Pronunciamento de Anibal Diniz em 14/02/2012
Discurso durante a 8ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas à postura de empresas aéreas que operam no Acre; e outro assunto.
- Autor
- Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Anibal Diniz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA DE TRANSPORTES.
ENERGIA ELETRICA.
HOMENAGEM.
DIREITOS HUMANOS.:
- Críticas à postura de empresas aéreas que operam no Acre; e outro assunto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/02/2012 - Página 2621
- Assunto
- Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. ENERGIA ELETRICA. HOMENAGEM. DIREITOS HUMANOS.
- Indexação
-
- REGISTRO, APOIO, ORADOR, RELAÇÃO, REQUERIMENTO, AUTORIA, JORGE VIANA, SENADOR, OBJETIVO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO, MEIO AMBIENTE, DEFESA, CONSUMIDOR, REFERENCIA, SITUAÇÃO, PRECARIEDADE, SERVIÇO, EMPRESA, AVIAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, FATO, REUNIÃO, BANCADA, REGIÃO, ASSUNTO, DISCUSSÃO, PROBLEMA.
- COMENTARIO, RELAÇÃO, PRECARIEDADE, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, ESTADO DO ACRE (AC).
- REGISTRO, REALIZAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MUNICIPIO, RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, RELAÇÃO, FILIAÇÃO, JUVENTUDE, ENTIDADE, POLITICA.
- COMENTARIO, RELAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, ATO, ESTUDANTE, ENGENHARIA, PROTEÇÃO, VIDA, MENDIGO.
O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV e ouvintes da Rádio Senado, é com alegria que volto a ocupar a tribuna na sessão de hoje, justamente para tratar de assuntos da política, principalmente porque estive no final de semana no Estado do Acre.
Estivemos acompanhando as discussões relacionadas aos temas que estão em pauta lá no Estado, principalmente uma constante queda de energia que tem gerado um desconforto grande para os consumidores, e também a situação criada com a saída da Gol, que deixou de fazer o seu vôo direto de Brasília para Rio Branco e de Rio Branco para Brasília.
Esse assunto já foi trazido aqui pelo Senador Jorge Viana, que apresentou inclusive um requerimento para uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor, justamente porque está havendo algo que é considerado uma afronta para o usuário, para o consumidor acreano, que, hoje, se tiver que fazer uma reserva pela Gol para chegar a Rio Branco, tem que fazer um giro ou por Manaus ou por Belém, de tal maneira que se sair de Rio Branco a uma da manhã, vai chegar em Brasília só ao meio dia. E indo de Brasília para Rio Branco, tem que fazer esse trajeto,
Indo de Brasília para Rio Branco, tem que fazer esse trajeto por Belém ou Manaus, de tal maneira que gera um desconforto sem tamanho.
O Senador Jorge Viana, acertadamente, propôs uma audiência pública chamando todas as empresas aéreas, com o seguinte princípio: se aquela linha se tornou inviável para a Gol, é importante que a Gol renuncie essa linha para que outras empresas possam entrar. Ela não pode reter a linha e querer impor ao usuário acriano, ao consumidor acriano, às pessoas que precisam se dirigir ao Acre essa maratona. Ao mesmo tempo, simultaneamente, como se fosse uma ação combinada, a Gol retirou a linha e a TAM elevou o preço das passagens. Uma passagem aérea hoje, de última hora, para ir de Brasília a Rio Branco e de Rio Branco a Brasília, está custando mais de R$6 mil. Não tem, acho, nenhum trecho, nenhuma distância no Brasil hoje que esteja a passagem custando esse preço, um valor tão elevado.
Nesse sentido, quero me somar aqui ao esforço do Senador Jorge Viana, que fez a apresentação desse requerimento, e me solidarizar com todos os usuários desse serviço, que é um serviço essencial. Não tem outro meio de fazer um percurso tão longo, em tempo hábil, que não seja pela via aérea. Nesse sentido, a proposição do Senador Jorge Viana ganha total relevância.
Venho aqui justamente me somar ao esforço do Senador Jorge Viana. Sei que outros integrantes da Bancada do Acre, a Deputada Perpétua, o Deputado Sibá Machado... Amanhã mesmo vamos ter uma reunião de bancada. Essa reunião de Bancada do Acre, amanhã, vai definir a nova coordenação da bancada, porque meu período de responsabilidade na coordenação termina agora, e a gente vai fazer uma reunião, amanhã, para fazer a transição para o novo coordenador da bancada. Pretendo, juntamente com os demais Parlamentares, também adotar uma posição conjunta da Bancada federal do Acre em relação a esse problema. Já estivemos reunidos com dirigentes da TRIP. Eles têm disposição de trabalhar na entrada também dessa linha. Outras empresas também têm essa disposição, mas parece que tem uma limitação porque há uma, digamos, reserva de mercado dessas linhas. Nesse caso, a gente vai ter que fazer um tipo de pressão forte.
