Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca do novo valor do piso salarial nacional para os professores de educação básica; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. AGRICULTURA. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comentários acerca do novo valor do piso salarial nacional para os professores de educação básica; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2012 - Página 4285
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. AGRICULTURA. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, GOVERNO FEDERAL, REAJUSTE, VALOR, PISO SALARIAL, AMBITO NACIONAL, PROFESSOR.
  • APREENSÃO, DIFICULDADE, PRODUÇÃO, ALHO, PAIS, MOTIVO, CONCORRENCIA DESLEAL, IMPORTAÇÃO, PRODUTO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PROTEÇÃO, MERCADO INTERNO, PRODUTOR, BRASIL.
  • ANUNCIO, CRIAÇÃO, GRUPO PARLAMENTAR, SENADOR, OBJETIVO, NEGOCIAÇÃO, EXECUTIVO, MELHORIA, REAJUSTE, APOSENTADO.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta Marta Suplicy, que muito orgulha esta Casa, São Paulo e o Brasil.

            Eu quero aqui fazer um registro quanto ao Piso Nacional dos Professores. Recebi um documento do MEC em que informa a esta Casa e ao Brasil que o piso salarial do magistério deve ser reajustado em 22,22%, conforme determina o art. 5º da Lei 11.738 de 16 de junho de 2008, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionado o projeto pelo Presidente Lula. O novo valor passa a ser de R$1.451,00. O piso salarial foi criado em cumprimento ao que estabelece o art. 60, III, e, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

            Conforme a legislação vigente, a correção reflete... Muitos estão perguntando o porquê dos 22%. Porque, conforme a legislação vigente, a correção reflete a variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno, definido nacionalmente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de 2011.

            Em relação ao valor de 2010, eleva a remuneração mínima do professor de nível médio e jornada de 40 horas semanais, repito, para R$ 1.451,00. Portanto, Srª Presidenta, cumprimento o Governo Federal e o Ministério da Educação que, aos poucos, vêm resgatando a dignidade dos nossos mestres, dos nossos professores. Trabalhar na valorização da educação é uma obrigação de todos nós, iniciada a partir do mandato do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e continuada com a Presidenta Dilma.

            Sei, Srª Presidenta, que alguns Estados, se não me engano seis, ainda não cumprem o piso salarial dos professores. Sou daqueles que estão torcendo muito, estou torcendo muito, para que esses Estados encontrem o seu caminho e paguem o piso salarial dos professores. Que façam um organograma, que construam um entendimento, mas é fundamental que o piso seja pago. Às vezes repito, já o fiz da tribuna, que um funcionário aqui do nosso gabinete de Brasília tem como piso menor o valor de R$ 2.090,00. Então, é mais do que justo que um professor que trabalha 40 horas semanais tenha direito a receber pelo menos esse salário mínimo, que corresponde a R$ 1.451,00.

            Parabéns ao MEC, parabéns ao nosso Governo por ter firmado posição exigindo que os Estados paguem os R$ 1.451,00, mais do que justo, aos professores!

            Aproveitando ainda o meu tempo, Srª Presidenta, quero discorrer um pouco sobre a produção de alho no Brasil. Já fiz pronunciamento semelhante no ano passado e volto à tribuna. A produção de alho no Brasil, que é uma atividade expressiva, mais do que alguns imaginam, dentro da agricultura brasileira. Lamentavelmente, essa cultura tem sofrido com as práticas irregulares, principalmente a partir da China, ou seja, a comercialização chinesa. O alho chinês chega ao País a preços muito baixos, inferiores ao custo de produção no Brasil, atingindo, é claro, o meu Estado, o Rio Grande do Sul, sem qualquer chance de competição para o produtor nacional.

            Em 2011, foram cultivados no Brasil oito mil hectares a menos do que no início da década de 90.

            A cultura de alho, segundo correspondências recebidas de sindicatos de produtores, está atravessando uma das piores crises da sua história. Desde 2003, o volume importado do alho chinês triplicou, provocando uma queda considerável, infelizmente, na produção e, consequentemente, queda também na geração de empregos.

            Apesar da melhoria na qualidade do produto e do aumento na produtividade do alho brasileiro o nosso agricultor foi obrigado a reduzir o plantio.

