Discurso durante a 222ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do ex-jogador Sócrates.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do ex-jogador Sócrates.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2011 - Página 51988
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, prezados Senadores, venho aqui requerer, nos termos regimentais, inserção em Ata de voto de pesar pelo falecimento do ex-jogador Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, Dr. Sócrates, como era conhecido pelos torcedores, na madrugada deste domingo, dia 4, no hospital Albert Einstein, em decorrência de choque séptico aos 57 anos, bem como apresentação de condolências a sua querida esposa, Kátia Bagnarelli, aos seus seis filhos e aos irmãos, Sóstenes, Sófocles, Raimundo Filho, Raimar, Raí.

            Sócrates começou a carreira de jogador, em 1974, no Botafogo de Ribeirão Preto. Ganhou notoriedade no Corinthians, onde jogou de 1978 a 1984. Foram 297 disputas, em que marcou 172 gols, venceu três campeonatos paulistas (1979, 1982 e 1983). Foi o principal líder da democracia corintiana, surgida no início dos anos 80. Considerado um dos maiores, senão o maior, movimento político da história do futebol nacional, instituiu no clube paulista um regime onde assuntos como contratações, escalação do time, locais de concentração etc. eram decididos no voto. Nos comentários dos narradores esportivos, o ex-jogador era sempre elogiado pela elegância dentro e fora do campo. Uma das marcas de seu desempenho nas partidas era o toque de bola com o calcanhar.

            Defendeu o Fiorentina, da Itália, as equipes do Flamengo e do Santos, em 1989 e 1990. Foi convocado pela seleção brasileira pela primeira vez em 1979 e defendeu o Brasil em duas Copas do Mundo, as de 1982 e 1986.

            Foi a principal expressão individual dentro do futebol de um amplo movimento de massas surgido no Brasil no final dos anos 70 e que se desenvolveu nos anos 80 para derrubar a ditadura militar. Nesse sentido, a própria democracia corintiana deve ser entendida como parte de um movimento mais amplo que, no terreno do esporte, lutou contra a ditadura.

            Dono de um talento raro e consagrado como um dos maiores jogadores da história do futebol nacional e, consequentemente, mundial, Sócrates também tinha um perfil atípico para um jogador. Formado em Medicina, o ex-meio-campista se engajou em lutas políticas, como o Diretas Já, nos anos 80. Jamais escondeu o que pensava.

            Pela seleção brasileira, Sócrates disputou duas Copas do Mundo: 1982 e 1986. O primeiro Mundial foi o que mais marcou o Magrão, autor de belos gols no torneio, entre os quais contra a União Soviética e Itália.

            E por ironia do destino, o título do Corinthians "Campeão do Brasileirão em 2011" veio no mesmo dia em que todo o Brasil perdeu um grande ídolo: Sócrates. Foi o último aplauso para o ídolo. No Pacaembu, Sócrates foi levado nos braços. Estava nas faixas e nos corações dos corintianos. O momento mais marcante: torcedores e jogadores juntos, no gesto que ele usava para comemorar seus gols. Ninguém o esqueceu na festa do título.

            A diretoria do Corinthians lamentou a morte de Sócrates em nota divulgada no domingo. Disse: "Hoje, que seria um dia apenas de alegria pela decisão do Brasileirão, começou triste para o futebol brasileiro, principalmente para os corintianos".

            Srª Presidenta, aqui incluo também as declarações da Presidenta Dilma Rousseff, do Presidente Lula, de alguns dos mais importantes comentaristas e dos registros que foram feitos nos principais jornais do mundo e por seus colegas, como Casagrande, Zico, Zé Maria, Juca Kfouri e tantos outros.

            Gostaria de registrar que, em agosto último, por ocasião de sua internação no hospital Albert Einstein, visitei Sócrates na UTI, onde se encontrava ao lado de sua querida esposa, Kátia Bagnarelli. Recordamos os bons momentos que vivemos juntos na batalha pela democracia e o quanto as pessoas de todas as torcidas, inclusive eu, torcedor do Santos Futebol Clube, por quem ele torceu e jogou em 1989 e 1990, estávamos-lhe transmitindo força por sua plena recuperação.

            Muito obrigado, Sócrates, por sua tão bela contribuição ao esporte, à ampliação da liberdade, ao aperfeiçoamento da democracia, à cidadania e ao Brasil, que tão bem você honrou e honraria a todos os seus irmãos - Sóstenes, Sófeles, Raimundo Filho e Raimar - e a seus filhos. À Kátia, o meu afetuoso abraço.

            Peço que seja transcrito inteiramente, Srª Presidenta, o requerimento de solicitação de homenagem ao querido Sócrates.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- Requerimento de inserção em Ata de voto de pesar pelo falecimento do ex-jogador Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2011 - Página 51988