Pronunciamento de Anibal Diniz em 27/02/2012
Discurso durante a 16ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Preocupação com os danos oriundos das enchentes ocorridas no Estado do Acre.
- Autor
- Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Anibal Diniz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
CALAMIDADE PUBLICA.:
- Preocupação com os danos oriundos das enchentes ocorridas no Estado do Acre.
- Publicação
- Publicação no DSF de 28/02/2012 - Página 4027
- Assunto
- Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
- Indexação
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- APREENSÃO, DESTRUIÇÃO, DANOS, MUNICIPIO, ASSIS BRASIL (AC), BRASILEIA (AC), XAPURI (AC), RIO BRANCO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, DESASTRE, MEIO AMBIENTE, INUNDAÇÃO, RIO ACRE, RESULTADO, RETIRADA, FAMILIA, HABITAÇÃO, SOLICITAÇÃO, COMISSÃO NACIONAL, DEFESA, CIVIL, REFERENCIA, CONFIRMAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, OBJETIVO, MELHORIA, AGILIZAÇÃO, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO.
O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV, ouvintes da Rádio Senado, colegas da Taquigrafia e equipe que acompanham aqui a sessão pela parte da comunicação, eu volto à tribuna, na sessão de hoje, para trazer informações atualizadas sobre a maior e mais devastadora alagação ocorrida no rio Acre, causando grandes prejuízos e transtornos irreparáveis para as populações ribeirinhas urbanas e rurais dos Municípios de Assis Brasil, Brasileia, Xapuri e Rio Branco, que são atingidos pelo rio Acre.
No rio Purus, temos, também, os Municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa, que foram atingidos. No Município de Santa Rosa, tivemos a destruição completa das plantações de sete aldeias indígenas, e, no rio Iaco, a alagação desabrigou mais de mil pessoas em Sena Madureira. Também já temos notícia de que há famílias desabrigadas no rio Juruá, no outro extremo do Estado do Acre.
Vale ressaltar, Sr. Presidente, que, no caso do rio Acre, a situação é mais grave porque o vale do Acre concentra a maior população do Estado. Está ali a população da Capital e de todo o vale do Acre, Municípios de Assis Brasil, Brasilleia, Epitaciolândia, Xapuri e Rio Branco, todos diretamente atingidos pelo rio Acre, assim como vai ser o Município de Boca do Acre, no Estado do Amazonas, que, tão logo as águas entrem em vazão, vão certamente causar transtornos também no Estado do Amazonas.
Vale ressaltar que, devido à rápida enchente e também à abrupta vazante ocorrida no rio Acre, em Brasileia, essa alagação deixou um rastro de destruição tão impactante que serão necessários vários anos para repor o que a fúria das águas levou em poucos dias. Graças a Deus e à ação diligente do Governador Tião Viana, da Prefeita Leila Galvão e das equipes do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil Nacional, graças a Deus e a essa mobilização toda da sociedade não aconteceram mortes, mas os danos materiais causados são incontáveis.
O Senador Jorge Viana não está aqui presente justamente porque está lá levando o seu apoio a cada um dos Municípios atingidos. S. Exª esteve conosco durante todas as atividades, inclusive na sexta-feira, quando recebemos em Rio Branco a presença de dois Ministros de Estado, o Ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra e também o Ministro das Cidades, que estiveram lá justamente para levar a solidariedade do Governo Federal, da Presidenta Dilma e de todos os Ministérios no sentido de contribuir para diminuir o sofrimento daquelas famílias atingidas pelas águas.
Eu e o Senador Jorge Viana estivemos com a Prefeita Leila Galvão visitando o setor comercial da cidade de Brasileia, que foi praticamente destruído. A Prefeita Leila Galvão explicou que, devido a rapidez com que as águas invadiram a cidade, não deu para retirar quase nada dos móveis, equipamentos nem mesmo alguns veículos de comerciantes, cidadãos comuns e também das repartições públicas, tanto do Governo do Estado quanto da Prefeitura. Brasileia ficou vários dias sem energia elétrica, sem sinal de telefone e sem condições até para um pedido de socorro para as autoridades do Governo do Estado na capital.
