Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Partido dos Trabalhadores pelo transcurso, hoje, dos 32 anos de sua fundação.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Partido dos Trabalhadores pelo transcurso, hoje, dos 32 anos de sua fundação.
Aparteantes
Walter Pinheiro.
Publicação
Publicação no DSF de 11/02/2012 - Página 2141
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Exatamente o que pretendo fazer neste breve pronunciamento é homenagear o partido que mudou a história política do Brasil e ajudou na construção de um Brasil que cresce, que se desenvolve e inclui aqueles que viviam na exclusão social. Eu queria dizer que, também por coincidência, é V. Exª, Senador Suplicy, uma das autoridades que o PT permitiu que o Brasil conhecesse, um militante, um cidadão pleno que está aqui sempre lutando por justiça.

            Eu queria parabenizar a todos do Partido dos Trabalhadores. São 32 anos lutando por democracia, por inclusão social, pelo engrandecimento do Brasil, por um mundo melhor. Hoje, aqui em Brasília, teremos uma reunião com a Presidente Dilma, o Presidente Lula e lideranças de toda parte do Brasil para celebrar os 32 anos de existência do Partido dos Trabalhadores.

            É uma história feita a partir da luta do nosso povo, das pessoas simples, dos camponeses, dos agricultores, de Chico Mendes, na Amazônia. É uma história feita a partir de intelectuais, de profissionais liberais, de militantes históricos da esquerda brasileira.

            Hoje, especialmente, estamos fazendo uma homenagem a Apolônio de Carvalho. Ouvi um posicionamento dele - tive o privilégio de ouvir -, num dos encontros promovidos pelo PT, uma frase, com a sabedoria de quem sempre teve compromisso com a luta do povo no mundo inteiro, de que todos nós temos de procurar mudar, aperfeiçoar. Ele falou: “Temos de mudar sem mudar de lado”. Apolônio de Carvalho será homenageado hoje, por meio de seus familiares. É um cidadão do mundo, que carregou na sua luta a honra de ter a ficha de filiação número 1 do Partido dos Trabalhadores. E o destino não poderia ter feito escolha melhor que Apolônio de Carvalho.

            Nós temos na base da história desse partido a figura do companheiro Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Presidente Lula é, para mim, uma referência de vida. A minha referência de militância política é e sempre foi o Presidente Lula - quando estudante ainda, vendo suas palestras na universidade, preparando para a fundação do Partido dos Trabalhadores.

            E nós do Acre contamos hoje aqui em Brasília com o nosso Presidente Léo do PT, como nós o chamamos, Léo Brito; com a figura do Prefeito Raimundo Angelim - o Governador Tião Viana está numa viagem com sua família -; e também com o Marcos Alexandre, nosso candidato a Prefeito para as eleições deste ano em Rio Branco. Marcos Alexandre é um engenheiro, um profissional dedicado, uma pessoa sensível, que trabalha incansavelmente, começando o dia bem cedo e terminando a sua jornada sempre muito tarde. Ele faz um trabalho fantástico, porque trabalha junto com as pessoas simples, com humildade e com firmeza.

            Estamos reunidos com o ex-Governador Binho Marques, o Senador Anibal Diniz e vamos, daqui a pouco, ter uma reunião com o Presidente do PT, Rui Falcão, para apresentar o nosso candidato.

            Mas eu queria dizer também da minha honra de pertencer ao Partido dos Trabalhadores do Acre, que tem uma história tão bonita, uma história construída no alicerce preparado por Chico Mendes; por Marina Silva, que, lamentavelmente, não está mais conosco no Partido, mas deu uma contribuição extraordinária; pelo Governador Binho, pelo Prefeito Angelim. Nós temos um número enorme de pessoas que dedicaram suas vidas à construção do PT, e eu, para não cometer injustiças, prefiro não citá-las. Mas uma delas merece citação, que é o Senador Anibal Diniz.