            Segundo Sr. Rafael Corsino, Presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), o alho brasileiro é de excelente qualidade:

O alho nacional contém 40% a mais de alicina do que o chinês, seu principal ativo composto, responsável pela maioria das propriedades farmacológicas, com ação antioxidante e antibiótica, além de combater bactérias, fungos e vírus.

            Segundo dados da Anapa, o Brasil importou da China em agosto de 2011 mais de um milhão e meio de caixas de alho no valor de US$10,3/caixa e em agosto de 2010. Foram, assim, 955 caixas com preço médio de US$15,16.

            Diante desses dados, deduz-se que, além do aumento no volume das importações chinesas, houve também significativa redução no valor da caixa, trazendo prejuízos enormes para o nosso produtor brasileiro.

            Geramos mais de 30 mil empregos na Argentina e outros 30 mil empregos diretos na China, com um volume de alho importado desses países.

            No ano passado, com a baixa do preço do alho no mercado interno, resultado da oferta do produto oriundo das importações da China e da Argentina, nós, mais uma vez, vimos que o valor do quilo do alho caiu muito. Um prejuízo de R$30 mil, em média, por hectare plantado, segundo os agricultores e trabalhadores.

            A produção interna supre 30% do mercado brasileiro; a China, 45% e a Argentina, 25%. Ou seja, a Argentina e a China juntas chegam a 70% do que nós consumimos em matéria de alho.

            O maior problema é a entrada ilegal, sem recolhimento de tributos. De acordo com dados divulgados pelo jornal O Estadão, o Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estima que, no período entre 2001 e 2006, apenas 23% do alho chinês foram tributados.

            Outra preocupação dos produtores e técnicos que atuam no setor é a renovação da taxa antidumping que vence no ano de 2012. A renovação da taxa é uma imposição para uma fiscalização maior na entrada do produto, que poderá ser o suspiro que o produtor espera para uma recuperação em médio prazo.

            Por isso, faço mais uma vez este alerta ao Secretário da Receita Federal, Dr. Carlos Alberto Freitas Barreto, e ao Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o nosso colega Fernando Pimentel, porque confio que, tecnicamente, farão o possível na defesa do emprego e do produto nacional e dos nossos produtores.

            Termino, Srª Presidenta, dizendo que, falando hoje com os Senadores Vital do Rêgo, Mozarildo, Mário Couto - só não falei com os outros Senadores que chegaram depois que eu estava na tribuna -, nós vamos tentar formatar um grupo formado, principalmente Senadores, e fazer uma visita ao Ministro da Previdência e ao Ministro da Fazenda, se for necessário, porque queremos retomar a discussão do reajuste dos aposentados, que receberam somente 6,2%, enquanto o mínimo recebeu, corretamente, 14,06%.

            A diferença cada vez aumenta mais. Há cerca de dez a quinze anos atrás, eram aproximadamente 12 milhões de aposentados ganhando um salário mínimo, hoje são 20 milhões de aposentados que estão ganhando salário mínimo, no universo de 28 milhões. Rapidamente todos estarão ganhando o salário mínimo, se nós não buscamos uma política permanente, como foi acordado na discussão do Orçamento com todos os líderes no Congresso, para termos uma proposta de garanta a recuperação efetiva dos benefícios dos aposentados ou, pelo menos, algo semelhante ao que é dado ao salário mínimo, como ocorreu no ano de 2010 - a inflação e 80% do PIB.

            Na mesma linha, essa comissão vai continuar aprofundando a negociação e o debate para acabarmos com o fator previdenciário, cujo fim o Senado já aprovou e que se encontra agora na Câmara dos Deputados.

            O Presidente Marco Maia também montou um grupo especial naquela Casa para discutir o reajuste dos aposentados e também o fim do fator, algo que nós, na mesma linha, haveremos de fazer no Senado. Esses dois grupos poderão se encontrar e dialogar com o Executivo, para que a gente resolva, de uma vez por todas, essa chaga que atinge diretamente tanto aquele que já está aposentado, como aquele que vai se aposentar, por não haver reajuste acompanhando a inflação e pelo menos próximo ao real do que é dado ao mínimo e, ao mesmo tempo, o fator que corta pela metade o salário daquele que vai se aposentar, principalmente a mulher. A mulher perde 51% daquilo que teria como direito. 

            Era isso, Srª Presidenta.

            Muito obrigado pela tolerância.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2012 - Página 4285