Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do sergipano Camilo Calazans, ex-Presidente do Banco do Brasil; e outro assunto.

Autor
Lauro Antonio (PR - Partido Liberal/SE)
Nome completo: Lauro Antonio Texeira Menezes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TURISMO.:
  • Pesar pelo falecimento do sergipano Camilo Calazans, ex-Presidente do Banco do Brasil; e outro assunto.
Aparteantes
Vital do Rêgo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2012 - Página 2578
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TURISMO.
Indexação
  • VOTO DE PESAR, ORADOR, RELAÇÃO, MORTE, EX PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, ESTADO DE SERGIPE (SE), BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (BNB).
  • COMENTARIO, RELAÇÃO, NECESSIDADE, CRIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), ESTADO DE ALAGOAS (AL), INFRAESTRUTURA, PROJETO, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, TURISMO, ESTABILIDADE, RENDA, POPULAÇÃO, REGIÃO, FOZ, RIO SÃO FRANCISCO.

            O SR. LAURO ANTONIO (PR - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, hoje, gostaria de iniciar a minha fala na tribuna desta Casa registrando o meu pesar pelo falecimento de um grande sergipano. Falo de Camilo Calazans, ex-presidente do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, considerado por muitos como o maior presidente do Banco do Brasil de todos os tempos. Quero aqui transmitir os meus sentimentos à sua família.

            No Nordeste, a região do baixo São Francisco, localizada entre os Estados de Sergipe e Alagoas, é uma área de ocupação histórica muito antiga. João Ribeiro, autor de um livro sobre história do Brasil, refere-se ao rio São Francisco como o grande caminho da civilização brasileira, o que demonstra a importância desse rio desde os primórdios da colonização. O baixo do São Francisco foi um cenário importante durante a colonização holandesa no Nordeste. Foi durante o domínio batavo que Maurício de Nassau fundou o Forte de Maurício, onde surgiu a atual cidade de Penedo, em Alagoas. A região foi explorada e ocupada pelos agentes da Companhia das Índias Ocidentais. Durante a expulsão o baixo São Francisco foi o teatro da guerra.

            É fato que o surgimento das cidades brasileiras na fase colonial aconteceu por motivação religiosa, comercial ou militar, e o povoamento da nossa região não foi diferente. Contudo, o baixo São Francisco, apesar de ter sido uma das áreas mais agredidas e degradadas pelo homem desde a descoberta do Brasil, restando pouco da fauna e flora nativas, é, por incrível que possa parecer, a região onde temos um dos mais belos trechos do rio e certamente o mais povoado, proporcionalmente. Tem uma diversidade de solos e clima notáveis, abrangendo desde a região semiárida, passando por trechos agrestinos, até a Zona da Mata, chegando à foz com uma vegetação típica do litoral composta por restingas e manguezais.

            E é justamente nessa diversidade que percebemos no turismo uma grande possibilidade de desenvolvimento para a região e para todo o contingente populacional que vive nos municípios do baixo São Francisco, tanto no lado sergipano, quanto no lado alagoano do rio.

            Quando falo em turismo, falo em segmentos turísticos que se adequem ao que os municípios têm a oferecer, respeitando a culinária, o artesanato e a cultura das populações tradicionais.

            Entretanto, para que isso seja possível, precisamos desenvolver, em parceria com as comunidades e com as esferas de governos, ações que possibilitem a criação de infraestrutura necessária para que os projetos sejam implantados e que tenham continuidade, gerando segurança de renda para as populações e de divisas para os municípios envolvidos,

            Quando falo em ações e projetos turísticos para região do baixo São Francisco, é de fundamental importância que sejam consideradas as duas margens do rio; caso contrário, essas ações e projetos estariam, sem dúvida, fadados ao insucesso.

            Certamente a construção de uma ponte sobre o Velho Chico, fazendo a ligação entre Sergipe e Alagoas, trará para os municípios do baixo São Francisco, nos dois Estados, uma grande possibilidade de desenvolvimento turístico, gerando empregos, renda, fixando as pessoas às suas terras e aumentando a autoestima de toda a região, que é riquíssima em belezas naturais e em história.

            O espaço de que estamos falando é amplo. Só para se ter uma ideia, em Sergipe são 14 Municípios; em Alagoas, são nove. Daí a importância da somação de esforços entre os dois Estados.