            No ano passado, muitos perguntavam: “Mas quem é Anibal Diniz?”. Anibal Diniz é um fundador do Partido dos Trabalhadores, uma das pessoas de maior integridade que eu conheço. Ele sempre esteve na boa luta, de uma maneira absolutamente discreta, mas com competência e integridade nos ajudou em todos os momentos: quando o PT estava apenas organizando o povo; quando o PT seguiu organizando o povo, mas foi disputar espaço de poder; quando o PT assumiu a prefeitura; quando assumiu o governo. Em todas essas etapas estava lá o hoje Senador Anibal Diniz, que foi convidado pelo atual Governador Tião Viana para ser seu suplente e honra esta Casa.

            Então, Sr. Presidente, venho aqui para parabenizar a todos que, no Acre, ajudaram a construir uma história que mudou a história e a vida do povo acreano. As agressões, os ataques ao Partido dos Trabalhadores no Acre seguem. As agressões, os ataques ao Partido dos Trabalhadores no Brasil seguem e, em alguns momentos, beiram o preconceito.

            Mas são etapas que já estão sendo vencidas. Por outro lado, esses embates, às vezes, compõem essa belíssima página da democracia brasileira que, com luta, todos nós conquistamos. Faz parte.

            Acho que não poderia encerrar este pronunciamento em que faço este singelo registro do aniversário do PT, abrindo os trabalhos deste dia aqui no Senado, os 32 anos de vida do Partido dos Trabalhadores, sem mais uma vez dizer que a chegada do Partido dos Trabalhadores, com a ajuda da base aliada, ao Governo Federal, com o Presidente Lula, surpreendeu o Brasil e o mundo. O mundo, que vive crise de governança, o mundo que vive crise de liderança, se surpreendeu com a trajetória do Governo do Partido dos Trabalhadores liderado pelo Presidente Lula.

            É óbvio que tivemos problemas. Temos que resolvê-los. Se vão deixar marcas, se as marcas já estão deixadas, temos que resolver. Não temos que adiar nada, nem julgamento, nem enfrentamento. Mas neste dia de festa do Partido dos Trabalhadores, queria deixar aqui o registro nos Anais do Senado que o PT tem, sim, o que comemorar, porque a vida do povo brasileiro mudou, a vida da economia brasileira mudou, a história do Brasil mudou e, se o povo está melhor, se o Brasil está melhor, o PT também está melhor.

            Sr. Presidente, eu agradeço...

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco/PT - BA) - Um aparte, Jorge, por favor.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Por gentileza. Com muita honra, ouço o nosso Líder aqui no Congresso e um dos construtores dessa história tão bonita, meu Líder Walter Pinheiro.