O Banco do Brasil ficou fora do ar. Dessa forma, as pessoas não podiam nem sacar ou passar cartão, sem luz. Os transtornos foram absolutamente impactantes na vida das pessoas. Para ter acesso ao telefone, a Prefeita Leila Galvão e sua equipe tiveram que recorrer à cidade boliviana de Cobija, no Departamento de Pando, de onde puderam relatar parte da tragédia para as autoridades do Estado. Os transtornos individuais causados e os prejuízos materiais ocorridos foram tantos que a população de Brasileia ficou atônita.
A própria Prefeita, diante de tamanho impacto, ficou várias noites sem dormir coordenando as ações de apoio às vítimas que eram atingidas em espaços públicos. Essas pessoas, na medida em que eram levadas para espaços públicos, de abrigos, também tiveram, em alguns momentos, que serem realocadas, porque até os próprios abrigos foram atingidos pelas águas.
A Prefeita Leila solicitou e o Governador Tião Viana reconheceu o estado de calamidade pública para o Município de Brasileia, que não terá a menor capacidade de se recompor se não contar com o apoio incondicional do Governo do Estado, principalmente do Governo Federal.
Por isso é fundamental que a Comissão Nacional de Defesa Civil reconheça, confirme, o mais rápido possível, o Estado de calamidade pública para o Município de Brasileia, porque assim, talvez, os procedimentos se tornem mais ágeis, mais fáceis para, exatamente, poder atender melhor à população atingida.
Nesse sentido, quero aqui ressaltar a ação eficiente dos técnicos da Comissão Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Defesa e do grupo de apoio aos desastres naturais que, estando presentes e acompanhando de perto todos esses acontecimentos, têm prestado os esclarecimentos necessários para cada um dos Municípios atingidos.
Quando a gente fala da destruição de Brasileia, é preciso especificar. Na realidade, a gente só consegue sentir mesmo vendo. Imagine só um pequeno comerciante, que levou quase que a vida inteira para ter uma loja de eletrodomésticas, ter o seu pequeno capital, ter o seu patrimônio, da noite para o dia, ver tudo isso levado pelas águas. Imagine uma família que compra um móvel, um sofá, um televisor, um fogão, uma máquina de lavar à prestação, em dez, oito prestações e, numa noite, ver tudo isso levado pela água. Então, é um drama muito forte!
Pelas ruas de Brasileia o que se vê neste momento é um cenário de guerra. Tomada pela lama, com as laterais completamente lotadas de amontoados de móveis e utensílios, que passam a ser inservíveis por conta dessa alagação, que acabou estragando todos esses materiais.
Estiquei um pouco mais sobre a situação do Município de Brasileia porque foi o cenário mais impactante que vi, mas quero deixar claro que a alagação do rio Acre atingiu também outros Municípios. Não na mesma proporção de Brasileia, mas os Municípios de Assis Brasil e de Xapuri também foram atingidos e ficam no mesmo Vale do Acre. Estes, provavelmente, não precisarão ser reconhecidos como estado de calamidade pública, uma vez que as estruturas disponibilizadas pelo Governo do Estado, somadas à mobilização dos gestores municipais e a comunidade, têm se mostrado suficiente para manter a situação sob relativo controle. Mas o Município de Rio Branco, a capital do Estado, deverá ter o estado de calamidade reconhecido devido ao grande número de famílias atingidas pelas águas. O Prefeito Raimundo Angelim já decretou, e o Governador Tião Viana já reconheceu o estado de calamidade pública para os bairros atingidos.
Precisamos que a Defesa Civil Nacional confirme o quanto antes o estado de calamidade pública para os bairros atingidos em Rio Branco, porque Rio Branco é a cidade mais populosa e concentra o maior número de problemas. Então, o maior número de pessoas atingidas, naturalmente, está na capital. O rio Acre atingiu, em Rio Branco, dezenas de bairros, que ficaram completamente encobertos.
Ele ficou 3,64 metros acima da cota de transbordamento, que é de 14 metros. A cota de alerta do rio Acre é de 13,50 metros. A cota de transbordamento é de 14 metros. Vejam que a alagação atingiu, no domingo, 17,64 metros, portanto, 3,64 metros acima da cota de transbordamento. Esse nível atingido no domingo pela manhã se estendeu até a meia-noite e só começou a dar sinal de vazante hoje pela manhã, quando apontou, às 6h da manhã, 17,62 metros e, ao meio-dia, 17,61 metros.
