Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cumprimentos à Associação Brasileira de Cirurgia Plástica pela realização, hoje, de mutirão a fim de reconstruir as mamas de mulheres submetidas à mastectomia; e outro assunto.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, SAUDE, POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Cumprimentos à Associação Brasileira de Cirurgia Plástica pela realização, hoje, de mutirão a fim de reconstruir as mamas de mulheres submetidas à mastectomia; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 08/03/2012 - Página 5191
Assunto
Outros > HOMENAGEM, SAUDE, POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • REGISTRO, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, COMENTARIO, REALIZAÇÃO, ATIVIDADE, PROJETO, OBJETIVO, PROMOÇÃO, DIREITOS, IGUALDADE, SEXO.
  • REGISTRO, CUMPRIMENTO, ASSOCIAÇÃO MEDICA, REALIZAÇÃO, CIRURGIA, REPARAÇÃO, EFEITO, CANCER, MULHER, COMENTARIO, ORADOR, ATO, SOLIDARIEDADE.
  • REGISTRO, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, BAIXA, CRESCIMENTO ECONOMICO, PAIS, FATO, AUSENCIA, INVESTIMENTO, DEFESA, ORADOR, REDUÇÃO, EXCESSO, TAXAS, JUROS.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Presidenta Marta Suplicy.

            Quero fazer um registro, antes de iniciar minha intervenção, de que amanhã, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, está sendo precedido de inúmeras atividades que ocorrem no Brasil inteiro. Inclusive, aqui no Senado, nas Comissões, nós estamos aprovando inúmeros projetos que tratam da igualdade de gênero, dos direitos da mulher, seja no mundo do trabalho, na própria segurança, seja na área de saúde.

            Faço esse destaque, também relatando que hoje a Associação Brasileira de Cirurgia Plástica realiza, em quase todas as capitais do Brasil, Presidenta Marta, um mutirão de reparação de mama, daquelas mulheres mastectomizadas por razão principalmente do câncer de mama, que faz com que elas percam suas mamas. Então eu cumprimento aqui, do Plenário deste Senado Federal, a Associação Brasileira de Cirurgia Plástica por esse importante evento de solidariedade, de humanidade que eles desenvolvem no Brasil inteiro.

            Mas, eu não poderia, Srª Presidenta, vindo à tribuna neste momento, no dia de hoje, deixar de me reportar à situação econômica do Brasil. E digo isso porque ontem foi divulgado pelo Governo Federal, pelos institutos de estatística, o real crescimento da economia no ano de 2011, ou seja, os indicadores que mostram o desempenho econômico do Brasil no ano de 2011.

            E eu começo meu pronunciamento, Senador Suplicy, lembrando que não foi uma, mas muitas vezes que vim à tribuna no ano passado reclamando da necessidade do Governo Federal de promover ajustes no sentido de buscar um crescimento econômico maior. Isso porque quando falamos em crescimento econômico estamos falando não só em geração de empregos, mas estamos falando em distribuição de renda, estamos falando em melhoria da saúde pública, melhoria da educação e melhoria de todos os serviços públicos.

            Lembro-me de a hoje Ministra do Planejamento, à época Ministra Gleisi, em um desses debates, nós discutimos a questão econômica e ela dizia que não tinha dúvida nenhuma de que o Brasil chegaria ao final do ano de 2011 com uma taxa de crescimento da ordem e na casa dos 5%. E vejam as senhoras, e vejam os senhores, o Brasil cresceu, em 2011, 2.7%, um percentual muito aquém das necessidades do nosso País, do nosso povo e da nossa gente, Senador Paim, muito aquém. E muito aquém, muito baixo se comparado a outras nações do mundo. E eu aqui não quero falar dos Estados Unidos, não quero falar da União Européia, dos países europeus, que têm uma realidade muito diferente da nossa.

            Quero comparar o nosso País com outras nações emergentes do mundo, que cresceram muito mais do que cresceu o Brasil. Vejam a China, que também não seria um bom exemplo, mas a China, mesmo com as dificuldades, experimentando também um decréscimo em seu desenvolvimento econômico, cresceu, em 2011, 9,2%; a Índia, 7,4%; a Rússia, que ao lado do Brasil compõe os BRICs, cresceu 4,1%; o México, 4,1%; a África do Sul, 3,1%; a Indonésia, 6,4%; a Turquia, 6,5%. O Brasil cresceu somente 2,7%.

            Isso, Srª Presidente, repito, não é bom para a economia. Devemos analisar o porquê desse crescimento tão pequeno.

            Penso que não podemos avaliar como alguns economistas do Governo que dizem: “Não foi o que esperávamos, mas foi bom.” Acho o seguinte: não foi o que esperávamos, mas poderíamos ter trabalhado para ser melhor. Não fizemos assim em 2011? Pois vamos fazer agora, Senadora Marta. O Brasil - e há unanimidade entre os economistas, unanimidade entre os estudiosos - precisa crescer a uma taxa média de 5% a 7% ao ano. Para que isso seja possível, temos de manter um investimento na casa dos 20% do PIB, do Produto Interno Bruto.