           O Sr. Walter Pinheiro (Bloco/PT - BA) - Senador Jorge Viana, eu diria que este é um dia muito especial para todos nós. Ontem, eu dizia, na reunião do nosso diretório, que, na prática, o PT comemora hoje um século menos 68 anos. Essa é a conta correta. Nós só temos 32 anos de existência, mas, nesse tempo, várias coisas se processaram como se um século tivesse passado. Um partido tão jovem como o nosso entrou, na experiência mundial de construção partidária, nos seus 32 anos. As mudanças no mundo, Senador Jorge Viana, se processaram em séculos. As transformações, inclusive a partir da mobilização de Partidos, nós experimentamos na história a partir de diversos anos ou até de séculos. Quando nós falamos da movimentação do que foi todo o processo de uma revolução como a francesa, a mobilização da revolução democrática - o que acho mais importante citar que o nosso País teve que experimentar depois de anos de dureza -, essa revolução não se consolidou em 20 e poucos anos; ela se consolidou em muitos anos. Se tomarmos como referência a luta do povo brasileiro desde a década de 60, chegaremos à conclusão de que temos um tempo muito maior do que a existência do PT. Portanto, em 32 anos, o PT consegue se firmar como um partido nacional, diante de um cenário de completa, mas completa contradição, diante de um cenário de completa discriminação. Qual é a formação do PT? Qual é a formação do PT do Acre com essa história tão bela que você citou? De onde saiu Marina Silva, andando na floresta, enfrentando a adversidade? Vamos pegar como referência o nosso Sibá, figura das mais inusitadas que sai dali, do ponto mais humilde, da luta. Eu conversava com Sibá outro dia e ele disse: “Pinheiro, agora já dei um passo a mais. Não só cresci na política, mas busquei também mais informação e mais formação”. O PT propiciou figuras como Jorge Viana, como Tião Viana, figuras como Anibal. Como você disse muito bem, meu caro Jorge, chega a esta Casa todo mundo desconhecido, mas com atuação de veterano. Portanto, gente formada na luta. Chico Mendes, Margarida, a história da luta que começa a partir das mulheres do PT, os camponeses. A história do ABC paulista, a história do movimento sindical, a história do movimento na universidade, nas escolas. Eu, por exemplo, entrei na luta política a partir da atividade estudantil, final da década de 70, na escola técnica. A história é importante, e não dá para dissociar o PT disso. A história da luta das comunidades eclesiásticas de base, a Igreja. E muita gente chegava até a brincar com o PT, dizendo que o PT era uma combinação entre blocos de esquerda e a Igreja. Chegamos até a viver um período dentro das correntes em que diziam: “Nós temos até a Santa Madre dentro do PT”. Mas eram as comunidades eclesiásticas de base. Portanto, o PT mostrando que era possível conviver com o ideário mais avançado de transformação, mas com a participação do povo, da sociedade, da escola, da Igreja, da vida, do cotidiano. A experiência do PT, Jorge, é tão bonita que, sem ela, não teríamos figuras como Sibá, como Wellington Dias, governador, como Lula, metalúrgico presidente, ou a nossa bancada aqui no Congresso Nacional. Recordo-me, Jorge, que eu contabilizava quantos dirigentes sindicais havia na bancada federal. A história da política mundial foi marcada pela presença da aristocracia no Parlamento. O PT quebrou isso. Mais ainda, na organização partidária, o PT mostrou que era possível construir um partido nacional, mas com enraizamento local, com respeito às decisões no Acre, com respeito às decisões na Bahia, com respeito às decisões de cada Município. Nós temos erros. É claro que acumulamos erros. Um partido desse tamanho, com 32 anos, é óbvio que tem problemas. Em todo lugar há problemas. Partido é extrato da sociedade, mas é possível, inclusive, que comemoremos o dia de hoje mais do que fazendo loas aos 32 anos, mas olhando a nossa lição, olhando o que aconteceu efetivamente nesse período e apontando os desafios que temos pela frente. Aos 32 anos podemos, neste País, contar a história de uma figura como Luiz Inácio Lula da Silva. Uma história bonita, de um homem abnegado, dedicado, que entregou sua vida a essa causa, que nos deixa um legado dos mais importantes: a inclusão de milhares e milhões de brasileiros que viviam à margem, que fez o País olhar para dentro e se relacionar lá fora, mas o principal está aqui dentro. E chega a este momento com a Presidente Dilma tocando o País, quebrando, inclusive, uma lógica, elegendo uma mulher, a primeira Presidenta da República do Brasil. Portanto, Jorge, é um dia de festa. Neste dia, até lamento, porque eu ficaria aqui este final de semana exatamente para participar da festa hoje à noite, mas, em decorrência das questões na Bahia, devo retornar ao meu Estado daqui a pouco, às 10h30min, para participar da tentativa de negociação em uma assembleia que acontece hoje, às 16 horas. Então, eu não estarei na mesa principal de abertura do evento, mas a Bancada do PT estará sobejamente bem representada. Inclusive já solicitei a V. Exª que represente a nossa liderança no encontro de abertura, hoje, às 18 horas, quando faremos a nossa festa de 32 anos. Com certeza, a bancada estará muito bem representada. E eu estarei completamente satisfeito, porque sei que estarei presente, à medida que V. Exª estará conosco, e eu terei que voltar para cumprir, dentro desses 32 anos, mais uma tarefa do Partido: ajudar o nosso Governo do Estado na busca do entendimento com os policiais militares a fim de restabelecer a paz, a normalidade, a tranquilidade do povo baiano no retorno da greve. Parabéns, Jorge Viana, a todos nós. Parabéns à construção do Partido dos Trabalhadores, que muito ainda tem pela frente para trilhar. Um grande abraço.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Muito obrigado.