Acredito que essa audiência pública convocada pelo Senador Jorge Viana, que vai acontecer na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle será muito oportuna para a gente pôr a limpo todas essas questões.
Ao mesmo tempo, tenho certeza de que na reunião da Bancada Federal do Acre, amanhã, vai ser tomada também uma atitude de conjunto. Nesse sentido, eu tenho certeza de que a Bancada vai estar unida para defender os interesses dos usuários acreanos.
Em relação à questão da energia elétrica, a que me referi, há uma reclamação muito grande no Estado do Acre em relação à Eletroacre, principalmente porque, depois que se estabeleceu o Linhão, as interrupções têm acontecido com certa freqüência e as respostas não têm sido dadas de maneira convincente.
Hoje mesmo ouvi, de cidadãos lá em Rio Branco, que o Presidente Lula fez o mais difícil, levou o Luz para Todos às localidades mais difíceis, levou a estrutura toda, fez a luz chegar às comunidades mais isoladas. No entanto, na parte do fornecimento, estamos tendo essa falha terrível por parte dos organismos responsáveis por gerar essa energia ao usuário.
Eu gostaria também de fazer menção aqui ao ato que aconteceu ontem à noite em Rio Branco. Foi um ato de comemoração dos 32 anos de existência do Partido dos Trabalhadores. Havíamos participado aqui, com a presença da Presidenta Dilma, da comemoração nacional, que aconteceu em Brasília, na última sexta-feira. Foi um ato muito importante, porque fez um resgate da história política recente, da contribuição que o Partido dos Trabalhadores deu para a democratização do Brasil e todo o combate estabelecido nos últimos 32 anos tanto no sentido de apresentar proposições, de fazer um bom combate, quanto no sentido de gerir políticas públicas, para mudar para melhor a vida do povo brasileiro e, no nosso caso, do povo acreano, que também tem uma experiência bastante alongada de convivência com o Partido dos Trabalhadores na gestão do Estado.
Então, no ato aqui em Brasília, do qual participamos, teve um momento muito forte, a homenagem póstuma a Apolônio de Carvalho, que teve a honra de ser o primeiro filiado do Partido dos Trabalhadores, teve a primeira ficha de filiação registrada no Tribunal Regional Eleitoral. Ele teve o momento de homenagem póstuma, um quadro bonito, recebido pela sua esposa, a viúva do Sr. Apolônio de Carvalho, Srª Renée de Carvalho, que recebeu exatamente a ficha de filiação, posta num quadro de maneira muito bonita.
Ela fez uma fala uma bonita, realçando o quanto essa homenagem foi justa, porque Apolônio de Carvalho foi um grande combatente no Brasil, na Espanha e também na França; um defensor das liberdades, um defensor dos sonhos e um dos grandes contribuintes para que o Partido dos Trabalhadores tivesse a maturidade que teve e chegasse aonde ele chegou.
Lá no Acre nós fizemos, ontem, um ato muito bonito. E algo que me chamou bastante a atenção foi exatamente a vinda de jovens para se filiarem ao Partido dos Trabalhadores, aderindo a um chamamento nacional, que é o chamamento no sentido de que a sociedade deve se mobilizar, deve participar da vida política do País, porque se as pessoas se mantiverem distantes da política, pensando que dessa forma vão estar imunes a estarem participando da política, não; elas estarão participando, sim, e da pior maneira, porque estarão participando com a sua omissão.
E lá no ato, em comemoração aos 32 anos do Partido dos Trabalhadores, que aconteceu em Rio Branco, teve um momento muito forte que foi exatamente o momento da filiação de jovens, pessoas também de bastante maturidade, entrando para a vida partidária, para a ação política partido-partido. Isso foi algo muito interessante para todos nós, porque nós, que acompanhamos a trajetória do Partido dos Trabalhadores nesses 32 anos, percebemos o quanto a política tem sido desmerecida pelos meios de comunicação e pelos formadores de opinião.