            No ano que passou, 2011, tivemos um percentual de investimento, comparado ao PIB, inferior ao ano de 2010. Enquanto em 2010 o Brasil teve uma taxa de investimento da ordem de 19,5% do PIB, em 2011 o percentual de investimento relativo ao PIB foi de 19,3%, inferior ao do ano passado.

            Mais do que isso, os desembolsos para o investimento orçamentário - e pego o investimento público - ficaram, em 2011, em R$41,9 bilhões, inferior a 2010, que foi de R$44,7 bilhões. Também as estatais investiram menos, em torno de 79,4%, contra um investimento, no ano de 2010, da ordem de 103,8%.

            Ora, Srª Presidenta, precisamos avaliar todo o procedimento da equipe econômica e, mais do que isso, do Banco Central, que é muito responsável por esses indicadores, como foi que o Banco Central agiu no ano passado, para verificar como deve agir neste ano, e não repetirmos uma taxa de crescimento, repito, aquém das necessidades do nosso País, aquém das necessidades do povo brasileiro, Senador Blairo.

            E aí, o que tem salvado muito, o que salvou a nossa economia foi exatamente o crescimento do setor primário, o crescimento da agropecuária. O crescimento do setor primário ficou na ordem de 3,9%, ou seja, a agropecuária, em quase 4%, contra um crescimento da nossa indústria, na ordem de 1,6%.

            Mas, no ano passado, é bom que registremos, o Brasil enfrentou dois momentos importantes de crise econômica mundial: primeiro, no final de 2008, início de 2009, quando a crise estourou nos Estados Unidos da América do Norte. O Brasil se recuperou, chegando ao ponto de crescer 7,5% em 2010. E, depois, quando a nossa recuperação estava em franco processo de ascensão, vem a crise da Comunidade Europeia, da União Europeia. E novamente o Banco Central aumenta as taxas de juros para evitar uma série de outras questões.

            Entretanto, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, entendo que o Governo brasileiro, principalmente a equipe econômica, o Banco Central, vem ampliando e mantendo a taxa de juros numa mão muito forte desnecessária.

            Por exemplo, no Brasil, as taxas de juros começaram a subir no mês de abril de 2008, em decorrência da crise americana, e só começaram a cair no mês de julho de 2009. Ou seja, passou-se mais de um ano com os juros numa tendência de crescimento. No mês de julho de 2009, as taxas de juros começaram a cair. Entretanto, imediatamente, em abril de 2010, com a crise europeia, voltaram a subir, e foi assim durante quase todo o ano de 2011, o ano passado, com taxas de juros elevadíssimas, além da necessidade inclusive do controle inflacionário, Srª Presidente.

            Então, é por isso que falo aqui com muita expectativa, porque, coincidentemente ou não, hoje é o último dia da reunião do Copom, que vai definir as taxas de juros oficiais para o Brasil, que é a taxa Selic. E havia, até hoje, a expectativa de as taxas de juros diminuírem 0,5%, o que elevaria os juros do Brasil para 10%. Hoje, a taxa está em 10,5%. Caindo 0,5%, ficaria 10%. Entretanto, hoje, fala-se, com muita força, no meio dos economistas, que a taxa poderá cair até 0,75%, ficando na casa dos 9,75%. Mesmo assim, mesmo se cair 0,75%, ainda manteremos a maior taxa de juros do Planeta, e taxa de juros elevada. Somando, há pouco investimento, seja no setor privado ou no setor público, e enormes superávits fiscais. E foram contingenciados 55 bilhões do nosso orçamento. Aí, a nossa perspectiva de crescimento continuará sendo muito baixa.

            Penso que o Governo brasileiro deve trabalhar não só para recuperar o percentual de 2,7%, que é um percentual pífio, repito, muito aquém daquilo de que necessitamos, mas deve trabalhar, Senadora Marta, para que possamos repetir a recuperação da primeira crise de 2008/2009 e chegar a um crescimento da ordem de 7% a 7,5%. Para que isso aconteça é preciso rever alguns pontos, algumas medidas adotadas pelo Governo.

            A primeira, eu acabei de falar, é a taxa de juros, que tem que baixar com maior celeridade, porque o dólar não pode continuar sendo depreciado da forma como vem sendo, o que faz com que as importações no Brasil aumentem e que nossos produtos percam competitividade no mercado internacional. E o terceiro ponto que levantaria aqui é a necessidade de um maior investimento no Brasil. E deveremos começar pelo investimento público.

            Preparamos o nosso País para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, mas os recursos para essa preparação estão sendo liberados a conta-gotas. Não pode. Nossas capitais - a cidade de São Paulo, a cidade de Manaus, a cidade de Porto Alegre -, enfim, todas as sedes precisam não apenas das arenas, mas da mobilidade urbana, porque, além de melhorar a qualidade de vida daqueles que vivem em grandes cidades, é um investimento que gera emprego, que gera renda e, assim, faz que com nossa economia se mantenha aquecida.

            Espero, portanto, que hoje, ao final do dia, tenhamos uma boa notícia, Senadora Marta, do rebaixamento da taxa de juros a pelo menos 0,75%, para que obtenhamos um crescimento maior. Somos o sexto país do mundo, mas poderíamos estar muito melhor, como estão outras nações, crescendo a um ritmo muito mais acelerado do que o nosso.

            Muito obrigada, Senadora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/03/2012 - Página 5191