O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, minhas primeiras palavras são de condolências à família do nosso capitão da Copa Sócrates, que, ontem, pela força do destino, partiu, no dia em que o Corinthians foi pentacampeão brasileiro. Isso, realmente, comoveu a todos nós brasileiros. Que lindo gesto de solidariedade da torcida e do time do Corinthians, que, antes de começar o jogo, levantou o braço, de mão fechada, como fazia o capitão para comemorar o gol quando levava o Brasil ao delírio nas suas jogadas geniais. Que Deus abençoe a família do Sócrates, que deixa na alma nacional um vazio enorme!

            Sr. Presidente, hoje, subo a esta tribuna para falar sobre a nossa hidrelétrica de Belo Monte, o maior projeto do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Venho aqui, Sr. Presidente, com imensa satisfação, para enaltecer o trabalho de um dos nossos colegas, o Senador Lobão. Quem o conhece de perto testemunha e admira o seu gênio político, o seu espírito dócil, os seus argumentos lúcidos, a sobranceria do seu caráter. Foi ele, Sr. Presidente, que conseguiu equacionar uma obra que nós, brasileiros, aguardávamos há tantos anos.  Necessitávamos dessa obra, mas ainda não tínhamos conseguido, nas controvérsias que a envolviam, o caminho sereno para a sua realização.

            Todos se lembram quando, lá pelos idos de 1989, numa audiência pública em Altamira, a índia caiapó Tuíra levantou seu facão e encostou a lâmina no rosto do então Presidente da Eletronorte. Parecia, Sr. Presidente, que estávamos perdidos, definitivamente derrotados e que nunca conseguiríamos encontrar os caminhos da viabilidade política, da solução pacífica de tantas disputas, para realizar uma obra que o Brasil aguardava para o seu crescimento.

            O nosso colega Senador Lobão  como  Ministro de Minas e Energia, precisou usar toda a sua criatividade e inteligência, viajar este Brasil de norte a sul, enfrentar com seu espírito desarmado todos os debates e até o mais inflamado fanatismo daqueles que apaixonados  por uma opinião, por uma doutrina, por uma metodologia,  de maneira áspera, contraditam e muitas vezes, recorrem a artifícios nas redes sociais e na imprensa para desqualificar o debate.

            Aliás, não foi esse o caso, mas a matéria de capa da Veja desta semana fala sobre o YouTube, quando artistas notórios e muito queridos da nossa televisão se reuniram para debater o tema. Apaixonados e contagiados pelo discurso ambientalista e da preservação, que é um discurso de nós todos, eles acabaram assumindo argumentos que não são os melhores. E, desta vez, não coube ao Governo defender esse projeto. Isso coube à Academia, aos jovens universitários, a essa juventude brasileira, que cada dia mais se educa, se informa, participa, influi e se especializa nos grandes temas nacionais. Foram eles que se sintonizaram com a doce energia do nosso Senador e Ministro Lobão, para defender um projeto que agora já se encontra na galeria dos grandes projetos nacionais, dos projetos de vulto, dos projetos que preparam o nosso País para os desafios do futuro.

            Essa usina é muito importante estrategicamente para nós, porque o seu regime de cheias coincide com o regime de secas das grandes hidrelétricas do sul, de tal maneira que ela entra em funcionamento no momento em que precisamos contrabalancear a nossa produção e não sofrer novos apagões. A tecnologia que lá aplicamos já não impõe grandes alagamentos; nem uma só das tantas tribos adjacentes ao projeto será tocada.

            O Governo também se preparou para um imenso programa de compensação ambiental e social, de tal maneira que poderemos fazer frente a todos os desafios que estão a nos esperar.

            Sr. Presidente, poucas vezes temos tempo, os debates aqui são sempre consecutivos e intermináveis - amanhã mesmo, vamos discutir o Código Florestal, e todos nós estaremos debruçados sobre esses 85 artigos -, mas é bom quando podemos subir à tribuna, no plenário do Senado Federal, para falar de uma coisa que foi amadurecendo com o tempo e que encontrou, no seu caminho longo, um político experiente, maduro, que foi jornalista nesta Casa, Deputado Federal,  senador, Governador, servidor do povo, amigo de todos, um homem temperado nos debates da vida pública, que pôde conduzir com maestria esse projeto, que é tão relevante para o futuro nacional. É uma missão das mais nobres, e eu não poderia deixar aqui de reverenciar publicamente o seu trabalho, de enaltecer a sua bravura, os seus argumentos ponderados e, sobretudo, como disse, sua criatividade e inteligência para conduzir o debate e fazer com que essa obra saísse do papel.

            É a maior obra do PAC, que tem, eu diria, semelhança com os sonhos de Getúlio e as grandes realizações de Juscelino , momento em que, na história brasileira, acrescentamos ao patrimônio da nossa civilização obras extraordinárias, que, até hoje, nos dão frutos.

            Os brasileiros que se viram, envolvidos nessas grandes matérias merecem nosso aplauso e a gratidão nacional.  Aplaudo, nosso Senador, por esse brilhante trabalho. Que Deus o ilumine! E que essa nossa obra possa ser realizada no prazo e venha a produzir muita energia e a pavimentar o futuro do Brasil dos nossos sonhos!

            É com homens assim que podemos vislumbrar, ou melhor, rasgar, nos horizontes sem fim da esperança desta terra tão linda que Deus nos deu, a perspectiva iluminada e gloriosa do nosso destino, que não é o de um País eternamente em desenvolvimento ou subdesenvolvido, mas o de uma grande Nação à altura dos valores morais, intelectuais e espirituais do povo brasileiro.