Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a apreensão dos servidores estaduais de Mato Grosso e a situação pré-falimentar do Plano de Saúde mantido pelos mesmos.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Considerações sobre a apreensão dos servidores estaduais de Mato Grosso e a situação pré-falimentar do Plano de Saúde mantido pelos mesmos.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2012 - Página 4362
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, APREENSÃO, SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), MOTIVO, SITUAÇÃO, FALENCIA, PLANO DE ASSISTENCIA, SAUDE, CRITICA, INEFICACIA, GESTÃO, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, OBJETIVO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, PARIDADE, PARTICIPAÇÃO, USUARIO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, CONSELHO GESTOR, ENTIDADE.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de forma geral, o Parlamento brasileiro tem se esforçado para garantir segurança e qualidade no atendimento médico para pacientes tanto da rede pública quanto da área privada. Na Comissão de Assuntos Sociais desta Casa, órgão que tenho o privilégio de presidir, nós procuramos constantemente aperfeiçoar os marcos jurídicos que assegurem aos usuários do sistema de saúde, o respeito e a dignidade que merece qualquer ser humano.

            Aliás, a essência de nosso trabalho é justamente proteger o indivíduo, facultando a ele o direito de opinar, reivindicar e corrigir os lapsos no relacionamento entre o segurado e os planos de assistência médico-hospitalar.

            Mas, lamentavelmente, as carências de nossa população no atendimento de saúde vão muito além da própria capacidade do Estado regular o setor. Não são raras as informações de que esta ou aquela empresa não cumpre totalmente suas obrigações contratuais, ensejando disputas na justiça e até mesmo o infortúnio e a morte de alguns pacientes.

            Agora mesmo, em Mato Grosso, os servidores estaduais vivem momentos de apreensão e angústia por conta da situação pré-falimentar do plano de assistência médica mantido por eles, o MT Saúde. Há no mercado um sentimento unânime de descrédito desta entidade, em função de atrasos no pagamento dos profissionais cooperados, dos laboratórios, hospitais e fornecedores. Estas pendências se arrastam desde o ano passado, conforme denunciam os funcionários.

            A situação caótica nas contas do organismo leva a maioria dos médicos, hospitais e laboratórios conveniados a recusarem a prestação do atendimento aos usuários do MT Saúde. Portanto, quando precisam destes serviços, os funcionários estaduais são obrigados a recorrer ao setor privado ou às filas do SUS.

            O balanço fiscal da instituição, Srªs e Srs. Senadores, aponta gastos anuais girando em torno de 95 milhões, dos quais 32 milhões são subsidiados pelo governo estadual, sendo o restante recolhido do vencimento dos próprios servidores.

            Ao todo, o plano conta com 54 mil usuários, sendo 17 mil titulares. Sendo assim, Sr. Presidente, 70% do total da verba para manter os serviços advêm dos funcionários. Ou seja, o correspondente a 6,5 milhões por mês.

            O próprio Tribunal de Contas de Mato Grosso estranhou a natureza dos gastos do MT Saúde, confrontando seu orçamento com as projeções feitas pela Unimed/Cuiabá, que atende 140 mil cooperados e tem o custo estimado em R$30 milhões. De qualquer forma, o que se discute neste momento é a ineficiência na gestão do plano, que não consegue atender os seus conveniados.

            Hoje mesmo, dia 29/2, um grupo de deputados estaduais, liderado pelo médico Guilherme Maluf, reuniu-se na Assembleia Legislativa de Mato Grosso para buscar soluções para o caso. A primeira iniciativa adotada por eles foi a convocação do presidente da entidade para prestar esclarecimentos e abrir as contas do plano de saúde.

            Outro aspecto que me causa preocupação é o fato de a entidade ser gerida por uma administradora privada, que foi contratada de forma emergencial por seis meses, sem licitação, estando o acordo prestes a espirar e, até agora, o governo estadual não ofereceu alternativas para a continuação dos serviços, com o risco de o MT Saúde, na prática, deixar de existir.

            Os servidores estaduais, neste momento, se mobilizam em busca de uma participação efetiva na gestão do plano. O presidente do Sindicado dos Agentes Policiais e Prisionais de Mato Grosso, Gledson Gonçalves da Silva, reivindica a presença de servidores na diretoria do MT Saúde e lastima que, mesmo arcando com a maior parte da arrecadação, os usuários não têm acesso à planilha de receita e despesas do órgão.

            Nesse sentido, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, solicitei à minha assessoria um estudo detalhado com vistas a alterar a legislação dos contratos de cobertura em grupo e examinar a possibilidade da criação de conselhos gestores paritários entre os entes públicos e os cooperados na administração de planos de saúde que envolvam a contribuição de servidores públicos e a contrapartida de recursos do Erário.

            Precisamos encontrar uma solução no sentido de aprimorar as salvaguardas e garantir ao usuário a não interrupção dos serviços.

            A reivindicação dos servidores é justa e moral, pois a fiscalização e o controle são os princípios basilares da eficiência e da honradez. Só a gestão transparente e compartilhada poderá garantir, tanto aos usuários quanto aos contribuintes, uma aplicação mais correta e austera do dinheiro arrecadado.

            Saúde, meu caro Senador Benedito de Lira que preside esta sessão, saúde é um direito inalienável do cidadão. É a janela pela qual a luz da dignidade nos torna humanos.

            Tive a honra de ser Governador do Estado de Mato Grosso e, naquela oportunidade, tínhamos um instituto, o antigo IPMAT, que fazia a parte do atendimento médico. Funcionava perfeitamente bem. Todavia, com o decorrer do tempo, hoje nós temos o MT Saúde, o que é de se lastimar porque, infelizmente, não tem cumprido com o seu papel. Ou seja, o servidor paga, o Estado também contribui, mas a prestação do serviço é das mais precárias possíveis. O cidadão, além de contribuir, não tem um bom atendimento e vai para as filas intermináveis do SUS.

            Dessa forma, quero dizer ao servidor público de Mato Grosso que conte com o apoio do Senador Jayme Campos no sentido de melhorarmos o atendimento àqueles que pagam às vezes com muito sacrifício esse plano de saúde. Lamentavelmente o que se percebe é que o MT Saúde não tem compromisso com aqueles que contribuem todos os meses aportando recursos e que ali a gestão é das piores possíveis.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2012 - Página 4362