Então, é muito difícil a gente convencer um jovem a aderir a política, porque falar de política é como se fosse algo ruim, e isso distancia o jovem da política. Fizemos inclusive uma fala de parabenização aos novos filiados e um apelo no sentido de que os jovens não se distanciem da política; aproximem-se da política e identifiquem, na medida do possível, os que fazem a boa política e aqueles que são problemáticos para fazerem o devido distanciamento dos maus exemplos. Mas, os bons exemplos têm de ser seguidos. E estamos vivendo um momento muito oportuno da política nacional com a nossa Presidenta Dilma, que teve a sua avaliação muito positiva, no seu primeiro ano de governo. Também, da mesma forma, os oito anos do Presidente Lula foram anos de muitos avanços, de muitas conquistas, todos como fruto da mobilização nacional que aconteceu em torno do Partido dos Trabalhadores e do arco de alianças que mantêm a governabilidade tanto do Presidente Lula quanto da Presidente Dilma.
De tal forma que fico muito feliz e na responsabilidade de fazer o registro desse momento importante que aconteceu lá em Rio Branco, que contou também com a presença do meu companheiro, Senador Jorge Viana, que esteve conosco e que teve um momento muito importante de uma palestra em que pôde falar sobre os novos sonhos e novas utopias que temos que alimentar. Porque, como disse Apolônio de Carvalho, uma vida sem causa é uma vida sem sentido. E nós temos que convencer os jovens a aderir às novas causas e às novas lutas e a virem para a política, porque é participando da política que vamos construir o Brasil dos nossos sonhos.
Gostaria, para encerrar, Sr. Presidente, de fazer uma referência ao artigo escrito por Eliane Cantanhêde, domingo, na Folha de S.Paulo. Ela fez um retrato muito fiel da entrevista concedida pelo jovem Vitor Soares Cunha, que também foi entrevistado no Fantástico. Esse jovem teve a coragem de fazer o enfrentamento a cinco agressores de um morador de rua. Cinco jovens agrediram um mendigo e o jovem Vitor Soares Cunha teve a coragem, a ação humana, a solidariedade de intervir para que não continuasse aquela agressão. Resultado: os agressores se voltaram contra ele, que acabou sofrendo muitos ferimentos, sendo submetido à cirurgia para implantação de placas de platina no rosto; 63 pinos foram implantados em seu rosto para recompor os ossos quebrados e ele está com o movimento do olho esquerdo comprometido. Não se sabe se ele vai recuperar completamente o movimento do olho esquerdo. E a jornalista Eliane Cantanhêde fez um relato emocionado, dizendo que sua filha havia chorado ao ver a entrevista desse jovem.
Eu achei que tinha que fazer menção a esse jovem. Por quê? Porque ele agiu como um verdadeiro cidadão, como um herói, na realidade. Mas, ele não quis aceitar a identificação de herói. Pelo contrário, ele diz que fez o que qualquer pessoa solidária, qualquer pessoa que se sentisse ofendida por uma agressão, por uma injustiça faria. Ele disse, em entrevista, algo que muito me chamou a atenção.
Ele disse que, pelo menos, uma, duas, três pessoas vão pensar alguma coisa, vão ensinar para os seus filhos, porque não adianta pensar que uma atitude apenas vai mudar o mundo, mas pequenas coisas vão mudando a vida.
A Eliane Cantanhêde termina fazendo uma reflexão muito interessante: não adianta apontar a culpa para o governador, para o prefeito, para o presidente ou para as autoridades. Temos que fazer tudo isso, cobrar das autoridades, mas também temos de fazer uma reflexão profunda sobre qual a educação que estamos dando para os nossos filhos. Precisamos construir uma educação fortemente voltada para a cultura de paz, porque esses atos de violência, esses atos de insanidade que têm acontecido precisam ter um basta.
E o exemplo desse jovem, Vitor Soares Cunha, é algo que temos de fazer chegar ao conhecimento do maior número possível de brasileiros, para dizer que esse é o caminho correto, o caminho da solidariedade, e tentar dar um jeito para fazer com que saia de pauta esse espírito de violência que tem estado presente no meio da juventude.
Infelizmente, são jovens de boa família, jovens de boa estrutura, jovens que estudam em boas escolas, mas que, do nada, surge esse espírito de violência que gera tanta insegurança e causa tantas vítimas. Atitudes absolutamente intolerantes, que não condizem com o espírito do povo brasileiro.
Então, quero aqui cumprimentar a jornalista Eliane Cantanhêde pelo artigo, pela profundidade do artigo, pela reflexão que ela traz e também cumprimentar o jovem Vitor Soares Cunha. Um jovem de 21 anos, estudante de engenharia, que quase perdeu a vida em um gesto de total solidariedade a um morador de rua.
Os meus cumprimentos a esse jovem.
Espero que o seu exemplo sirva não só para aquelas duas ou três pessoas a que você se referiu em sua entrevista, Vitor; mas que sirva para milhões de brasileiros, que possamos fazer ganhar força no Brasil a cultura de paz, e não a cultura de violência.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. Agradeço pela atenção e pelo tempo concedido.