A maior cheia do rio Acre aconteceu em 1997, quando o rio atingiu o nível de 17,70, apenas 6 centímetros a mais que a marca atingida nesta alagação de 2012. Acontece que, em 1997, a população de Rio Branco era de aproximadamente 240 mil habitantes, ao passo que hoje a população da capital está em torno de 340 mil e 350 mil habitantes, uma população muito maior, uma população muito mais concentrada, com muito mais bairros. Logicamente, os transtornos causados pela enchente neste ano de 2012 foram incomparavelmente maiores.
O número de pessoas atingidas pela enchente em Rio Branco já ultrapassou 100 mil pessoas, com 24.159 imóveis atingidos. A maioria dessas pessoas está em casa de parentes, mas há um total de 1.646 famílias alojadas em abrigos atendidos pelo Governo do Estado. Vale ressaltar que o Governo está dando as estruturas tanto para as pessoas que estão nos abrigos quanto para aquelas que tiveram de ser levadas para casas de parentes, porque, na medida em que aumenta a demanda, também há uma necessidade de prover essas famílias das condições de alimentação, de água potável. O Governo do Estado e as prefeituras, com apoio do Governo Federal e da Defesa Civil nacional, estão procurando prover todas as famílias dessa assistência básica mínima indispensável.
Agora, quando a esses números de Rio Branco são somados os números do interior do Estado, a população atingida pelos rios alagados do Acre já chega a 130 mil pessoas. Na contagem de domingo à tarde, esse número exato apresentado pela Defesa Civil era de 127.837 pessoas atingidas pela cheia dos rios Acre, Purus e Iaco nos Municípios de Assis Brasil, Brasileia, Xapuri, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa, Manoel Urbano e Sena Madureira.
A cidade de Sena Madureira, banhada pelo rio Iaco, que tem como afluentes os rios Caeté e Macauã, também sofre com alagação.
Estive pessoalmente com o Governador Tião Viana e a equipe da Comissão Nacional de Defesa Civil, visitando algumas áreas alagadas e um dos abrigos para onde foram deslocadas 130 famílias no sábado pela manhã. O Prefeito Nilson Areal, em parceria com o Governo do Estado e a Comissão de Defesa Civil faz a distribuição dos alimentos e da água mineral para as famílias atingidas. Há toda uma mobilização acontecendo também em Sena Madureira.
Em Manoel Urbano, a situação está mais sob controle. Todas as famílias atingidas foram abrigadas pelo Prefeito Chico Mendes e pela equipe da defesa civil. Em Cruzeiro do Sul, também há famílias desabrigadas e algumas delas sendo atendidas em abrigos.
Eu quero dizer que há outro transtorno causado em Rio Branco, muito sentido pela população: devido à alagação, tem-se de desligar a luz. Em 15% da cidade de Rio Branco, a energia elétrica foi cortada, foi interrompida. A medida foi adotada pela Eletrobrás/Acre por medida de segurança e foi ratificada pelo Ministério Público estadual, que também concedeu coletiva à imprensa, comunicando o apoio à decisão.
Inclusive, lamentavelmente, tivemos a morte de um jovem de 19 anos, Alan Felipe Marinho, que atuava como voluntário na ajuda aos alagados e sofreu um choque elétrico por conta da imprudência de pessoas que quiseram se contrapor à orientação da Eletrobrás e acabaram ligando fios elétricos, o que acabou vitimando esse jovem. A gente lamenta muito o ocorrido, principalmente porque ele estava trabalhando. O Alan era um garoto de muito boa querência no meio da sua família, no meio dos seus amigos e acabou vítima de um choque elétrico causado pela imprudência de pessoas incautas.
O Governo do Estado e a Prefeitura de Rio Branco têm mobilizado todos os recursos humanos e materiais para atender às vítimas desse grave desastre natural que vem ocorrendo em todo o Estado. Além disso, tem contado com o apoio do Governo Federal e de diversas instituições, mas principalmente de inúmeros cidadãos acreanos que se têm colocado à disposição; tanto pessoas físicas como pequenos comerciantes e pessoas que possuem barcos, carros, caminhões têm-se colocado à disposição.
