Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência à memória do ex-Senador e ex-Presidente da República Itamar Franco.
Publicação
Publicação no DCN de 11/08/2011 - Página 2273
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, SENADO, FAMILIA, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, ITAMAR FRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, CONDUTA, ETICA, EX PRESIDENTE.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, familiares do nosso inesquecível Itamar, confesso que nunca subi à tribuna em uma sessão solene desta natureza. Nunca me achei com coragem de subir à tribuna para falar de alguém querido que se foi. Pedi a Deus que me desse essa coragem no dia de hoje. Sempre evitei. Quantas vezes fui chamado a falar e sempre dei uma desculpa. Nunca falei em uma sessão solene desta natureza. Recebi de Deus, então, a coragem de estar aqui hoje falando do meu querido Itamar.

            Conheci-o há pouco tempo, é verdade. Tornei-me seu amigo e conheci seu caráter. Falar de Itamar, Pedro, do Presidente, do político, todos já falaram.

            Cheguei a questionar Deus. Cheguei a passar horas conversando com Deus, questionando por que levou Itamar agora. Precisávamos muito dele, meu querido Deus! A Pátria precisava muito de Itamar! O Senado precisava muito de Itamar! Por sua aparência, eu jamais poderia pensar que o querido Deus iria levá-lo agora. Falava forte. Uma vez Itamar me questionou, ao sentar, ao me abraçar. Fazíamos juntos oposição nesta Casa. Disse que queria ter um coração igual ao meu, forte como o meu. Isso foi há pouco tempo. Eu disse a ele: “Teu coração é mais forte do que o meu, Itamar. Ele ainda vai bater por muito tempo”. Eu jamais imaginaria que aquele querido homem, brasileiro autêntico, poderia nos deixar tão rapidamente.

            Procurei, depois, saber o que ele tinha, o que foi. Às vezes não adianta, Deus quis e ninguém questiona. Mas no momento em que a Pátria - eu me questionei - precisava tanto dele! O que ele fez por esta Pátria, o que ele fez pelos brasileiros, o que ele fez pela Nação...!

            Cristovam, aquele homem que se sentava ao meu lado, tão feliz por estar aqui entre nós, quando, aqui, nesta tribuna, este Senador questionava determinados Senadores que se curvavam ao pé do poder, que trocavam seu caráter por cargos públicos, o carinho que aquele homem me dava era um carinho autêntico. Eu sentia suas mãos trêmulas nas minhas costas me apertando.

            A Pátria cheia de corrupção, a Pátria entregue aos corruptos, a Pátria sendo desmoralizada e Itamar se foi. Itamar nos deixou neste exato momento em que a Pátria e o Congresso Nacional precisavam muito dele.

            Meu Pai querido, tenho certeza de que Tu recebeste no Teu Reino esse brasileiro, um brasileiro tão digno, de caráter forte, íntegro, que combatia os corruptos, que não permitia deslealdade, que amava a sua Pátria, que não tinha medo, que tinha coragem de peitar aqueles irresponsáveis que poderiam contaminar a Nação.

            Esse homem, Pai, deve estar no Teu Reino em paz. Tenho certeza disso. Por isso, suas filhas, seu genro, seus parentes devem ter tranquilidade, porque, aqui nesta Terra, aqui nesta Pátria, aqui nesta Nação, Itamar Franco, o grande Itamar, o grande brasileiro, cumpriu a sua missão e carregou sua cruz com muita bravura.

            De ti, amigo, eu jamais me esquecerei.

            Muito obrigado, Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 11/08/2011 - Página 2273