde sua fundação até março de 2008, estimula-nos a dar continuidade à nossa ação e reflexão no plano político.

            Ao mesmo tempo, a própria Chiara afirma ser essencial a inserção na complexidade da vida política de nossos países. É essa relação "carismática" entre pensamento e ação que está abrindo caminho para a penetração da proposta da Fraternidade Universal dentro do Congresso Nacional brasileiro.

            Aqui eu digo que, às quartas-feiras, na última quarta-feira de cada mês, nós fazemos um momento de reflexão, com a leitura de um texto que vai nessa direção e ali fazemos a nossa reflexão, além de outros atos e movimentos que são colocados.

            Chiara definiu nosso movimento como um "laboratório internacional de trabalho político comum entre cidadãos, funcionários, estudiosos, políticos de vários níveis, inspirações e partidos, que colocam a fraternidade como base da própria vida".

            Nessa definição emergem três elementos: um claro perfil operacional, a pluralidade de atores protagonistas e a inspiração geradora da fraternidade universal. O que nós, parlamentares, encontramos no Movimento Político pela Unidade é um espaço de discussão deliberativa, serena e construtiva, onde podemos superar nossas divergências.

            Chiara Lubich sempre falou da política em sua função insubstituível, definindo-a como "o amor dos amores", apresentando-a como uma atividade elevada - eu diria uma das mais completas artes da humanidade -, profundamente humana, cuja natureza específica é o amor social, um serviço a todos os outros aspectos da vida.

            Esse pensamento ilumina, antes de tudo, os políticos a respeito de sua vocação, restituindo-lhes o horizonte iluminado e pleno de sentido que entreviram ao optar pela política. Concretamente, isso significa trabalhar com mais determinação para não deixar faltar os elementos que representam a função conciliadora e harmonizadora dos vários interesses legítimos que representamos. Afirmar o papel da política significa, atualmente, defender o horizonte do bem comum.

            A fraternidade vem sanar uma visão redutiva da política somente aos aspectos administrativos e tecnocráticos, conferindo-lhe força para garantir as instâncias de sentido comunitário que emergem da sociedade. Nosso objetivo é, respeitando as diferenças entre nossos partidos e ideologias, pregar a fraternidade para que consigamos alcançar os ideais de amor e unidade que nosso País espera e nossa sociedade almeja.

            Veja, Sr. Presidente, que fazemos parte, por uma vontade de Deus - nós cremos nisso - e do nosso povo, do Senado Federal. Representamos aqui a Federação brasileira, assim como a Câmara, legalmente, constitucionalmente, representa o povo.

            Aqui, no dia a dia, tenho sempre que me lembrar o que me levou a ingressar na política, refletindo sobre qual o propósito, qual a missão que temos na política. Por que será que me foi dado no planeta Terra, num período tão curto de vida, a chance de estar hoje no Parlamento brasileiro, a chance, como tive, de governar um Estado ou de exercer a função de bancário na Caixa Econômica Federal, a função de taquigrafia, a função de cuidar do sistema de comunicação do Senado, a função, enfim, de quem está nos assistindo, nas mais variadas formas, no nosso País? Por quê?

            Veja, no caso da política, nós não podemos nos descolar daquele propósito que com certeza cada um teve, daqueles sonhos, daquela busca quando decidimos ingressar na política. Ninguém vem para a política por acaso. Eu tenho certeza de que V. Exª, por exemplo, tem uma missão com o povo do Acre e com o povo brasileiro; o Senador Pimentel, da mesma forma, tem em relação ao povo do Ceará; e assim cada um dos que compõem essa Casa. E certamente nós não podemos nos arredar disso.

            O que podemos fazer, por exemplo, como debatíamos há pouco aqui, para que tenhamos, como é desejo, como ouvimos aqui do Senador Jorge Viana, do próprio Presidente Lula, o desejo de termos uma política adequada para a saúde, uma política adequada para que uma riqueza como a do pré-sal, como tratava há pouco, possa ser bem distribuída com todo o Brasil, para que a possamos ter um Código Florestal que garanta não só aos seres humanos, não só às novas e futuras gerações, mas aos outros animais, plantas, enfim, a condição de vida neste Planeta?

            Então, quando começamos a refletir sobre isso, realmente vemos sentido na vida pública. Se ficarmos aqui tomados, no dia a dia, pela burocracia de última hora, ou seja, pelas disputas que temos aqui, muitas vezes disputas que saem da raia da própria civilização - muitas vezes, pela emoção, pelo calor da disputa, esquece-se da verdadeira razão, da verdadeira missão -, muitas vezes agredimos, muitas vezes agravamos, muitas vezes ferimos outras pessoas.

            Então, eu quero aqui dizer, com muito orgulho, que é para mim uma satisfação muito grande aqui desta tribuna comemorar o décimo ano de aniversário da fundação do Movimento Político pela Unidade no Brasil e, ao comemorar também no mundo, saudar a todos que fazem esse movimento, em cada assembleia, em cada câmara municipal, pessoas dos mais diferentes partidos, saudar os que fazem o Movimento dos Focolares, movimento que congrega um conjunto grande de lideranças de várias partes do Brasil, e, é claro, fazer um chamamento para que mais lideranças políticas participem desse movimento.

            Acredito que com esse pensamento nós poderemos ter um trabalho na política mais prazeroso.

            Quantas vezes você, por conta de um momento ácido em uma comissão técnica ou em um grupo de trabalho, no dia seguinte ou na semana seguinte, fica se doendo - vou usar esse termo - de ter que voltar ali e encarar seus pares por conta do que aconteceu no dia anterior? Será que valeu a pena? Eu acho que é possível fazer de forma fraterna a política. Fazendo assim, como uma missão maior, fazemos com prazer, fazemos com alegria, fazemos bem feita e fazemos o bem.

            Então, que todos abençoem os que já fazem parte desse movimento e que tenhamos mais adeptos. Faço aqui um convite aos parlamentares presentes, aos que nos escutam, às lideranças, enfim, a todos os que participam de alguma forma da vida política do nosso País.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2011 - Página 51244