São 350 voluntários somente do Corpo de Bombeiros, atuando na parte operacional da retirada de famílias em Rio Branco; mais 36 pessoas estão atuando na entrega de alimentos e água para pessoas que permanecem nas casas atingidas. O Governo Federal mantém cinco pessoas da Defesa Civil Nacional, 73 homens do Corpo de Bombeiros da Força Nacional, 25 pessoas da Força Nacional SUS, 788 homens do Exército e 16 homens da Aeronáutica.
Além de um grande número de carros, caminhões e barcos mobilizados, contamos, também, com o apoio de dois helicópteros do Exército, um helicóptero do Ibama e um avião Caravan.
O Governador Tião Viana, o coordenador estadual da Defesa Civil e o Vice-Governador César Messias têm-se desdobrado de todas as formas para garantir o envio das cestas básicas de alimentos e água potável para todas as famílias atingidas, em todos os Municípios.
Vale ressaltar que nós temos, também, vizinhos da Bolívia e do Peru que foram atingidos pelo rio Acre. Essas famílias também receberam ajuda do Governo do Acre em termos de alimentação e de água potável.
Contamos com o apoio incondicional da equipe do Corpo de Bombeiros e do Exército, que se têm desdobrado com seus revezamentos e garantido plenamente o trabalho de atendimento às vítimas.
Vale ressaltar, sempre, que essa mobilização é no sentido de diminuir o sofrimento das pessoas, porque o transtorno está lá, presente, só no fato de a pessoa ter de deixar sua casa, seus pertences. Isso tudo é muito transtorno.
Agora, quero fazer um alerta final, a pedido do Prefeito Raimundo Angelim, da capital Rio Branco.
É um alerta para a vazante do rio Acre, porque vai acontecer essa vazante e, certamente, os transtornos serão multiplicados por muito, por causa, principalmente, do risco que a gente corre com a propagação de epidemias, dos riscos à saúde pública.
A gente tem, então, de manter essa mobilização, e o Prefeito Raimundo Angelim fez um apelo no sentido de que a mobilização continue. Por quê? Porque as pessoas pensam que a mobilização só deve acontecer no momento em que está alagado. Quando as águas baixam, pensa-se que o problema está resolvido, mas não. Quando ocorre a vazante, tem de haver uma mobilização tão grande quanto no sentido de fazer com que as famílias sejam devolvidas às suas casas. Para que eles sejam devolvidos a suas casas, há que se fazer uma desinfecção das ruas, das casas, e isso requer mobilização tão grande quanto aquela para trazer essas famílias às áreas de abrigo. Então, nesse sentido, é fundamental que as pessoas todas, as instituições, os órgãos que estão colaborando nesse processo de atendimento às vítimas da alagação no Acre se mantenham mobilizados.
Por último, quero dizer que há duas contas bancárias para receber a contribuição das pessoas de bom coração, de espírito solidário que queiram ajudar as famílias atingidas pelas enchentes no Estado do Acre. Uma das contas será administrada pela Diocese de Rio Branco, conta nº 100.000-4, da agência 0071-X, do Banco do Brasil. E, a outra conta, na Caixa Econômica Federal, que vai ser administrada por um conselho de igrejas evangélicas.
O Governador Tião Viana fez questão de dizer que ele quer realmente que toda contribuição seja administrada diretamente pelas igrejas. Não precisa passar pelo Estado, exatamente para evitar qualquer mal-entendido em relação à aplicação desses recursos.
Finalmente, Sr. Presidente, eu gostaria de fazer um pedido especial aqui. Primeiro, que seja publicado na íntegra este pronunciamento. E, segundo, quero fazer um apelo à equipe de comunicação daqui do Senado, do Jornal do Senado, do site do Senado, para que sejam postadas as fotografias da situação vivida hoje pela população atingida pela enchente do rio Acre, do rio Purus, do rio Iaco, de tal maneira que possamos também ter a solidariedade do povo brasileiro, que é um povo solidário e certamente vai estar atento e disposto para ajudar o povo do Acre.
Então, peço atenção especial da equipe de comunicação do Senado no sentido de que postem essas fotos juntamente com este conteúdo para que a gente possa levar ao conhecimento do maior número possível de pessoas o sofrimento que a população do Acre está vivendo nesse momento.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado pela tolerância quanto ao tempo.
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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR ANIBAL DINIZ.
