Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.

Autor
Francisco Dornelles (PP - Progressistas/RJ)
Nome completo: Francisco Oswaldo Neves Dornelles
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.
Publicação
Publicação no DCN de 11/08/2011 - Página 2261
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, SENADOR, FAMILIA, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, ITAMAR FRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, HISTORIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CARREIRA, VIDA PUBLICA.

            O SR. FRANCISCO DORNELLES (Bloco/PP - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Aécio Neves, meu queridíssimo amigo Augusto Franco, meu caro Hargreaves, Srªs e Srs. Senadores, no dia 2 de julho, o Brasil ficou menor. A morte de Itamar Franco veio privar-nos de um convívio com um político que fez da vida pública autêntico hino de louvor à integridade, à coerência e a princípios éticos inegociáveis.

            Foi a partir de Juiz de Fora que Itamar construiu a vitoriosa carreira política. Ainda bem jovem, em fins dos anos 1950, iniciava uma militância política que, galgando degrau por degrau, finalmente o levaria à Presidência da República. Desde as primeiras disputas eleitorais em sua cidade, ele firmaria vínculo duradouro com as causas populares. Não por outra razão, filiou-se ao partido que representava o trabalhismo de Vargas, em uma Juiz de Fora de forte presença de trabalhadores organizados em associações, clubes e sindicatos.

            Veio a ruptura institucional de 1964, e Itamar Franco abrigou-se no Partido de oposição ao regime militar - o MDB -, venceu as eleições municipais de 1966, e, de 1967 a 1970, Juiz de Fora conheceu a capacidade administrativa do engenheiro Itamar Franco.

            Prefeito brilhante que elegeu sucessor e que retornou uma vez mais à Chefia do Executivo municipal pela vontade do povo, Itamar Franco transformou Juiz de Fora em autêntico polo regional de desenvolvimento.

            Itamar Franco aceitou o desafio de enfrentar e candidatar-se ao Senado nas eleições de 1974. Nos dois pleitos anteriores, 1970 e 1972, a vitória da governista Arena havia sido tão avassaladora que setores oposicionistas pensaram na autodissolução do PMDB. Ainda assim, ele assumiu o risco. Com o lema “Itamar é Minas no Senado”, ele empolgou e venceu a disputa.

            No Senado, Itamar pautou-se na defesa de teses nacionalistas e pela volta do Estado de Direito. Sua voz jamais se calou na condenação ao autoritarismo. Por isso, os mineiros renovaram-lhe o mandato senatorial. Aceitou candidatar-se à Vice-Presidência da República em 89, nas primeiras eleições diretas desde 60. Eleito, chefiou o governo em face do afastamento do titular.

            Em pouco mais de dois anos, Itamar foi capaz de conduzir o País sem maiores sobressaltos, quando tudo apontava para uma crise política de extrema gravidade.

            Coube a Itamar Franco, por exemplo, a corajosa decisão de implantar o Plano Real.

            Depois de ter concretizado o antigo sonho de governar sua Minas Gerais, Itamar volta ao Senado, trazido pelos braços da gente mineira. Nos poucos meses em que aqui esteve, neste seu terceiro mandato, não foram poucas as vezes em que deu demonstração de sua vivacidade de espírito, da seriedade com que desempenhava sua missão, do respeito às normas que regem o funcionamento do Senado e, acima de tudo, da intransigente defesa do Poder Legislativo.

            Itamar Franco foi um ardoroso defensor desta Casa, do Poder Legislativo, cioso de seu espaço e defensor das suas prerrogativas. Para ele, um Legislativo altaneiro, dignificado em sua atuação e trabalhando em sintonia com a sociedade, era a garantia da plenitude democrática.

            Prefeito, Governador, Senador e Presidente da República, em todos os cargos que exerceu, Itamar foi capaz de combater o bom combate na linha da sabedoria bíblica. Simples por natureza, jamais permitiu que a importância do cargo alterasse sua personalidade. Ético por princípio soube como poucos separar a vida pessoal da coisa pública. Nacionalista, podia falar em Pátria sem que a palavra soasse artificial.

            Que Itamar Franco descanse em paz! O Brasil lhe é grato. Nesta Casa, somos todos testemunhas da sua atuação séria, honesta e produtiva. Que sejamos dignos de seu legado!

            Muito obrigado. (Palmas.)

            Pediria, Sr. Presidente, que fosse transcrito na íntegra o meu pronunciamento.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 11/08/2011 - Página 2261