Pela ordem durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento, hoje, do Bispo de São José dos Pinhais, Dom Ladislau Biernaski.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento, hoje, do Bispo de São José dos Pinhais, Dom Ladislau Biernaski.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2012 - Página 2616
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • APRESENTAÇÃO, VOTO DE PESAR, ORADOR, REFERENCIA, MORTE, BISPO, REGISTRO, HISTORIA, VIDA, MORTO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, foi aprovado hoje voto de pesar pelo falecimento do Dom Ladislau Biernaski, Bispo de São José dos Pinhais e Presidente da Comissão Pastoral da Terra. Se me permite, eu gostaria de também fazer uma breve menção, somando-me ao requerimento que o Senador Sérgio Souza, do Paraná, apresentou hoje.

            Dom Ladislau Biernaski, nascido na cidade de Almirante Tamandaré em 24 de outubro de 1937, foi um sacerdote vicentino e bispo católico brasileiro. Foi bispo auxiliar de Curitiba e o primeiro bispo diocesano de São José dos Pinhais no Paraná. Estudou no Seminário Menor de São Vicente de Paulo em Curitiba e posteriormente em Araucária, para onde o seminário foi transferido. Fez o noviciado em Curitiba, junto à paróquia São Vicente de Paulo. Cursou Filosofia no seminário franciscano de Bom Jesus (1958-1959) e a Teologia no Studium Teologicum dos padres claretianos (1960-1963), ambos em Curitiba. Licenciou-se em Filosofia no Institut Cathólique de Paris (1963-1965).

            Retornando ao Brasil, foi diretor do Curso Clássico no Seminário São Vicente de Paulo em Araucária até 1968. Também foi professor de Filosofia na Conferência dos Religiosos do Brasil do Paraná e Superior do Seminário Menor de Araucária (1968-1975).

            De 1975 a 1979 foi Provincial da Congregação da Missão e Presidente da CRB no Paraná (1977-1979). Atuou na pastoral vocacional da Arquidiocese de Curitiba.

            Nos grandes momentos de tensão e de conflito envolvendo os movimentos sociais, Dom Ladislau nunca se furtou em ficar do lado dos trabalhadores e trabalhadoras e a eles manifestar o seu apoio. No Paraná, Dom Ladislau sempre acompanhou as pastorais sociais, particularmente a Pastoral Operária, a Comissão Pastoral da Terra e a Pastoral Carcerária. Foi Vice-Presidente Nacional da CPT de 1997 a 2003, e desde 2009 ocupava a presidência. Conhecido como o Bispo da Reforma Agrária, Dom Ladislau teve importante contribuição nos documentos sociais da CNBB que abordam o tema.

            "A reforma agrária é aquilo que vai atacar na raiz a questão dos conflitos e a falta de paz no campo". Com essas palavras, defendeu mais uma vez a reforma agrária durante o lançamento do relatório anual da CPT, em 2010, Conflitos no Campo Brasil 2010.

            Como bem retratou Darci Frigo, coordenador da ONG Terra de Direitos:

Dom Ladislau foi presença marcante nas lutas sociais do Paraná e do Brasil. Homem simples, humilde, solidário, ecuménico e muito sábio, era um incansável defensor das causas dos pobres e marginalizados. Acolhia e era acolhido por eles. Sentia-se em casa no meio deles. Seu engajamento junto às pastorais sociais da Igreja Católica, como a CPT e a Pastoral Operária, e seu compromisso com os movimentos sociais revelam o lugar preferencial que escolheu para desenvolver sua missão de pastor.

Defendia a reforma agrária e a agricultura familiar camponesa como se fossem causas suas - e eram, por ser filho de camponeses e da Teologia da Libertação. Para ele, o latifúndio era a origem de desigualdades e das enormes injustiças no campo. Erguia sua voz para denunciar o trabalho escravo, a violência contra camponeses, indígenas, quilombolas e a criminalização de movimentos sociais. Acreditava e defendia a reforma agrária e a regularização fundiária como caminhos para garantir paz e justiça no campo brasileiro. Propôs e defendeu o que se chamou no Brasil de campanha pelo estabelecimento de um limite para a propriedade da terra no campo.

Descansou em paz por ter dedicado sua vida à luta pela justiça para os pobres.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2012 - Página 2616