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O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, telespectadores da TV e ouvintes da Rádio Senado; volto à Tribuna na sessão de hoje para trazer informações atualizadas sobre a maior e mais devastadora alagação ocorrida no Rio Acre, causando grandes prejuízos e transtornos irreparáveis para as populações ribeirinhas urbanas e rurais dos municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri e Rio Branco.
Vale ressaltar que, devido à rápida enchente e a também abrupta vazante ocorrida em Brasiléia, esta alagação deixou um rastro de destruição tão impactante que serão necessários vários anos para repor o que a fúria das águas levou em poucos dias.
Graças à Deus e à ação diligente do governador Tião Viana, da prefeita Leila Galvão e das equipes do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil Nacional, não aconteceram mortes.
Mas os danos materiais causados são incontáveis.
Eu e o Senador Jorge Viana estivemos com a prefeita Leila Galvão visitando o setor comercial da cidade, que foi praticamente destruído. A prefeita Leila Galvão explicou que, devido à rapidez com que as águas invadiram a cidade, não deu tempo de retirar quase nada dos móveis, equipamentos e até alguns veículos de comerciantes, cidadãos comuns e também das repartições públicas do Governo do Estado e também da Prefeitura,
Brasiléia ficou vários dias sem energia elétrica, sem sinal de telefone e sem condições até um pedido de socorro para as autoridades da capital do Estado.
Para ter acesso ao telefone, a prefeita Leila Galvão e sua equipe tiveram que recorrer à cidade boliviana de Cobija, no Departamento de Pando, de onde puderam relatar parte da tragédia para as autoridades do Estado.
Os transtornos individuais causados e prejuízos materiais ocorridos foram tantos, que a população de Brasiléia ficou atônita. A própria prefeita, diante de tamanho impacto, ficou várias noites sem dormir, coordenando as ações de apoio às vítimas, que eram abrigadas em espaços públicos que logo em seguida tinham que ser também desocupados, devido à invasão das águas também nesses locais que serviam de alojamento.
A prefeita de Brasiléia solicitou e o governador Tião Viana reconheceu o Estado de Calamidade Pública para aquele município, que não terá a menor capacidade de se recompor se não contar com o apoio incondicional do Governo do Estado e, principalmente, do Governo Federal. Por isso, é fundamental que a Comissão Nacional de Defesa Civil reconheça o Estado de Calamidade Pública para aquele município.
Nesse sentido, quero ressaltar aqui a ação eficiente de técnicos da Comissão Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Defesa e do Grupo de Apoio nos Desastres Naturais, que, estando presentes e acompanhando de perto todos esses acontecimento, têm prestado os esclarecimentos necessários para cada um dos municípios atingidos.
Estiquei um pouco mais sobre a situação do município de Brasiléia, mas a alagação do Rio Acre atingiu também, mesmo que em menor proporção, os municípios de Xapuri e Assis Brasil, que provavelmente não precisarão ser reconhecidos como em Estado de Calamidade, uma vez que as estruturas disponibilizadas pelo Governo do Estado, somadas à mobilização dos gestores municipais e a comunidade, têm se mostrado suficientes para manter a situação sob relativo controle.
Mas o município de Rio Branco, a capital do Estado, deverá ter o Estado de Calamidade reconhecido, devido ao grande número de famílias atingidas pelas águas.
O Rio Acre, em Rio Branco, ficou 3 metros e 64 centímetros acima da Cota de Transbordamento, que é de 14 metros.
A cota de alerta é de 13 metros e 50 centímetros.
Com o nível do Rio Acre tendo atingido 17 metros e 64 centímetros, nível que se manteve das 9 da manhã até meia noite de ontem, podemos considerar que foi a maior alagação do Acre em número de residências e pessoas atingidas.
A maior cheia do Rio Acre aconteceu em 1997, quando o Rio Acre atingiu o nível de 17 metros e 70 centímetros. Ocorre que, em 1997, a população de Rio Branco era de aproximadamente 240 mil habitantes, ao passo que hoje a população da capital está em torno de 340 a 350 mil habitantes.
Só para se ter uma idéia, nas eleições municipais de 2008, quatro anos atrás, Rio Branco estreou a disputa em dois turnos, em que pese o prefeito Raimundo Angelim tenha sido eleito em primeiro turno.
O número de pessoas atingidas pela enchente em Rio Branco já ultrapassou a 100 mil pessoas, com 24.159 imóveis atingidos. A maioria dessas pessoas está em casa de parentes e amigos, um total de 90.426, e 1.646 famílias estão alojadas em abrigos públicos.
