Discurso durante a 235ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Saudação de paz à moda indígena boliviana.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Saudação de paz à moda indígena boliviana.
Publicação
Publicação no DSF de 23/12/2011 - Página 55783
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • REGISTRO, SAUDAÇÃO, PAZ, MODELO, GRUPO INDIGENA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, IMPORTANCIA, COMBATE, GUERRA, PLANETA TERRA.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney, a quem felicito por este ano que tivemos aqui no Senado, realmente, tenhamos o que tenhamos de contradições, de disputas, foi um ano positivo, ninguém pode negar isso, Srs. Senadores, Srªs Senadoras.

            Sr. Presidente, é costume, quando a gente chega no final do ano, desejar paz, mas eu não me contento em desejar apenas uma paz. Quero aqui lembrar algo que li muitos anos atrás do que dizem os índios muito antigos na Bolívia. Eles desejam sete diferentes tipos de paz a cada pessoa.

            A primeira paz é uma paz para frente. E para frente, entre eles, Senador Pimentel, é o passado. Isso quer dizer que o futuro da frente é uma arrogância nossa, dos ocidentais, porque o futuro a gente não conhece. Na frente, está o passado, e eles desejam muita paz com o passado. Paz com o passado é viver sem remorsos. Carregada de remorsos a pessoa não está em paz. Então, eles desejam em primeiro lugar paz para frente.

            Desejam também paz para trás. Para trás é o futuro. É o futuro que a gente não conhece. A paz que eles desejam é a paz de quem não teme o que vem adiante. Desejo também aqui uma paz de que nenhum de nós tenha medo do que vem pela frente. Para nós. Para eles é o que está atrás, que é o futuro.

            Eles desejam também paz para o lado direito, que é a paz com a família. É difícil estar em paz se a família não está em paz. Mas desejam também a paz para a esquerda, que é a paz com os vizinhos. Só que, no mundo deles, os vizinhos são apenas a comunidade ao redor. Para nós, vizinho hoje é o mundo inteiro. Não vai haver ninguém em paz se o mundo global estiver em guerra.

            Eles desejam também paz para cima, que é a paz com Deus, com o sobrenatural, com os antepassados, com a espiritualidade. Sem essa paz, ninguém está plenamente em paz. Eles desejam também uma paz para baixo, que é uma paz com a Terra onde a gente caminha. Não estamos em paz se destruímos florestas, se poluímos o ar, se degradamos a água. Não há paz sem também ser para baixo.

            E a sétima paz, Senador Sarney, é a paz para dentro, é a paz consigo mesmo. Não adianta paz para cima, com os deuses, a paz para baixo, com a terra, a paz para frente, com o passado sem remorso, a paz para trás, de um futuro que não tenhamos medo, nem com a família nem com os vizinhos, se, dentro de nós, estamos angustiados, sem paz.

            Eu quero desejar aqui a nós, que estamos neste Senado, paz de sete tipos diferentes para cada um; a todos nós, brasileiros, ao mundo inteiro, e a todos os nossos vizinhos - e são sete bilhões hoje, no mundo; cada um de nós tem sete bilhões de vizinhos -, sete tipos diferentes de paz. Que essas formas de paz estejam todas elas conosco e com todos vocês.

            Era isso, Senador Sarney, que eu tenho a dar como meus votos para todos nós, Senadores, Deputados, Parlamentares, líderes deste País, o povo em geral e a humanidade inteira.

            Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/12/2011 - Página 55783