            Apenas para se ter uma pequena noção da diversidade do potencial turístico dessa região, vou citar alguns exemplos. O primeiro deles é Pacatuba, em Sergipe, que fica localizado entre a foz do São Francisco e a reserva de Santa Isabel, também conhecida como Pantanal Nordestino. Isso mesmo, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, pantanal! E não é verdade de pescador, não, possui uma área verde de 40 km2 que reúne pântanos, manguezais, dunas, mar e mata atlântica, formando um belíssimo e harmonioso cenário de fauna e flora.

            Já Santana do São Francisco, que até bem pouco tempo era conhecida como Carrapicho, é um importante polo de produção artesanal de cerâmica. Suas belas peças são exportadas para todo o Brasil e podem ser encontradas também mundo afora. E o delta sergipano do rio São Francisco é, portanto, quase todo pertencente ao Município de Brejo Grande, com aproximadamente toda sua área formada por dunas e restingas, entremeadas por lagoas e apicuns.

            Do lado alagoano, não podemos deixar de falar da histórica cidade de Penedo, que se ergue imponente sobre um rochedo às margens do rio São Francisco, um relicário vivo que conserva um patrimônio artístico e cultural de grande valor, tendo sido palco de acontecimentos importantes do Brasil colonial, como mencionei no início deste pronunciamento.

            Portanto o que precisamos é fortalecer nossas ações em todos os segmentos do turismo em nosso País. Embora o número de turistas estrangeiros visitando o Brasil tenha batido recorde em 2011, ainda estamos muito atrás de países como França, Estados Unidos, Espanha e China, por exemplo.

            E o que nos falta? Na nossa região, especificamente na região do baixo São Francisco, falta-nos infraestrutura básica para que possamos criar uma eficiente infraestrutura turística. Acredito que unidos seremos mais fortes, que a somação de esforços entre Sergipe e Alagoas será de fundamental importância para o desenvolvimento de toda essa região que compõe os dois Estados, que é riquíssima em belezas naturais, cultura, artesanato e história.

            Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, tenho certeza de que a construção da ponte sobre o Velho Chico, ligando Sergipe com Alagoas, trará um enorme desenvolvimento para todos os municípios que compõem o baixo São Francisco.

            E, aproveitando o momento, gostaria de convidar a todos os colegas Parlamentares para estarmos juntos em Aracaju no dia 19 de março, para mais uma reunião da Subcomissão de Desenvolvimento do Nordeste - da qual tive o prazer e a honra de ser eleito Vice-Presidente.

            O Sr. Vital do Rêgo (Bloco/PMDB - PB) - Senador Lauro, concede-me um aparte?

            O SR. LAURO ANTONIO (PR - SE) - Pois não.

            O Sr. Vital do Rêgo (Bloco/PMDB - PB) - Eu gostaria de me somar ao seu pronunciamento, meu querido Senador Lauro Antonio, para falar da felicidade de tê-lo aqui, usando as prerrogativas que o povo de Sergipe ofereceu a V. Exª e ao Senador Eduardo Amorim. V. Exª o substitui à altura e na grandiosidade de seu mandato, e trata de um assunto que quem conhece o pequenino e grandioso Estado de Sergipe imagina ser fundamental às aspirações econômicas daquele povo. Não se pode imaginar Sergipe sem turismo, até porque suas belezas naturais - V. Exª citou duas, agora há pouco - impõem isso ao Brasil. V. Exª, falando, parecia um canto de convite a cada um de nós, para irmos ao Estado de Sergipe. Por isso, as atenções do Senado estarão voltadas para esse encontro que vamos fazer, da Comissão de Desenvolvimento Regional. Tem sido assim em todas as capitais da Paraíba e, certamente, com a presença e o comando de V. Exª na Comissão e com a presença de todos os membros, nós vamos aprofundar esse debate sobre turismo rural, sobre turismo religioso, sobre turismo ecológico, sobre turismo de aventura, que é fundamental quando você tem a graça de ter o Velho Chico chegando até o seu território. Parabéns pelo pronunciamento de V. Exª.

            O SR. LAURO ANTONIO (PR - SE) - Obrigado pelo carinho, Senador Vital do Rêgo. O povo sergipano também agradece e está lá, de braços abertos, para receber todos daqui.

            Para encerrar, iremos, nesse evento, debater, propor soluções e, tenho certeza de que, juntos, vamos encontrar soluções criativas, viáveis e eficientes para, através do turismo, desenvolvermos ainda mais a nossa região, valorizando todo o potencial do nosso povo.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2012 - Página 2578