Mas, quando esses números são somados aos números de desabrigados da enchente nos outros municípios, eles atingem próximo a 130 mil pessoas.
Na contagem de domingo à tarde, esse número havia atingido 127 mil 873 pessoas atingidas pelas cheias dos rios Acre, Purus e Yaco nos municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa, Manoel Urbano, Sena Madureira.
A cidade de Sena Madureira, banhada pelo Rio Yaco e os afluentes Caeté e Macauã, também sofre com a alagação.
Estive pessoalmente com o governador Tião Viana e a equipe da Comissão Nacional de Defesa Civil visitando algumas áreas alagadas e um dos abrigos para onde foram deslocadas 130 famílias.
O prefeito Nilson Areai, em parceria com o Governo do Estado e a equipe da Comissão de Defesa Civil, faz a distribuição dos alimentos e da água minerai para as famílias atingidas.
Em Cruzeiro do Sul, o Rio Juruá também deixou dezenas de famílias desabrigadas, sendo que 20 pessoas já estão em abrigos públicos.
Em 15% da cidade de Rio Branco a energia elétrica foi interrompida. A medida foi adotada pela Eletrobrás-Acre por medida de segurança, e foi ratificada pelo Ministério Público Estadual, que também concedeu coletiva à imprensa comunicando o apoio a decisão.
Inclusive, lamentavelmente tivemos a morte de um jovem de 19 anos, que atuava como voluntário na ajuda dos alagados. Ele foi vítima de um choque elétrico, por conta de atitudes de pessoas que se negaram a seguir a orientação de manter energia elétrica desligada.
O Governo do Estado e a Prefeitura de Rio Branco tem mobilizado todos os seus recursos humanos e materiais para atender as vítimas desse grave desastre natural que vem ocorrendo no Acre. Além disso, tem contado com apoio do Governo Federal e diversas instituições, mas principalmente de inúmeros cidadãos acreanos que se colocam como voluntários no atendimento às vítimas da alagação.
São 350 voluntários somente no Corpo de Bombeiros, atuando na parte operacional da retirada de famílias em Rio Branco. Mais 36 pessoas estão atuando na entrega de alimentos e água para pessoas que permanecem nas casas atingidas.
O Governo Federal mantêm 5 pessoas da Defesa Civil Nacional, 73 homens do Corpo de Bombeiros da Força Nacional, 25 pessoas da Força Nacional SUS, 788 homens do Exército Brasileiro, 16 homens da Aeronáutica.
Além de um grande número de carros, caminhões e barcos mobilizados, contamos com o apoio de Dois helicópteros do Exército, Um helicóptero do IBAMA e um avião caravan.
O governador Tião Viana determinou o envio de carros pipas a Brasiléia, município que faz fronteira com a Bolívia e teve 95% da área urbana atingida, para, juntamente com homens do Corpo de Bombeiros e do Exército que já se encontram no município, auxiliar na limpeza da cidade e no retorno das famílias atingidas pela cheia.
Alerta para o momento da Vazante
Dos 58 dias de 2012, 38 dias acima da cota de transbordamento.
Caso aconteça uma vazante tão rápida quanto a ocorrida em Brasiléia, teremos sério risco de muitos desbarrancamentos.
E, além dos problemas materiais que fatalmente serão causados, teremos o sérios riscos de problemas de saúde, porque na vazante dos rios os riscos de epidemias aumentam consideravelmente.
Recebi do prefeito Raimundo Angelim um apelo especial a todos que estão mobilizados para ajudar as vítimas da alagação do Rio Acre.
É preciso que a mobilização se mantenha após a vazante do rio, porque todas as famílias terão que ser transportadas de volta para suas casas, um esforço tão grande quanto foi a mobilização para a retirada dessas famílias das áreas alagadas.
Então, o prefeito Raimundo Angelim faz um apelo especial ao Exército, aos órgãos federais e do Governo do Estado, para que mantenham suas equipes mobilizadas até a normalização da situação, que vai muito além da vazante do rio.
As ruas e as casas precisam ser desinfetadas antes das famílias serem devolvidas às suas habitações.
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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANIBAL DINIZ EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matérias referidas:
- Fotos aéreas de Rio Branco.