Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.
Publicação
Publicação no DCN de 11/08/2011 - Página 2269
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, SENADOR, AUTORIDADE, FAMILIA, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, ITAMAR FRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, CONDUTA, EX PRESIDENTE, DURAÇÃO, MANDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente Pedro Simon, quero parabenizar o Senador Aécio Neves, signatário deste requerimento.

            Antes de começar o meu pronunciamento, quero fazer uma homenagem à Senadora Ana Amélia, que se emocionou na tribuna e se engasgou no final de seu discurso; ao Senador Cristovam Buarque, que desceu desta tribuna com os olhos marejados. Isso nos sensibiliza. Eu não podia deixar de registrar esses momentos que as câmeras do Senado Federal não captam.

            Fabiana e Georgiana, em seus nomes, quero homenagear toda a família do nosso querido Itamar Franco; e o meu querido amigo Hargreaves, que conheci quando era Deputado Federal na Câmara Federal e, através dele, homenagear todos os amigos de Itamar Franco.

            Sr. Presidente, Senador Pedro Simon, Srªs e Srs. Senadores, demais autoridades presente, minhas senhoras e meus senhores, estamos hoje, nesta Casa, reverenciando a memória do Presidente Itamar Franco, responsável, em 1994, pela implantação do mais bem-sucedido programa de controle inflacionário do país, o Plano Real, programa econômico responsável pela estabilização da moeda, que permitiu o crescimento e o otimismo que nos acompanham nas últimas duas décadas.

            Às vésperas do Plano Real ser deflagrado, em junho de 1994, a inflação batia na casa dos 50% ao mês.

            Contando com a contribuição de vários economistas, reunidos pelo então Ministro da Fazenda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Itamar determinou que o programa para lançar o Real fosse feito de maneira irrestrita e na máxima extensão necessária ao seu êxito.

            O problema é que, do ponto de vista econômico, o tempo era curto para estabilizar a economia e romper com a espiral inflacionária, alimentada por um mecanismo perverso de indexação. E, do ponto de vista político, era uma eternidade, dado que as eleições se aproximavam. Era tudo ou nada. E Itamar apostou tudo. E o Brasil foi quem ganhou.

            A implementação do Plano Real - e ele fazia questão de, nesta Casa, quando Senador, dizer que foi ele quem implantou, e é verdade - permitiu que o Brasil domasse a hiperinflação, lançou as bases para todos os avanços econômicos do País até hoje e viabilizou uma das viradas mais importantes da história econômica brasileira.

            O Presidente Itamar Franco, até no nome, reclamou, certa feita, de como era difícil agradar a opinião pública. E disse assim: “Quando reajo, dizem que sou temperamental e teimoso. Quando demonstro serenidade, falam que sou omisso. Não sei o que essa gente quer”.

            De fato, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Itamar não escapou das provocações ácidas de seus opositores nem foi poupado pela língua ferina dos críticos de plantão; mas sobreviveu a tudo e a todos, com ética, espírito incorruptível, serenidade, simplicidade e determinação - até os seus últimos dias neste Senado Federal, conforme eu e toda esta Casa testemunhamos.

            Contundente defensor do nacionalismo, disse Itamar, em entrevista ao veterano jornalista Mauro Santayana:

A minha tese é de que coube aos mineiros despertar esse sentimento nos demais brasileiros, o de que o nacionalismo é a união entre a ideia da dignidade e da defesa da riqueza que coube, pela natureza, à geografia de cada nação. É certo que a dignidade dos povos é mais importante do que seus bens: uma nação pode ser honrada, ainda que pobre. Mas a cobiça internacional se dirige aos recursos naturais. O nacionalismo não deve ser estímulo à conquista, como ocorreu com a Alemanha de Hitler. O nacionalismo é, principalmente, instrumento de defesa e resistência de um povo.

            Itamar Franco deixa sua marca pessoal na vida pública brasileira, marca na qual é possível distinguir três componentes principais: dignidade, simplicidade e honestidade. Um político que mudou algumas vezes de partido, mas nunca mudou de rumo.

            A trajetória de Itamar Franco deve ser observada na perspectiva histórica pela importância que teve para a estabilização monetária e pelos bons exemplos por ele deixados na vida pública do País.

            Ele honrou, com a sua honestidade, empenho e determinação, todos os cargos que exerceu em missões que lhe foram confiadas. A sua vida, com a sua morte ocorrida em 2 de julho último, é lição para a história, exemplo para os jovens e saudade para o povo.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 11/08/2011 - Página 2269