            Eu, com muito orgulho e satisfação, incorporo o aparte de V. Exª, que tem autoridade de falar como falou, e digo que só lamento as circunstâncias por que hoje passa a Bahia, com que V. Exª tem tanto compromisso e o impede de estar no lugar adequado, porque só V. Exª nos representa a todos da bancada federal na festa dos 32 anos, mas, para mim, é uma honra estar lá tentando substituí-lo.

            Mas eu queria, então, concluir, Sr. Presidente, dizendo que a história construída ao longo desses 32 anos é muito bonita. É parte da redemocratização do Brasil, mas vai um pouco além: é parte das mudanças que o Brasil experimenta; é parte da história que levou o Brasil a ser a sexta economia do mundo e, certamente, o levará a ser a quinta; é parte da história da inclusão de mais de 30 milhões de brasileiros que eram excluídos; é parte da história do mundo, de estarmos trabalhando na busca da sustentabilidade para o desenvolvimento; é parte da história do mundo, de termos lideranças globais como o Presidente Lula, e agora, depois do primeiro ano, se firma também a Presidente Dilma. O PT tem uma história muito bonita para trás, mas acho que tem um futuro enorme pela frente. O PT é um dos poucos partidos que tem duas grandes lideranças para seguir: o Presidente Lula e a Presidente Dilma.

            Mas queria concluir de verdade, dizendo que, lá no Acre, tudo o que nós construirmos foi porque envolvemos pessoas simples do nosso povo e nelas nos inspiramos para trabalhar. Então, é claro, o meu suplente Nilson Mourão, que é um dos fundadores, tem uma história muito bonita, o Sibá, Francisca Marinheiro, pessoas que realmente ajudaram na luta, do começo, e estão juntos conosco nessa luta que segue. Hoje, o Estado é governado por Tião Viana, que tem se dedicado todos os dias a melhorar a vida do nosso povo.

            Só espero que o PT, que construiu essa história bonita ao longo de 32 anos, sempre tendo como prioridade servir os que mais necessitam, que não percamos de vista: o PT, que mudou o Brasil, que é referência no mundo, que governa Estados importantes, que governa mais de 560 cidades, precisa, no dia do seu aniversário, celebrar as conquistas, mas também renovar seus compromissos com aqueles que não têm, que não podem e que não sabem. Se nós fizermos isso a cada aniversário, o PT certamente, como nós sonhamos, terá vida longa.

            Parabéns a todos que constroem, construíram e seguirão construindo o PT. É com muita honra que inicio, que abro aqui, neste pronunciamento, os trabalhos de hoje, homenageando esse partido que me acolhe e que me faz sentir um cidadão que luta por seu país e por um mundo melhor a partir da ação política.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDNTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Permita-me, prezado e querido Senador Jorge Viana. V. Exª tem sido um dos baluartes, um dos símbolos maiores de nosso partido. V. Exª, como Governador do Estado do Acre, realizou um trabalho fantástico e tem, no seu irmão, nosso colega aqui, Tião Viana, uma pessoa que não apenas dignificou tanto o povo do Acre em seu mandato, como recebeu a confiança com extraordinária votação, seja quando foi eleito Senador, também quando eleito Governador e seguindo muito os passos que V. Exª ali trilhou, esbravejou e mostrou, no melhor sentido possível.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - E junto com o Governador Binho Marques, que me sucedeu. É outra figura extraordinária.

            O SR. PRESIDNTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Exatamente, o Governador Binho Marques, que tão bem também cumpriu a função, e Chico Mendes; Marina Silva; V. Exª, Jorge Viana; Tião Viana; Anibal Diniz; Sibá Machado; tantas pessoas que V. Exª citou. Eu pude muitas vezes estar ali no Acre, testemunhei o trabalho de todos para fazer com que nosso partido, sobretudo ali no Acre, fosse um exemplo do orçamento participativo, do bom critério na hora de dialogar com o povo sobre as principais prioridades, para justamente prover aqueles que ainda não têm o pleno direito à cidadania, esta possibilidade completa e, sobretudo, de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com realização de justiça e com a democracia, com a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de realização de eleições, liberdade de formação de partidos. Tudo isso constitui uma marca importantíssima.

            Meus parabéns a V. Exª.

            O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT - AC) - Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/02/2012 - Página 2141